Movimento Cívico Pela Linha do Corgo realizará no próximo dia 2 de Abril, sábado, às 15.00 horas um evento apartidário em defesa da requalificação da Linha do Corgo. A acção consistirá num Cordão Humano à volta da estação de caminhos de ferro de Vila Real.
Esta iniciativa está a ser promovida através da rede social Facebook, e através da plataforma na internet do MCLC em http://linhaferroviariadocorgo.wordpress.com/ A iniciativa serve também para celebrar os 105 anos da inauguração da Linha do Corgo através de uma acção de protesto contra o atraso na reabertura do troço Régua – Vila Real e a favor da reabertura do troço Vila Real – Chaves. Para além da conjuntura actual de crise económico-social, agravada no Interior pela falta de acessos e de mobilidade, os quais são componentes fulcrais para o desenvolvimento e competitividade de qualquer região, a sociedade actual não se pode mais dar ao luxo de ser tão dependente de um meio de locomoção tão dispendioso e poluidor como o automóvel.
No entanto, é com profundo alarme que o MCLC e outras entidades ligadas ao universo ferroviário português constatam que, nos últimos 20 anos, Portugal foi o ÚNICO país da Europa Ocidental a perder passageiros na ferrovia, enquanto que em países como a Espanha esse número mais que duplicou em igual período de tempo.
Para além disto, é com firmeza que o MCLC condena a consignação de mais 17Km de ecopista no canal da Linha do Corgo, no município de Vila Pouca de Aguiar. É incompreensível como a moda irreflectida das ecopistas em leitos ferroviários grassou pelo país, quando se repetem as provas de que este equipamento para além de caro (na Linha do Sabor chega a custar 125.000 EUR/Km, fora a renda anual de 10.000 EUR devida à REFER pela autarquia de Torre de Moncorvo), tem um retorno económico-social diminuto ou mesmo nulo. A sua atractividade turística é no mínimo duvidosa, para além de que as suas zonas de implantação são mal servidas de acessos e de oferta de mobilidade à população, tendo como resultado que os cicloturistas deixam pouco rendimento na região, e que à população local muitos outros equipamentos fazem bem mais falta.
No que ao mau serviço à população diz respeito, disso não restem dúvidas: Imaginemos um carro a ir da estação da Régua à de Chaves e regresso, via A24 (87Km), a gastar uma média de 6,5 litros aos 100Km, com o combustível a 1,50 EUR, e o valor da portagem em 7,20 EUR (Régua – Chaves). Imaginemos agora a mesma viagem, mas de comboio pela Linha do Corgo (97Km), através do pagamento de um bilhete inteiro (7 EUR, tarifa Regional, aproximadamente) ou através de uma assinatura mensal de estudante (185,65 EUR, aproximadamente):
1. Num mês, o comboio é mais barato que o carro em 347,30 EUR via bilhete inteiro, e em 441,65 EUR com uma assinatura mensal de estudante.
2. Num ano, a diferença é de 4.514,90 EUR via bilhete inteiro, e de 5.927,10 EUR com uma assinatura mensal de estudante.
Comparação agora com uma viagem num autocarro de uma das empresas que efectuam o percurso Régua – Chaves actualmente (Nota: a empresa escolhida só faz 2 viagens por dia neste trajecto, e demora 1h40m a fazê-lo, a um preço de 8 EUR. A Linha do Corgo, com o troço Régua – Vila Real a 40Km/h e Vila Real – Chaves a 70Km/h levaria, com paragens de 3 minutos em Vila Real, Vila Pouca de Aguiar e Chaves, 1h48m):
1. Num mês, o comboio seria mais barato em 40 EUR para bilhete inteiro, e em 134,35 EUR em assinatura mensal de estudante.
2. Num ano, a diferença análoga seria de 520 EUR e 1.932,20, respectivamente.
Assumimos que as deslocações da maior parte dos pensionistas do município de Vila Pouca de Aguiar não contemplarão a locomoção a pé ou de bicicleta, das suas habitações à sede de concelho, pela ecopista. No entanto, as diferenças acima explanadas só por si dariam para estes cidadãos viverem com um pouco mais de dignidade e qualidade de vida.
Movimento Cívico pela Linha do Corgo (MCLC)
Vila Real, 23 de Março de 2011