27.1.08

Centenário do regicídio (1 de Fevereiro de 1908) executado pelos carbonários Manuel Buíça e Alfredo da Costa


A morte do rei D. Carlos e do príncipe herdeiro no Terreiro do Paço, a 1 de Fevereiro de 1908, é um dos acontecimentos mais marcantes da História portuguesa. As suas consequências mudaram o rumo do país.


No dia 1 de Fevereiro de 2008 cumprem-se exactamente cem anos sobre o assassínio do rei D. Carlos e do príncipe real D. Luís Filipe, por acção de Reis Buíça e de Alfredo Costa, ambos afectos ao grupo revolucionário da Carbonária Portuguesa. O acontecimento prenunciou a revolução republicana de 5 de Outubro de 1910 e pôs termo a um período conturbado da história portuguesa.


Com efeito, o chefe do governo de então, João Franco, havia implantado no país uma férrea ditadura, combatida intransigentemente por largos sectores da oposição republicana, mas também por muitos defensores do constitucionalismo monárquico. Em 28 de Janeiro de 1907 desenhara-se mesmo uma tentativa revolucionária, tendente a afastar João Franco do Poder, com a participação activa do Partido Republicano, da Carbonária, de elementos socialistas e anarquistas e igualmente da Dissidência Progressista, agremiação monárquica.


Como resposta à gorada revolta, João Franco fez redigir pelo seu Ministro da Justiça um decreto extremamente arbitrário, nos termos do qual os opositores à sua política seriam sumariamente julgados e desterrados. O documento foi referendado por D. Carlos em Vila Viçosa, onde o rei se encontrava, na companhia da sua família, entregando-se a um dos seus prazeres favoritos: a caça. Foi no seu regresso a Lisboa, em 1 de Fevereiro de 1908, que o drama ocorreu, através do ataque dos regicidas à carruagem real.



Era a Revolução, e não Terrorismo


Carbonária mais forte do que Partido Republicano


Autor de ‘A Carbonária em Portugal, 1897--1910’, o prof. António Ventura, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, fala nesta entrevista da organização a que pertenciam Manuel Buiça e Alfredo Costa, autores glorificados do atentado contra o rei D. Carlos e o príncipe herdeiro. E não tem dúvidas em considerá-la decisiva para o derrube da monarquia e mais poderosa do que o Partido Republicano



Jornalista – A Carbonária era um movimento terrorista?

A.V. – Não. A Carbonária era uma associação secreta virada para a luta política republicana.
Na linha das carbonárias que aparecem na Europa desde 1830, a Portuguesa e a Lusitânia surgiram em 1897 e 1899 e uniram-se numa única em 1907, altura da sua entrada em força no Exército e na Marinha. A Carbonária era republicana e revolucionária, visava a instauração da República pela força. Os carbonários preparavam-se, armando-se e fabricando bombas. Em 1907 houve duas explosões acidentais em Lisboa, na rua do Carreão e na Lapa, devido ao manuseamento de explosivos. Numa dessas casas vivia Aquilino Ribeiro. Mas a Carbonária não planeava actos terroristas. Preparava a revolução.


Para continuar a ler a entrevista: aqui




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“Três Tiros que Abalaram a Monarquia” – O Regicídio de 1908

Visita guiada aos locais relacionados com o assassínio, em 1 de Fevereiro de 1908, do rei D. Carlos I e do príncipe Luís Filipe, sujeita a inscrição prévia.

Escolas, grupos e colectividades: 3.ª e 5.ª-feiras, às 11 e 15 horas respectivamente
Ponto de Encontro: Terreiro do Paço, junto à estátua de D. José I

Público em geral: Domingos, às 11 horas
Ponto de Encontro: Porta do Café Gelo (Praça D. Pedro IV – Rossio)


Marcações e pedidos de informação:
Serviço de Actividades Culturais e Educativas (SACE)
Hemeroteca Municipal de Lisboa
Elisabete Rocha / Jorge Trigo
tel.: 21 324 62 97
e-mail: hemeroteca.sace@cm-lisboa.pt


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O Regicídio na Imprensa da Época – exposição documental na Hemeroteca de Lisboa

Mostra alusiva ao impacto do Regicídio de 1908 na imprensa escrita e ilustrada da época, organizada a partir da colecção da Hemeroteca Municipal de Lisboa.
Local: Átrio e Escadaria da HemerotecaInauguração: 2 Fevereiro. Em exibição até 29 de Fevereiro.
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Ciclo de Conferências sobre o Regicídio na Hemeroteca de Lisboa


1.ª Conferência

O Regicídio de 1908, Impacto nos jornais portugueses
por Eduardo Teixeira (Professor e Mestre em História Contemporânea pela FLL)

7 de Fevereiro, 18 horas


2.ª Conferência

O Regicídio de 1908, Impacto na Imprensa Estrangeira
por Joaquim Vieira (Observatório da Imprensa) e Reto Monico
(Investigador e Professor de História na Suiça)
14 de Fevereiro, 18 horas


3.ª Conferência

O Regicídio de 1908, Ilustração de Imprensa
por Elisabete Rocha (CML/HML)
21 de Fevereiro, 18 horas


4.ª Conferência

O Regicídio de 1908. O Estado da Questão
por Álvaro Costa de Matos (CML/HML)

28 de Fevereiro, 18 horas

Local: Hemeroteca Municipal – Sala do Espelho
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Lançamento de livros

Apresentação dos livros A República nunca Existiu, obra ficcionada, com a colaboração de vários escritores portugueses, editada pela Saída de Emergência, no dia 31 de Janeiro, às 18:30; e Mataram o Rei de Joaquim Vieira e Reto Monico, editado pela Pedra da Lua, no dia da segunda conferência, a 14 de Fevereiro, às 18 horas.

Em memória de Manuel Buíça


CARTA-TESTAMENTO de Manuel Buíça (28/1/1908)
Escrita (e reconhecida) em 28 de Janeiro, quatro dias antes do regicídio


“Manuel dos Reis da Silva Buiça, viuvo, filho de Augusto da Silva Buiça e de Maria Barroso, residente em Vinhaes, concelho de Vinhaes, districto de Bragança. Sou natural de Bouçoais, concelho de Valpassos, districto de Vila Real (Traz-os-Montes); fui casado com D.Herminia Augusta da Silva Buíça, filha do major de cavalaria (reformado) e de D.Maria de Jesus Costa. O major chama-se João Augusto da Costa, viuvo. Ficaram-me de minha mulher dois filhos, a saber: Elvira, que nasceu a 19 de dezembro de 1900, na rua de Santa Marta, número… rez do chão e que não está ainda baptisada nem registada civilmente e Manuel que nasceu a 12 de setembro de 1907 nas Escadinhas da Mouraria, número quatro, quarto andar, esquerdo e foi registado na administração do primeiro bairro de Lisboa, no dia onze de outubro do anno acima referido. Foram testemunhas do acto Albano José Correia, casado, empregado no comércio e Aquilino Ribeiro, solteiro, publicista. Ambos os meus filhos vivem commigo e com a avó materna nas Escadinhas da Mouraria, 4, 4º andar, esquerdo. Minha família vive em Vinhaes para onde se deve participar a minha morte ou o meu desapparecimento, caso se dêem. Meus filhos ficam pobrissimos; não tenho nada que lhes legar senão o meu nome e o respeito e compaixão pelos que soffrem. Peço que os eduquem nos principios da liberdade, egualdade e fraternidade que eu commungo e por causa dos quaes ficarão, porventura, em breve, orphãos. Lisboa, 28 de janeiro de 1908. Manuel dos Reis da Silva Buiça. Reconhece a minha assignatura o tabelião Motta, rua do Crucifixo, Lisboa.“

Retirado de:
http://www.laicidade.org/



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A diáspora dos Buíças

Os descendentes de Manuel Buíça foram estigmatizados e obrigados a dispersarem-se. Muitos deles esconderam o nome


Aconchega o boné de lã azul quando se lhe pergunta se conhece alguém da família de Manuel Buíça, o regicida. "Já não há ninguém", atira Álvaro David, enquanto pega num braçado de lenha para atear a fogueira. "Ontem ainda fez mais frio", comenta o octogenário convidando os jornalistas a partilharem o calor doméstico.
O fim de tarde anuncia-se gélido e nas ruas da transmontana Lagarelhos pouco se afoitam, enquanto da maioria das chaminés já se solta um fumo azul-cinza que vai cobrindo os castanheiros. É nesta aldeia, a meia dúzia de quilómetros de Vinhais, que o regicida viveu com o pai, o padre Abílio Augusto Buíça, abade naquela vila. É mais uma tentativa para encontrar descendentes do homem que no dia 1 de Fevereiro de 1908, com Alfredo Costa, atirou sobre D. Carlos...



Quem nunca se sentiu incomodada com o apelido é Isabel, de 25 anos. O mais novo elemento do clã Buíça nasceu... no dia 5 de Outubro, em Bragança, para onde se dispersaram alguns ramos da família. Ela própria só descobriu a ligação familiar com Armando Fernandes através do Expresso. O avô de Isabel, José Manuel Buíça, era irmão da mãe do antigo funcionário da Gulbenkian.


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Regicídio vai ser assinalado em Castro Verde, onde nasceu Alfredo Luís da Costa. O programa inclui canções anarquistas


A Câmara Municipal de Castro Verde vai dinamizar um programa evocativo do regícidio . A importância que a autarquia concede a estes acontecimentos relaciona-se directamente com o facto de um dos regicidas, Alfredo Luís da Costa, ser natural de Casável, freguesia do concelho.

Considerado uma etapa fundamental para a implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, e um elemento fulcral para a construção do Portugal moderno, o regicídio teve entre os seus mentores, Alfredo Luís da Costa, natural de Casével, motivo pelo qual o concelho de Castro Verde se encontra intrinsecamente ligado à história do acontecimento.


Centenário do Regicídio


31 Janeiro (Quinta-Feira)
Inauguração da exposição “O Regicídio visto nos jornais da Europa em 1908”. Praça da República.

Abertura de exposição-venda de livros sobre a temática do Regicídio e da República. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 19h00

Conferência “Olhar o Regicídio”, com a participação do Dr. Jorge Morais e do Dr. Luís Vaz, com a moderação da Doutora Alice Samara. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 21h00

1 Fevereiro (Sexta-feira):

Lançamento do Livro “Crónica do Regicida Invisível – Alfredo Luís da Costa”, de Paulo Barriga, apresentado pelo Dr. Rui Faustino, da Biblioteca Museu República e Resistência. Fórum Municipal de Castro Verde. 18h30

Abertura da Exposição “República”, da responsabilidade da Biblioteca Museu República e Resistência. Fórum Municipal de Castro Verde. 19h30

2 Fevereiro (Sábado):

“A figura de Alfredo Luís Costa”, apresentação de Paulo Barriga. Junta de Freguesia de Casével. 15h00

Descerramento de placa evocativa de Alfredo Luís da Costa. Participação da Banda Filarmónica 1º de Janeiro. Largo de Casével. 16h00

12 Fevereiro (Terça-Feira):

Apresentação do Livro “Crónica do Regicida Invisível – Alfredo Luís da Costa”. Biblioteca Museu República e Resistência, Lisboa. 18h00

15 Fevereiro (Sexta-Feira):

Apresentação do livro: “1908: Um Olhar sobre o Regicídio”, da responsabilidade da Professora Margarida Ramalhães Ramalho. Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. 21h30.

16 Fevereiro (Sábado):

Canções anarquistas com Vitorino Salomé. Cine-Teatro Municipal de Castro Verde. 21h30

Do 28 de Janeiro ao 5 de Outubro - conferência de Francisco Carromeu no dia 29 de Jan.


Informação obtida via http://www.laicidade.org/


CONFERÊNCIA
«DO 28 de JANEIRO AO 5 DE OUTUBRO»,


por
FRANCISCO CARROMEU,

na
Biblioteca Museu República e Resistência (Espaço Cidade Universitária, em Lisboa), no dia 29 de Janeiro às 18 horas e 30 minutos,


organizada pela ASSOCIAÇÃO REPÚBLICA E LAICIDADE.


RESUMO
Esta conferência assinala o primeiro centenário do movimento republicano de 28 de Janeiro de 1908, lembrando o pulsar político e social de um país então à procura de quadro institucional coerente. Atravessa o período da repressão do 28 de Janeiro e do regicídio que se lhe seguiu no quadro da ditadura de João Franco, entre outros momentos decisivos do final da monarquia.


NOTA BIOGRÁFICA
Francisco Carromeu é professor, licenciado em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, autor de um muito completo «Dicionário da Carbonária» (no prelo), e doutorando da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.



A Biblioteca Museu República e Resistência fica na Rua Alberto Sousa, 10 A, Zona B do Rego, em Lisboa

Colóquio sobre o Regicídio em Lisboa ( 8 e 9 de Fevereiro)


Informação obtida via: http://arepublicano.blogspot.com/


Nos próximos dias 8 e 9 de Fevereiro realizar-se-á, em Lisboa, para assinalar o Centenário do Regicídio (1908-2008) um colóquio que resulta de uma parceria entre Instituto de História Contemporânea e o Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX.

São coordenadores científicos do colóquio os Professores Vítor Neto e Maria Alice Samara. Este encontro, com entrada livre, decorrerá na Sala do Conselho – União de Associações do Comércio e Serviços (Rua Castilho, 14) entre as 9.30 h e as 19 h, na sexta-feira e entre as 9.30 h e as 17 h, no sábado.

Os acontecimentos de há cem anos serão analisados em seis campos diferentes, a saber:

I - CONJUNTURA POLÍTICA 1906-1908
II - ACONTECIMENTOS E PROTAGONISTAS
III - DOUTRINAS E ORGANIZAÇÕES
IV - NOTÍCIAS SOBRE O ATENTADO E COMUNIDADE INTERNACIONAL
V - CONSEQUÊNCIAS POLÍTICAS
VI - ANÁLISE COMPARATIVA

Conta com a intervenção de dezoito investigadores nacionais e internacionais onde se destacam: José Miguel Sardica, Miguel Sanches de Baêna e Jorge Morais, António Pedro Vicente, Fernando Catroga, António Ventura, João Madeira, António Lopes, Paulo Jorge Fernandes, Rui Tavares, Maria Alice Samara, Carlos Cordeiro, Vítor Neto, Alberto di Bernardi, Juan Avilés Farré, Steffano Salmi, entre outros.

O programa completo do colóquio pode ser consultado aqui.

http://ihc.fcsh.unl.pt/index.php?ID=3559