3.7.07

As novas palavras do poder: para um abecedário crítico do jargão político-mediático



«As novas palavras do poder: um abecedário crítico» é um livro sob a coordenação de Pascal Durand, professor da Faculdade de letras e de Filosofia de Liège, ainda não editado em português, mas da maior pertinência tal é a necessidade de desmontarmos e dessacralizarmos a linguagem cifrada com a qual o poder dominante insidiosamente se mascara para melhor se impor e se auto-reproduzir.



«Governança», «empregabilidade», «adaptação», «flexisegurança», «reformas», «competitividade», «processo de Bolonha», «flexibilidade», «diálogo social», «Estado social activo, «mundo cada vez mais complexo», «modelo dinamarquês», «tolerância zero», «igualdade de oportunidades», «contratualização das escolas», «excelências», etc, etc, são algumas das palavras que os media não se cansam de repetir à exaustão num insistente esforço de matraqueagem com óbvios e inconfessados propósitos de incutir um pensamento e uma concepção que mais sirva os seus próprios interesses. Com efeito, não há dia que a televisão ou os jornais não usem este jargão obscuro e «santificado», nem que seja para transmitir a mais pequena e insignificante mensagem. Trata-se bem lá no fundo da nova linguagem do actual poder capitalista neo-liberal, de dimensão global, que assim vai colonizando os espíritos e as pessoas mais desprevenidas conforme a sua própria ideologia e concepção do mundo e da sociedade.

O livro de Pascal Durand mostra-se particularmente útil para descodificar criticamente este palavreado neo-liberal. Para tanto socorre-se de um leque de diversos autores, das mais variadas áreas científicas, que vão desmontando com rigor mas também alguma ironia cada uma das palavras usadas pelo Poder político, económico e financeiro.
Uma tarefa importantíssimia, sem dúvida, pois são essas palavras, as armas que permanentemente o poder se serve para «vender» a sua ideologia e impor os seus interesses. O livro oferece-se como um abecedário ideológico do pensamento dominante - que criou uma autêntica e interessada novlíngua de que Orwell já falava quando descrevia a sociedade totalitária - e que se insere na rica linhagem do «Dicionário das ideias recebidas» de um Flaubert, ou da exegese dos novos lugares comuns ensaiada por Jacques Ellul, tentativas de desminagem das ilusões e do obscurantismo que o poder instalado em cada época procura gerar para seu proveito próprio.

Morra o bispo e morra o papa ( poesia de Jorge de Sena)

Morra o bispo e morra o papa.
maila sua clerezia.
Ai rosas de leite e sangue.
que só a terra bebia!
Morram frades, morram freiras.
maila sua virgaria.
Ai rosas de sangue e leite.
que só a terra bebia!
Morra o rei e morra o conde.
maila toda fidalgula.
Ai rosas de leite e sangue.
que só a terra bebia!
Morram meirinho e carrasco.
maila má judicaria.
Ai rosas de sangue e leite.
que só a terra bebia!
Morra quem compra e quem vende,
maila toda a usuraria.
Ai rosas de leite e sangue.
que só a terra bebia!
Morram pais e morram filhos.
maila toda filharia.
Ai rosas de sangue e leite.
que só a terra bebia!
Morram marido e mulher.
maila casamentaria.
Ai rosas de leite e sangue,
que só a terra bebia!
Morra amigo, morra amante.
mailo amor que se perdia.
Ai rosas de sangue e leite,
que só a terra bebia!

Morra tudo, minha gente.
vivam povo e rebeldia.
Ai rosas de leite e sangue.
que só a terra bebia!

Jorge de Sena
in Visão Perpétua



JORGE de SENA

Texto de Jorge Fazenda Lourenço

retirado de:
http://www.instituto-camoes.pt/cvc/figuras/jdesena.html


Jorge de Sena nasceu em Lisboa, a 2 de Novembro de 1919, e faleceu em Santa Barbara, na Califórnia, a 4 de Junho de 1978. É hoje considerado um dos grandes poetas de língua portuguesa e uma das figuras centrais da cultura do nosso século XX.

A sua infância de filho único é marcada pelas expectativas que o pai, comandante da marinha mercante, alimenta para ele como futuro oficial da Armada, em confronto com a educação musical que a mãe procura proporcionar-lhe. Em Setembro de 1937 ingressa na Escola Naval como primeiro cadete do “Curso do Condestável”, mas vicissitudes diversas da viagem de instrução no navio-escola Sagres ditam a sua exclusão da Marinha em Março de 1938. Parte importante destas vicissitudes tem que ver com o endurecimento das normas que regem a instrução dos cadetes, em consonância com a fascização do Estado Novo por ocasião da Guerra Civil de Espanha. A passagem pela Armada no preciso momento da luta pela liberdade em Espanha constitui uma experiência traumática da sua adolescência que será matéria de diversos poemas e ficções, como “A Grã-Canária” e, no caso da Guerra Civil, Sinais de fogo. Jorge de Sena, que começara a escrever em 1936, estreando-se em 1942 com Perseguição, acaba por se licenciar em Engenharia Civil (1944) pela Universidade do Porto, trabalhando na Junta Autónoma de Estradas de 1948 a 1959, ano em que se exila no Brasil, receando as perseguições políticas resultantes de uma falhada tentativa de golpe de estado, a 11 de Março desse ano, em que está envolvido. A mudança para o Brasil permite-lhe uma reconversão profissional que vai ao encontro da sua vocação, dedicando-se ao ensino da literatura, acabando por se doutorar em Letras na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara (São Paulo), em 1964, obtendo também o diploma de Livre-Docência, para o que teve que naturalizar-se brasileiro (1963).

Os anos de Brasil (1959-65), os primeiros vividos, como adulto, em liberdade, são talvez o seu período mais criativo: completa a sequência de poemas sobre obras de arte visual, Metamorfoses (uma das obras que mais influência teve na poesia portuguesa), escreve os experimentais Quatro sonetos a Afrodite Anadiómena, as metamorfoses de Arte de música e a novela O físico prodigioso, inicia o romance Sinais de fogo, investiga e publica sobre Luís de Camões e o Maneirismo, trabalha na edição do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa, retoma a escrita para o teatro, etc. A alteração da situação democrática no Brasil, com o golpe militar de 1964, faz temer um regresso ao passado, quer em termos políticos quer em termos de dificuldades económicas, mas em 1965 surge a oportunidade de se mudar para os Estados Unidos, com Mécia de Sena e os seus agora nove filhos. Em Outubro desse ano passa a integrar o corpo docente da University of Wisconsin, Madison, onde é nomeado professor catedrático efectivo (1967), transitando, em 1970, para a University of California, Santa Barbara (UCSB). Durante a sua permanência na UCSB, até ao final da vida, ocupa os cargos de director do Departamento de Espanhol e Português e do Programa (interdepartamental) de Literatura Comparada. Foi ainda membro da Hispanic Society of America, da Modern Languages Association of America e da Renaissance Society of America.

A obra de Jorge de Sena, vasta e multifacetada, compreende mais de vinte colectâneas de poesia, uma tragédia em verso, uma dezena de peças em um acto, mais de trinta contos, uma novela e um romance, e cerca de quarenta volumes dedicados à crítica e ao ensaio (com destaque para os estudos sobre Camões e Pessoa, poetas com os quais a sua poesia estabelece um importante diálogo), à história e à teoria literária e cultural (os seus trabalhos sobre o Maneirismo foram pioneiros, tal como a sua história da literatura inglesa, e a sua visão comparatista e interdisciplinar das literaturas e das culturas foi extremamente fecunda), ao teatro, ao cinema e às artes plásticas, de Portugal, do Brasil, da Espanha, da Itália, da França, da Alemanha, da Inglaterra ou dos Estados Unidos, sem esquecer as traduções de poesia (duas antologias gerais, da Antiguidade Clássica aos Modernismos do século XX, num total de 225 poetas e 985 poemas, e antologias de Kavafis e Emily Dickinson, dois poetas que deu a conhecer em Portugal), as traduções de ficção (Faulkner, Hemingway, Graham Greene, entre 18 autores), de teatro (com destaque para Eugene O’Neill) e ensaio (Chestov).

A criação poética de Jorge de Sena foi desde cedo acompanhada por uma intensa actividade intelectual e cultural, como conferencista, como crítico de teatro e de literatura, em diversos jornais e revistas, como comentador de cinema, nas “Terças-feiras Clássicas” do Jardim Universitário de Belas-Artes, no cinema Tivoli, como director de publicações, com destaque para os Cadernos de Poesia, como coordenador editorial, na revista Mundo Literário, como consultor literário, na Edição “Livros do Brasil” Lisboa ou na Editora Agir (Rio de Janeiro), tendo sido ainda co-fundador de um grupo de teatro, “Os Companheiros do Páteo das Comédias”, em 1948, e colaborador, nesse mesmo ano, de António Pedro, no programa de teatro radiofónico Romance Policial (Rádio Clube Português, Lisboa), adaptando contos de Chesterton, Hammett, Maupassant, Poe e outros.

A intervenção do intelectual nos domínios da cultura ganha novos horizontes com a actividade de docente e investigador universitário no Brasil, onde reforça também a sua acção cívica como opositor ao Estado Novo. É co-fundador da Unidade Democrática Portuguesa, de cuja direcção se demite em 1961, e integra o conselho de redacção do jornal Portugal Democrático, até 1962, participando ainda em actividades do Centro Republicano Português, de São Paulo. Uma vez nos Estados Unidos, a actividade cultural de Jorge de Sena fica restringida aos círculos académicos e da emigração (no período californiano, desempenha um importante papel no esclarecimento das comunidades portuguesas sobre o 25 de Abril de 1974), apenas compensada por uma enorme e rica correspondência com outros escritores e intelectuais portugueses e brasileiros, e pelas suas viagens de trabalho à Europa e, em 1972, a Moçambique e Angola, falando de Camões, no IV Centenário de Os Lusíadas.

É com toda esta vasta experiência, longamente marcada pelo exílio, que Jorge de Sena vai construindo a sua obra. Daí que ele sempre tenha entendido a sua poesia (o seu teatro, a sua ficção) como uma forma de dar testemunho de si mesmo e das suas circunstâncias, sem com isso menosprezar, antes pelo contrário, o trabalho de organização estética das emoções e dos sentimentos, ancorados na observação, na meditação e na rememoração de uma experiência de mundo concreta, no plano individual e colectivo. E dessa experiência fazem parte as visões de mundo que as obras de arte (literária, visual, musical) vão cristalizando, codificando, no decurso da história humana, entendida esta como uma peregrinação secular. O que, por sua vez, faz dessas obras de arte (dessas metamorfoses) objecto de uma experiência poeticamente meditada. Assim, a poesia (a obra) de Jorge de Sena, em que a ética e a estética se confundem, e em que o lirismo se mescla com um forte pendor especulativo e narrativo, deve ser lida, nas suas palavras, como uma “meditação sobre o destino humano e sobre o próprio facto de criar linguagem”.

Como possível e breve introdução a Jorge de Sena, excluindo de antemão a crítica, a história e o ensaio, bem como poemas e contos individuais, proponho aqui sete títulos, exiguamente comentados: As evidências (1955), Metamorfoses (1963), Peregrinatio ad loca infecta (1969), O Indesejado (António, rei) (1951), Os Grão-Capitães (1976), O físico prodigioso (1977) e Sinais de fogo (1979).

As evidências, um “poema em vinte e um sonetos” escrito entre Fevereiro e Abril de 1954, é a sua primeira grande sequência, forma que favorece uma espécie de pressão associativa, permitindo a configuração de um enredo de temas e motivos, aqui de natureza ético-política e teológico-divina, que, sob um fundo de erotismo, cria a ilusão narrativa de um “novo génesis”, de um presente caótico que precede um novo advento dos deuses, deuses esses que restabeleceriam o reino da humana divindade. Tema este que está na base de obras como Metamorfoses, O físico prodigioso ou a sequência Sobre esta praia… Oito meditações à beira do Pacífico (1977), que é, de algum modo, a verificação da impossibilidade desse advento.
Metamorfoses, seguidas de Quatro sonetos a Afrodite Anadiómena (o título completo da colectânea), é também uma sequência de poemas, no caso motivada pela meditação sucessiva de objectos de arte visual (pintura, escultura, arquitectura), cuja ordenação, no volume, segue um critério cronológico dos referentes, assim se encenando um percurso épico da humanidade, mediado pela arte, pautado pela reflexão sobre a condição humana, a recusa da morte pela criação estética e a possibilidade de recuperação, em termos simbólicos, daquele “tudo / o que de deuses palpita e ressuscita em nós”, do poema “Artemidoro”.

O físico prodigioso – primeiro incluído em Novas andanças do demónio (1966) – é a possibilidade alegórica dessa humana divindade. A divisão simbólica em doze capítulos (seis de ascensão e seis de queda), a ficção medieval, a ambiguidade do nome (médico, corpo), o jogo de identidades entre as personagens (cavaleiro, diabo, Senhora, donzelas, frades), as alusões a mitos clássicos (Adónis, Bacantes) e ritos tradicionais, as referências cristológicas e pagãs, os códigos do amor cortês e do amor místico, tudo se congrega numa sagração do amor e da liberdade, da vida para além da morte, da redenção da condição humana nas metamorfoses de um corpo glorioso.

Peregrinatio ad loca infecta é considerado pelo poeta como um “esparso diário” dos seus exílios americanos, mas abrange também o lugar de exílio que lhe foi a pátria portuguesa. A obra está dividida em quatro blocos espacio-temporais que correspondem às quatro estações da sua peregrinação existencial: Portugal (1950-59), Brasil (1959-65), Estados Unidos da América (1965-69) e Notas de um Regresso à Europa (1968-69). Esta espiral dos tempos e espaços da biografia dá uma visão do modo como o eu biográfico possui uma historicidade que se constrói como errância e destino, como peregrinação pelos lugares inacabados ou imperfeitos do mundo que lhe foi dado viver.

A tragédia em verso O Indesejado é, a esta distância, uma premonição dessa errância e desse destino de mundo, da perspectiva de um reexame da identidade nacional, em ruptura declarada com o mito do sebastianismo, a que se sobrepõe a situação existencial de um exilado no interior do seu próprio país, quer no plano político da História (António, prior do Crato), quer no plano das condições políticas do momento de escrita da peça (1944-45). O poeta fala a propósito de “tragédias sobrepostas”, a menor das quais não terá sido aquele momento traumático da sua passagem pela marinha de guerra.

Este episódio biográfico, transposto parcialmente para o conto “A Grã-Canária”, de Os Grão-Capitães, recorda este entrelaçar entre a existência do poeta e a história pátria. Estes “contos cruéis”, diz Jorge de Sena, “devem ser lidos como crónica amarga e violenta dessa era de decomposição do mundo ocidental e desse tempo de uma tirania que castrava Portugal”. Nesta “sequência de contos”, é uma vez mais a matéria biográfica que serve de enquadramento ao testemunho duma época. A obra estrutura-se segundo uma cronologia das acções narrativas, de 1928 a 1958, localizadas no espaço, independentemente da ordem por que foram escritos (a exemplo de Metamorfoses e Arte de música), com excepção para o conto citado.

Nesta mesma linha de “co-responsabilidade do tempo e nossa” se situa o romance Sinais de fogo, parte de um ciclo romanesco que pretendia “cobrir, através das experiências de um narrador, a vida portuguesa desde 1936 a 1959”. Nesta narrativa, centrada no Verão de 1936, a eclosão da Guerra Civil de Espanha é o acontecimento que, como observou Mécia de Sena, catalisa “o despertar do protagonista para a realidade política e social, para o amor e até para o acto da criação poética”. Este romance de formação (ou Bildungsroman), seja qual for a relação entre o Jorge protagonista e o Jorge autor, é a obra-prima de um poeta que nos dá a ver o tempo e o modo de fazer-se um poeta.

Festival internacional de teatro de Almada ( 4 a 18 de Julho)

http://www.ctalmada.pt/
Programa:
http://www.ctalmada.pt/festivais/2007/programa_2007.pdf

Entre muitas e boas iniciativas ao longo deste Festival, destaque para a possibilidade de assistir a mais uma nova encenação de Peter Brook.

O encenador Peter Brook de novo em Almada
(dias 6,7,8 e 9)



SIZWE BANZI EST MORT (Sizwe Banzi Morreu)
de ATHOL FUGARD, JOHN KANI e WINSTON NTSHONA
Encenação de PETER BROOK

Foi em New Brighton, uma township perto de Port Elisabeth (África do Sul), que nasceu Sizwe Banzi morreu. Athol Fugard já tinha montado várias peças com a sua companhia de actores negros, quando se lhes juntaram mais dois actores: John Kani e Winston Ntshona, com quem Fugard criou esta peça em conjunto.
Nessa altura Athol Fugard escreveu o seguinte: “O campo mais estimulante e mais rico para o desenvolvimento do nosso teatro situa-se nas townships das nossas cidades, onde florescem talentos e onde existem uma autenticidade e uma vitalidade verdadeiramente excepcionais, nunca vistas até hoje”. Esta declaração foi recebida, como pode imaginar-se, com bastante cepticismo. Mas o passar do tempo acabou por demonstrar até que ponto Fugard tinha razão. “Será que um homem negro pode nunca vir a ter problemas? ”, pergunta Sizwe ao seu amigo Buntu, acabando por concluir: “Impossível! O nosso problema é a nossa pele! ”.

O TEATRO DAS TOWNSHIPS
Um verdadeiro momento de teatro só pode ocorrer nesse exacto momento - não ontem nem amanhã. O público está sempre presente. Este aspecto funcional distingue o teatro das outras formas de arte. O teatro das townships da África do Sul é um exemplo precioso daquilo que o imediato pode trazer ao teatro. Este teatro nasceu da vida nas ruas, nas cidades que não são como as outras, nas townships, esses guetos do apartheid. Este teatro tem uma natureza bem específica: aquilo que nos vem do passado toca-nos ainda hoje em dia, dada a exactidão da sua irrisão magnífica, e bastante premonitória.
Peter Brook

UMA PEÇA PREMONITÓRIA
O teatro de Fugard encontra-se historicamente ligado ao período do apartheid na África do Sul. Trata-se de um teatro da necessidade, escrito e representado de forma a permitir ao espectador reapropriar-se da sua própria vida; um teatro do ridículo e do riso, um riso cruel, que lute contra a crueldade da vida corrente, fora dos muros do teatro. Através da procura que Sizwe Banzi, a personagem principal, leva a cabo para ficar com “os papéis em ordem”, os autores descrevem a violência do sistema inumano do apartheid, tornando-o ridículo e fútil, e anunciando de forma premonitória a sua queda. “O que é que se passa com este Mundo de merda? O que é que querem de mim? O que é que eu tenho de mal?”: quantos Sizwe Banzi não se põe hoje em dia estas perguntas?
Jean-François Perrier

PETER BROOK
Peter Brook, um dos maiores encenadores do Mundo, tem-se distinguido em diferentes áreas artísticas, tais como o teatro, a ópera, o cinema e a escrita.
Encenou textos de Shakespeare para a Royal Shakespeare Company, e posteriormente fundou em Paris o Centre International de Créations Théâtrales. As suas criações têm obtido uma grande repercussão internacional. Entre os seus espectáculos mais célebres contam-se: Marat/Sade, Timon d’Athènes, Ubu aux Bouffes, La conférence des oiseaux, La cerisaie, Le Mahabharata, La tempête, Je suis un phénomène (apresentado no XV Festival de Almada), La tragédie d’Hamlet, L’homme qui prenait sa femme pour un chapeaux, etc. Tem dirigido várias óperas, nomeadamente no Convent Garden de Londres, no Métropolitan de Nova Iorque, no Théâtre des Bouffes du Nord, e no festival de Aix en Provence.
Os seus livros mais significativos são L’espace vide, Point de suspension, Le diable c’est l’ennui, Avec Shakespeare e, recentemente, Oublier le temps. No cinema, realizou os filmes: Sa Majesté des mouches, Marat Sade, Le Roi Lear, Moderato cantabile, Le Mahabharata e Rencontres avec des hommes remarquables

ATHOL FUGARD
Nasceu em 1932 na África do Sul. Depois dos estudos secundários entrou na Universidade de Cape Town, acabando por abandonar o curso e lançar-se em várias viagens à volta do Mundo, a trabalhar em navios cargueiros.
De regresso a Joanesburgo emprega-se como funcionário de um tribunal, onde contacta com as injustiças do apartheid e com as dificuldades das populações negras sob este regime. A partir desta altura funda uma companhia de actores negros (entre os quais John Kani e Winston Ntshona) e monta várias peças de cariz político, que lhe custaram várias represálias por parte do Governo, como a confiscação do passaporte. As primeiras peças de Fugard eram apresentadas nas áreas em que viviam as populações negras, normalmente num pequeno adro de igreja ou um centro social, e o público era constituído por trabalhadores migrantes pobres e pelas pessoas que viviam nas townships.
Entre as principais peças de Fugard encontram-se Blood knot, The island, statments after an arrest under the Immorality act, Boesman and Lena e My children! My Africa!. Em 2006 o filme Tsotoi, baseado no seu romance com este nome, venceu o Óscar para Melhor Filme Estrangeiro.

Intérpretes Habib Dembélé, Pitcho Womba Konga
Adaptação Francesa Marie-Hélène Estienne
Elementos Cénicos Abdou Ouologuem
Luz Philippe Vialatte
Produção Marko Rankov
Agradecimentos Peter Sacks


21h30 Sex 6
21h30 Sáb 7
19h30 Dom 8
21h30 Seg 9


Língua francês (legendado em português)
Duração1h10

O estado de excepção é agora a regra ( Agamben)

Entrevista com Giorgio Agamben publicada no jornal Público.


Medidas extraordinárias para vigiar cidadãos são banais em governos democráticos, alerta o filósofo italiano Giorgio Agamben. Faz-se tudo pela segurança, até sujeitar-se ao "controlo político total."
Estão a ver este tipo de cidadãos orgulhosos da sua democracia? Se sim, excluam já o filósofo Giorgio Agamben (1942, Roma) desse grupo.

Há muito que este pensador italiano alerta para o perigo de medidas tendencialmente totalitárias em governos democráticos, "medidas de excepção" quase sempre justificadas pelo medo, pelo terrorismo ou qualquer outro "inimigo invisível". Não foi por acaso que, há três anos, se recusou a dar um seminário nos Estados Unidos. Era uma atitude política face à política securitária que se seguiu à queda das Torres Gémeas: não admitia a hipótese de passar pelo crivo do serviço de fronteiras.

Giorgio Agamben - que integrou o famoso seminário que o filósofo alemão Martin Heidegger dirigiu em Le Thor, França, em 1968, assim como responsável pela edição das obras completas de Walter Benjamin em Itália - esteve no Porto esta semana para participar no ciclo sobre política das conferências Crítica do Contemporâneo, na Fundação de Serralves.

Nesta entrevista recupera não só as ideias que o tornaram polémico sobretudo na Alemanha - a comparação da condição dos prisioneiros de Auschwitz com os de Guantánamo, no que toca à privação de existência legal, será talvez a mais polémica delas -, mas também da existência de uma raiz religiosa no modelo de organização dos actuais governos laicos. Descobriu que "há um incrível paralelo entre a hierarquia dos anjos e a burocracia política", sendo os governos contemporâneos organizados à medida dos ministérios de anjos que a teologia relata.

Da vasta obra deste professor da Faculdade de Arquitectura e Design de Veneza, estão publicados em Portugal apenas quatro livros: A comunidade que Vem (Presença, 1993), Homo Sacer (Presença, 1998), Ideia da Prosa (Cotovia, 1999) e Profanações (Cotovia, 2006).

O Governo alemão deu ordens às suas forças de segurança para que fossem recolhidas amostras do cheiro de alguns activistas antiglobalização.
-O cheiro das pessoas? [Agamben aponta para o nariz, franzindo a testa]
Sim. Era uma das medidas de segurança para o G8, organizado em Heiligendamm no início de Junho. Recolheram roupas usadas dos activistas, supostamente para treinar cães - um método que era usado pela Stasi, a polícia política da antiga RDA.
-Isto não é algo que me surpreenda. É comum aos governos quererem controlar cada vez mais os cidadãos. Tomam medidas excepcionais que depois acabam por se tornar a regra. E as pessoas aceitam. Há sistemas de identificação biométrica para abrir a porta de casa ou para registar a entrada em estabelecimentos de ensino. As pessoas gostam da ideia de os seus dados biológicos serem únicos e servirem para abrir portas.

Na sua opinião, é mais um exemplo do controlo totalitário que governos democráticos podem exercer sobre os cidadãos?
-Isto está relacionado com o conceito de forma-de-vida e forma-de-uso. Como é que se consegue introduzir o uso de novos mecanismos na vida das pessoas? As indústrias disponibilizam hoje estes dispositivos biométricos não para a segurança pública, mas sim para entrar na casa das pessoas. Pretende-se acostumá-las desde cedo a hábitos banais como estender a mão para mostrar as impressões digitais. A ideia é primeiro introduzir o método no quotidiano e depois aplicá-lo para controlo político e policial.

E por que é que se aceita? Por hedonismo? Para ter mais conforto?
-Para sobreviver. Não acredito que seja por hedonismo, não pode haver prazer nisso, a não ser um prazer imaginário. É, na verdade, a perda completa da possibilidade política. As pessoas não pensam que podem vir a estar sujeitas a um total controlo político.

Os cientistas podem sempre argumentar que do conhecimento de parâmetros biológicos também advêm coisas úteis - a resolução de um crime com a ajuda de cientistas forenses, por exemplo, ou a descoberta de uma nova terapêutica.
-Há uma relação muito estreita entre os cientistas e o poder. Uma relação que começou há muito tempo. A matéria sobre a qual o cientista se debruça torna-o uma figura privilegiada para interagir com as esferas do poder. Houve sempre a ideia de que os médicos que faziam experiências em Auschwitz eram criminosos e não cientistas. Isto é falso. Cientistas reconhecidos e bons estiveram lá.

De onde vem essa promiscuidade entre a ciência e o poder?
-Encontramos em qualquer profissão comportamentos éticos e desviantes. Por isso não podemos ter uma confiança total na [auto-regulação] ética da ciência.

Mas eram cientistas com uma ideologia, acreditavam na pureza da raça, faziam experiências ligadas à genética.
-Não. Faziam também experiências sobre doenças. Exemplos semelhantes ocorreram em prisões nos Estados Unidos. Houve ensaios em milhares de pessoas para estudar a malária, por exemplo.


De que forma os cientistas contribuem hoje para este estado de excepção?
A determinação da hora da morte de um paciente, por exemplo, pode ser considerada um estado de excepção. São os médicos que decidem se um homem está vivo ou não a partir do funcionamento cerebral. Isto é questionável.
-Sim, mas o doente que está em estado vegetativo sobre uma cama de hospital pelo menos ainda tem um nome, um documento, uma ficha clínica que seja. Os prisioneiros de Auschwitz estavam privados de existência legal.
É um estado de excepção diferente?
-Sim. Referia-me estritamente à situação de decidir se alguém está vivo ou morto. Se fosse possível fazer um transplante de cérebro, por exemplo, seria preciso encontrar um outro parâmetro para determinar o que é a morte de um corpo cujo coração continua a bater. A noção de morte cerebral existe precisamente porque não é possível transplantar um cérebro.


Quando se fala em "estado de excepção", vem à cabeça os célebres exemplos do seu livro: os prisioneiros da base militar americana de Guantánamo e dos campos de concentração em Auschwitz. Por que é que não nos ocorre a imagem do imigrante que se sujeita aos piores salários e trabalhos?
-O problema é que aquilo que vigoraria em situações excepcionais torna-se uma regra. Admitir este estado de excepção acaba por ser um caminho sem volta ao estado de direito. Muitas coisas passam a ser feitas à luz da excepção, do zelo pela segurança. A Segunda Guerra Mundial abriu caminho para muitas situações de excepção, paradigmas que mudaram muito o sistema democrático.


O exemplo do ataque às Torres Gémeas em 11 de Setembro de 2001, que deu origem ao Patriot Act?
-Era preciso dar corpo a um inimigo invisível, que neste caso é o terrorismo. O desejo de segurança já justifica que o estado de excepção seja perpétuo. O medo justifica que se possa revistar, vigiar e controlar as pessoas através de métodos cada vez mais modernos. Aqueles que estão detidos em Guantánamo não têm o estatuto de prisioneiros de guerra, não têm estatuto legal simplesmente. Passamos de um "poder soberano", no qual o rei no passado reinava mas não governava, para o sistema actual de governo baseado num estado de direito. O que não vemos é que há uma ligação entre esse mesmo direito e a violência.


São as pessoas que precisam de um governo para se sentirem protegidas ou é o poder que incute nas pessoas a ilusão desta necessidade de segurança? Ou são as duas coisas ao mesmo tempo?
-É difícil responder a esta pergunta. Para pensar sobre estas questões é preciso olhar para trás a procurar a genealogia teológica da formação do poder. A religião mostra-nos como criamos a ideia de um poder divino. Há, aliás, uma coisa muito curiosa que descobri que é o inacreditável paralelo que há entre a hierarquia dos anjos e a burocracia política. São ministros de Deus que controlam determinadas áreas. Existe mesmo a terminologia ministerium de anjos na burocracia divina, da mesma forma que temos o ministro do Interior ou dos Negócios Estrangeiros. O nosso padrão democrático vem da teologia, por incrível que pareça.


Como é que percebeu que a religião poderia ser um caminho para compreender o passado?
-A teologia torna as coisas contemporâneas muito mais claras para mim. Uma das coisas mais difíceis que existe é ser contemporâneo. Para estar em contacto com o presente - ou tentar estar - é preciso remover uma série de camadas opacas. É muito mais fácil compreender por que é que temos um primeiro-ministro seguido de uma série de ministros quando vejo a organização dos anjos na burocracia divina.


Quer isto dizer que quando insistimos em dizer que vivemos num estado laico estamos a ser utópicos?
-Quer isto dizer que o estado a que chamamos laico tem as suas raízes na teologia. As coisas moveram-se, a ideia de glorificação ficou nas mãos dos media. Mas a função da glória está lá, nos telejornais e nas revistas, quando nomeamos os líderes. Ser nomeado nos media é hoje o estado de glória.


Você professa alguma religião?
-Não. Só a filosofia.

Ecotopia realiza-se este ano em Portugal (Aljezur, 4 a 19 de Agosto)


São precisos voluntários.


Ecotopia é um acampamento anual de activistas de toda a Europa e um encontro aberto a todas as pessoas interessadas em questões ambientais e de justiça social. O Ecotopia acontece todos os anos desde 1989, sempre num país diferente.


É organizado pela EYFA (Juventude Europeia pela Acção) e por uma ou várias associações ambientais do país, que funcionam como organização que acolhe o evento. Neste ano, a 19ª edição irá decorrer em Portugal, promovida pelo GAIA (Grupo de Acção e Intervenção Ambiental).


O Ecotopia é um local de aprendizagem, partilha de experiências e difusão de informação sobre questões ambientais, sociais e políticas, entre outras. Entre 200 e 600 pessoas participam em cada edição do Ecotopia, para partilharem conhecimentos e discutirem sobre um amplo leque de assuntos, tais como: alterações climáticas, transportes e mobilidade, transgénicos, agricultura biológica, construção ecológica e infraestruturas sustentáveis, política e sistema económico global, estratégias para acções, experiências de campanhas, medias alternativos, migrações, racismo e xenofobia, questões culturais, influências sobre e das pessoas...


Todos os anos o Ecotopia tem um tema diferente, que se tenta que tanto esteja relacionado com o local, como que vá de encontro às emergências globais. Sendo assim, o tema escolhido este ano são as migrações, que terão especial relevância nos dias 10, 11 e 12 de Agosto.


O Ecotopia é igualmente um modelo funcional de comunidade auto-sustentável que coloca em prática os princípios de um estilo de vida alternativo e mais amigo do ambiente: tomadas de decisão por consenso, reciclagem de lixo, refeições vegetarianas, uso de energias alternativas... Sempre que possível, @s ecotopian@s participam em acções de voluntariado na zona, tentam envolver as pessoas locais nas questões do ambiente, assim como capacitam organizações locais.


O Ecotopia tem uma estrutura horizontal (não-hierárquica) e auto-organizada; a tod@s é pedido que tomem parte no funcionamento do campo, resolvendo problemas e tomando decisões. E tod@s são responsáveis pelo programa!


O Ecotopia funciona no sistema de ecotaxas - um sistema económico alternativo baseado no padrão de vida e rendimento médio de cada país, em vez de baseado nos mercados financeiros, o que significa que cada um no Ecotopia paga pela comida o mesmo que pagaria no próprio país.


http://www.ecotopiagathering.org/


Princípios

O Ecotopia é um evento criado quando pessoas de toda a Europa se encontram e tentam criar uma comunidade ideal por duas semanas. É auto-organizado e funciona de forma horizontal. Durante o acampamento todas as decisões são tomadas pel@s participantes no círculo da manhã e tod@s são responsáveis pela criação do programa, resolução de problemas e realização das tarefas diárias.

FUNCIONAMENTO DO ACAMPAMENTO e TOMADA DE DECISÃO no ECOTOPIA


A programação diária do Ecotopia é organizada através de decisões consensuais tidas nos círculos da manhã. É nesta ocasião que actividades como oficinas, acções, actividades recreativas e importantes tarefas de manutenção são anunciadas.


Não há hierarquias, tod@s @s ecotopian@s têm direitos iguais. Miúdos e graúdos, pessoas locais ou de outros países, tod@s têm os mesmos direitos e responsabilidades no decorrer do acampamento. A igualdade significa também que tod@s @s que vêm para o acampamento são convidad@s a participar nas tarefas diárias e nas tomadas de decisão. Sempre que possível, @s ecotopian@s participam em acções de voluntariado na zona, tentam envolver as pessoas locais nas questões do ambiente, assim como capacitam organizações locais.


De qualquer pessoa que se junte ao Ecotopia é esperado alguma ajuda na organização e funcionamento do encontro. Isto significa que cada uma deve tomar parte activa num dos grupos de trabalho diários de modo que as equipas possam rodar e tod@s no Ecotopia possam ter as mesmas possibilidades de trabalhar, participar nas oficinas e descansar. As pessoas voluntariam-se para ajudar nas várias tarefas, tais como apanhar lenha, recolher água para os duches, escavar fossas para os sanitários, limpar, etc. Para realmente saberes o que é viver numa comunidade sustentável tenta realizar cada uma das tarefas pelo menos uma vez. Se vires algo que deva ser feito, fá-lo!


Comportamentos discriminatórios tais como sexismo e racismo são fortemente reprovados. Para além disso, o Ecotopia junta pessoas de diversas etnias que têm tradições diferentes no que concerne aos relacionamentos sociais, ambiente e dia-a-dia. Pede-se a tod@s @s ecotopian@s uma elevada sensibilidade cultural. Ser paciente, amig@ e respeitar a comunidade local que acolhe o Ecotopia é essencial.


CONSENSO


Trabalhar com consensos significa que tod@s tentam avançar junt@s em vez de seguir com a vontade de uma maioria, pelo que não há votações - mas procura-se uma solução que agrade a tod@s. O consenso funciona melhor quando tod@s querem que funcione, pelo que é muito importante ter uma atitude construtiva. Reuniões que funcionam através de consenso não têm um@ líder mas, normalmente, um@ facilitador@. Este é alguém que, com o consentimento do grupo, ajuda a estruturar a reunião. As tarefas principais d@ facilitador@ são assegurar que cada um toma a palavra na sua vez e informar o grupo dos limites de tempo


@ facilitador@ deve também manter-se atento à estrutura da reunião e por isso é mais provável que introduza técnicas diferentes ou que resuma o estado actual da reunião, apesar de qualquer pessoa o poder fazer. Para além d@ facilitador@, há igualmente um responsável por anotar as decisões tomadas, bem como um@ observador@ das "vibrações" dos participantes (pois por vezes é importante verificar se há pessoas que estão a ficar aborrecidas/ cansadas/ irritadas ou que estão descontentes com as decisões mas não se sentem capazes de o dizer). O ideal é que @ facilitador@ e @ observador@ de vibrações não sejam parte interessada nos resultados da reunião, se for possível.

Estrutura de uma reunião de consensos

A reunião começa com a nomeação d@ facilitador@, anotador@, observador@ de vibrações e de alguém que controle o tempo. Segue-se a agenda e a definição dos limites de tempo. @ facilitador@ irá também, nesta fase, fazer algum anúncio prático. Os pontos na agenda são então discutidos, até que toda a gente esteja de acordo. Se alguém bloquear uma decisão, as discussão deve recomeçar a partir dessa objecção. Toda a gente tem o direito de bloquear uma decisão com a qual estão em desacordo absoluto, apesar de isto raramente acontecer. Existe também a possibilidade de alguém se alhear do processo ("Não vos impeço mas não participarei"), mas na maioria dos casos é atingido um verdadeiro consenso. Durante os círculos da manhã grupos de trabalho podem ser formados para posteriormente debaterem a fundo um problema ou ideia específica, relatando no circulo da manhã seguinte as decisões tomadas.

Como fazê-la funcionar

As duas regras de ouro são: ser construtiv@ (não é válido apenas discordar, é necessário explicar as razões e oferecer alternativas ou compromissos); esperar a vez de falar. Há outras coisas que ajudam ao sucesso da reunião, tais como:

Escutar - Assegura-te que compreendeste o que está a ser discutido, em especial se for necessária tradução. Tenta obter toda a informação acerca de um ponto antes de o criticares ou apoiares.


Explicar - Assegura-te de que as pessoas compreendem a tua posição, em especial se estiverem a traduzir o que dizes.


Sê o mais breve possível


Sê flexível, sê paciente - Contradições na tomada de decisão não são problema.


Não te sintas isolado - Tod@s estamos aqui com a mesma motivação.


Apoia @ facilitador@ se a reunião começar a ficar fora de controlo


Encontras mais informação (em inglês) sobre tomadas de decisão consensuais em:








Como podes ajudar?


o Espalha a palavra! Põe um cartaz no teu local favorito e nas associações que conheçes. Imprime panfletos na língua do país onde estás e divulga! Envia um e-mail a anunciar o Ecotopia para toda a gente que conheces. Leva panfletos e distribui na próxima acção que participares.



o Pesquisa as diferentes e melhores formas de viagem desde o país de onde vens (caso não venhas de Portugal). Podemos disponibilizar essa informação na página web para as pessoas desse país.

o Ajuda-nos a arranjar os materiais que precisamos.

oJunta-te à equipa da cozinha.Se tens experiência ou simplesmente gostas de passar tempo a trabalhar num colectivo de cozinha ao ar livre diz-nos!

o Estamos à procura de um@ médic@ voluntári@ que queria participar no ECOTOPIA, porque é preciso garantir apoio a nível de saúde no local. Contacta-nos.

o Procuramos um coordenador para tratar da parte artística e de decoração do ECOTOPIA! Para o transformarem num local ainda mais bonito do que já é por natureza! Contacta-nos.

o Visita o local e ajuda-nos a construir as infraestructuras durante o mês de Junho! Vem ao campo de preparação em Julho.


Se vens para Aljezur ajudar, por favor:

- Telefona e diz-nos algo primeiro (André: 965615379)

- Traz tendas e saco-cama

- Traz copos, tijelas, pratos ou talhetes que tenhas a mais.




Workshop de preparação

O workshop é já no próximo fim de semana!!!

com Júlio Piscarreta

Nota: A oficina tem um valor de donativo mínimo de 10€ por pessoa. Sugere-se um valor máximo de 150€ por pessoa. O Ecotopia é um evento sem fins lucrativos e os donativos servem para pagar os custos vários da oficina. O preço variável tem como objectivo possibilitar a participação de tod@s, pagando os mais abastados pelos menos!E se vieres ao acampamento de preparação, durante o Ecotopia és isento do pagamento da taxa de participação!!

Vem montar duches, casas de banho secas, cozinha, sombras...! Aprender a construir com fardos de palha, reconstruir casas em taipa, fornos de pão...! Limpar o terreno e tratar da horta! Vem decorar e dar cor ao local!Inscrições limitadas


Contactos:
utupiar@gaia.org.pt


Telefone: 937267541



Nota: Os participantes devem trazer tenda de campismo (se possível), saco-cama, talheres, copo e prato, luvas e roupa de trabalho.


Podes também vir para o local do ECOTOPIA a qualquer altura, ajudar a construir as infraestruturas mínimas para a acampamento de preparação e a plantar a horta!Podes ver na nossa página como chegar ao local!

Se precisarem telefonem-nos: 914852226 ou 938358034.
Uma das melhores formas de chegar ao Ecotopia foi sempre a BikeTour.

Só 5 países desenvolvidos destinam 0,7% do seu PIB à ajuda ao desenvolvimento humano

Só 5 do conjunto dos países mais industrializados é que cumprem os seus compromissos de destinar 0,7 % do seu PIB à ajuda às regiões e países que mostram grandes carências quanto ao seu desenvolvimento. Os cinco países que respeitam os compromissos dos países desenvolvidos relativos à execução dos Objectivos de desenvolvimento do Milénio são Noruega, Suécia, Holanda, Dinamarca, Luxemburgo. Recorde-se que os objectivos do Milénio são um projecto de acção implementado pela ONU até ao ano de 2015 para concretizar um conjunto de 8 objectivos relativos ao desenvolvimento humano no mundo e que receberam o apoio de toda a comunidade internacional.