17.7.07

A nossa selecção de festivais, festas e encontros de Verão


Uma selecção, necessariamente incompleta, dos festivais, festas e encontros de Verão.


Cá dentro



Escrita na paisagem 07 – Festival de perfomance e artes da terra no Alentejo (mês de Julho)

Património com Jazz ( Barcelos, concertos a 4,13, 20 e 28 de Julho)

Hertha, encontro de sons e danças do mundo no espaço Contagiarte (Porto) entre 17 e 21 de Julho

Tom de festa no ACERT em Tondela entre 18 e 21 de Julho

Citemor em Montemor-o-Velho entre 19 de Julho a 11 de Agosto

FMM, festival daas músicas do mundo de Sines ( 20 a 28 de Julho)

Avança 07 – encontros internacionais de cinema, televisão, vídeo e multimédia ( workshops de 25 a 29 de Julho)

Festival do Trebilhadouro ( 27, 28 e 29 de Julho)

Andanças ( em São Pedro do Sul) de 30 de Julho a 5 de Agosto)

Intercéltico ( em Sendim, Miranda do Dourto) 3 a 5 de Agosto

Ecotopia – em Aljezur (4 a 19 de Agosto)



Lá Fora

Festival de teatro clássico de Mérida ( 12 de Julho a 26 de Agosto)


Quand je pense à Fernando
Festival da canção francesa ( chanson) na pequena cidade francesa de Sete e u
23 a 27 de Julho
http://www.sete.fr/Quand-je-pense-a-Fernande.html?


Noites Atípicas ( Les nuits atypiques)
Local: Parc dês Vegers, les Arcades – em Langon ( perto de Bordéus, França)
26 de Julho a 29 de Julho
Músicas do mundo e um local de liberdade de expressões.
http://www.nuitsatypiques.org/


Estivada (festival da cultura occitana)
Local: Rodez (pays d’Oc), França
http://www.estivada-rodez.com/
Festivais occitanos:
http://www.estivada-rodez.com/actu.php?type=festivals




Festival internacional do Mimo de Périgueux
30 de Julho a 5 de Agosto
http://www.mimos.fr/pagesEditos.asp?IDPAGE=1



Esperanzah! Festival ( Bélgica)
Local de realização: numa antiga abadia em Floreffe – Namur
Músicas de crítica social
3 a 5 de Agosto
http://www.esperanzah.be/


Festival de cinema de Locarno ( Suíça)
(ponto de encontro habitual do cinema independente e de crítica social)
1 a 11 de Agosto)
http://pardo.ch/


Sziget Festival, em Budapeste, Hungria
8 a 15 de Agosto
(enorme festival realizado num ilha do Danúbio que convoca mais de 400.000 pessoas de toda a Europa)
http://www.szigetfestival.com/index.php?p=1


Festival do fim do mundo (festival du bout du monde) em Crozon, Bretanha
Músicas do mundo
10 a 12 de Agosto
http://www.festivalduboutdumonde.com/


Os iluminados do verbo ( les allumés du verbe)
Local: domaine départemental Gerard Lagors – em Hostens, Gironde ( França)
Sob a divisa « bem-vindos os loucos, porque deixam passar a luz» trata-se de um encontro para explorar as margens da imaginação através do contos e dos contadores
http://www.lesallumesduverbe.com/



Festival de Aurillac, França ( o mais conhecido festival de teatro de rua)
22 a 25 de Agosto
http://www.aurillac.net/



Para mais informação:
http://www.evene.fr/info/festival-ete/


Por um ateísmo económico



Como sobreviver ao desenvolvimento?




Do que nós precisamos mesmo é de um movimento pelo ateísmo económico, de uma verdadeira vaga de fundo de não-crentes. No fundo é o que se propõe fazer o chamado movimento pelo decrescimento. Na verdade, o projecto de criação tanto no Norte como no Sul de sociedades conviviais autónomas e ecónomas implica, rigorosamente falando, mais de um «a-crescimento» - tal como acontece quando se fala de a-teísmo – do que do de-crescimento. Pois do que realmente se trata é do abandono de uma fé e de uma religião: a da economia.

O projecto de operar a descolonização do imaginário permitirá compreender e realizar aquele objectivo segundo duas drecções principais e complementares: a desconstrução do universalismo económico e a desmistificação do desenvolvimento e do crescimento.

O «reencantamento» relativo do mundo engendrado pela ciência por via do progresso e do desenvolvimento está ultrapassado. A fé no progresso e na economia não é mais um questão de escolha da nossa consciência mais uma autêntica droga em que nos viciamos e que não é fácil de nos libertar. O «progressismo» e o economismo incorporaram-se nos nossos hábitos consumistas quotidianos, respirámo-los com o ar poluído do tempo presente, da mesma maneira que bebemos água contaminada pelos pesticidas. Só a experiência «prática» da sua falência poderá abrir os olhos dos seus adeptos fanatizados, mas tal não muito provável, se bem que nunca se deve perder a esperança.

A construção de uma sociedade laica do decrescimento não se fará sem um certo reencantamento do mundo. Para alguns isso significará explorar de uma forma ou outra a espiritualidade. Mas a verdade é que os poetas, os pintores e os estetas de todo o género, ou seja, todos os especialistas do inútil, do gratuito, do sonho, que têm sido as partes mais sacrificadas de nós mesmo, devem envolver-se naquela acção, sem necessidade pois de recorrermos aos teólogos ou aos ayatollahs.
S. Latouche (Excerto do texto de S. Latouche, " Le Veau d’or et vainqueur de Dieu. Essai sur la religion de l’économie ", publicado na revista La Revue du MAUSS, n°27, 2006, p. 307-321. )




Encontro dos objectores do crescimento

Está convocado um encontro dos Objectores do Crescimento em Royère de Vassivière, na La Creuse, França, para os dias de 26 até 29 de Agosto de 2007 .

A recepção será em Villard pelos membros da associação « les plateaux limousins a 4 Kms de Royère, a 5 Kms do lago de Vassivière, e a 10 Kms de Faux la Montagne, ou a 10 minutos d’Ambiance-Bois

Inscrições com Jean-Marie Robert
e-mail : Bleiz56@no-log.org
Ou telefone 02 97 66 54 93
Responsable du programme : Christian Sunt : 06 71 97 43 65




Citemor em Montemor-O-Velho entre 19 de Julho a 11 de Agosto

http://www.citemor.blogspot.com/


O Citemor é um festival de múltiplas artes e desenvolve-se em Motemor-O-Velho ( que, diga-se de passagem, tem um castelo com um vista de cortar a respiração), explorando diversas tendências contemporâneas. Este ano traz Angélica Liddell, uma das mais intensas vozes do teatro que hoje se faz na Europa.

PROGRAMA

19, 20 e 21 de Julho 22:30 [praça da república]
OS VIVOS
Teatro O Bando

co-produção, residência de criação, estreia
"Os Vivos" surge na sequência do espectáculo "Luto Clandestino", de Jacinto Lucas Pires, que estreou nas ruas de Palmela em 2006, num cenário urbano e habitado. Uma co-produção com a FIAR, associação cultural e o patrocínio da Câmara Municipal de Palmela.
Em "Os Vivos", parte-se da ideia que o "Luto Clandestino" será o primeiro acto de um texto maior, onde se vão juntar mais personagens. As ideias são as da culpa e do desejo, da imaginação e da memória, de estar vivo e de não estar. Há um luto mal resolvido, há a vontade de o resolver. Há uma mulher de meia-idade, que é mãe, há um jovem, que é namorado, e agora haverá também um marido, uma empregada e uma morta.
Esta criação, a estrear no Festival CITEMOR, desponta de um trabalho de continuidade com o autor, mas possuindo agora uma nova dimensão, mais alargada.
Chama-se "Os Vivos" esta comédia sobre a morte. Quando a escrevi, a partir de uma peça-em-um-acto que tinha feito para o bando no ano passado, surpreendi-me com a aparência convencional da sua estrutura e com a dispersão de pontos de vista no seu contar. Talvez seja o resultado lógico de levar a morte para dentro de casa, pensei na altura. E, no entanto, ao ouvir depois as primeiras leituras dos actores, já não era isso que me chamava a atenção. Quase o contrário: os cortes, as dissonâncias, os desvios; o impossível feito real, como nos sonhos (e no teatro). E também a voz de conjunto que parecia ficar a ressoar no fim de tudo. "Os Vivos": uma peça sobre não morrer com a morte.
Jacinto Lucas Pires
Após a estreia em Montemor-o-Velho, o espectáculo estará em cena no Teatro O Bando (Palmela) de 13 de Setembro a 21 de Outubro.
> Site de O Bando
http://www.obando.pt/

Texto: Jacinto Lucas Pires
Encenação: João Brites
Espaço Cénico: João Brites e Rui Francisco



28 de Julho 22:30 [sala b]
ÚLTIMA CHAMADA
seguido de
COLECÇÃO PRIVADA
Rafael Alvarez, co-produção, estreia

"Última Chamada" constitui-se como uma colecção de objectos pessoais, inscritos no espaço através de uma acumulação de percursos, em que se cruzam relações amorosas e viagens.
O que será que nos fez partir sem prever o necessário?
Estar longe, fazer novos conhecimentos, sentir saudades, fazer contas à vida, coleccionar objectos, perder o sentido de orientação, registar locais de passagem, marcar encontros, perder a noção do tempo, articular novas palavras, transportar bens pessoais em segurança, ponderar pequenos excessos, descobrir as diferenças, projectar à distância, invadir o espaço, olhar por entre as coisas, habitar com data marcada, perder de vista, voltar a casa, estar sozinho no meio do trânsito, agarrar no mapa e partir, trancar a porta, fechar os olhos, andar em círculos, contar até um, lançar o isco, calcular os riscos, não esperar nada, domesticar quem está ao nosso lado, não dizer nada, esperar por amanhã, não abandonar a bagagem, fazer amor às escuras, inflacionar as coisas, não ter resposta para tudo, ter tudo no bolso.
Concepção e interpretação: Rafael Alvarez
Produção Executiva: EIRA/Paula Caruço
Apoio em residência: Galeria Zé dos Bois

Angélica Liddell, uma das mais intensas vozes do teatro que se faz na europa, estará em Montemor-o-Velho nos próximos dias 2 e 4 Agosto no decorrer do Citemor. Um momento raro para estar em teatro.


2 e 4 de Agosto 22:30 [sala b]
LESIONES INCOMPATIBLES CON LA VIDA
seguida de
BROKEN BLOSSOMS
e
YO NO SOY BONITA
Angélica Liddell
estreia nacional

LESIONES INCOMPATIBLES CON LA VIDA
L.I.C.L.V tem como origem uma decisão: NÃO QUERO TER FILHOS.
L.I.C.L.V responde à pergunta: PORQUE NÃO QUERO TER FILHOS?
Passo da decência da ficção à indecência do real.
O MEU CORPO CONVERTE-SE NUM MANIFESTO CRUEL CONTRA A SOCIEDADE. O MEU CORPO CONVERTE-SE EM PROTESTO.
Durante um ano reflecti sobre a família confrontando uma fotografia familiar da minha infância com a publicidade das cidades, os pedintes, os supermercados, a minha vida quotidiana.
TENTEI QUE CADA IMAGEM FOTOGRAFADA FOSSE UMA BATALHA. E AO MESMO TEMPO UMA DERROTA DA FAMÍLIA, UMA DERROTA DA SOCIEDADE.
L.I.C.L.V é uma RAIVA, uma FÚRIA, UM PASSO MAIS NO MEU PROCESSO DE EXTINÇÃO.
Co-produção: Festival Escena Contemporánea - Madrid e Iaquinandi SL
BROKEN BLOSSOMS
Uma entrevista com uma estudante de jornalismo, que está a confeccionar uma tese sobre dramaturgos espanhóis, desencadeia uma reflexão sobre o conceito "inteligência", e principalmente sobre as consequências da escrita e da arte. O trabalho com um grupo de atrasados mentais procura ser uma via para relativizar as ditas consequências.
Co-produção: Casa de América e Iaquinandi SL
YO NO SOY BONITA
A partir de uma experiência pessoal (um abuso aparentemente insignificante, menor) aborda-se o problema do abuso de crianças, quer dizer, mergulhamos na origem quotidiana, rotineira e tabu, que muitas vezes desemboca em violação e morte. O sexo determina infelizmente mais um medo, como consequência de uma forma de violência que diz respeito quase exclusivamente ao sexo feminino e que em numerosos casos termina em morte. É um medo de nascença, poderíamos dizer que é uma espécie de marca, um privilégio invertido, como se nós, as raparigas, nascêssemos com uma letra escarlate dependurada do ventre, um estigma que nos introduz na roleta russa das alimárias bárbaras.
Co-produção: Museo Nacional de Arte Reina Sofía e Iaquinandi SL



3 de Agosto 22:30 [teatro esther de carvalho]
SPACEBOYS
+ Rodrigo Amado + Flak

Com vontade de explorar mais a fundo e de uma forma mais livre e abstracta o groove e as suas múltiplas facetas, em 1998, os três elementos nucleares dos Cool Hipnoise - Francisco Rebelo, João Gomes e Tiago Santos fundaram os Spaceboys.
Do seu laboratório espacial em Lisboa, concebem a poderosa liga funk com a qual constroem as suas fantásticas diversões voadoras. A sua missão é transmitir uma mensagem de pura vibração cósmica e celebração intergaláctica que possa facilmente ser compreendida por todas as mentes e musicheads do universo. A partir dos ensinamentos de Sun Ra, Lonnie Liston Smith, Fela, Van McCoy, Ed Wood ou Lee Perry, os Spaceboys recorrem aos ritmos mais irresistíveis do planeta e à universal sabedoria do groove em busca dos limites exteriores da super consciência cósmica - o Funk!
Para esta missão Citemor 29 os Spaceboys convidaram a integrar a sua tripulação Rodrigo Amado e Flak.
http://www.myspace.com/spaceboyslisboa

Francisco Rebelo: baixo
João Gomes: teclados
Tiago Santos: guitarra
Rodrigo Amado: saxofones
Flak: guitarra




9 de Agosto 22:30 [teatro esther de carvalho]
A MORTE DO ARTISTA
co-produção
Há cerca de um ano, um artista decidiu realizar aquele que sabia ser o seu último projecto artístico. Em colaboração com o festival Citemor, organizou uma residência artística com outros artistas de diversas áreas para criar uma obra. Esta residência foi envolta em alguma polémica, tanto pelo estado delicado do artista que dirigiu este projecto como pelo facto de o mesmo ter decidido manter o anonimato, assinando apenas como A. A última obra de A não chegou a ser criada. No entanto, a residência artística aconteceu durante várias semanas. O filme que agora será mostrado pela primeira vez é uma selecção de dezenas de horas de registos em vídeo, feitos pelo próprio A, durante essas semanas.
> blog do projecto
http://www.amortedoartista.blogspot.com/



10 e 11 de Agosto 22:30 [celeiro agrícola]
EL TEMBLOR DE LA CARNE
de Carlos Marquerie
Compañía Lucas Cranach

co-produção, residência de criação, estreia
"El temblor de la carne" é a segunda prestação cénica de "El cuerpo de los amantes", projecto iniciado em finais de 2004 e que até à data inclui a obra "Que me abreve de besos tu boca" (estreia no Citemor em Julho de 2005, em co-produção com a Sala Nasa de Santiago de Compostela), uma série de desenhos e a instalação "El lecho de los amantes".
"El cuerpo de los amantes" é um lugar para a reflexão sobre o amor e a morte, sobre o que neste binómio é indecifrável para a razão e fica nas mãos da poesia. "El temblor de la carne", uma espécie de continuação ou prolongamento de "Que me abreve de besos tu boca", é ao mesmo tempo o seu antónimo: da palavra que surgia do silêncio ao silêncio que nasce quando a palavra morre. Do arroz que convertia o espaço num leito de fertilidade à natureza morta, repleta dos vestígios de uma vida. Como vanitas composto a partir do efémero da existência, onde a palavra brota, outorgando vida à decomposição e acolhendo a busca obsessiva do instante.
"No hay experiencia espiritual sin la complicidad de lo corpóreo" ("Teresa de Ávila ou A aventura corpórea do espírito", em La piedra y el centro, de José Ángel Valente). Objecto de reflexão e verbo da obra, continua a meditação em voz alta sobre o corpo, o oculto por detrás da pele, o dilema entre a sua dimensão espiritual e a dimensão puramente física, e tudo aquilo que dificilmente podemos entender dele, e que se prolonga, progressiva e inevitavelmente, até à morte, sendo ao mesmo tempo albergue do prazer. "El temblor de la carne" com o passar do tempo, a Natureza e a transformação que a paisagem sofre no renascer da Primavera, o seu paralelismo com o Homem e o amor como motor de esperança.
Intérpretes: Andrés Hernández, Lola Jiménez e Getsemaní de San Marcos
Texto, espaço cénico, iluminação e direcção: Carlos Marquerie
Fotografia de cena, vídeo e documentação: Javier Marquerie Thomas e Federico Strate
Apoio: Consejería de Cultura y Deportes de la Comunidad de Madrid
Co-produção: Compañía Lucas Cranach / Citemor




22, 25 e 29 de Julho; 1, 5 e 8 de Agosto 22:30 [castelo]
COMUNIDADES
Ciclo de Cinema ao Ar Livre
Livre acesso
O Citemor propõe, em 2007, um conjunto de filmes em que se optou por localizar as histórias no seio de comunidades mais pequenas. Estas situam-se nos subúrbios de grandes cidades americanas, em localidades menos amplas, numa ilha perdida no sul da Sicília ou numa América imaginada num estúdio europeu. As personagens dividem-se entre o sentido de pertença e o desejo de evasão, a submissão às normas estabelecidas e a subversão. Podemos rever-nos nas relações que estabelecem e nos acontecimentos que protagonizam, assim como ser surpreendidos e escaparem à nossa compreensão.
Desfrutando de obras marcantes cinematográficas das últimas décadas, a população de Montemor-o-Velho e a comunidade de público do Citemor podem dialogar com outras vidas que não se encerram na lógica das grandes metrópoles.
Francisco Camacho
22 de Julho: A Última Sessão, P. Bogdanovich (1971)
25 de Julho: Amarcord, Federico Fellini (1973)
29 de Julho: Beleza Americana, Sam Mendes (1999)
1 de Agosto: Respiro, Emanuele Crialese (2002)
5 de Agosto: Dogville, Lars von Trier (2003)
8 de Agosto: Um Filme Indecente, John Waters (2004)