Por considerarmos oportuno entregamo-nos hoje a um pequeno exercício de recensear alguns dos principais dogmas e traços característicos das 3 religiões monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo) e mostrar até que ponto o fanatismo religioso tem raízes em postulados dogmáticos desprovidos de qualquer nexo racional nem muito menos, como tem sido amplamente demonstrado pelas últimas investigações e pesquisas arqueológicas, de qualquer verosimilhança com os factos históricos.
Consideramos que a melhor forma de dessacralizar e desmistificar a impregnação religiosa que todos temos sido vítimas ao longo de séculos é divulgar a origem, evolução e toda a história das religiões ( sem esquecer a necessidade de uma antropologia do sagrado), com todas as vicissitudes que a marcam, e que mostram à saciedade como as religiões, mormente as monoteístas, devidamente aparelhados com as instituições que têm o condão de engendrar – as Igrejas – têm sido autênticas máquinas de guerra permanente ao longo de toda a história da humanidade.
O que está, aliás, na génese da lógica do pensamento e da atitude dogmática: o dogma como «verdade» irrefutável e inquestionável e nessa medida um absolutismo que não admite qualquer brecha ou questionamento, de que espécie for.
Deixamos no ar ainda umas perguntas:
Porque é que, se a religião é tão importante, não faz parte do currículo das nossas escolas o estudo e o conhecimento da história das religiões?
O que é se esconde dos nossos jovens para não lhes ser transmitido a verdade factual acerca da origem, evolução e os fenómenos da religiões?
Será porque se quer ocultar algo a fim de não perturbar a «santa ignorância»?
Os partidários do Judaísmo são designados por judeus. Crêem num só Deus que, segundo eles, revelou a Sua Lei ao Seu Povo. O símbolo desta religião monoteísta é a estrela de David.
O judaísmo surgiu cerca de 2.000 anos antes do início da nossa era na região de Canaã, a chamada Terra Prometida ( que corresponde, grosso modo, ao actual território de Israel).
O primeiro líder judeu foi Abraão que nasceu em Ur, na Caldeia ( actual Iraque) e que, por ordem do seu Deus, emigrou para Canaã. Foi esse mesmo Deus que lhe comunicou que os seus descendentes foram por Ele escolhidos para serem o Povo Eleito («Farei surgir de ti um grande povo; cumular-te-ei de bênçãos, abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem», in Génesis).
Mas Deus ordenou ainda a Abraão que matasse o seu único filho, Isaac, ordem que foi prontamente obedecida e que só não foi executada no último minuto graças à intersecção de um anjo.
A emigração ordenada levou a que o povo hebreu andasse errante pelo deserto até que, no Egipto, fosse reduzido à condição de escravos. Os faraós não se fizeram rogados e perseguiram-nos e massacraram-nos. Salvou-se o filho de uma escrava, Moisés (que significa «salvo das águas») e que viria a tornar-se no maior profeta dos judeus uma vez que tendo matado um egípcio teve de se refugiar no deserto, local onde teve uma aparição de Deus que lhe ordenou que libertasse o seu povo ( os hebreus) da escravidão e o conduzisse à tal Terra Prometida. A essa fuga foi dado o nome de êxodo, no decurso do qual Moisés recebeu de Deus, por revelação divina, portanto, as Tábuas da Lei, isto é, os Dez Mandamentos.
Moisés é visto como o primeiro e o maior dos profetas, o maior dos legisladores hebreus e o fundador da nacionalidade israelita.
O livro sagrado é a Tora
Algumas das regas do judaísmo:
- circuncisão dos rapazes ao 8 dias de vida
-O Sabbat ( sábado) é dia sagrado e de repouso
- é proibido comer carne de porco e marisco
-uma criança converte-se em adulto (bar-mitzvah) aos 13 anos
O Cristianismo surgiu há cerca de 2.000 anos atrás em Jerusalém e resulta da acção de um sujeito auto-proclamado profeta a quem os cristãos dizem ser o filho de Deus.
Jesus nasceu em Belém e começou a pregar e a curar doentes aos 30 anos. Três anos depois os judeus, com o beneplácito das autoridades romanas que ocupavam e geriam o território em nome do Imperador Romano, julgaram-no e executaram-no pela forma mais humilhante de todas, a crucificação, uma vez que ele pregara crenças contrárias à lei judaica.
Os cristão crêem ainda – o que constitui dos seus dogmas nucleares da sua religião – que Jesus ressuscitou entre os mortos, por ser filho de Deus, e que Deus, esses, é composto de 3 entidades unificadas ( a Santíssima Trindade): o Pai, o Filho e o Espírito Santo.
Para os cristãos só através do baptismo é que os seres humanos nascem, pelo que antes desse ritual vivem numa vida semelhante à dos restantes animais.
O livro sagrado é a Bíblia que é composta pelo Antigo Testamento ( que coincide grosso modo com os textos sagrados judeus) e o Novo Testamento que reúne os Evangelhos dos apóstolos e dos textos relativos aos primeiros tempos da igreja católica
Além disso, constituem dogmas da religião cristã os 10 Mandamentos das escrituras judaicas do Antigo Testamento que foram adequadamente adaptada, a saber:
1) Amar a Deus sobre todas as coisas; 2) Não dizer o nome de Deus em vão; 3) Santificar as festas; 4) Honrar pai e mãe; 5) Não matar; 6) Não cometer actos impuros; 7) Não roubar; 8) Não mentir; 9) Não ter desejos impuros; 10) Não invejar bens alheios.
O Islamismo aparece cerca do ano 600 da nossa era na cidade de Meca, na actual Arábia Saudita, e resulta da doutrina pregada por Maomé, o último dos 26 profetas islâmicos, que é considerado o enviado de Alá, nome que dão ao seu Deus.
O livro sagrado é o Alcorão que Alá revelou a Maomé e no qual se indica como devem viver os homens.
As 5 principais regras que todo o muçulmano deve seguir são: 1) Ale é o único Deus, e Maomé o seu enviado; 2) Cada muçulmano dever orar 5 vezes ao dia; 3) fazer a caridade; 4) Cumprir jejum durante o mês do Ramadão; 5) Deslocar-se pelo menos uma vez na vida a Meca.
Nota final:
Sublinhe-se que as 3 religiões arrancam de um mesmo tronco e contêm abundantes motivos de inspiração comuns a todas elas. Por seu turno cada uma das 3 religiões tem várias ramificações ( o Cristianismo subdivide-se, por exemplo, na Igreja Ortodoxa, no Catolicismo, e nas várias igrejas luteranas).
Também não é menos importante que se saiba que todas elas têm sido motivo de guerra e conflitos quer entre facções rivais dentro da mesma religião quer entre as 3 religiões entre si ( por exemplo, os cristãos acusam os judeus de serem deicidas o que originou, durante séculos, a perseguição e morte de milhares de judeus; estes, por sua vez, acusam os cristãos de renegados por considerarem a figura de Jesus, não como simples profeta, mas como algo autêntico filho de Deus…!!!)
O certo é que as últimas descobertas em Arqueologia demonstram o conteúdo fantasioso de todos aqueles livros sagrados, cujas histórias estão longe de corresponder à verdade histórica. Inclusivamente, a existência da figura histórica de Jesus é envolta de dúvidas, uma vez que não existem documentos históricos que consigam comprovar. Aliás, os mais categorizados investigadores cristão admitem já há bastante tempo ( há muitos anos mesmo) que a bíblia deverá ser lida como um texto metafórico e nunca como narrativas referenciadas à realidade histórica.