11.6.10

Fanfarras anarquistas estão a multiplicar-se e a gerar um verdadeiro movimento musical em vários países

A música é um excelente meio de expressão e de mobilização utilizado cada vez mais por vários colectivos anarquistas um pouco por todo o mundo. O som das trombetas parece ser particularmente envolvente para fazer mexer os corpos e espíritos. Quando ouve a música de inspiração anarquista, por mais breve que seja, o trabalhador assalariado, alienado no seu emprego e na sua submissão, parece que acorda e acusa quem o submete e explora.

São conhecidas algumas canções e músicas anarquistas desde as primeiras lutas sociais contra o capitalismo e o poder institucionalizado do capital. São canções de luta, de mobilização ou que retratam o quotidiano e o desespero e angústia de quem se sente oprimido.

Nos últimos anos têm aparecido em várias manifestações de rua e em diversos pontos do mundo uma nova e renovada forma de fazer musica de rua, uma música capaz de galvanizar a gente para as lutas sociais emancipatórias. Estamos a falar das fanfarras de rua constituídas por activistas sociais, em especial as fanfarras anarquistas que acompanham as manifestações e marcam presença nos locais onde se desenrolam acções directas.

Inclusivamente já existe um festival de fanfarras e grupos musicais de rua, constituído por activistas sociais, o Honk («festival of activist street bands») que este ano se realiza no próximo mês de Outubro nos Estados Unidos. Para mais informação, ver
http://honkfest.org/







Em Paris formou-se há anos atrás o FMI ( Front Musical d’Intervention), uma fanfarra anarquista que retomou as tradições populares de música de rua e de mobilização social e que serviu de inspiração para outras tantas iniciativas que acabaram por se espalhar por todas as cidades francesas. E se hoje, o FMI já faz parte da história recente, a verdade é que não há manifestação que se faça actualmente em França que não tenha um ou mais grupos e fanfarras a marcar presença.
http://fmi2.free.fr/Francais/Fanfares.htm

Exemplo disso é, no Québec, a fanfarra anarquista do Tint(A) anar , autoproclamada fanfarra anarquista do cosmos. Para saber mais desta fanfarra, ver aqui
http://tintanar.blogspot.com/

Ainda do Québec é a banda de rua, Semel Rebel:
http://www.semelrebel.com/

Outro exemplo é a fanfarra Le Chaotic Insurrection Ensemble / Ensemble insurrection chaotique que está organizada segundo princípios anarquistas que lutam por uma sociedade não-hierarquizada, livre de toda a opressão. Consultar o website deles:
http://chaoticinsurrectionensemble.org/

O último exemplo desta vaga que já se desenha como um verdadeiro movimento musical anarquista é a fanfarra de San Francisco, na Califórnia, a Brass Liberation Orchestra, fundada em 2002, que é uma fanfarra de rua, cujos propósitos declarados é dar apoio a causas sociais e políticas que visem a paz e a justiça social e racial. Trata-se de uma fanfarra multigénero/multiracial/multigeracional que se integra, segundo os próprios, nas lutas e culturas de esquerda.

http://brassliberation.org/


A última acção directa levada a cabo por esta última fanfarra, a que se refere os vídeos seguintes, foi de apoio aos trabalhadores/trabalhadoras dos hóteis que reivindicam contratos de trabalho justos e sistema de saúde satisfatórios. Os vídeos documentam a acção realizada no Westin St. Francis hotel, em San Francisco, e apelavam ao boicote aos hotéis que não respeitam os direitos laborais dos trabalhadores ao som de "Don't get caught in a bad hotel", uma adaptação da canção «Bad Romance» dos Lady Gaga.

Para saber mais da luta dos trabalhadores dos hotéis e a lista dos hotéis que devem ser boicotados por quem se deslocar a San Francisco, consultar:
www.sleepwiththerightpeople.org

BOICOTEM OS HOTÉIS QUE NÃO TÊM CONTRATOS DE TRABALHO JUSTOS PARA OS SEUS TRABALHADORES

When you come to San Francisco Don't Get Caught in a Bad Hotel! Queers supporting hotel workers in their quest for affordable health care and a fair contract.





TINT (A)NAR
FANFARE ANARCHISTE DU COSMOS







Projecção do filme The Shock Doctrine, de Michael Winterbottom, na livraria-bar Gato Vadio (no Sábado, 12 de Junho, às 22h15)




O filme The Shock Doctrine, de Michael Winterbottom, é um documentário inspirado no conhecido livro com o mesmo título da escritora e activista canadiana Naomi Klein, vai ser projectada neste Sábado na livraria-bar Gato Vadio às 22h15


Este documentário, baseado no controverso livro da escritora Naomi Klein (o livro No Logo, não menos popular do que o documentário The Take que realizou em 2004), expõe o modo de pensar dos estados pós-totais, o rastro do poder do dinheiro e os fios de marioneta por detrás das crises e guerras mundiais das últimas quatro décadas, afirmando que a história do livre-mercado contemporâneo, doutrinada pela Escola de Chicago de Milton Friedman, foi escrita e é escrita com terapias de choque e que os desastres naturais e as crises artificiais não são conspirações mas oportunidades para redefinir a economia de um país ou região, de modo a aumentar o controlo disciplinar sobre a sociedade e exponenciar os benefícios das corporações e senhores do grande capital. Por vezes, quando os primeiros choques não são bem sucedidos em eliminar a resistência, é empregue um terceiro choque: o eléctrodo na cela da prisão ou a arma Taser nas ruas.


O documentário The Shock Doctrine foi seleccionado no Berlin International Film Festival 2009 . Pela primeira vez exibido em Portugal.


2009
78 min

Michael Winterbottom (realizador de 24 Hour Party People, The Road to Guantanamo, In This World)



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