27.1.07

O desemprego mundial nunca foi tão alto

Pessoas sem lugar no mercado de trabalho eram 195,2 milhões em 2006.
Crescimento da economia não tem correspondência no aumento do emprego
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O mundo nunca teve tantos desempregados, pelo menos desde que as estatísticas os registam, como no ano passado.
O número dos que não têm emprego atingiu, em 2006, os 195,2 milhões de pessoas e os mais afectados são os jovens, indica o relatório Tendências globais de emprego 2007, ontem divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
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Mesmo com crescimento económico, e apesar de mais gente ter trabalhado, o número dos que não têm emprego cresceu em números absolutos, ainda que ligeiramente: os desempregados eram 194,7 milhões em 2005. Os dados preliminares sobre 2006 divulgados pela OIT indicam também que a taxa de desemprego quase não sofreu alterações: 6,3 por cento, face aos 6,4 por cento do ano anterior.
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Em muitas regiões do mundo não houve mudanças significativas de um ano para o outro. A redução mais notória do desemprego ocorreu nas economias desenvolvidas e na União Europeia, onde baixou 0,6 e se fixou em 6,2 por cento.
No caso de Portugal, a taxa de desemprego estabilizou em Novembro passado nos 7,1 por cento, segundo a informação divulgada no início deste ano pelo Eurostat, serviço de estatística da Comissão Europeia.
O valor mais baixo de desemprego continua a ser o do Leste asiático, com uma taxa de 3,6 por cento. Os índices mais elevados são os apresentados pelo Médio Oriente e Norte de África, com 12,2 por cento em 2006.
O Médio Oriente e o Norte de África são também as regiões onde é menor a percentagem de população empregada: 47,3 por cento em 2006. O valor mais elevado é registado no Leste asiático, onde, apesar de uma descida de 3,5 por cento na última década - explicada por um aumento da escolarização - a percentagem de população empregada é a mais elevada: 71,6 por cento. Na União Europeia, a percentagem de população empregada é de 56,7 por cento.O crescimento económico da última década reflectiu-se mais no aumento da produtividade do que na criação do emprego, refere a OIT, que ilustra a afirmação com números: crescimento de 26 por cento na produtividade contra apenas 16,6 por cento no emprego.
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Os mais jovens são os mais atingidos pela falta de trabalho: 86,3 milhões dos desempregados em 2006, qualquer coisa como 44 por cento do total, tinham entre 15 e 24 anos, indica a organização. Outra tendência que permanece é a do fosso entre homens e mulheres em matéria laboral. No caso das mulheres, a percentagem das que tinham trabalho, que era de 49,6 por cento em 1996, está em 48,9 dez anos depois. No caso dos homens, passou-se de 75,7 para 74,0 por cento.
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1,87 mil milhões ganham menos de 1,54 euros por dia
O relatório da OIT dá também conta de ganhos muito modestos dos 1,87 mil milhões de pessoas que têm remunerações mais precárias: 507 milhões ganhavam menos de um dólar por dia (77 cêntimos de euro) e boa parte destes vivia no Sul da Ásia e na África subsariana, regiões onde estavam concentrados 348,2 milhões. Outros 1,37 mil milhões ganham menos de dois dólares diários (cerca de 1,54 euros).
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"O forte crescimento económico da última meia década teve um impacto mínimo na redução do número de trabalhadores que vivem com as suas famílias na pobreza", declarou o director-geral da OIT, Juan Somavia. Para a organização, "é tempo de os Governos, bem como a comunidade internacional, assegurarem que as condições económicas favoráveis na maior parte do mundo se traduzam em criação de bons empregos".
A distribuição do emprego por sectores conheceu algumas modificações: de 2005 para 2006 o peso dos serviços no conjunto do emprego subiu de 39,5 para 40 por cento e ultrapassou pela primeira vez a quota da agricultura, que baixou de 39,7 para 38,7 por cento. A indústria ocupava no ano passado 21,3 por cento do total do emprego.
fonte: jornal Público

Fast Food Nation - Geração Fast Food (2006)


Fast food nation - filme de Richard Linklater, baseado no best-seller do New York Times e selecção oficial do Festival de Cinema de Cannes de 2006, é já considerado um dos melhores filmes políticos de um realizador norte-americano desde Fahrenheit 9/11 de Michael Moore

Para começar. Apetece-lhe um hambúrguer?

Se sim, então tudo começa com uma fatia de pão, um pedaço de carne mal passada, queijo derretido q.b., meia folha de alface, duas rodelas de pepino, uma de tomate, um molho branco que escorrega pelos ingredientes anteriormente enumerados e a mão do funcionário que empurra tudo com mais uma fatia de pão, desta vez com sementes, enquanto deixa sair uma cuspidela e um sorriso de satisfação. A caixa de cartão fecha-se à pressa e o 'the big one' está pronto para seguir no tabuleiro e fazer mais uma família americana feliz.



Este é o cartão de visita de Michey's, a cadeia de fast food que graças ao hambúrguer 'the big one' se está a tornar um sucesso de vendas. Por pouco mais de 4 dólares, qualquer americano pode comprar um 'the big one' ajustado ao seu paladar, que pode passar pelo sabor barbecue ou frango calipso, com um ligeiro toque de lima, e que dá direito a uma bebida 'super-preço'. Mas por detrás de tal degustação dos tempos modernos, sabem realmente os consumidores o que estão a meter à boca?


Os resultados de análises que indicam a existência de estrume na carne (e ameaçam o bom desempenho do negócio) levam a multinacional a enviar o seu inspector sanitário Don a Cody, uma localidade do Colorado, onde se encontram o matadouro e a fábrica onde a carne vendida pela multinacional é embalada. Uma vez chegado ao UMP (Uniglobe Meet Packing), Don é conduzido por um mundo artificial de brancura e desinfecção imaculadas, onde cada funcionário de avental fardado nasceu com a vocação inquestionável de separar a gordura da carne com um gancho de talhante.



Mas por detrás desta higiene aparente, Don vai conseguir averiguar que cada 'the big one' esconde estórias medonhas, como passadeiras rolantes por onde passam as vísceras mal lavadas, animais que são cruelmente maltratados e funcionários ilegais que perdem pernas e braços em acidentes de trabalho.À medida que cada "the big one" é trincado por uma boca de 1º Mundo que o pode comprar, dezenas de mexicanos continuam a saltar fronteiras em busca do novo sonho americano de ganhar dinheiro rápido com a comida rápida. Mas o único que encontram é um trabalho nojento e mal-cheiroso onde as cabeças de vaca rebolam sem olhos pelo chão do matadouro, a carne congelada é empacotada com vestígios de tripas e pêlo, e as trituradoras da fábrica engolem acidentalmente funcionários que antes de perderem alguma parte do corpo precisam de andar de galochas para que o sangue não lhes chegue até aos joelhos. Uma utopia de gente pobre seduzida pelo novo 'american way of life' que põe de lado a dignidade laboral e sexual em troca de um afortunado posto na fila dos que têm jeito para arrancarem rins de vaca.



Uma denúncia em estado cru do realizador Richard Linklater, que conta com as interpretações de Ethan Hawke, Greg Kinnear, Catalina Sandino Moreno, Patricia Arquette, Avril Lavigne e Bruce Willis.



Depois disto, será que ainda lhe apetece um hambúrguer?


Retirado de:
http://www.rascunho.net/critica.asp?id=1048

O Império Segundo Sócrates

retirado de:
www.vozdapovoa.com/diversos/opiniao.html

Texto de Artur Queiroz

A Oferta Púbica de Aquisição (OPA) da Sonae à Portugal Telecom faz lembrar os tempos em que Salazar assentava o seu poder em três pilares: a Igreja, a Repressão e o Império da CUF. O velho ditador percebeu que só conseguia impor a sua tacanhez e mediocridade se tivesse do seu lado o Poder Económico e fizesse do Poder Judicial um feroz aparelho de repressão ao serviço da ditadura. A PIDE e as forças armadas e militarizadas garantiam que ninguém ousaria pôr em causa o edifício salazarista. Hoje, José Sócrates, na senda de Salazar, faz tudo para pôr de pé o Império Sonae, dando a Belmiro de Azevedo, de mão beijada, a maior empresa portuguesa. De merceeiro açambarcador, com maior ou menor habilidade para as engenharias financeiras, Belmiro passa a ser detentor daquela que já foi a jóia da coroa do sector empresarial do Estado.

No primeiro dia da OPA, o principal noticiário da RTP convidou Rosado de Carvalho, um empregado de Belmiro de Azevedo, para comentar a operação. No dia seguinte, a Autoridade da Concorrência divulgava um estudo patético que dava gás às pretensões de Belmiro. Fora o árbitro, que está comprado! Ainda a poeira do estudo não nos tinha cegado de todo, já Judite de Sousa convidava o merceeiro do Continente para uma grande entrevista, na antena da RTP. Belmiro mostrou a arrogância própria de quem ostenta o título de homem mais rico de Portugal, insinuou que tem no bolso o Primeiro-Ministro, que só avançou com o negócio porque tinha garantias do Governo e ousou chamar pedintes aos accionistas de referência da PT que, na sua santa ingenuidade, proclamam que a empresa vale mais do que as cascas de alhos que o merceeiro quer dar. Puro engano de alma!

A Portugal Telecom não vale 9,5 euros como quer Belmiro nem 11,5 euros como avalia a administração da empresa. A Portugal Telecom pura e simplesmente não tem preço. O ministro das Finanças de Sócrates se não sabe isto, nem sequer serve para moço de fretes de uma mercearia. Se José Sócrates não sabe que o Poder Político se comprometeu a manter o controlo estratégico da empresa nas mãos do Estado, está a trair a boa fé dos portugueses. E não venham com truques baixos alegando que a União Europeia quer acabar com as “golden share”. Porque se mudam as regras que levaram à privatização da empresa, então o Governo tem a obrigação de fazer regressar a PT ao sector empresarial do Estado, custe o que custar.

Face à desgraça anunciada, os portugueses lá vão cantando e rindo a caminho da penúria absoluta. O Estado já pouco mais é do que um domador de funcionários públicos, proprietário de edifícios em ruínas, pagador de pensões de reformas e subsídios de desemprego. Os Belmiros ostenta os anéis que nos pertencem e arrotam milhões. Já é tempo de perceberemos que com o nosso silêncio e indiferença face a golpadas como a que está em curso na Portugal Telecom, somos cúmplices da morte anunciada do nosso futuro e do futuro dos nossos filhos. É tempo de nos interrogarmos porque razão a televisão do Estado está ao serviço de Belmiro de Azevedo no negócio da Portugal Telecom. E porque será que José Sócrates e o seu ministro da tutela estão a caucionar esta iniquidade sem nome.

Vive! Pensa! Lê! Aprende! Conhece! Age!

Escolhe a afirmação seguinte que melhor reflecte as tuas atitudes e o teu comportamento quotidiano, e serve-te das tuas respostas para te conhecer melhor :


Afirmação A = 0 pontos
Cito a Bíblia 10 vezes ao dia e leio o Correio da Manhã todos os dias


Afirmação B = 5 pontos
Sei tudo o que se passa no mundo do futebol

Afirmação C = 10 pontos
Não perco nenhum programa dos «Prós e Contras», compro e leio todos os livros da Margarida Pinto Rebelo, e acho imensa piada ao Herman


Afirmação D = 20 pontos
Sou vegetariano, amigo dos animais domésticos, mas gosto de comprar roupas de marca

Afirmação E= 30 pontos
Vejo e leio atentamente as notícias em casa, sentado no meu sofá, a comer biscoitos e a tomar chá, e leio habitualmente algum livro antes de adormecer

Afirmação F= 40 pontos
Gosto de me divertir, vou aos bares e discotecas, ouço e converso com os amigos e conhecidos, porque a vida são só dois dias, e o que temos é de a gozar ao máximo.


Afirmação G= 50 pontos
Sou um leitor compulsivo, amante do bom cinema, e um apreciador de arte


Afirmação H = 60 pontos
Pertenço a quatro associações cívicas, a uma cooperativa e sou voluntário de várias campanhas sociais, a nível nacional e internacional

Afirmação I = 70 pontos
Fui excomungado por várias igrejas, e expulso de diversos locais selectos por não suportar os convencionalismos bacocos dos hipócritas.

Afirmação J = 80 pontos
Gosto de ler literatura e poesia de vanguarda, escrevo os meus textos e tento lutar contra as injustiças sociais.

Afirmação L = 90 pontos
Tento levar à prática o máximo possível as minhas ideias ecologistas, vivo em comunidade, recuso-me a ver televisão e o ar abafado e as luzes artificiais dos centros comerciais atordoam-me.

Afirmação K = 100 pontos
Envolvo-me no activismo social, leio quer autores clássicos quer os marginais, e sempre que posso vou viver para junto da natureza


Conclusão: Ler jornais ou ver Tv não nos faz estar mais bem informados. Até pelo contrário: as notícias dos media são em grande parte enviesadas senão mesmo deturpadas. Mais importante do que isso é desenvolver uma contínua auto-formação alimentada por uma boa dose de curiosidade, e uma predisposição para apoiar e ajudar os mais carenciados a terem uma vida digna e autónoma. Pensar, investigar e explorar as questões à nossa própria custa constitui não só uma manifestação da nossa inteligência como um poderoso antídoto contra as manipulações de toda a espécie. E nunca fechar-se em dogmas e conclusões definitivas. Mostrar espírito aberto, inconformista e imaginativo. Agir a favor da justiça e da liberdade, no respeito pela natureza e dos outros.
Tudo isto pela simples razão de que a vida, a nossa curta vida é mais, muito mais do que futebol e televisão…