18.6.06

A redução da diversidade genética das culturas agrícolas


Redução da biodiversidade agrícola: cultiva-se hoje 150 espécies, em contraste com as 7.000 que foram cultivadas no passado

A diversidade das culturas está a reduzir-se nos terrenos agrícolas de todo o mundo a um ritmo galopante. A FAO adverte que ao longo dos últimos cem anos se perderam 75% das variedades agrícolas.

A erosão deste património significa uma menor capacidade de resistência e adaptação às doenças e às mudanças climáticas.

Foram estas as conclusões a que se chegou numa reunião que foi promovida pela FAO na semana passada em Madrid e que teve em vista avaliar a aplicação do Tratado Internacional sobre Recursos Fitogenéticos que entrou em vigor em 2004

Constatou-se que a agricultura mecanizada e as exigências do mercado estão a reduzir a um ritmo vertiginoso a variedade das culturas agrícolas um pouco por todo o mundo.

Note-se que historicamente o Homem utilizou entre 7.000 e 10.000 espécies, ao passo que hoje só se cultivam tão só 150 espécies, doze das quais representam 75% do consumo alimentar humano.

Os recursos fitogenéticos para a alimentação e a agricultura constituem a base biológica da segurança alimentaria mundial e sustentam, directa ou indirectamente, os meios de sustento e de vida de todas as pessoas do planeta. Compreendem a diversidade genética das variedades tradicionais e das culturas agrícolas modernas, assim como as das espécies silvestres aparentadas e ainda outras plantas silvestres que se podem hoje ou no futuro utilizar na alimentação e agricultura. Em termos gerais estes recursos fitogenéticos abrangem os recursos que contribuem para os meios de sustento da vida ao proporcionarem alimentos, medicamentos, forragens para os animais domésticos, fibras, roupa, casas, energia e um grande número de outros produtos e serviços.

Ao longo da toda a história da Humanidade os seres humanos utilizaram milhares de espécies vegetais para a alimentação, muitas das quais se foram dosmesticando. Mas hoje cultivam-se tão só 150 espécies de plantas, das quais só 12 proporcionam cerca de 75% dos alimentos que toda a população mundial consome e se alimenta. E desses só quatro espécies são responsáveis pela metade dos nossos alimentos.

Esta evolução mostra a vulnerabilidade da agricultura e representa um claro empobrecimento da alimentação humana.

Além disso, muitas culturas locais que tradicionalmente serviam para alimentar as camadas mais pobres da população estão subutilizadas ou a ser negligenciadas.
Esta é a conclusão a que chega o primeiro relatório da FAO sobre a situação dos recursos fitogenéticos mundiais

Para consultar o Relatório da FAO que serviu de instrumento de trabalho, ver:
http://www.fao.org/biodiversity/crops_es.asp

A revolta dos estudantes negros do Soweto foi há 30 anos




Em 16 de Junho passaram 30 anos da revolta estudantil do Soweto que
Constitui um marco importante no declínio e derrube do sistema de apartheid que então existia na África do Sul e mediante o qual a lei legalizava e institucionalizava a descriminação racial para com as pessoas de cor negra, ainda que estas fossem a esmagadora maioria da população.


Em 16 de junho de 1976, milhares de jovens sul-africanos revoltaram-se no município de Soweto, África do Sul, contra a decisão do governo branco da altura em impor a língua afrikaans como língua obrigatória do ensino, juntamente com o inglês.. Tratava-se de uma medida humilhante e cruel porque o afrikaans não era vista como a língua do opressor", mas ainda porque os estudantes negros falavam pouco ou mal este idioma, surgido do holandês.


"Os alunos não conseguiam aprender em afrikaans e os professores não podiam ensinar nesta língua", explicou Pandor, que vivia no exílio na época da rebelião. "Era uma política estúpida", mediante a qual o governo do apartheid esperava "impor a sua ideologia", acrescentou. Na manhã de 16 de junho de 1976, milhares de estudantes invadiram as ruas de Soweto, em protesto.

A manifestação começou em calma, mas a dada altura a polícia abriu fogo. O primeiro a cair foi Hector Pieterson, de 13 anos. A foto de seu corpo, carregado por um amigo com o rosto coberto de lágrimas, deu a volta ao mundo.

Os estudantes responderam atirando pedras. A polícia e as autoridades responderam então com um verdadeiro massacre de que resultou a morte de mais 500 jovens estudantes negros.


Aquele dia deu origem a uma onda de indignação no exterior e marcou na África do Sul o ponto de partida de uma rebelião que se espalhou por todo o país e em poucas semanas deixou centenas de mortos.

"Os acontecimentos deste dia tiveram repercussões em todos os municípios da África do Sul. Os funerais das vítimas das violências do Estado se tornaram locais de motins nacionais. Subitamente, os jovens sul-africanos assumiram um espírito de protesto e rebelião", escreveu nas suas memórias o ex-presidente sul-africano e Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela.

Embora esta decisão de impor o afrikaans tenha sido um detonador, esta revolta traduziu também um agudo sentimento de frustração e uma profunda cólera. Foi a conseqüência de uma segregação racial sistemática, acentuada por um contexto econômico difícil depois da euforia dos anos 60, cujas conseqüências foram pagas em primeiro lugar pelos negros.

O massacre de Soweto, perpetrado pelo regime racista da África Sul nos subúrbios de Joanesburgo – na cidade-dormitório de Soweto, verdadeira reserva de força de trabalho negro para as minas de ouro foi a resposta do regime racista para a revolta contra as condições infra-humanas em que vivia a sua população, contra a falta de direitos, contra o racismo. Na África do Sul de então a vida de um negro nada significava para o poder político.

O Soweto ficou como símbolo da resistência ao appartheid e tornou-se um estigma que levou ao isolamento dos racistas, à sua condenação, e ao princípio do fim de um regime execrável.