14.9.08

Manifesto anti-Maria de Lurdes


Retirado do excelente blogue: http://sinistraministra.blogspot.com/


Basta pum basta!!!

Uma geração que consente deixar-se dominar por uma Maria de Lurdes é uma geração que nunca o foi. É um coio d’indigentes, d’indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!

Abaixo a geração Maria de Lurdes!

Corram com a Maria de Lurdes, corram! Pim!

Uma geração com uma Maria de Lurdes a cavalo é um burro impotente!

Uma geração com uma Maria de Lurdes ao leme é uma canoa em seco!

A Maria de Lurdes é meio demagoga!

A Maria de Lurdes é demagoga inteira!

A Maria de Lurdes saberá de sociologia, saberá estatística, saberá escrever sobre o estatuto dos engenheiros, saberá transformar uma anarquista numa ditadorazeca do terceiro mundo, saberá de tudo menos de educação que é a única coisa que se esperaria que ela soubesse!

A Maria de Lurdes pesca tanto de pedagogia que erigiu em fim principal da escola a ocupação dos tempos livres dos alunos ociosos, que transformou os professores em principal inimigo do Governo, que quis pôr o País inteiro contra os professores!
A Maria de Lurdes é uma habilidosa!

A Maria de Lurdes tem um trauma de infância contra os professores!

A Maria de Lurdes que foi professora primária esconde esta “mácula” na sua biografia oficial. Sente vergonha de ter sido professora como quem tem vergonha da própria mãe. É uma vergonha!

A Maria de Lurdes transformou a pedagogia em demagogia!

A Maria de Lurdes manipula, tergiversa, mente e tenta colocar as escolas ao serviço dos interesses partidários!

A Maria de Lurdes quer destruir a escola pública!

Corram com a Maria de Lurdes, corram com ela! Pim!

A Maria de Lurdes fez um Estatuto da Carreira Docente que só poderia ter sido feito no Chile de Pinochet de onde o seu mestre anarquista, João Freire, o copiou mal e porcamente!

E a Maria de Lurdes teve claque! E a Maria de Lurdes teve palmas! E a Maria de Lurdes agradeceu!

A Maria de Lurdes é uma vergonha!

Não é preciso ir prá 5 de Outubro pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!

Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta extrorquir aos professores os seus direitos como a Maria de Lurdes faz! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem pedagógicos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões do eduques, com as alucinações de um alumbrado como Valter Lemos! Basta usar o tal sorrisinho cínico, basta fazer aparência de muito delicada, e usar olhos meigos para os jornalistas! Basta ser Judas! Basta ser Maria de Lurdes!

Corram com a Maria de Lurdes, corram com ela! Pim!

A Maria de Lurdes nasceu para provar que nem todos os que governam sabem governar!
A Maria de Lurdes é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair…, bastando ter lido os textos alucinados daquela espécie de Menino do Lapedo fóssil que é Valter Lemos. Mas é preciso deitar mentiras, estatísticas manipuladas, dinheiro, prémios, livros e computadores para comprar os votos aos pais!

A Maria de Lurdes é uma doentia perturbação dela-própria!

A Maria de Lurdes em génio nem chega a pólvora seca e em competência é pim-pam-pum.

A Maria de Lurdes em poses eróticas no jornal Expresso é horrorosa!

A Maria de Lurdes tresanda a mentira e a demagogia!

Corram com a Maria de Lurdes, corram com ela! Pim!

A Maria de Lurdes é o escárnio da consciência!

Se a Maria de Lurdes é portuguesa eu quero ser do Chile, do país de onde importaram o Estatuto da Carreira Docente!

A Maria de Lurdes é a vergonha da intelectualidade portuguesa!

A Maria de Lurdes é a meta da decadência mental!

E ainda há uns propagandistas na comunicação social que não coram quando dizem admirar a Maria de Lurdes, quais Vitais Moreiras e outras lavadeiras das imundices da socratinada!

E ainda há quem lhe estenda a mão!

E quem lhe lave a imagem com campanhas de propaganda!

E quem tenha dó da Maria de Lurdes, imputando as culpas deste desastre ao inenarrável Valter Lemos!

E ainda há quem duvide que a Maria de Lurdes não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!

Continue a senhora Maria de Lurdes a governar assim que o País há-de ganhar muito com destruição das escolas públicas e há-de ver que ainda apanha uma estátua de cera no Museu dos Horrores e um monumento erecto por subscrição pública dos espanhóis que finalmente ao fim de oito séculos conseguirão destruir Portugal, e a Praça de Camões mudada em Praça Dr.ª Maria de Lurdes, e com festas da cidade plos aniversários, e sabonetes em conta Maria de Lurdes” e pasta Maria de Lurdes prós dentes, e graxa Maria de Lurdes prás botas e Niveína Maria de Lurdes, e comprimidos Maria de Lurdes, e autoclismos Maria de Lurdes e Maria de Lurdes, Maria de Lurdes, Maria de Lurdes, Maria de Lurdes… E limonadas Maria de Lurdes-Magnésia.

E fique sabendo a Maria de Lurdes que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é a Maria de Lurdes que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.

E fique sabendo a Maria de Lurdes que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.

Mas julgais que nisto se resume a pedagogia portuguesa? Não Mil vezes não!
Temos, além disto o Secretário de Estado Valter Lemos, outro iluminado vítima da Síndrome de Legiferação Compulsiva que, como ela, esquecendo a sua formação docente, vive obcecado em perseguir os professores e em transformar os alunos num bando de ignorantes e insubordinados.

E há ainda a Directora Regional de Educação do Norte que, encarnado o espírito ditatorial de um engenheiro que não o é, se deleita a punir delitos de opinião e que proclamou ao mundo o direito inalienável dos alunos ao sucesso, mesmo que não saibam ler nem escrever nem contar. E há ainda o Director do GAVE especialista em fabricar exames nacionais para atrasados mentais, para mostrar ao mundo a grande sabedoria dos alunos portugueses.

Corram com a Maria de Lurdes, corram com ela! Pim!

Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!

Corram com a Maria de Lurdes, depressa, corram com ela! Pim!


Adaptado de José de Almada Negreiros
Poeta d’Orpheu
Futurista E Tudo
1915 (2008)
A partir daqui

O Anarquismo numa só lição - por Normand Baillargeon ( professor de ciências da educação no Quebec)

Eu, Normand Baillargeon, vosso primo afastado do Quebec, eu sou, no meu verde país, professor de anarquia…Ou quase…Lições e anarquia parecem-vos uma contradição? Nem Deus nem Senhor e ainda menos Lições, proclamam os velhos anarquistas. Ok, tudo bem, mas não vos esqueceis daqueles que nada sabem do assunto. Então, para os neófitos, proponho um pequeno e breve curso destinado aos que nunca viram a vida segundo a perspectiva da cor do anarquismo. Para os outros, trata-se apenas de uma ocasião para rever a matéria dada!

Imaginais uma desordem mundial, um caos terrível, uma confusão monstruosa. Será que vocês estariam por lá?
O primeiro jornalista que aparecesse falaria espontaneamente de anarquia para descrever a cena. Neste tipo de situações, a reacção é sempre a mesma.
Mas a verdade é que essa reacção resulta de uma pura atitude de anarcofobia.
Balelas! - dirão, porém, os anarquistas, de que briosamente faço parte.

O anarquismo designa uma tendência própria do pensamento social, político e económico moderno. Defende uma convergência possível e desejável entre o socialismo e o seu princípio de igualdade, e o liberalismo e o seu princípio de liberdade.
O anarquismo procura realizar esta síntese ambiciosa quer na autogestão económica quer na democracia participativa.
Através da primeira ele recusa o lucro e a organização hierárquica do trabalho, preconizando a solidariedade e a igualdade. Partilha das riquezas, mais do que de um leque de opções ( stock-options). Através da segunda, ele rejeita a ideia de delegação e defende a participação directa das pessoas no processo de tomada das decisões.

Os anarquistas distribuem-se por diversas tendências – há os que são individualistas, colectivistas, mutualistas, sindicalistas, e outros mais. Mas todos eles têm a sabedoria de desconfiar dos planos de organização social e económica, demasiadamente rígidos e definitivos, assim como dos conceitos absolutos. Rejeitam admitir um limite aos arranjos sociais e às condições desejáveis da vida humana, uma vez que eles pensam que, em condições de real liberdade, a sua expressão será cada vez melhor.

Os anarquistas pensam então que a liberdade, como nunca deixou de acontecer, inventará constantemente novas soluções para os problemas, e que a sua extensão permitirá cada vez mais a denúncia das formas de dominação, que não deixarão de também de se revestir sob modalidades inéditas à medida que os tempos passam.

Só isso? Quase.
Sim, porque o anarquismo luta também contra tudo aquilo que contribui para impedir que as pessoas assumam elas próprias o seu próprio destino, e, além disso, desafia-nos para que se comece, desde já, a construir a primícias de uma sociedade mais livre e igualitária do amanhã.
O anarquismo significa ainda a rejeição, pela acção directa, daquelas instituições que procuram dominar, sujeitar e matar aquilo que Bakunine chamava «o nosso instinto de liberdade», e que buscam incutir a docilidade, a passividade e a submissão. Como não é difícil de adivinhar, nos tempos que correm, há muito por fazer para quem, como nós, chega às estas conclusões. Por isso, o anarquismo é, na minha opinião, a única alternativa válida face à catástrofe universal para que nos querem empurrar e que significa, ela sim, o autêntico caos que devemos duvidar e combater.


Texto do Normand Baillargeon, professor de ciências de educação, publicado no nº 1 do jornal Siné-Hebdo,


Normand Baillargeon é o autor do livro «Pequeno curso de autodefesa intelectual (« Petit cours d'autodéfense intellectuelle«). Tem edição no Brasil sob o título
PENSAMENTO CRÍTICO - UM CURSO COMPLETO DE AUTODEFESA INTELECTUAL

Bibliografia de Norman de Baillargeon :

Sève et sang. Chants et poèmes de révolte et d'espoir. Anthologie, Mémoire d'encrier, Montréal, 2007.
Écrits dans la marge. Réflexions libres et libertaires, Éditions Trois-Pistoles, 2006.
Éducation et Liberté. Anthologie, Tome 1 : 1793-1918, Lux, 2005.
Petit cours d'autodéfense intellectuelle, Lux, 2005. Une version réduite, antérieure au livre, a été publiée sur Internet [
lire en ligne].
Trames. esthétique/politiques, Éditions Nota Bene, 2004.
L'Ordre moins le pouvoir : histoire et actualité de l'anarchisme


É membro do colectivo do Quebec «Por uma educação de qualidade» :
http://agora.qc.ca/ceq

Blogue pessoal de Normand Baillargeon:
http://nbaillargeon.blogspot.com/


Texto na Wikipedia sobre Normand Baillargeon:
http://fr.wikipedia.org/wiki/Normand_Baillargeon



O Anarquismo é a ordem menos o poder