Um blogue sobre os movimentos sociais, a ecologia, a contra-cultura, os livros, com uma perspectiva crítica sobre todas as formas de poder (económico, político, etc)
Faleceu hoje de madrugada, com 52 anos de idade, o poeta Joaquim Castro Caldas, que se tornou conhecido por divulgar, sentir e viver a poesia nas ruas ( em Paris, por exemplo, onde declamava poesia nos jardins e nas praças a troco de dinheiro), nos cafés e bares ( nas célebres noites de poesia às segundas-feiras no bar Pinguim, no Porto), e nas escolas de todo o país como declamador convidado.
Castro Caldas publicou 11 livros de poesia ao longo da sua vida. O último foi editado ainda este ano pela Deriva com o título «Mágoa das Pedras». Alguns dos outros livros são: "Português Suave", "Berlindes e abafadores", "Convém avisar os ingleses", "Só cá vim ver o Sol", "Colheita da época" e "Há".
Joaquim Castro Caldas é como alguém já escreveu «uma das últimas vozes da poesia em que o risco é companheiro da entrega à vida na sua dimensão mais intensa»
No seu último livro «Mágoa das Pedras ( editado pela Deriva) pode-se ler:
«Joaquim Castro Caldas, 52 anos, à parte dezenas de ofícios para sobreviver no Norte de África, na Europa, em Portugal e outros sítios esquisitos, desde que tem memória e se conhece que não fez nem faz outra coisa senão arte embrionária e terminal, entre centenas de aventuras, do luxo à valeta, vadio num longo percurso involuntariamente polémico de ida e volta fala-escrita ou vice-versa e documentado por registos corpo a corpo, terra a terra, sem objectivos d revelação concreta. Nada mais que esqueleto e artista, intérprete da vontade do pássaro, marginalizado irritantes porque em paz, claridade, sequer interessado em dar-se por anarka»
Num seu outro livro, «Convém Avisar os Ingleses», lê-se na contracapa:
«Nasceu em 1956, Lisboa, actor de poesia, saltimbanco, lunático praticante, diseur a tempo inteiro, teatro de vez em quando. Escola Ave-Maria, Colégio Militar, Conservatório Nacional, escola da morte e da vida, muita estrada no coração, na cabeça e no corpo. Com este, apenas 8 livros editados. A ver vamos. »
Poesia de Joaquim Castro Caldas
Devolução dos Cravos
um menino uma vez o tal que há em nós sujo de liberdade todo na ponta dos pés tentou enfiar um cravo no cano de uma G-3
hoje um homem talvez menino velho sem voz democrata que se farta mete o cravo na culatra e puxa-a de pé atrás com medo que o seu país
(do livro "Convém Avisar os Ingleses", Quasi Edições, 2002)
um sms
no tempo dos badalos, nos dentes do cocheiro as cartas eram sangues, levavam febrões de cavalos e freios nos segredos, atravessavam nevões e suores para mudar de mãos às descobertas e revoluções, eram sustento de escravos e romances de cortesãs, mote de folguedos e duelos afãs, as saias do mulherio armavam partos e escondiam medos, perguntava-se pelos amores e estimava-se por nós. hoje para chegar a tempo manda-se um silêncio a dizer morri, vivalma, nada, e deixam-se uns gemidos na bolsa marsupial dos cangurus, alguém é pago para ir lá buscá-los, não há órgãos, mãos e olhos, esporas e poros.
Desde o dia 6 de Agosto encontra-se patente no Museu do Ferro em Torre de Moncorvo uma exposição fotográfica intitulada «Escombros» dedicada às Minas transmontanas, de autoria de José Luís Gonçalves, numa inestimável contribuição dos seus promotores para o levantamento da arqueologia industrial daquela região do nordeste português. O mesmo Museu do Ferro promoveu ainda no passado dia 10 de Agosto um Encontro dos Antigos Trabalhadores da ex-Ferrominas, a empresa mineira de explorou as minas de ferro de Moncorvo, entre 1951 e 1986, que foi extinta em 1992 e integrada na EDM (Empresa de Desenvolvimento Mineiro), a actual proprietária do depósito mineral de Moncorvo.
Aproveitando o contexto desta Exposição, o Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, apresentará uma base de dados sobre Minas de Trás-os-Montes e Alto Douro, que estará disponível no Centro de Documentação do Museu.
MUSEU DO FERRO e da REGIÃO DE MONCORVO Largo Dr. Balbino Rego tel. 279252724 email: parmoncorvo@gmail.com
(tem visitas guiadas e um acervo valioso sobre a indústria mineira)
EXPOSIÇÃO «ESCOMBROS - MINAS TRANSMONTANAS»
A Exposição "Escombros - Minas transmontanas" resultou de um trabalho fotográfico de José Luís Gonçalves, realizado em 2005, num momento em que praticamente todas as minas de Trás-os-Montes se encontravam inactivas, com infra-estruturas em ruínas, mas ainda com muitos vestígios do que se pode considerar Arqueologia Industrial e Mineira. A opção fotográfica a preto & branco ajuda a salientar esse olhar trágico, hoje de desolação e silêncio, com a natureza já a cobrar os seus direitos, em sítios onde outrora se ouviu o ruído das máquinas, as explosões e a vozearia humana. Era esse o cenário quotidiano, feito de esforço insano, para retirar às entranhas da terra a riqueza mineral que fez a fortuna de alguns e deu para o remedeio de muitos outros. Obviamente as minas representadas são uma pequena parte do vasto panorama mineiro de Trás-os-Montes, mas aí se encontram algumas das principais, com destaque para Argoselo (concelho de Vimioso), que já tiveram direito ao cinema, através do filme "A sombra do Abutre" de Leonel Vieira, Ervedosa (concelho de Vinhais), Jales, de que se volta a falar, na expectativa de uma nova "febre do ouro", Portelo e Coelhoso no concelho de Bragança, e as famosas minas de Ferro de Torre de Moncorvo. Aí se exploraram diversos minerais, desde o volfrâmio, ouro, chumbo, chelite, ferro. Perante os problemas ambientais e sanitários de algumas dessas minas, a EDM (Empresa de desenvolvimento Mineiro), uma das patrocinadoras desta iniciativa, encetou trabalhos de recuperação ambiental em várias minas trasmontanas, entre as quais, algumas das que figuram nesta mostra. Assim, tendo, inclusivamente, já mudado a paisagem de algumas destas minas, podemos considerar que o olhar fotográfico de José Luís Gonçalves, como trabalho datado, se reveste também de alguma historicidade. José Luís Gonçalves, o autor desta exposição, nasceu no Porto, em 1985, tendo passado a maior parte da sua vida em Bragança, onde concluíu o ensino secundário. Em 2003 ingressou na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, onde se licenciou em Design e Multimédia. Trabalha presentemente em Coimbra, na área de comunicação e multimédia.
GEOLOGIA NO VERÃO EM MONCORVO
Entretanto, entre os dias 26 de Agosto e 4 de Setembro de 2008, estão previstas várias acções em redor da geologia do concelho de Torre de Moncorvo, promovidas pela associação do Projecto Arqueológico da Região de Moncorvo, em colaboração com o Museu do Ferro, e no âmbito do programa Ciência Viva/Geologia de Verão 2008.
Acção sobre O Trabalhar do Ferro no séc. XVIII - a Água como força motriz
Data: 2 de Setembro às 15:00 I
Descrição: Observação de vários pontos de interesse geológico, e explicitação da sua importância relativamente à actividade humana, ao longo dos tempos.
Ponto de encontro: Museu do Ferro e da Região de Moncorvo – Largo Balbino Rego, junto à Igreja Matriz
Acção sobre a Falha da Vilariça - Implicações Tectono-estruturais e o seu aproveitamento pelo Homem ao longo dos tempos
Data: 4 de Setembro às 15:00
Descrição: Observação de vários pontos de interesse geológico, e explicitação da sua importância relativamente à actividade humana, ao longo dos tempos.
Ponto de encontro: Museu do Ferro e da Região de Moncorvo – Largo Balbino Rego, junto à Igreja Matriz
Acção sobre as minas de Ferro de Moncorvo - Contextualização Geológica, Industrial e Humana Data: 6 de Setembro às 15:00 Inscrição opcional
Descrição: Observação de vários pontos de interesse geológico, e explicitação da sua importância relativamente à actividade humana, ao longo dos tempos.
Ponto de encontro: Museu do Ferro e da Região de Moncorvo – Largo Balbino Rego, junto à Igreja Matriz
Não é só a Espanha e a França que têm tido problemas com as suas centrais nucleares. Acidentes nas centrais nucleares também se verificaram neste Verão na Alemanha, Eslovénia, Áustria, Ucrânia e Bélgica.
Na Bélgica, por exemplo, um acidente de nível 3 ocorrido no passado 24 de Agosto no Institut dês Radioélements (IRE) em Fleures desencadeou um alerta e as suas consequências, apesar de serem minimizadas pela Agência federal belga de Controle Nuclear ( AFCN), levou à interdição do consumo de legumes e do leite nas redondezas do local onde se encontram as instalações daquele Instituto.
Em Espanha, no mesmo dia, ocorreu um importante incêndio na central nuclear de VandellosII ( situada na Catalunha), o que levou à sua paragem forçada. Note-se mesmo que desde o princípio deste ano já se produziram umas 30 ocorrências acidentais nas centrais espanholas.
Na Alemanha, em Asse, a população local tomou conhecimento no final do passado mês de Junho que uma contaminação de grande amplitude atingia as minas de sal desde há anos, a partir dos detritos nucleares armazenados.
Por sua vez, na Áustria, verificou-se um incidente na noite de 2 para 3 de Agosto nos laboratórios da Agência Internacional de energia atómica (AIEA) a 35km de Viena e que só por muita sorte não teve consequências de maior…
Também na Ucrânia uma fuga de água radioactiva obrigou à paragem de um reactor da central nuclear de Rivné no passado mês de Junho.
Nesta série de ocorrências devemos incluir ainda o caso verificado na Eslovénia a 4 de Junho deste ano na central nuclear de Krsko e que desencadeou inclusivamente um alerta europeu, não se sabendo ainda o que é que então se passou.
Por fim, na França deram-se vários e preocupantes incidentes como a grave figa de urânio ( a 7 de Julho) , a descoberta de contaminações por causa do rompimento de uma canalização (18 de Julho), a contaminação de 100 funcionários na Central nuclear EDF de Tricason ( 23 de Julho), a contaminação de 15 trabalhadores na central de Isère ( 20 de Julho), despejos ilegais de carbono 14 radioactivo ( a 6 de Agosto, na central Socatri-Areva), rompimento de uma canalização ( a 21 de Agosto, na central de Comurhex-Areva, situado em Pierrelatte, no Drôme)
Antes que uma catástrofe nuclear aconteça com consequências imprevisíveis, nunca é demais alertar a opinião pública para a gravidade das contaminações e dos perigos inerentes à indústria nuclear.
Acção de luta contra o desemprego e a instabilidade profissional em 1 de Setembro
O desemprego e a precariedade resultam da acção do Governo
1 de Setembro é a data em que um maior número de professores entra, em simultâneo, na situação de desemprego. É um dia dramático para milhares deles e para as suas famílias; é um dia em que se tornam ainda mais visíveis, nesta área, os resultados das erradas opções de quem governa.
Por este motivo, a FENPROF volta a, nesta data, fazer a denúncia da situação, alertando a opinião pública para a inaceitável dimensão do desemprego docente e, ao mesmo tempo, denunciando a crescente precariedade em que milhares de profissionais qualificados para o exercício da profissão são obrigados a desenvolver a sua actividade.
Generaliza-se o recurso ilegal a recibos verdes e aumentam-se os horários de trabalho, reduz-se o direito a férias ou a licenças por doença. Deixa-se na mão dos empregadores concessionados pelas autarquias para as AEC a capacidade de empregar e de despedir sem fiscalização.
Já vários governantes fugiram à denúncia desta situação declarando, com cinismo, que o Governo não é uma "agência de emprego". Mas o que a FENPROF exige é que, de uma vez por todas, o actual Governo deixe de se portar como uma obstinada "agência para o desemprego" dos professores e que tome medidas de acordo com os interesses do país e tendo em conta os recursos humanos que este, afinal, e ao contrário de outros, ainda possui.
Nesse sentido, em todo o país a denúncia será feita à porta dos Centros de Emprego, no dia 1 de Setembro, locais onde serão distribuídos comunicados à população.
EM LISBOA, A ACÇÃO DECORRERÁ EM FRENTE À LOJA DO CIDADÃO DAS LARANJEIRAS, (Rua Abranches Ferrão), A PARTIR DAS 15.00 HORAS (COM A PRESENÇA DO SECRETÁRIO-GERAL DA FENPROF, MÁRIO NOGUEIRA).
Esta acção enquadra-se numa ampla campanha nacional de defesa do emprego público dos professores e educadores e de combate à precariedade, passando, designadamente, pela afixação de um "outdoor" que enquadra a perspectiva sindical de combate ao desemprego e ao emprego precário.
A FENPROF desde já convida os órgãos de comunicação social para acompanharem esta acção, onde será entregue um documento aos senhores jornalistas.
Locais da realização da acção de 1 de Setembro : nos CENTROS DE EMPREGO ESPALHADOS POR TODO O PAÍS
LISBOA LOJA DO CIDADÃO DAS LARANJEIRAS Rua Abranches Ferrão - 11H30 (com a presença do Sec.-Geral da FENPROF a partir das 15H00)
AVEIRO Centro de Emprego e Formação Profissional Cais da Fonte Nova 9H00
BRAGA Centro de Emprego e Formação Profissional 8H30
CASTELO BRANCO Centro de Emprego e Formação Profissional Rua Pedro Álvares Cabral 9H00
COVILHÃ Centro de Emprego e Formação Profissional Avenida 25 de Abril, 66 15H00
COIMBRA Centro de Emprego e Formação Profissional Avenida Fernão de Magalhães 9H00
GUARDA Centro de Emprego e Formação Profissional Rua Estádio Municipal 10H00
LEIRIA Centro de Emprego e Formação Profissional Rua de S. Miguel, Lote 1 9H00
PORTO Loja do Cidadão das Antas 9H00 Praça da Batalha (distribuição de comunicado à população) 15H00
SÃO JOÃO DA MADEIRA Centro de Emprego e Formação Profissional 12H00
VISEU Centro de Emprego e Formação Profissional Rua D, José da Cruz Moreira Pinto, Lote 6 9H00
Na madrugada do dia 3 de Agosto o Gato Vadio (livraria, atelier de design, café-bar) foi assaltado. O gatuno furtou o computador portátil ou, em eufemismo policial, "subtraiu diversos artigos", como consta do auto do sub-chefe da 69ª divisão da esquadra do bairro. Ao furtar o bem materialmente mais valioso, o larápio insultou clamorosamente o nosso precioso espólio ao deixar intactas as nossas estantes. É repulsivo pensar que os "nossos" livros à mão de semear não tentaram o invasor.
Depois das medidas drásticas – abrir na noite seguinte com a fechadura estragada e a porta escaqueirada – não podíamos deixar em branco esta oportunidade suprema para estreitar laços e miados com a comunidade vadia. Muitos estão já ao corrente do vil acontecimento, comentando nas últimas semanas o "thriller" dos factos ocorridos em tão triste data. Uns lamentam, vaiando o patife que anda a monte (ou, mais sinistramente, entre nós...); outros, tecem elucubrações sobre o atentado valendo-se da literatura policial, "sub-género"(?!) que passou a ser o destaque do mês da livraria Gato Vadio. Ouvem-se ainda vozes lúcidas que apontam a nossa porta de anexo como um erro de investimento (agora corrigido, com cadeados chineses e fechaduras intransponíveis).
Da algazarra geral, não é de deitar fora a teoria da conspiração que aponta a Makrohard, filial oculta do potentado da Micosoftt e o pilar que sustenta a política de monopólio do arromba-Gates, como o mais remoto responsável pelo assalto. (Para breve, está prevista uma conferência de Noam Chomsky que versará este tema).
Despicienda parece a tese burguesa que vilipendia o pedreiro do bairro da maternidade que anda a biscates e cujo primo é o maioral da cadeia do Linhó e que aqui há duas semanas veio repor a caliça no tecto. Criativa e arrevesada (tiramos-lhe a kippa...), mas não menos preconceituosa, é a liturgia que nos chegou do último cabalista do Porto que interceptou uma mensagem críptica que imputava a um conhecido Kebabista do Bolhão o atentado a nossa ex-arca-frigorífica-escritório relicário de símbolos de David (malgrado David ter partido para pregar noutras paragens...) como sejam o tomo "Combate com o Demónio" do askenhaze Stefan Zweig (mais tarde convertido à carioquice…) ou a obra Judas Iscariotes de Thomas de Quincey, o comedor de ópio. A credibilidade desta versão do cabalista caiu por terra quando soubemos que foi proferida no sábado passado, violando o sabbath sagrado.
Aproveitando as teses do médio-encéfalo houve quem se lembrou, por inferência, da CIA, pois no laptop surripiado constavam manifestos Vadios que escarnecem a soberba humana em pose G-8 e links suspeitos a sites suspeitos com links suspeitos.
Assinalamos que também o comité central emitiu um comunicado após reunião extraordinária com os órgãos máximos da célula partidária esclarecendo que a luta de classes continua e congratulando-se com o governo chinês e a festa da fraternidade dos povos agora finda. A defesa da classe operária, levou-nos a rejeitar estrepitosamente e por completo a solicitação feita por alguns vadios para que as ruas do quarteirão fossem patrulhadas a partir da meia-noite, pois desaparecendo os meliantes o que seria do pobre polícia que exerce escrupulosamente no seu "bureau", à frente da máquina de escrever, as suas tarefas diárias de bater relatórios e mais relatórios? Ao invés, estamos orgulhosos por terem palmado o portátil dando assim que fazer ao impoluto burocrata da nossa esquadra que conseguiu redigir um relatório policial sobre o assalto sem nunca referir o famigerado computador portátil!
Finalmente, para escárnio das hostes subversivas confirmamos que o supra-roubado portátil foi subsidiado pelo Ministério Geral de Bruxelas como fonte de incentivo à inovação e produtividade dos Vadios. Esperamos, do fundo do coração, que a nossa produtividade não saia beliscada, como aliás atesta o facto de os vadios-mor não terem interrompido as suas férias no Leste para se darem ao trabalho de escrever este já célebre, extemporâneo e imolado comunicado. Que venham mais couves!
Sem dúvida, alguém se aproveitou do facto de não termos trancas no espírito e nas ideias e, por silogismo muito "naif" e pouco literário, nas portas do Gato. Quanto mais próximo for o bandido da nossa comunidade mais merdoso é, pois violou o espírito da comunidade vadia e a casa onde, infelizmente, já entrara sem o pé de cabra. Como gostamos dos nossos Vadios e queremos o vosso bem (agora parece homilia...hóstias pró larapio!) avisamos que, de longe a longe, um copo passará a ter cianeto!
Mais uma vez, este Sábado, dia 30 de Agosto, realizou-se o mercado mensal de trocas em Vigo ( Galiza), promovido pelas associações (Amarante, Caleidoskopio e VerdeGaia) que integram a VigoTroca, no local habitual: Rua Urzaíz ( em Vigo, Galiza), em frente ao mercado do Calvario, entre as 12 e as 14 horas. Recorde-se que este mercado mensal de trocas em Vigo realiza-se no último Sábado de cada mês.
O objectivo deste mercado trocal é promover o intercâmbio voluntário e livre - isto é, sem dinheiro pelo meio – de bens e serviços entre todos os interessados, estimulando a consciência colectiva das pessoas envolvidas ( e não só) da necessidade de um consumo consciente e solidário. Trata-se também de fomentar a reutilização, a reciclagem e a participação cidadã na economia local.
Ferramenta que se tem mostrado extremamente útil para optimizar esse intercâmbio de bens e serviços é a página web da Vigotroca, onde qualquer pessoa pode participar e mostrar o seu interesse em trocar ou ceder os seus bens e serviços.
Índio não compra jornal. Índio não compra anúncio na televisão. Índio não compra propaganda na rádio. Índio não vota. Índio não patrocina campanha eleitoral. Índio não consome. Não consumir dá nisso: você não vale nada numa sociedade de consumo como as nossas sociedades capitalistas contemporâneas Reproduz-se a seguir um pequeno excerto de uma entrevista com a advogada Joênia Wapixana, que representa os indígenas no Supremo Tribunal Federal do Brasil a propósito da delimitação das reservas dos índios, questão que tem sido muito falada nos últimos meses a propósito da Reserva indígena Raposa Serra do Sol:
Pergunta - Há quem diga que nas regiões onde os indígenas vivem o desenvolvimento acabará por se impor da mesma forma que nas outras regiões do Brasil, e não há maneira de mudar esta evolução. O que diz a isto?
Joênia Wapixana - Olha, essa palavra desenvolvimento para nós tem outro significado que o meramente capitalista, meramente económico e individual. O desenvolvimento que trabalhamos é numa perspectiva de respeito. Primeiro, ao próprio costume e à própria cultura indígena. Para mim, desenvolvimento é você ter água com qualidade e você manter um ambiente saudável, ter saúde, educação. O desenvolvimento que se prega é muito diferente dos valores indígenas. É lógico que nós usamos tecnologia para benefício próprio. Mas o desenvolvimento dos arrozeiros é puramente individual e nele só tem importância a cobiça, a ganância e a exploração dos recursos naturais. Os rios Surumu, Tacutu e Cotingo são os principais rios que abastecem as comunidades [da reserva]. É onde se toma banho, de onde se consome para afazeres domésticos, onde tem os peixes. É a principal fonte de sobrevivência da biodiversidade. Qual é o tratamento que se dá a esses rios? Eles tiram água para a irrigação, desviam o curso do rio através de valas e não há qualquer controle sobre a utilização. Há quantos anos eles fazem isso? O que se faz ali na plantação de arroz é a pulverização, que contamina as águas! Com o que? Com agrotóxicos. O desenvolvimento que ele [arrozeiro] trouxe para Roraima é o que destrói, o que degrada, que ocupa ilegalmente terra de comunidades que têm direitos colectivos. Então queremos um desenvolvimento onde as comunidades indígenas tenham suas criações conforme os manejos tradicionais, onde tudo é discutido colectivamente, onde há respeito ao meio ambiente, onde ninguém sai jogando agrotóxico. A gente utiliza tecnologia nos cursos de preparação para lidar com reflorestamento -- por exemplo, de buritizais, de madeira -- mas para as próprias comunidades indígenas. Essa é a nossa forma de desenvolvimento, que contribui com o meio ambiente, não que acabe com ele. Desenvolvimento, sim, mas com respeito, não de qualquer jeito.
"Denunciei a fome como flagelo fabricado pelos homens, contra outros homens".
"Mais grave ainda que a fome aguda e total, devido às suas repercussões sociais e económicas, é o fenómeno da fome crónica ou parcial, que corrói silenciosamente inúmeras populações do mundo".
"O subdesenvolvimento não é, como muitos pensam equivocadamente, insuficiência ou ausência de desenvolvimento. O subdesenvolvimento é um produto ou um subproduto do desenvolvimento, uma derivação inevitável da exploração económica colonial ou neocolonial, que continua se exercendo sobre diversas regiões do planeta
Citações de Josué de Castro
Sobre Josué de Castro: «Ele sabia que não adiantava aumentar a riqueza, sem reduzir a pobreza»
«Propunha o incentivo da agricultura familiar e a criação de restaurantes populares»
No próximo dia 5 de Setembro de 2008 completam-se 100 anos do nascimento do destacado geógrafo brasileiro ( pernambucano de nascimento), autor de livros como Geografia da Fome (1935), traduzido e editado em 25 línguas, e Geopolítica da Fome, textos que se tornaram em autênticas referências incontornáveis da literatura sobre a matéria, e onde são denunciadas as verdadeiras causas da fome que atinge milhões de seres humanos, causas de carácter social e económico, que exigem, antes de tudo o mais, uma solução política. Josué de Castro fez da luta contra a fome a sua bandeira de vida, até porque, desde miúdo, conhecera de perto o fenómeno da fome: morando perto dos mangues, Josué fez uma comparação cruel: "As pessoas que vivem naquelas áreas e sobrevivem da pesca do caranguejo, acabam se tornando 'irmãos de leite' desse anfíbio". Por causa das suas ideias progressistas, foi obrigado pelo regime militar brasileiro da época a deixar o país. Morreu no exílio, em Paris, na França, no dia 24 de Setembro de 1973, aos 65 anos de idade.
Josué de Castro teve inúmeras profissões: médico, geógrafo, professor, escritor, sociólogo e político. Presidiu a FAO, organismo da Organização das Nações Unidas (ONU) para Agricultura e Alimentação e seus conceitos sobre desenvolvimento sustentável e as causas da miséria fizeram com que fosse indicado duas vezes ao Prêmio Nobel, da Medicina, em 1954, e da Paz, em 1963.
A socióloga, filha e “herdeira cultural” do médico, Anna Maria de Castro, disse que o pai tinha propostas concretas para acabar com a fome, como reforma agrária, melhoria de sementes e aumento da produtividade. As suas ideias, no entanto, foram vistas como “comunistas”, pois , Josué acreditava na capacidade de superar a fome aliando a Ciência, a técnica e a participação das pessoas.
No início do livro «Geografia da Fome» pode-se ler:
"Neste nosso ensaio de natureza ecológica tentaremos, pois, analisar os hábitos alimentares dos diferentes grupos humanos, ligados a determinadas áreas geográficas, procurando, de um lado, descobrir as causas naturais e as causas sociais que condicionaram o seu tipo de alimentação, com suas falhas e defeitos característicos, e, de outro lado, procurando verificar até onde esses defeitos influenciam a estrutura económico-social dos diferentes grupos estudados. Assim fazendo, acreditamos poder trazer alguma luz explicativa a inúmeros fenómenos de natureza social até hoje mal compreendidos por não terem sido levados na devida conta os seus fundamentos biológicos
Um pouco mais à frente, aparece a denúncia do neocolonialismo:
"É mesmo esta a característica essencial do desenvolvimento económico do tipo colonialista, bem diferente do desenvolvimento económico autêntico de tipo nacionalista. O colonialismo promoveu pelo mundo um certa forma de progresso, mas sempre a serviço dos seus lucros exclusivos, ou quando muito associado a um pequeno número de nacionais privilegiados que se desinteressavam pelo futuro da nacionalidade, pelas aspirações políticas, sociais e culturais da maioria. Daí o desenvolvimento anómalo, sectorial, limitado a certos sectores mais rendosos, de maior atractivo para o capital especulativo, deixando no abandono outros sectores básicos, indispensáveis ao verdadeiro progresso social".
Para assinalar o centenário do nascimento de Josué de Castro foram programadas no Brasil algumas actividades que começam amanhã, dia 29 de Agosto, em Belo Horizonte:
Dia 29/8, sexta:
9h30 – Abertura 10h15 – Leitura dramatizada de trechos da peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Mello Neto e Chico Buarque de Holanda – professor Fernando Limoeiro (TU/UFMG) 11h – Coffee-break 11h30 – Palestra “Presença de Josué de Castro” Anna Maria de Castro – filha de Josué de Castro e professora titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Ajax Pinto Ferreira – coordenador do Centro de Memória da Medicina Local: Salão Nobre da Faculdade de Medicina da UFMG (avenida Alfredo Balena, 190, bairro Santa Efigênia)
Dia 4/9, quinta-feira:
12h – Encenação da peça teatral Zerando a Fome, do professor Romeu Sabará Degustação de comidas típicas derivadas do milho Local: Praça de Serviços da UFMG (avenida Antônio Carlos, 6627, campus Pampulha)
Dia 5/9, sexta-feira:
14h às 17 horas – Debate sobre a “Problemática da Fome” Participantes: José Divino Lopes – professor da Escola de Enfermagem da UFMG, membro-titular do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável de Minas Gerais e suplente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar Leila Regina da Silva – Vicariato da Ação Social e Política da Arquidiocese de Belo Horizonte, representante do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Belo Horizonte Local: Auditório da Escola de Belas-Artes (avenida Antônio Carlos, 6627, Campus Pampulha) Actividades complementares Entre os dias 1 e 4 de setembro, será realizada na Fafich, Faculdade de Educação, Escola de Enfermagem e Escola de Belas-Artes a exibição do filme/documentário Josué de Castro – Cidadão do Mundo, de Silvio Tendler, seguida de debate.
Dia 2/9, terça-feira:
18h – Escola de Enfermagem (avenida Alfredo Balena, 190) 1 – Seminário “Josué de Castro e a alimentação como direito” Debate, precedido da exibição do documentário "Josué de Castro, Cidadão do Mundo", de Silvio Tendler Organização da disciplina Nutrição e Cidadania e do Projeto Segurança Alimentar e Cidadania na Vila Acaba Mundo (Curso de Nutrição da Escola de Enfermagem e Programa Pólos de Cidadania da Faculdade de Direito da UFMG).
JOSUÉ DE CASTRO E A LUTA CONTRA A FOME Conferência
Excerto do belissimo filme de Silvio Tendle
Chico Science falando de Josué de Castro
A Geografia da Fome (excertos de textos e escritos de Josué de Castro)
A fome é, conforme tantas vezes tenho afirmado, a expressão biológica de males sociológicos. Está intimamente ligada com as distorções económicas, a que dei, antes de ninguém, a designação de subdesenvolvimento. A fome é um fenómeno geograficamente universal, a cuja acção nefasta nenhum continente escapa. Toda a terra dos homens foi, até hoje, a terra da fome. As investigações científicas, realizadas em todas as partes do mundo, constataram o facto inconcebível de que dois terços da humanidade sofre, de maneira epidémica ou endémica, os efeitos destruidores da fome. A fome não é um produto da superpopulação: a fome já existia em massa antes do fenómeno da explosão demográfica do após-guerra. Apenas esta fome que dizimava as populações do Terceiro Mundo era escamoteada, era abafada era escondida. Não se falava do assunto que era vergonhoso: a fome era tabu.
O assunto deste livro é bastante delicado e perigoso. A tal ponto delicado e perigoso que se constituiu num dos tabus de nossa civilização. É realmente estranho, chocante o facto de que, num mundo como o nosso, caracterizado por tão excessiva capacidade de escrever-se e publicar-se, haja até hoje tão pouca coisa escrita acerca do fenómeno da fome, em suas diferentes manifestações. Quais são os factores ocultos desta verdadeira conspiração de silêncio em torno da fome? Trata-se de um silêncio premeditado pela própria alma da cultura: foram os interesses e os preconceitos de ordem moral e de ordem política e económica de nossa chamada civilização ocidental que tomaram a fome um tema proibido, ou pelo menos pouco aconselhável de ser abordado publicamente. Ao lado dos preconceitos morais, os interesses económicos das minorias dominantes também trabalhavam para escamotear o fenómeno da fome do panorama espiritual moderno. É que ao imperialismo económico e ao comércio internacional a serviço do mesmo interessava que a produção, a distribuição e o consumo dos produtos alimentares continuassem a se processar indefinidamente como fenómenos exclusivamente económicos - dirigidos e estimulados dentro de seus interesses económicos - e não como factos intimamente ligados aos interesses da saúde pública. Um dos grandes obstáculos ao planeamento de soluções adequadas ao problema da alimentação dos povos reside exactamente no pouco conhecimento que se tem do problema em conjunto, como um complexo de manifestações simultaneamente biológicas, económicas e sociais. Por outras palavras, procuraremos realizar uma sondagem de natureza ecológica, dentro deste conceito tão fecundo de Ecologia, ou seja, do estudo das acções e reacções dos seres vivos diante das influências do meio. Neste ensaio de natureza ecológica tentaremos, pois, analisar os hábitos alimentares dos diferentes grupos humanos ligados a determinadas áreas geográficas, procurando de um lado, descobrir as causas naturais e as causas sociais que condicionaram o seu tipo de alimentação, com suas falhas e defeitos característicos, e de outro lado, procurando verificar até onde esses defeitos influenciam a estrutura económico-social dos diferentes grupos estudados. O objectivo é analisar o fenómeno da fome colectiva - da fome atingindo endémica ou epidemicamente as grandes massas humanas. Não só a fome total, a verdadeira inanição que os povos de língua inglesa chamam de starvation, fenómeno, em geral, limitado a áreas de extrema miséria e a contingências excepcionais, como o fenómeno muito mais frequente e mais grave, em suas consequências numéricas, da fome parcial, da chamada fome oculta, na qual pela falta permanente de determinados elementos nutritivos, em seus regimes habituais, grupos inteiros de populações se deixam morrer lentamente de fome, apesar de comerem todos os dias. É principalmente o estudo dessas colectivas fomes parciais, dessas fomes específicas, em sua infinita variedade, que constitui o objectivo nuclear do nosso trabalho. É que existem duas maneiras de morrer de fome: não comer nada e definhar de maneira vertiginosa até o fim, ou comer de maneira inadequada e entrar em um regime de carências ou deficiências específicas, capaz de provocar um estado que pode também conduzir à morte. Mais grave ainda que a fome aguda e total, devido às suas repercussões sociais e económicas, é o fenómeno da fome crónica ou parcial, que corrói silenciosamente inúmeras populações do mundo. A noção que se tem, correntemente, do que seja a fome é, assim, uma noção bem incompleta. E este desconhecimento, por parte das elites europeias, da realidade social da fome no mundo e dos perigos que este fenómeno representa para a sua estabilidade social, constitui uma grave lacuna tanto para a análise dos acontecimentos políticos da actualidade, que se produzem em diversas regiões da terra, como no que se refere à atitude que os países da abundância deveriam ter face aos países subdesenvolvidos, permanentemente perseguidos pela penúria e pela miséria alimentar. Nenhum fator é mais negativo para a situação de abastecimento alimentar do país do que a sua estrutura agrária feudal, com um regime inadequado de propriedade, com relações de trabalho socialmente superadas e com a não utilização da riqueza potencial dos solos. Apresenta-se deste modo a Reforma Agrária como uma necessidade histórica nesta hora de transformação social que atravessamos como um imperativo nacional. É que cerca de 60% das propriedades agrícolas no Brasil são constituídas por glebas de áreas superiores a 50 hectares de terra, das quais 20% possuem mais de 10.000 hectares. No recenseamento de 1950 ficou evidenciada a existência no Brasil de algumas dezenas de propriedades que são verdadeiras capitanias feudais:proriedades com mais de 100.000 hectares de extensão. Do latifúndio decorre também a existência das grandes massas dos sem-terra, dos que trabalham na terra alheia, como assalariados ou como servos explorados por esta engrenagem económica de tipo feudal. Por sua vez, o minifúndio significa a exploração antieconómica da terra, a miséria crónica das culturas de subsistência que não dão para matar a fome da família. O tipo de reforma que julgamos imperativo da hora presente não é um simples expediente de desapropriação e redistribuição da terra para atender às aspirações dos sem-terra. Processo simplista que não traz solução real aos problemas da economia agrária. Concebemos a reforma agrária como um processo de revisão das relações jurídicas e económicas, entre os que detêm a propriedade agrícola e os que trabalham nas actividades rurais. Precisamos enfrentar o tabu da reforma agrária - assunto proibido, escabroso, perigoso - com a mesma coragem com que enfrentamos o tabu da fome. Falaremos abertamente do assunto, esvaziando desta forma o seu conteúdo tabu, mostrando através de uma larga campanha esclarecedora que a reforma agrária não é nenhum bicho-papão ou dragão maléfico que vá engolir toda a riqueza dos proprietários de terra, como pensam os mal-avisados, mas que, ao contrário, será extremamente benéfica para todos os que participam socialmente da exploração agrícola... É evidente que não bastaria dispor de alimentos em quantidade suficiente e suficientemente diversificados para cobrir as necessidades alimentares da população mundial. O problema da fome não é apenas um problema de produção insuficiente de alimentos. É preciso que a massa desta população disponha de poder de compra para adquirir estes alimentos. A fome age não apenas sobre os corpos das vítimas da seca, consumindo sua carne, corroendo seus órgãos e abrindo feridas em sua pele, mas também age sobre seu espírito, sobre sua estrutura mental, sobre sua conduta moral. Nenhuma calamidade pode desagregar a personalidade humana tão profundamente e num sentido tão nocivo quanto a fome, quando atinge os limites da verdadeira inanição. Excitados pela imperiosa necessidade de se alimentar, os instintos primários são despertados e o homem, como qualquer outro animal faminto, demonstra uma conduta mental que pode parecer das mais desconcertantes. Querer justificar a fome do mundo como um fenómeno natural e inevitável não passa de uma técnica de mistificação para ocultar as suas verdadeiras causas que foram, no passado, o tipo de exploração colonial imposto à maioria dos povos do mundo, e , no presente, o neocolonialismo económico a que estão submetidos os países de economia primária, dependentes, subdesenvolvidos, que são também países de fome. As massas humanas se deram conta de que a fome e a miséria não são indispensáveis ao equilíbrio do mundo, e que hoje, graças aos progressos da ciência e da técnica, surgiu pela primeira vez na história um tipo de sociedade na qual a miséria pode ser suprimida e com ela a fome.
Subdesenvolvimento
Os países do Terceiro Mundo são subdesenvolvidos, não por razões naturais - pela força das coisas - mas por razões históricas - pela força das circunstâncias. Circunstâncias históricas desfavoráveis, principalmente o colonialismo político e económico que manteve estas regiões à margem do processo da economia mundial em rápida evolução.7 Na verdade, o subdesenvolvimento não é a ausência de desenvolvimento, mas o produto de um tipo universal de desenvolvimento mal conduzido. É a concentração abusiva de riqueza - sobretudo neste período histórico dominado pelo neocolonialismo capitalista que foi o factor determinante do subdesenvolvimento de uma grande parte do mundo: as regiões dominadas sob a forma de colónias políticas directas ou de colónias económicas. O subdesenvolvimento é o produto da má utilização dos recursos naturais e humanos realizada de forma a não conduzir à expansão económica e a impedir as mudanças sociais indispensáveis ao processo da integração dos grupos humanos subdesenvolvidos dentro de um sistema económico integrado. Só através de uma estratégia global do desenvolvimento, capaz de mobilizar todos os factores de produção no interesse da colectividade, poderão ser eliminados o subdesenvolvimento e a fome da superfície da terra. O maior de todos esses erros foi considerar o processo do desenvolvimento em toda parte como semelhante ao desenvolvimento dos países ricos do Ocidente. Uma espécie de etnocentrismo conduziu os teóricos do desenvolvimento a assentar as suas ideias e estabelecer os seus sistemas de pensamento em concepções de economia clássica que ignoravam quase totalmente a realidade sócio-econômica das regiões de economia ocidental capitalista, uma economia socialista em elaboração acelerada e uma rede de abastecimento e de venda no resto do mundo. Não se ocupavam, pois, das estruturas económicas desse resto do mundo, abandonado quer aos sociólogos, quer, antes, aos folcloristas. Esta tremenda desigualdade social entre os povos divide economicamente o mundo em dois mundos diferentes: o mundos dos ricos e o mundo dos pobres, o mundo dos países bem desenvolvidos e industrializados e o mundo dos países proletários e subdesenvolvidos. Este fosso económico divide hoje a humanidade em dois grupos que se entendem com dificuldade: o grupo dos que não comem, constituído por dois terços da humanidade, e que habitam as áreas subdesenvolvidas do mundo, e o grupo dos que não dormem, que é o terço restante dos países ricos, e que não dormem, com receio da revolta dos que não comem. Um dos factores mais constantes e efectivos das terríveis tensões sociais reinantes é o desequilíbrio económico do mundo, com as resultantes desigualdades sociais. Constitui um dos maiores perigos para a paz o profundo desnível económico que existe entre os países economicamente bem desenvolvidos de um lado, e de outro lado os países insuficientemente desenvolvidos. Desnível que se vem acentuando cada vez mais, intensificando as dissensões sociais e gerando a inquietação, intranquilidade e os conflitos políticos e ideológicos. Ora, o problema do subdesenvolvimento não é exclusivo destes países; é antes um problema universal, que só pode ter soluções igualmente em escala universal. Viver na opulência, num mundo em que 2/3 estão mergulhados na miséria, não é apenas perigoso, é um crime. A tensão social na qual se vive hoje é, na maior parte das vezes, o produto desta conhecida injustiça social, uma vez que os povos dominados tomaram consciência da realidade sócio-económica do mundo, nesta fase da história da humanidade que vivemos, fase de transformações explosivas, caracterizadas essencialmente por explosões diversas: a explosão psicológica dos povos explorados, não menos perigosa do que a explosão atómica com a qual se abriu uma nova era no nosso planeta: a era atómica. É urgente restabelecer o equilíbrio económico do mundo aterrando o largo fosso que separa os países bem desenvolvidos dos países subdesenvolvidos, sem o que é bem difícil que se consiga a verdadeira paz e a tranquilidade entre os homens. Nenhuma tarefa internacional se apresenta mais árdua, mas ao mesmo tempo mais promissora para o futuro do mundo, do que a do desenvolvimento económico destas áreas mais atrasadas, onde os recursos naturais e os potenciais geográficos se conservam relativamente inexplorados. A paz depende mais do que nunca do equilíbrio económica do mundo. A segurança social do homem é mais importante do que a segurança nacional baseada nas armas. Igualmente falso é o conceito de desenvolvimento avaliado unicamente à base da expansão da riqueza material, do crescimento económico. O desenvolvimento implica mudanças sociais sucessivas e profundas, que acompanham inevitavelmente as transformações tecnológicas do contorno natural. O conceito de desenvolvimento não é meramente quantitativo, mas compreende os aspectos qualitativos dos grupos humanos a que concerne. Crescer é uma coisa; desenvolver é outra. Crescer é; em linhas gerais, fácil. Desenvolver equilibradamente, difícil. Cada vez se pergunta com mais insistência se desenvolver-se significa desumanizar-se, nesta frenética busca de riqueza, de acordo com a fórmula preconizada pelo Ocidente de maximizar os lucros em vez de maximizar as energias mentais que enriquecem com mais rapidez a vida dos homens e podem dar-lhes muito mais felicidade. O problema do desenvolvimento do Terceiro Mundo, e mesmo o do mundo inteiro que ainda se apresenta subdesenvolvido sob certos aspectos, é antes de tudo um problema de formação de homens. Se a revolução industrial dominou o século XIX, é a revolução cultural que deve dominar o século XX, isto é, a criação de uma cultura capaz de encontrar verdadeiras soluções para os grandes problemas da humanidade. O subdesenvolvimento é uma forma de sub-educação. De sub-educação, não apenas do Terceiro Mundo, mas do mundo inteiro. Para acabar com ele, é preciso educar bem e formar o espírito dos homens, que foi deformado por toda parte. Só um novo tipo de homens capazes de ousar pensar, ousar reflectir e de ousar passar à acção poderá realizar uma verdadeira economia baseada no desenvolvimento humano e equilibrado. As contradições do desenvolvimento são múltiplas. Desenvolvimento significa ao mesmo tempo mutação e disciplina. Mas a disciplina impede muitas vezes a mutação. É o conservantismo das sociedades que alcançaram um auto grau de desenvolvimento, que se tomam como modelo ideal de sociedade e passam a combater o desejo da transformação. Encarar aspectos isolados do problema na luta contra o subdesenvolvimento parece-nos algo ultrapassado, pois sabemos que as fórmulas tradicionais, as medidas isoladas e as concessões limitadas não bastam. A gravidade do problema requer urgentemente a adopção de uma estratégia global do desenvolvimento, comportamento e medidas convergentes por parte dos países desenvolvidos, assim como dos países em vias de desenvolvimento. Só há um tipo de verdadeiro desenvolvimento: o desenvolvimento do homem. O homem, factor de desenvolvimento, o homem beneficitário do desenvolvimento. É o cérebro do homem a fábrica de desenvolvimento. É a vida do homem que deve desabrochar pela utilização dos produtos postos à sua disposição pelo desenvolvimento.
A associação cultural Transcudânia (a associação cultural Transcudânia surgiu pela inerente necessidade e interesse de proteger e divulgar o Património Histórico e Natural do Concelho do Sabugal, no âmbito do turismo ambiental e numa dimensão regional e transfronteiriça. O nome Transcudânia surge inspirado na possível tribo que habitava esta zona de riba Côa na proto-história, os Lanciences Transcudani.) e os Rodobalho ( de Coimbra), promovem entre os dias 7 e 9 de Setembro a segunda edição do Festival Iberfolk, em Sortelha, uma das mais bonitas e interessantes aldeias históricas.
À semelhança do programa do ano passado, cujas festividades ocorreram no Sabugal, haverá muito do novo sangue da música tradicional portuguesa e das danças europeias, como PÉ NA TERRA, MOSCA TOSCA (da Luísa Côrte, “camisola amarela” do nosso quiz, na foto), TOR, COMCORDAS e, provavelmente, NO MAZURKA BAND, para além de diversos workshops de dança, teatro, relaxamento, ioga, percursos pedestres e várias actividades de ar livre, como a visita a moinhos de água.
Além das actividades planeadas deixaremos a cada um propor e realizar o que entender. Existirá, durante o festival, um placard onde cada um poderá indicar a hora e local da actividade que pretende realizar.
Não há limites ao tipo e natureza de actividades, desde que a logística esteja assegurada. Fica na vossa mão fazer workshops, sessões de debate, percursos, projecção de filmes, o que quiserem. Sortelha e todos nós estaremos lá para participar.
O lema é: "Constrói o festival!"
PROGRAMA
Sexta, 5 de Setembro 22:00 – Observação Astronómica 22:00 – Adufeiras de Paúl 22:40 – Hora do conto (Marco Luna) 23:30 – Ishbarian Bagpipe 00:30 – João Gentil e Luís Formiga DJ Folk
Sábado 6 de Setembro 11:00 – Passeio de Burro
11:00 - Workshop Reciclagem
16:00 – Workshop de dança tradiconal16:00 – Workshop de inic. Gaita-de-foles
11:00 – Passeio de burro 11:00 - Workshop Reciclagem 13:00 – Caminhada à descoberta da serra da Malcata 15:00 - Documentário 16:00 – Escalada do castelo 16:00 – Workshop de dança tradicional 17:00 - PortFolk
CENTAMOSTRA propõe a criação de um espaço de proximidade entre a criação artística contemporânea e as populações e programadores locais.
A programação tem um núcleo fixo constituído pelos projectos produzidos pelo CENTA em 2008: "mapaprovisório", "®existir-2008", "Concertos Improváveis", "Sons do Salgueiral", "Concerto para piano de John Cage – 50 anos", "All in Twlight", "powerTrio", "Experimenta o Campo", e pela colaboração com o festival urbano Pedras d'Água, através da apresentação dos projectos – "Subterrâneos de Lisboa" e " S.Domingos, a nossa casa", e um núcleo flexível constituído pela apresentação de projectos ou do trabalho de criadores apoiados pelo Programa de Residências - Margarida Mestre, Ana Martins, Mário Afonso, Sílvia Pinto Coelho, Simão Costa, Nuno Rebelo/ Marco Franco, Sofia Neuparth, Jorge Murteira, Elizabete Francisca / Miguel Pereira / Nicolaas Leach / Paula Frazão Bruno Carvalho, Gonçalo Tocha e Jack Shamblin.
A apresentação pública dos projectos produzidos pelo CENTA, em 2008, concentrou-se em Setembro conduzindo à ideia de partilhar esse espaço de visibilidade com outros criadores. De repente, abriu-se a possibilidade de mostrar o trabalho de 30 artistas, numa zona do país em que a programação de Arte Contemporânea é, praticamente, inexistente. Tal só é possível devido á natureza do CENTA e á sua localização em Vila Velha de Ródão. Há muito que a Arte se afastou do nosso quotidiano, dos suportes e modos de fazer artísticos convencionais, reconhecíveis pelo público. Esta evolução tem afastado, cada vez mais, o público e a Arte. É um problema a nível mundial que deve ser resolvido, também, a nível local, dado o carácter fundador da Arte. Há 19 anos que o CENTA trabalha neste problema inventando e experimentando formas de aproximação ao trabalho dos criadores. É a presença dos artistas que inscreve Ródão na realidade cultural do país e simultaneamente estimula o desenvolvimento local.
Centro de Estudos de Novas Tendências Artísticas [CENTA] é estrutura profissional pluridisciplinar, e tem por objectivos: oferecer condições de trabalho adequadas ao processo criativo e à investigação no território da arte contemporânea; reforçar a identidade cultural das populações através da aproximação à comunidade artística e criar dinâmicas culturais locais. Funciona nas instalações cedidas pela Tapada da Tojeira, casa agrícola com lagar de azeite e modo de produção biológico.
Paulo Freire nasceu em Recife em 1921 e faleceu em 1997. É considerado um dos grandes pedagogos da actualidade e respeitado mundialmente. Publicou várias obras que foram traduzidas e comentadas em vários países, entre as quais se conta a Pedagogia do Oprimido ( 1968), e a Pedagogia da Autonomia (2000). O seu método de alfabetização para adultos é seguido em muitas partes do globo. As suas primeiras experiências educacionais foram realizadas em 1962 em Angicos, no Rio Grande do Norte, onde 300 trabalhadores rurais se alfabetizaram em 45 dias.Participou activamente do MCP (Movimento de Cultura Popular) do Recife. A partir de 1964 exila-se por 14 anos no Chile e posteriormente vive como cidadão do mundo. Em 1968 publica a sua obra que teve um impacto mundial de maior alcance e que o tornou mundialmente conhecido, A Pedagogia do Oprimido.
Contra a Educação Bancária; Por uma Educação Problematizadora
Para Paulo Freire, vivemos em uma sociedade dividida em classes, sendo que os privilégios de uns, impedem que a maioria, usufrua dos bens produzidos e, coloca como um desses bens produzidos e necessários para concretizar o vocação humana de ser mais, a educação, da qual é excluída grande parte da população do Terceiro Mundo.
Refere-se então a dois tipos de pedagogia: a pedagogia dos dominantes, onde a educação existe como prática da dominação, e a pedagogia do oprimido, que precisa ser realizada, na qual a educação surgiria como prática da liberdade
O movimento para a liberdade, deve surgir e partir dos próprios oprimidos, e a pedagogia decorrente será " aquela que tem que ser forjada com ele e não para ele, enquanto homens ou povos, na luta incessante de recuperação de sua humanidade". Vê-se que não é suficiente que o oprimido tenha consciência crítica da opressão, mas, que se disponha a transformar essa realidade; trata-se de um trabalho de conscientização e politização.
A pedagogia do dominante é fundamentada em uma concepção bancária de educação, (predomina o discurso e a prática, na qual, quem é o sujeito da educação é o educador, sendo os educandos, como vasilhas a serem enchidas; o educador deposita "comunicados" que estes, recebem, memorizam e repetem), da qual deriva uma prática totalmente verbalista, dirigida para a transmissão e avaliação de conhecimentos abstratos, numa relação vertical, o saber é dado, fornecido de cima para baixo, e autoritária, pois manda quem sabe.
Dessa maneira, o educando em sua passividade, torna-se um objecto para receber paternalisticamente a doação do saber do educador, sujeito único de todo o processo. Esse tipo de educação pressupõe um mundo harmonioso, no qual não há contradições, daí a conservação da ingenuidade do oprimido, que como tal se acostuma e acomoda no mundo conhecido (o mundo da opressão)- -e eis aí, a educação exercida como uma prática da dominação.
Na concepção de Paulo Freire a educação tem de ser problematizadora, uma vez que o conhecimento não pode advir de um acto de "doação" que o educador faz ao educando, mas sim, de um processo que se realiza no contacto do homem com o mundo vivenciado, o qual não é estático, mas dinâmico e em transformação contínua.
Baseada numa outra concepção de homem e de mundo, pretende-se a superação da relação vertical, para se estabelecer a relação dialógica. O diálogo supõe troca, os homens educam-se em comunhão, mediatizados pelo mundo.
"...e educador já não é aquele que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando, que ao ser educado, também educa ...".
Desse processo, advém um conhecimento que é crítico, porque foi obtido de uma forma autenticamente reflexiva, e implica em acto constante de desvelar a realidade, posicionando-se nela. O saber construído dessa forma percebe a necessidade de transformar o mundo, porque assim os homens se descobrem como seres históricos.
O Educar para Paulo Freire
Educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e onde a questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual, como em relação à classe dos educandos, é essencial à prática pedagógica proposta. Sem respeitar essa identidade, sem autonomia, sem levar em conta as experiências vividas pelos educandos antes de chegar à escola, o processo será inoperante, somente meras palavras despidas de significação real. A educação é ideológica, mas dialogante, pois só assim pode se estabelecer a verdadeira comunicação da aprendizagem entre seres constituídos de almas, desejos e sentimentos.
A concepção de educação de Paulo Freire percebe o homem como um ser autónomo
Esta autonomia está presente na definição de vocação ontológica de ‘ser mais’ que está associada com a capacidade de transformar o mundo. É exactamente aí que o homem se diferencia do animal. Por viver num presente indiferenciado e por não perceber-se como um ser unitário distinto do mundo, o animal não tem história. A educação problematizadora responde à essência do ser e da sua consciência, que é a intencionalidade.
A intencionalidade está na capacidade de admirar o mundo, ao mesmo tempo desprendendo-se dele, nele estando, que desmistifica, problematiza e critica a realidade admirada, gerando a percepção daquilo que é inédito e viável. Resulta em uma percepção que elimina posturas fatalistas que apresentam a realidade dotada de uma determinação imutável.
Por acreditar que o mundo é passível de transformação a consciência crítica liga-se ao mundo da cultura e não da natureza. O educando deve primeiro descobrir-se como um construtor desse mundo da cultura.
Essa concepção distingue natureza de cultura, entendendo a cultura como o acrescentamento que o homem faz ao mundo, ou como o resultado do seu trabalho, do seu esforço criador. Essa descoberta é a responsável pelo resgate da sua auto-estima, pois, tanto é cultura a obra de um grande escultor, quanto o tijolo feito pelo oleiro.
Procura-se superar a dicotomia entre teoria e prática, pois durante o processo, quando o homem descobre que sua prática supõe um saber, conclui que conhecer é interferir na realidade, percebe-se como um sujeito da história.
Para ele "não se pode separar a prática da teoria, autoridade de liberdade, ignorância de saber, respeito ao professor de respeito aos alunos, ensinar de aprender".
PAULO FREIRE REFLEXÕES Em 1983 o Grupo Banzo registrou na PUCC de São Paulo uma série de aulas do educador Paulo Freire sobre seu método, sua vida e experiências com tribos indígenas.
Nada de “ilha cercada de gente por todos os lados”
Nada de conviver com as pessoas e depois,
Descobrir que não tem amizade a ninguém.
Nada de ser como tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar,
É também criar laços de amizade,
É criar ambiente de camaradagem,
É conviver, é se “amarrar nela”!
Ora é lógico...
Numa escola assim vai ser fácil! Estudar, trabalhar, crescer,
Fazer amigos, educar-se, ser feliz.
É por aqui que podemos começar a melhorar o mundo.
(de Paulo Freire)
A partir do poema de Freire podem-se observar as ideias mais importantes sobre a sua concepção educativa:
1. Mostra e defende uma escola democrática centrada no educando através de uma prática pedagógica.
2. Postula que a comunicação entre cada um dos integrantes é uma necesidade para alcançar a libertad do homem.
3. Reflecte uma filosofía da educação que se perspectiva "pensar como ooprimido".
4. Estabelece uma relação em que o que ensina reconhece que pode aprender com aquele a quem vai ensinar.
5. Todas as pessoas implicadas no processo educativo, educam e são simultaneamente educadas.
6. O método fundamental para educar é o diálogo aberto, tendo em conta as necessidades do indivíduo.
7. O estudante é visto como protagonista do processo de aprendizagem, enquanto que o professor actúa como facilitador.
8. Defende uma perspectiva humanista da educação, em que impera o absoluto respeito pelo ser humano.
Nesta concepção a aprendizagem está no que fazer, pois ensinar não está na pura transferência mecânica de conteúdos que torna o aluno em agente passivo e dócil. A educação libertadora pproblematiza e desmistifica a realidade.
O Instituto Paulo Freire é uma das entidades promotoras do VI Encontro Internacional do Fórum Paulo Freire, que se vai realizar entre 16 e 20 de setembro, no Campus da PUC (pontoficai Universidade Católica), e que terá como tema a Globalização, Educação e Movimentos Sociais: 40 anos da Pedagogia do Oprimido. Neste ano, completa-se uma década do primeiro encontro do Fórum e os 40 anos da Pedagogia do Oprimido
O VI Encontro Internacional do Fórum Paulo Freire está organizado em duas modalidades: Conferências e Círculos de Cultura.
1) CONFERÊNCIAS – 16/09 e 17/09
Poderão participar das conferências todos os inscritos no evento. Elas serão realizadas no Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA). Serão cinco grandes conferências. Para participar, esse público deverá se inscrever pela internet até 10/09, ou até o preenchimento de todas as vagas. Se as vagas não forem preenchidas até a data inicial do Encontro (16/09), os interessados poderão fazer a sua inscrição momentos antes do início das conferências.
16/09 – 8h30 às 12h30
Mesa 1 - Globalização e os desafios da educação libertadora • Carlos Torres (Universidade da California e IPF Los Angeles) • Antônio Teodoro (Universidade Lusófona e IPF Portugal) • Ladislau Dowbor (PUC-SP) • Mario Sérgio Cortella (PUC-SP) • Luiza Cortesão (Universidade do Porto e IPF-Portugal) • Coordenação: Benno Sander
16/09 – 14h às 18h
Mesa 2 - Paradigmas freirianos e movimentos sociais • Danilo Streck (Unisinos) • Pep Aparicio (IPF-Valência – Espanha) • José Eustáquio Romão (IPF-Uninove) • Peter Lownds (Universidade da California - IPF-Los Angeles) • Célia Linhares (UFF-IPF) • Coordenação: Salete Camba (IPF-Brasil)
17/09 – 8h30 às 12h30
Mesa 3 - Pedagogia do Oprimido: 40 anos depois • Afonso Scocuglia (UFPB) • Alipio Casali (PUC-SP) • Celso Beisiegel (USP) • Silvia Manfredi (IPF-Itália) • Miguel Escobar (Universidade do México) • Coordenação: Ângela Antunes (IPF-Brasil)
17/09 – 14h às 18h
Mesa 4 - Paulo Freire: legado e reinvenção • Ana Maria Saul (PUC-SP) • Reinaldo Fleuri (UFSC) • Ivor Baatjes (IPF - África do Sul) • Florenço Varela (Cabo Verde) • Oscar Jara (Costa Rica) • Eliete Santiago (UFPE - Centro Paulo Freire) • Coordenação: Marina Felldman (PUC-SP)
17/09 – 19h às 22h
Mesa 5 - Paulo Freire, arte e cultura • Thiago de Mello (Poeta e escritor) • Augusto Boal (Teatro do Oprimido) • Elisa Larkin (IPEAFRO) • Carlos Rodrigues Brandão (Unicamp - IPF) • Coordenação: Paulo Roberto Padilha
2) CÍRCULOS DE CULTURA – 18/09 e 19/09
Participarão dessa modalidade apenas os inscritos com trabalhos no Fórum. Os Círculos de Cultura serão compostos por pessoas do Brasil e de outros países que tiverem os seus trabalhos aprovados pelo Comitê Científico. Esses participantes apresentarão e debaterão os seus trabalhos nos períodos manhã e tarde.
Observações: a) As pessoas com trabalhos inscritos e aprovados pelo Comitê Científico, isto é, que estarão nos círculos de cultura, poderão participar de todas as atividades do Encontro (conferências, círculos de cultura e atividades culturais). b) Os demais participarão apenas das cinco conferências, nos dias 16 e 17, e das atividades culturais do evento. c) Além dessa programação, ocorrerão reuniões paralelas relacionadas a projetos de pesquisas que envolvem grupos da comunidade freiriana.
3) PROGRAMAÇÃO CULTURAL - a partir das 19h • 16/09 a 20/09 - Exposição: "Paulo Freire: educar para transformar" (Local: saguão da PUC). • 16/09 - Peça de Teatro - "Sobre sonhos e esperança" - espetáculo inspirado na obra de Paulo Freire (Local: TUCARENA). • 17/09 - Mesa de diálogos - "Paulo Freire, arte e cultura" (Local: TUCA). • 18/09 - Filme: "Encontro com Milton Santos ou o mundo global visto do lado de cá" (Local: Espaço Banespa). • 19/09 - Prêmio Paulo Freire - sessão solene de entrega da 3ª edição do prêmio (Local: Câmara Municipal de São Paulo).
A Flor Dente-de-Leão como símbolo do Fórum Paulo Freire
Após longo processo de pesquisa sobre elementos que pudessem traduzir graficamente os muitos significados e sentidos do Fórum Paulo Freire, deparamo-nos com uma imagem curiosa: a flor Dente-de-leão Assim como a educação libertadora, a flor Dente-de-leão não estimula a posse, o apego. Simboliza a liberdade. Ao assoprá-la as pessoas desejam ver suas pétalas se desprendendo e voando livremente. Quando entramos em contato com ela, queremos compartilhar, interagir uns com os outros, experienciá-la. Tal como o ser humano descrito por Freire, a dente-de-leão nos remete às idéias de inconclusão, incompletude e inacabamento. Suas pétalas são sempre irregulares, desfazendo-se com um simples assopro. A exemplo da pedagogia freiriana, cujas sementes se espalham com extrema facilidade, levada pelo vento, germina e adapta-se a inúmeras realidades geográficas no mundo, o que a torna extremamente popular. Em algumas tradições culturais, significa união, tolerância, esperança.