7.2.09

Declaração da Assembleia pela Justiça Climática no Fórum Social Mundial de 2009 em Belém do Pará


Durante o Fórum Social Mundial em Belém do Pará no Brasil, que decorreu até ao passado dia 1 de Fevereiro de 2009, foi lançada uma Declaração da Assembleia pela Justiça Climática


JUSTICIA CLIMATICA JÁ!

Não às ilusões neoliberais, Sim às soluções dos povos!

Por séculos, o produtivismo e o capitalismo industrial destruiram as nossas culturas, explorando a nossa mão de obra e envenenando o nosso meio ambiente.

Agora, com a crise climática, a Terra está dando um basta!

Mais uma vez, as pessoas que criaram o problema dizem-nos que também tem soluções: o comércio de emissões de CO2, o chamado "carbono limpo", mais energia nuclear, agrocombustíveis, incluindo um "novo pacto verde". Mas estas não são soluções reais, mais sim ilusões neoliberais. É hora de nos movermos para além destas ilusões.

Soluções reais para a crise climática vêm sendo construídas por aqueles/as que sempre protegeram a Terra e que lutam diariamente para defender o meio ambiente e suas condições de vida. Temos que globalizar estas soluções.

Para nós, as lutas por justiça climática e por justiça social são uma só. São lutas pelo território, pela terra, bosques, água, pela reforma agrária e urbana, pela soberania alimentar e energética, assim como pelos direitos das mulheres e dos/as trabalhadores/as. As lutas por igualdade e por justiça aos povos indígenas, aos povos do Sul, as lutas por distribuição de riqueza e pelo reconhecimento da dívida ecológica e histórica dos países do Norte.

Frente aos interesses desumanos e impulsionados pelo mercado da elite global e do modelo dominante de desenvolvimento baseado no crescimento e consumo intermináveis, o movimento por justiça climática clamará pelos bens comuns e colocará as realidades sociais e económicas no coração de nossa luta contra as mudanças climáticas.

Chamamos todas e todos, trabalhadores, camponeses, pescadores,
estudantes, jovens, mulheres, povos indígenas, assim como toda a humanidade consciente do Sul e do Norte a unirem-se a esta luta comum para construir soluções reais à crise climática, pelo futuro do nosso planeta, das nossas sociedades e das nossas culturas. Estamos construindo juntos um movimento pela justiça climática.


Apoiamos as mobilizações contra a Cúpula do G20 e sobre a crise global que ocorrerá de 28 de Março à 4 de Abril, e a mobilização da Via Campesina dia 17 de Abril.

Apoiamos o chamado para o Dia de Acção Internacional em Defesa da Mãe Terra e dos Direitos dos Povos Indígenas, no dia 12 de Outubro.

Convidamos a todos e todas a nos mobilizar e organizar acções diversas em todas as partes do mundo, em preparação até, durante e depois da Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, em Copenhague, especialmente durante o Dia de Acção Global no dia 12 de Dezembro de 2009.


Em todo nosso trabalho, vamos desmascarar as falsas soluções, levantaremos as vozes do Sul, defenderemos os Direitos Humanos e fortaleceremos a nossa solidariedade na luta pela justiça climática. Se tomarmos decisões acertadas, poderemos construir um mundo melhor para todas e todos.

Centenário do nascimento de D.Hélder da Câmara, o santo rebelde, e a sua voz na Missa dos Quilombos

"Se dou comida a um pobre, chamam-me de santo,
mas se pergunto porque é que ele é pobre, chamam-me então de comunista."
D. Helder da Câmara



Dom Hélder Câmara (Fortaleza, 7 de Fevereiro de 1909 — Recife, 28 de Agosto de 1999) foi um bispo católico, arcebispo emérito de Olinda e Recife. Foi um dos fundadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, grande defensor dos direitos humanos durante o regime militar brasileiro e integralista. Pregava uma igreja simples voltada para os pobres e a não-violência. Por sua actuação, recebeu diversos prémios nacionais e internacionais. Foi indicado quatro vezes para o Prêmio Nobel da Paz.


Biografia

Décimo-primeiro filho de João Eduardo Torres Câmara Filho, maçom, jornalista, crítico teatral e funcionário de uma firma comercial e da professora primária Adelaide Pessoa Câmara, desde cedo manifestou sua vocação para o sacerdócio.
Ingressou no Seminário Diocesano de Fortaleza em 1923. Foi ordenado padre no dia 15 de agosto de 1931, em Fortaleza, aos 22 anos de idade, com autorização especial da Santa Sé, por não possuir a idade mínima exigida. No mesmo ano, fundou a Legião Cearense do Trabalho e em 1933, a Sindicalização Operária Feminina Católica, que congregava as lavadeiras, passadeiras e empregadas domésticas. Atuou na área da educação, participando de políticas governamentais do estado do Ceará na área da educação pública.
Em 1936 foi para a cidade do Rio de Janeiro, dedicando-se a actividades apostólicas. Foi Director Técnico do Ensino da Religião.
Foi nomeado bispo auxiliar do Rio de Janeiro no dia 3 de Março de 1952. Foi ordenado bispo, aos 43 anos de idade, no dia 20 de abril de 1952, pelas mãos de Dom Jaime Cardeal de Barros Câmara, Dom Rosalvo Costa Rego, Dom Jorge Marcos de Oliveira. Fortaleceu a nascente Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e participou da criação do Conselho Episcopal Latino-Americano. Foi um grande promotor do colegiado dos bispos e da renovação da Igreja Católica, fortalecendo a dimensão do compromisso social.
Em 1956, fundou a Cruzada São Sebastião, com a finalidade de dar moradia decente aos favelados. Desta primeira iniciativa, outros conjuntos habitacionais surgiram. Em 59, fundou o Banco da Providência, cuja actuação se desenvolve no atendimento a pessoas que vivem em condições miseráveis.


Teve participação activa no Concílio Ecuménico Vaticano II, sendo um dos propositores e signatários do Pacto das Catacumbas, um documento assinado por cerca de 40 padres conciliares no dia 16 de novembro de 1965, nas catacumbas de Domitila, em Roma, durante o Concílio Vaticano II, depois de celebrarem juntos a Eucaristia. Este pacto teve forte influência na Teologia da Libertação.


No dia 12 de Março de 1964 foi designado para ser arcebispo de Olinda e Recife, Pernambuco, múnus que exerceu até 2 de abril de 1985. Instituiu um governo colegiado nesta diocese, organizada em setores pastorais. Criou o Movimento Encontro de Irmãos, o Banco da Providência e a Comissão de Justiça e Paz daquela diocese. Forteleceu as comunidades eclesiais de base.


Estabeleceu uma clara resistência ao regime militar. Tornou-se líder contra o autoritarismo e pelos direitos humanos. Pregava no Brasil e no exterior uma fé cristã comprometida com os anseios dos empobrecidos. Foi perseguido pelos militares por sua actuação social e política, sendo acusado de comunismo. Foi-lhe negado o acesso aos meios de comunicação social durante o governo militar. Apesar disto, foi um grande orador, tornando-se conhecido sobretudo no exterior, onde divulgou amplamente suas ideias.


A arquidiocese de Olinda e Recife, o Instituto Dom Hélder Câmara (IDHeC) e a Universidade Católica de Pernambuco estão promovendo a comemoração do centenário de Dom Hélder, a ser celebrado em 7 de Fevereiro de 2009. O objectivo é manter viva a sua memória e a sua luta pela solidariedade e justiça social.


Recebeu o Prémio Martin Luther King, nos EUA e o Prémio Popular da Paz, na Noruega e diversos outros prêmios internacionais. Foi indicado quatro vezes para o Prémio Nobel da Paz.

O acervo histórico de Dom Hélder é mantido pelo Instituto Dom Hélder Câmara, em Recife.

Texto retirado da Wikipedia


http://www.domhelder.org.br/Default.htm

Programa do centenário de D.Helder da Câmara: aqui


Comunidades eclesiais de base:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Comunidades_Eclesiais_de_Base



D.Helder da Câmara contra a Ditadura Militar brasileira





Missa dos Quilombos - Ofertório

Cena "Ofertório" do espetáculo "Missa dos Quilombos", montagem da Companhia Ensaio Aberto para o musical de Milton Nascimento, Pedro Casaldáliga e Pedro Tierra, com direção de Luiz Fernando Lobo








Missa dos Quilombos
Invocação de Mariama ( alocução de Dom Helder Câmara)





Missa dos Quilombos parte 1


Parte 2



Parte 3



Parte 4



Parte 5



Parte 6



Parte 7 (final)

Lamento ou elegia do progresso ( La complainte du progrès), uma canção satírica do grande Boris Vian


Noutros tempos ao fazer a corte
falava-se de amor
e como prova do nosso ardor
oferecia-se o coração.

Hoje já não é como dantes
está tudo mudado
Pra seduzir o ente adorado
murmura-se-lhe ao ouvido
Ah... Gudule... Vem-me dar um beijo...

E eu dou-te...
eu dou-te um frigorífico
uma boa lambreta
um atomizador
um fogão de cozinha
com um forno de vidro
montes de cobertores
e facas para bolos
um torniquete
pra fazer vinagrete
um bom ventilador
para tirar os odores
lençóis aquecidos
uma pistola de biscoito
um avião para dois

e vamos ser felizes
e vamos ser felizes

Noutros tempos se acontecesse
a gente desentender-se
partíamos com ar lúgubre
deixando ficar a baixela

mas hoje o que é que querem
a vida está tão cara
dizemos volta prà tua mãe
e ficamos com tudo
Ah... Gudule... Pede desculpa... ou ...

ou fico com tudo
o meu frigorífico
o meu aparador
o meu lava-loiça de ferro
o meu fogão a petróleo
o meu encera-chanatos
o meu passa-lesmas
o meu banco de espelho
o meu caça-malandros
o torniquete
pra fazer vinagrete
o encolhedor de lixo
e o corta-batatas-fritas

e se a bela
inda se mostrar rebelde

pômo-la na rua
pômo-la na rua

e confiamos o nosso destino
ao frigorífico
ao apaga-poeira
ao fogão de cozinha
à cama sempre feita
ao aquece-sapatas
ao canhão de batatas
ao esventra-tomates
ao esfola-galinhas

mas muito muito em breve
receberemos a visita
de uma terna miúda
de uma terna miúda
que nos oferece o coração
sim que nos oferece o coração

então logo cedemos
temos de ser uns prós outros
e vivemos assim
e vivemos assim
até á próxima vez
até à próxima vez

Boris Vian, Canções e Poemas,
Lisboa, Assírio & Alvim, 1997

( retiramos a tradução portuguesa
daqui)








La complainte du progrès
by Boris Vian


Autrefois pour faire sa cour
On parlait d'amour
Pour mieux prouver son ardeur
On offrait son coeur
Aujourd'hui, c'est plus pareil
Ça change, ça change
Pour séduire le cher ange
On lui glisse à l'oreille
(Ah? Gudule!)

{Refrain 1:}
Viens m'embrasser
Et je te donnerai
Un frigidaire
Un joli scooter
Un atomixer
Et du Dunlopillo
Une cuisinière
Avec un four en verre
Des tas de couverts
Et des pell' à gâteaux

Une tourniquette
Pour fair' la vinaigrette
Un bel aérateur
Pour bouffer les odeurs

Des draps qui chauffent
Un pistolet à gaufres
Un avion pour deux
Et nous serons heureux

Autrefois s'il arrivait
Que l'on se querelle
L'air lugubre on s'en allait
En laissant la vaisselle
Aujourd'hui, que voulez-vous
La vie est si chère
On dit: rentre chez ta mère
Et l'on se garde tout
(Ah! Gudule)

{Refrain 2:}
Excuse-toi
Ou je reprends tout ça.
Mon frigidaire
Mon armoire à cuillères
Mon évier en fer
Et mon poêl' à mazout
Mon cire-godasses
Mon repasse-limaces
Mon tabouret à glace
Et mon chasse-filous

La tourniquette
A faire la vinaigrette
Le ratatine-ordures
Et le coupe-friture

Et si la belle
Se montre encore rebelles
On la fiche dehors
Pour confier son sort

{Coda:}
Au frigidaire
À l'efface-poussière
À la cuisinière
Au lit qu'est toujours fait
Au chauffe-savates
Au canon à patates
À l'éventre-tomates
À l'écorche-poulet

Mais très très vite
On reçoit la visite
D'une tendre petite
Qui vous offre son coeur

Alors on cède
Car il faut bien qu'on s'entraide
Et l'on vit comme ça
Jusqu'à la prochaine fois


La complainte du progrès
(Bernard Lavilliers interpreta a canção de Boris Vian)







Hoje há manifestação e festa reivindicativa contra a refinaria de Balboa em Santa Olalla del Cala

Plataformas ambientais das regiões espanholas da Extremadura e da Andaluzia, e ainda a Quercus portuguesa, realizam hoje, Sábado, dia 7 de Fevereiro, uma manifestação contra a polémica refinaria Balboa, proposta para a região de Badajoz, e o necessário oleoduto.

Responsáveis do protesto explicaram que a manifestação na localidade de Santa Olalla del Cala (onde se prevê a construção da refinaria) conta com o apoio das plataformas "Sereno" de Sevilha, "Oleoducto NO" de Huelva, e "Refinaria NO" da Extremadura.

Leonardo Clemente explicou que o protesto visa consciencializar as pessoas da região para os impactos ambientais do projecto industrial, que classificou como "obsoleto e caduco".

Os activistas contestam igualmente o que dizem ser a postura contraditória do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) - que governa as duas regiões espanholas - por promover o combate às alterações climáticas e, ao mesmo tempo, "apostar num projecto contaminante".

Plataformas ambientais portuguesas e espanholas têm promovido várias acções nos últimos meses contra o polémico projecto.

Representantes das plataformas espanholas deverão deslocar-se na próxima quarta-feira a Bruxelas, para expor perante o Comité de Petições do Parlamento Europeu, os seus argumentos contra o projecto.

A refinaria Balboa está projectada para o município de Santos de Maimona, província de Badajoz (Extremadura), a cerca de cem quilómetros da fronteira com Portugal.

O projecto, que inclui a análise do impacto transfronteiriço envolvido, está em consulta pública em Portugal até 24 de Fevereiro, no âmbito da Avaliação de Impactes Ambientais.

A construção do equipamento tem suscitado críticas dos dois lados da fronteira, nomeadamente de ambientalistas portugueses e espanhóis, assim como de autarcas e empresários alentejanos.

Os receios são que a refinaria prejudique o ambiente e a saúde pública de um lado e de outro da fronteira, sobretudo com a contaminação do ar e da bacia hidrográfica do rio Guadiana e da albufeira de Alqueva, para onde estão previstos projectos turísticos em concelhos do Alentejo.
PROGRAMA PARA HOJE

FIESTA REIVINDICATIVA SANTA OLALLA DEL CALA (HUELVA)

12:00 h Reunión de trabajo de Plataforma Sevilla Refinería No, Plataforma Provincial de Huelva Oleoducto No y Plataforma Ciudadana Refinería No.

12:30 h Talleres de artesanía, música, animación infantil, exposición de pinturas, puestos informativos, etc. LUGAR: Explanada del mercadillo, Santa Olalla.

14:30 h Comida convivencia. Ermita de Santa Eulalia. Merendero con zona de barbacoa.

17:00 h Inicio de la MANIFESTACIÓN desde la Ermita de Santa Eulalia hasta la Plaza de la Constitución, con la participación de una Batukada y espectáculos