13.1.13

Sessão sobre a greve geral e a insurreição operária do 18 de janeiro de 1934 ( no espaço Musas, no dia 18/1/2013, pelas 21h.)

18 DE JANEIRO DE 1934 – GREVE GERAL/INSURREIÇÃO OPERÁRIA
Sessão informativa/ Debate/ Exposição documental-
 
 
No próximo dia 18 de Janeiro (sexta-feira), pelas 21.00 h., no Espaço MUSAS,Rua do Bonjardim, 998, Porto (zona de Faria Guimarães) irá ser recordado o que foi o ato de resistência dos trabalhadores contra as leis laborais que os pretendiam submeter ao Estado salazarista e ao patronato.
 
Organiz.: AIT-SP Porto e Colect.Anarquista HIPATIA (anarco-sindicalistas)
 
Para uns, um ato heroico marcando a recusa dos trabalhadores às leis do Estado fascista e do patronato, para outros uma tentativa revolucionária capaz de travar o passo ao fascismo salazarista, para outros ainda uma “anarqueirada”, o certo é que o “18 de Janeiro”, despido de mitos e de revivalismos, oferece matéria de reflexão útil para o confronto com a realidade atual.
 
Nestes acontecimentos estiveram envolvidas várias correntes diferentes de pensamento com expressão nos meios laborais de então : CGT (anarcosindicalistas),FARP (anarquistas), CIS e PCP (comunistas),FAO (socialistas). Se na Marinha Grande o movimento assumiu a forma mais insurrecional, noutros pontos do país –onde a implantação da CGT era maior (Silves, Sines, Almada, Barreiro, Leiria) e também a da CIS e do PCP (Lisboa e arredores – além de na Marinha Grande) assumiu formas mais diversas, de greves e protestos a sabotagens.
 
 

Sermão do Bom Ladrão (excerto)


 
"Não são ladrões apenas os que cortam as bolsas.
Os ladrões que mais merecem este título são aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e as legiões, ou o governo das províncias, ou a administração das cidades, os quais, pela manha ou pela força, roubam e despojam os povos.
Os outros ladrões roubam um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros furtam correndo risco, estes furtam sem temor nem perigo.
Os outros, se furtam, são enforcados; mas estes furtam e enforcam."

Padre António Vieira, in Sermão do Bom Ladrão

Manifestação nacional de ferroviários ( 17 de janeiro de 2013)


MANIFESTAÇÃO NACIONAL DE FERROVIÁRIOS
 
 Trabalhadores do activo e reformados
 
17 Janeiro 2013 – 14,30h
 
Trabalhadores ferroviários no activo e reformados vão manifestar-se a 17 de Janeiro em frente à sede da CP, em Lisboa, contra a reestruturação das empresas do sector ferroviário, contra os cortes salariais e em defesa do cumprimento dos acordos de empresa. Contra as “medidas recessivas” que dizem estar “a conduzir ao empobrecimento” e para travar aquilo que dizem ser uma “brutal ofensiva” contra os ferroviários, 18 organizações do sector apelam a uma “forte mobilização” dos trabalhadores no activo, dos reformados e dos “trabalhadores na situação de rescisão de contratos”.
 
A manifestação, anunciada pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS), é convocada, entre outras organizações, pelas comissões de trabalhadores da CP, CP Carga, Refer e Emef (Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário), a comissão de reformados e os sindicatos do sector ferroviário, dos maquinistas e dos revisores.
 
 

A greve dos ferroviários em Janeiro de 1911

 


«Nada pedimos, porque nada nos dão. Exigimos, intransigentes, porque, para isso, temos direito e possuímos a força.»

 
Em Janeiro de 1911 os Ferroviários portugueses erguiam uma grande greve, que duraria 5 dias, e permitiria a conquista de importantes direitos pelos trabalhadores ferroviários.
Estamos no período imediatamente posterior à Revolução de 5 de Outubro de 1910, que os ferroviários haviam apoiado – como a generalidade do proletariado português – mas que colocara no poder uma burguesia que, primeiro, iria desiludir as expectativas de satisfação das suas reivindicações que esse proletariado alimentara, e depois iria trair esse apoio lançando-se na mais brutal repressão à luta e aos direitos dos trabalhadores
Uma greve a reivindicar as 8 horas de trabalho, que teve como resposta o governo mandar ocupar militarmente a estação do Rossio
 
O pessoal da Companhia de Caminhos de Ferro Portugueses,declaraou-se em greve secundado pelos ferroviários do Sul e Sueste, Beira Alta, Minho e Douro, na sequência de anteriores reivindicações assumidas por uma «comissão de melhoramentos», que vinha discutindo com a administração a redução do horário de trabalho e o aumento de salários. No Domingo anterior, os trabalhadores haviam-se reunido no Salão da Caixa Económica Operária tomando conhecimento da recusa da Companhia em aceitar as suas principais reivindicações. Num processo complexo e gradualmente politizado, os ferroviários optaram pela greve e pela constituição de piquetes. Esta greve, que durou até 15 de Janeiro, levou à intervenção pessoal de António José de Almeida, que tentou mediar o conflito.
A greve dos ferroviários da Companhia Portuguesa afectou as ligações de Lisboa para o Norte e Leste e ligações internacionais. A capital chegou a estar isolada do resto do país. Verificaram-se vários actos violentos como o descarrilamento de comboios e corte de linhas telegráficas, vistos pelo governo como sabotagens. A greve teve como catalisador a questão da Caixa de Reforma do Pessoal, já que a publicação do novo regulamento não contemplara as proposta da comissão de delegados do pessoal e do sindicato. O Conselho de Administração da CP, desde logo, procura restabelecer as ligações, nomeadamente a com o Porto, avisando o pessoal que deve regressar ao seu posto de trabalho, sob pena de serem demitidos.
O governo de Afonso Costa apoia a estrutura dirigente da CP, prometendo ajuda na guarda e defesa das propriedades e bens e no restabelecimento das ligações ferroviárias. Mesmo com a presença da força pública, os grevistas conseguem controlar as gares. Dia 17, a direcção da Companhia publica a Ordem Geral do Conselho de Administração n.º 66 na qual se determina que todos os empregados da Companhia que não se apresentem ao trabalho até dia 20 de Janeiro deixarão de pertencer aos quadros da mesma. Muitas classes de trabalhadores anunciam, pouco depois, greves de solidariedade com os ferroviários. A greve terminaria dia 23 de Janeiro, não sem a prisão de vários de entre os grevistas. Esta greve forçou os organizadores do Congresso de Tomar a adiarem a realização do mesmo, o que acabou por permitir a participação dos sindicalistas que doutra maneira não poderiam estar presentes já que estavam presos
 
 
Dossier com documentos da época, consultar: AQUI