14.3.05

Marketing Militar recrutou apenas 7 voluntários


Segundo informações do semanário Expresso o passado Dia D (Dia da Defesa Nacional, realizado no Outono passado), ao qual são chamados os jovens que fizeram 18 anos, e cuja comparência é obrigatória para os convocados (!!!), destina-se a sensibilizar os que tiveram o incómodo de se deslocar à Unidade Militar indicada para o alistamento voluntário na tropa e a escolha de uma carreira profissional dentro das Forças Armadas.

Segundo os dados do jornal de um universo de 70.000 jovens que perfizeram 18 anos apenas 55% o fizeram, isto é, só 8.361 indivíduos tiveram a paciência e as despesas de se deslocarem e se apresentarem nesse dia da Defesa. Nos inquéritos então realizados aos presente somente um quinto declarou interesse em apresentar uma pré-candidatura. Mas na prática, e até ao momento, o resultado daquela operação de Marketing Militar foi – imaginem-se – terem sido entregues umas escassas 7 candidaturas no ramo da Força Aérea, que recebeu, entretanto, 1.308 pedidos de informação.

Perante o caricato da situação os serviços do Ministério da Defesa vieram a informar o jornal que no Exército existem 12.800 voluntário, e que se prevê que em Abril próximo esse número cresça para 13.000, o que segundo as mesmas fontes ministeriais excedem as suas necessidades de 12.000 voluntários.


Resta recordar que o tal Dia D mobilizou consideráveis recursos financeiros e materiais que, pelos vistos, foi apenas para show-off...

(Fonte: Expresso de 12 de Março de 2005)




Hipácia de Alexandria


A filósofa mais relevante da Antiguidade grega é Hipácia, neoplatónica, e que morreu presumivelmente em 415 d.C. Foi filha do matemático e astrónomo Téon de Alexandria, que foi o seu mestre, e interessou-se tanto pela matemática como pela astronomia, como mostram três das suas obras, entretanto perdidas.
Hipácia instalou-se entretanto em Atenas onde estudou Platão e Aristóteles, exercendo uma grande influência nos meios filosóficos alexandrinos, ao tentar unificar o pensamento matemático de Diofanto com o neoplatonismo de Amónio e Plotino. O seu discípulo, Sinesio de Cirene, diz-nos que tentou aplicar o raciocínio matemático ao conceito neoplatónico do Uno, mónada dos mónadas. Pagã, mas partidária da distinção entre religião e filosofia, adquiriu também grande prestígio nos ambientes políticos de Alexandria, frequentando o prefeito romano Orestes. Tal facto provocou a inveja e o rancor dos círculos cristãos de tal forma que Hipácia foi agredida em plena rua e brutalmente assassinada por um grupo de fanáticos cristãos, dirigido por um religioso chamado de Pedro. Mas atrás esta agressão dizia-se que estava Cirilo, o patriarca de Alexandria, que a considerava responsável pelas perseguições que os cristãos sofriam.
O episódio dramático da sua morte – foi violada e lapidada por um grupo de facínoras – alimentou a imaginação de escritores e poetas como Charles Kingsley (1853), Leconte de Lisle (1852) e Charles de Péguy (1907) que a imortalizaram como a última herdeira do pensamento grego numa sociedade romana já completamente enredada na fé cristã.
Apesar de não nos ter chegado nenhum dos seus escritos, e portanto, a sua doutrina só poder ser reconstruída de modo indirecto e hipotético, numerosas fontes dão-nos conta da singularidade da sua figura: filósofa, cientista, mestra e ponto de referência política para a comunidade grega de Alexandria.
Numa época em que a Igreja cristã, com os seus Padres à frente, assumia já cada vez mais como uma instituição do poder estabelecido, e procedia à marginalização das mulheres nas funções do poder, uma pagã assumia o símbolo da sabedoria e concorria com as autoridades religiosas da sua cidade.
Um conflito que ocultava uma outra dimensão muito mais relevante: Hipácia representava a tradição da sabedoria feminina, uma antiga tradição egípcia e grega

( tradução de um excerto retirado do livro «Las filósofas, las mujeres protagonistas en la história del pensamiento», de Giulio de Martino e Marina Bruzzese, ediciones Cátedra em colaboração com o Instituto de la mujer da Universitat de Valência; Madrid, 1996)

O título original é «Le Filosofe.Le donne protagoniste nella storia del pensiero