24.7.07

Acampamento pela acção em defesa do clima (14 a 21 de Agosto junto do aeroporto de Heathrow, Londres)

Junto de uma das fontes responsáveis pelas alterações climáticas – o aeroporto londrino de Heathrow - vai-se realizar no próximo mês de Agosto entre os dias 14 e 21 um acampamento pela acção em defesa do clima. Serão 8 dias cheios de debates e reuniões sobre o assunto, num ambiente convivial, cujo impacto no meio ambiente se pretende que seja mínimo, para além de algumas acções directas a serem organizadas no local.

Temos de agir para evitar mudanças catastróficas no clima. Por isso devemos agir contra os piores poluidores e ensaiar, desde já, a criação de futuros sustentáveis.


Vídeo sobre o acampamento do ano passado




Links:
http://www.climatecamp.org.uk/
http://www.climatechangenews.org/
http://earthfirst.org.uk/actionreports/climatechaos
http://www.realclimate.org/
http://climatejustice.blogspot.com/
http://www.climate.org/CI/europe.shtml
http://www.stopclimatechaos.org/
http://www.campaigncc.org/
http://coinet.org.uk/


http://www.airportwatch.org.uk/


Outro fim do mundo é possível!




















Encontro de leitores vadios no dia 4 de Agosto para conversar sobre o livro História das Utopias de Lewis Mumford

Os leitores Vadios estão de volta no próximo dia 4 de Agosto, Sábado, às 21h30 no bar-livraria Gato Vadio, na Rua do Rosário 281, Porto

Desta vez o tema é o livro recentemente editado de Lewis Mumford, História das Utopias, e contamos com a presença, para animar a conversa, de António Alves da Silva e do arquitecto- urbanista João Soares

Apareçam. Tragam ideias. Principalmente se o topos da vossa utopia não estiver em cabeças alheias

As Utopias

Com o anunciado fim d aHistória vem de brinde a premissa que chegámos ao fim das utopias. O embrulho esconde muitas vezes o que se pretende dizer e fazer crer: que vivemos o estado definitivo da sociedade. Fechamos a porta, enfiamos as pantufas e vamos todos dormir em paz que o nosso mal é o sono.
De olhos bem abertos, o livro História das Utopias de Lewis Mumford é uma reflexão sobre as utopias históricas e sobre o seu papel enquanto objecto literário e projecto social, não descurando o autor uma análise ao perigo dos seus desvios político-sociais. O percurso de vida e o olhar lúcido do escritor norte-americano foram um contributo positivo e humanista para várias áreas como o urbanismo, a filosofia, a antropologia, a arquitectura e a ciência política, e ,talvez por isso, Mumford no primeiro livro que publicou ( em 1922) não se limite a descrever as utopias como ideias puras – da República de Platão à Utopia de More, da Cidade Sol de Campanella ao Falanstério de Fourier –mas problematize a utopia como projecto de intervenção, nomeadamente na criação das cidades e no planeamento urbanístico.
E serve a obra e o exemplo de Munford para nos interrogarmos se hoje não estaremos docilmente a fazer parte dessa mal-dita última utopia: não só transformar cada ser humano numa máquina de produzir e consumir mas, mais perverso e subtil, transformar cada homem num anti-utópico?
Órfãos ou não das grandes e pequenas utopias – para o bem e para o mal – é difícil prever a criação de um mundo mais humano se cada indivíduo perder a capacidade de imaginar a utopia.


O novo livro de Lewis Mumford "História das Utopias" já está à venda numa edição da "Antígona". A História das Utopias, escrita e editada em 1922 é uma obra singular, na qual Lewis Mumford faz a análise das utopias históricas, partindo da distinção entre utopias de escape e utopias de reconstrução, nestas incluindo a maioria das utopias literárias clássicas - de Platão a Edward Bellamy, passando por Thomas More, Bacon, Campanella e outros. Inspirado nos valores humanistas, Mumford adverte-nos das derivas autoritárias susceptíveis de desfigurarem na prática os ideais mais sublimes. No modo de vida utopiano, cada homem goza da possibilidade de ser um homem porque ninguém tem a possibilidade de ser um monstro. O principal objectivo do homem é crescer até atingir o limite da estatura da sua espécie.


Lewis Mumford é mundialmente conhecido como um dos maiores urbanistas do século XX, tendo sido membro dos principais institutos de arquitectura e de planificação urbana nos países de língua inglesa. Entre as suas obras mais importantes, destacam-se The Culture of Cities (1938), The Condition of Man (1944), Art and Technics (1952) e The City in History (1961). A História das Utopias (The Story of Utopias, 1922) foi um dos primeiros trabalhos de Mumford, e nele repassa o espírito de audácia juvenil com que foi escrito.


http://en.wikipedia.org/wiki/Lewis_Mumford

http://pt.wikipedia.org/wiki/Lewis_Mumford

http://library.monmouth.edu/spcol/mumford/mumford.html

http://www.albany.edu/mumford/

http://www.nd.edu/~ehalton/mumfordbio.html



FERVE promove esta semana uma oficina de Teatro do Oprimido


O FERVE - Fartos/as d'Estes Recibos Verdes promove, durante esta semana, uma oficina de Teatro do Oprimido à volta de histórias de precariedade e recibos verdes.


O Teatro do Oprimido (
http://www.theatreoftheoppressed.org/ ) é uma metodologia que usa a linguagem teatral para ensaiar a mudança social, permitindo-nos compreender melhor o mundo e as relações de opressão que nele existem.


A partir de situações concreta iremos fazer uma série de exercícios que nos permitirão partilhar estas situações e explorar os mecanismos que as perpetuam.

Durante as sessões, iremos trabalhar na construção de uma apresentação de teatro-fórum. Na sexta iremos para a rua apresentá-la e desafiar as pessoas a pronunciarem-se sobre o assunto.


No teatro-fórum, apresentamos ao público um problema para o qual não temos solução e pedimos que nos ajudem a encontrar as saídas possíveis. Mostrando – actuando – estratégias diferentes, os/as espectactores/as participam de forma directa na criação de um final ou de vários finais possíveis.

INFORMAÇÕES:

- Ensaios: 23 (2ª), 24 (3ª) e 25(4ª) de Julho, das 21h30 às - 24h00, no Espaço 555, situado na Rua do Almada, número 555, no Porto.


- Apresentação: 27 de Julho, Sábado, na Praça dos 'Leões', no Porto.


- A oficina, orientada por José Soeiro, é gratuita e aberta a todos/as, não sendo necessário que os/as participantes/as tenham qualquer preparação específica na área do teatro.


- Para participar, basta mandar um e-mail para grupoferve@gmail.com, para teatroforum.porto@gmail.com ou então, aparecer no 555, às 21h30.

A teoria de arte de Herbert Marcuse


Adorno parte do marxismo para teorizar sobre a arte, mas introduz não poucas contribuições que fazem da sua teoria sobre a arte uma nova perspectiva neste domínio. Para ele a arte moderna encontra-se numa situação «aporética», isto é, num beco sem saída. Na verdade, toda a obra de arte que procure inovar é revolucionária, mas justamente por isso é que a sociedade técnica – ou se se quiser, a sociedade de consumo – se empenha tanto em recuperá-la.


Marcuse encara, tal como fez Adorno, a questão da insuficiência da estética marxista, se bem que Marx e Engels, como todos sabem, nunca tiveram a intenção de construir uma teoria de arte. Isso não impede de Marcuse escrever: « O enunciado de Marx no fim da Introdução à Crítica da Economia Política não é convincente: não é possível explicar a atracão que ainda hoje exerce sobre nós a arte grega só pelo prazer de aí observarmos um quadro social da “infância da Humanidade”» (Marcuse, in «La dimension esthétique. Pour une critique de l’esthétique marxiste»)

Marcuse não dúvidas sobre este ponto: «inexoravelmente ligados, o castigo e a alegria, o desespero e a festa, Eros e tanathos não se dissolvem nos problemas da luta de classes» . Com a sua abordagem não pretende propor uma nova estética, mas tão-só questionar certas concepções erróneas, segundo ele, de um pretensa estética marxista. É que demasiados estudiosos marxistas da estética contentaram-se em interrogar os quadros ou os romances como se todos fossem documentos que exprimiam uma ideologia pela qual se reconhece uma visão do mundo. Foi o que fez Luckcs que ao ler Balzac, Zola ou Goethe procurava interrogar através das obras um universo ideológico, analisando a relação do escritor com a classe operária e ao capitalismo.

Ora segundo Marcuse a arte possui mais autonomia que as análises daquele tipo pressupõem. A arte não é uma superestrutura como as outras: ela possui uma autonomia em relação à sociedade, opondo-se a ela, ao mesmo tempo que transcende. Para ele a arte pode ser revolucionária não só pelo seu conteúdo ideológico revolucionário progressista, mas também pela sua própria forma, pela sua dimensão estética.

«O potencial político da arte reside na sua dimensão estética. A sua relação coma praxis é inevitavelmente uma relação indirecta, mediatizada e ilusória. Mais uma obra é imeditamente política mais ela perde o seu poder de descentramento e a radicalidade, a transcendência dos seus objectivos de mudança. Nesse sentido, pode acontecer que haja mais potencial subversivo na poesia de Baudelaire e de Rimbaud que nas peças didácticas de Brecht»

Marcuse quer reabilitar a subjectividade que não pode reduzir-se exclusivamente em termos de luta de classes, e critica no mesmo passo a estéril e redutora análise ideológica da estética. Escreve ele: «A função crítica da arte, a sua contribuição para a luta da libertação reside na forma estética. Uma obra de arte não é autêntica ou verdadeira nem devido ao seu conteúdo ( isto é, por ser uma representação «correcta» das condições sociais) nem por causa da sua «pura» forma, mas porque o conteúdo se tornou forma». Com isto o seu autor remete explicitamente para Nietzsche para quem «é-se artista sob condição de sentir isso como um conteúdo, como “a própria coisa”, aquilo que os não-artistas chamam a forma».

A arte é autónoma e se porventura se procurar abandonar essa autonomia para pretender ser, por exemplo, «a expressão da vida», acaba-se por abandonar com issso a forma estética pela qual se exprime a autonomia: sucumbe-se assim à realidade que se busca compreender e a denunciar. Com isto se critica a anti-arte. Se há diferença entre «arte» e «vida» ela não será abolida de modo algum pelo facto de se deixar as coisas, tais como são, chegar ao quadro ( pop arte, as propostas de Andy Warhol, etc) ou na sala de concertos ( ruídos, movimentos, conversas, etc). Expor uma lata de sopa em conserva, com faz Warhol, não é comunicar nada sobre a vida do trabalhador que a produziu, nem sobre o consumidor. Uma tal desublmação da arte acaba simplesmente por tornar supérfluo o artista, sem democratizar nem generalizar a criatividade.

Contra a anti-arte e ainda contra a estética marxista, que rejeita categoricamente a ideia do Belo ( este representaria um conceito-chave da estética burguesa), Marcuse não hesita em valorizar o Belo enquanto princípio do prazer, opondo-o ao princípio da realidade contemporânea, que é o da dominação.

Recorde-se que Marcuse retoma a distinção freudiana entre princípio da realidade e princípio do prazer, mas historicizando ambos os conceitos: o primeiro não é mais uma condição da civilização, mas antes um dado histórico destinado a ser ultrapassado, e o segundo vigorará numa futura sociedade, para a qual nos conduzirão as forças produtivas: « uma ordem não-repressiva é possível somente ao nível da maturidade máxima da civilização, quando todas as necessidades fundamentais estiverem satisfeitas com um gasto míimo de energia física e psíqquica…» ( in Eros e Civilização)

Nesta perspectiva a obra de arte desempenha um papel da maior importância: « A obra de arte realizada perpetua a recordação do momento da alegria. E a obra de arte é bela na medida em que opõe a sua própria ordem à da realidade – a sua ordem não-repressiva na qual a maldição fala em nome de Eros» ( in A dimensão estética)

«A substância sensual do Belo mantém-se através da sublimação estética.» O elogio da subjectividade, bem assim a afirmação da autonomia da arte, defendidos por Marcuse contrariam as posições marxistas ortodoxas para as quais as obras de arte mais não são que o reflexo dos condicionalismos económicos, políticos e sociais do seu autor ou da época em que forma produzidas.

http://www.marcuse.org/herbert/