13.3.11

Não há que pagar esta dívida! Pela criação de uma Comissão de auditoria da dívida portuguesa

Texto retirado de:


Não há que pagar esta dívida!
Pela criação de uma Comissão de auditoria da divida portuguesa
por Guilherme Alves Coelho [*]



Especialistas de vários países consideram que dívidas externas de Estados altamente devedores, originadas por empréstimos contraídos no âmbito de uma total desregulação dos mercados, podem ser investigadas e, se forem consideradas ilegítimas, ilegais ou odiosas, devem ser renegociadas ou mesmo anuladas. A divida externa portuguesa – uma das maiores da Europa [1] – resultante de empréstimos que nenhuns benefícios trouxeram ao povo, parece estar nessas condições. Será portanto legitimo indagar como, quando e para quê foram esses empréstimos concedidos e quem deles beneficiou e, se for caso disso, fazê-los pagar a dívida. Alguns países já seguiram este caminho com resultados positivos.


Após mais de três décadas de aplicação da política neoliberal em muitos países, os resultados não podiam ser piores para as suas populações: a destruição da produção nacional, o saqueio dos Estados, uma catastrófica redução dos direitos e níveis de vida dos cidadãos e um obsceno crescimento do número de multimilionários, provocando a maior desigualdade social de sempre. Como consequência, uma crise global sem precedentes parece ter-se instalado em definitivo.

Portugal não foi excepção. A imposição do colete-de-forças da UE e do Euro entregou definitivamente a soberania nacional nas mãos do capital especulativo financeiro estrangeiro e nacional. O país ficou assim privado dos possíveis mecanismos de equilíbrio financeiro.

Sem defesas e com a produção paralisada, Portugal tornou-se um dos mais endividados da zona euro, com o endividamento externo crescendo a níveis incomportáveis. A dívida externa é hoje o maior problema que o pais enfrenta [2] .

A solução para sair desta crise, imposta pelos que a provocaram, é apenas a continuação da ruinosa politica do neoliberalismo, fazendo pagar a dívida aqueles que já eram as suas principais vítimas: os trabalhadores e o povo em geral. Este caminho só pode conduzir ao desastre, ao retrocesso civilizacional e ao comprometimento das gerações futuras. O sacrifício dos portugueses ao longo de décadas foi inútil.

Um pouco por todo o mundo onde esta politica tem sido imposta, os trabalhadores começam a rebelar-se contra estes abusos. Os portugueses têm resistido maciçamente, através de manifestações de protesto, atingindo níveis de participação nunca antes alcançados. Mas, num quadro de legalidade cujas regras são ditadas pelo poder, os resultados estão ainda longe de fazer recuar a classe dominante, que prossegue a sua caminhada devastadora.

Perante um cenário como este, que pode ser irreversível, muitos crêem que não há mais lugar para contemporizações. Que é imperioso romper com as actuais politicas neoliberais e encontrar outros caminhos, que façam pagar a crise aos que com ela abusivamente lucraram.

O que fazer?

Embora o pensamento único tente fazer crer na inevitabilidade da solução neoliberal, segundo alguns autores outras soluções existem em relação aos pagamentos das dívidas externas. [3] Pelo menos três hipóteses alternativas se colocam:
- a primeira, a de austeridade para a maioria; esta hipótese favorece o capital financeiro e corresponde à continuação das medidas actuais.
- a segunda, a reforma da União Europeia, no sentido de a tornar favorável aos povos; obrigaria a uma autêntica revolução – coisa que está nos antípodas do pensamento e da acção dos actuais responsáveis políticos, e nem os trabalhadores estão em condições de encetar.
- a terceira alternativa, o deliberado incumprimento da dívida; permitiria reexaminar a legitimidade da dívida e, se necessário, não a pagar.

Só esta última solução poderia beneficiar a maioria trabalhadora.

Alegam aqueles especialistas que será perfeitamente legítimo não pagar aquilo que foi ilegal ou ilegitimamente emprestado, quer devido aos juros desproporcionados, quer pela inutilidade na aplicação dos empréstimos ou até pela sua apropriação fraudulenta. Neste caso será mesmo de imputar o pagamento das dívidas aos que deles beneficiaram.

Desde há vários anos que um movimento mundial, nomeadamente de países do chamado terceiro mundo – o CADTM (Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo) – vem defendendo o não pagamento aos países ricos e às instituições financeiras internacionais das respectivas dividas externas. Considera esse movimento que as riquezas nacionais têm sido saqueadas ao longo dos séculos pelos actuais credores. Assim, se alguém deve alguma coisa, são os países que enriqueceram à custa desse saqueio e não o contrário. Por isso contestam a legitimidade dos empréstimos dos seus países, alguns contraídos por ditadores afectos aos países credores, e exigem renegociar as suas imensas dívidas ou mesmo a sua anulação.

Esta ideia começa a ganhar força por todo o mundo. Casos como o da Rússia em 1998 e da Argentina em 2001-2005, mostram que "um incumprimento (não pagamento da dívida) pode ter resultados positivos, desde que seja rápido e conduzido com firmeza". [4]

O caso recente do Equador que acaba de ver a sua dívida renegociada para cerca de 30% do valor inicial, é o exemplo mais recente de sucesso. Uma comissão idónea demonstrou cabalmente que a maior parte da divida era ilegítima ou ilegal, ou mesmo odiosa porque contraída pela ditadura. Tal operação permitiu ao Estado recuperar financiamentos que de outro modo estariam perdidos e empregá-los no desenvolvimento do país.

Nos países periféricos da Europa, muito endividados, como Portugal, vítimas de ataques especulativos, começam a surgir propostas semelhantes. A Grécia é, neste momento, um dos mais avançados nesse processo. Deputados do Parlamento grego propuseram a criação de uma Comissão para investigar as condições dos empréstimos que provocaram a divida. [5] [6] Na Irlanda já se advoga abertamente a saída do Euro e o repúdio da própria dívida. [7] Na Islândia a situação é menos conhecida, mas dão-se passos seguros no mesmo sentido. Em referendo, 93% dos islandeses votaram contra o pagamento da dívida [8] .

Portugal está em condições semelhantes às deste grupo de países devedores ditos periféricos na zona euro. As soluções não poderão ser diferentes. Muitos dos empréstimos foram negociados em condições pouco claras, outros eram de duvidosa necessidade e ainda outros ainda terão sido aplicados em ruinosas operações. Longe de ajudarem o povo, os principais beneficiários deles foram os especuladores financeiros.

Parece pois legítimo, se não mesmo inevitável, que se actue para pôr cobro a esta situação que se agrava hora a hora e o momento de actuar é agora. Será desejável que se crie um movimento de opinião, o mais amplo possível, dentro e fora do Parlamento, que promova o equacionamento destas questões e avance com uma solução alternativa ao actual modelo.

Um grupo português de acompanhamento, com a assistência técnica do CADTM, poderia ser o embrião de uma Comissão de Auditoria da Dívida Externa Portuguesa, de preferência internacional e representativa das várias correntes económicas e com a participação dos trabalhadores. Esta Comissão, teria por objectivo promover uma investigação imparcial sobre a divida, nomeadamente sobre as condições dos empréstimos e o uso que deles foi feito. Esta investigação deveria criar a base jurídica para a renegociação da dívida e permitir imputar responsabilidades aos seus eventuais beneficiários. [9]

Um movimento global do conjunto dos povos destes países, centrado nesta questão concreta, seria ainda mais desejável e teria a vantagem de criar um objectivo ofensivo bastante visível de luta, sem abdicar das lutas de resistência diariamente prosseguidas.

Só assim os povos da Europa e os portugueses poderão retomar a sua economia em novos moldes, rompendo com a politica neoliberal que os levou ao desastre.

Notas e fontes

1. Dimensão da dívida
Dívida total (Pública e Privada) - Milhões € Dívida total (Pública e Privada) % Do PIB - Dívida
Privada / Dívida Pública - Dívida externa / Dívida Interna

Espanha- 5315 - 506% - 87% / 13% - 33 / 67
Portugal - 783 - 479% - 85% / 15% - 49 / 51
Grécia - 703 - 296% - 58% / 42% - 51 / 49

Esses défices são essencialmente imputáveis ao sector privado, uma vez que os três países têm cumprido com o PSC e os seus orçamentos fixavam excedentes (Espanha) ou défices moderados (Grécia e Portugal). Somente em 2008-2009, com o declínio nas receitas do Estado, devido à crise, os défices orçamentais se deterioraram. "A eurozona entre a austeridade e o incumprimento" , Stephanie Jacquemont (CADTM).

2. "A análise da situação da economia nacional revela que o problema fundamental e mais grave do País não é o Défice Orçamental como se pretende fazer crer. (...) É a incomportável Divida Externa que não pára de crescer, consequência de um elevado défice da Balança Corrente e que persiste em plena crise. "A Responsabilidade Social dos Economistas" , Eugénio Rosa.

3. "O espectro do incumprimento na Europa" , C. Lapavitsas, A. Kaltenbrunner, G. Lambrinidis, D. Lindo, J. Meadway, J.Michell, J.P. Painceira, E. Pires, J. Powell, A. Stenfors e N. Teles.

4. "A Eurozona entre a austeridade e o Incumprimento" . Stephanie Jacquemont , "The Eurozone between austerity and default".

5. "Comissão Internacional de Auditoria da dívida grega: um imperativo" , Lapavitsas Costas.

6. "Grécia: símbolo da dívida ilegítima" , Eric Toussaint.

7. "Repudiar a dívida já. Exijamos um referendo já." , Declaração do Partido Comunista da Irlanda, 03/Fevereiro/2011.

Quand l'Islande réinvente la démocratie , 16 décembre 2010, Jean Tosti

9. "A morte da Europa Social" . Michael Hudson e Jeffrey Sommers.

Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto irão participar no dia nacional de luta dos estudantes (24 de Março)

Comunicado da Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto


Tendo em conta que:

As afectações da nova Portaria n.º 92/2011 de 28 de Fevereiro que vem introduzir um novo modelo de Programa de Estágios Profissionais, que é prejudicial, sobretudo para os jovens graduados, como anteriormente elencado;

A postura dos órgãos executores que optaram por seguir um modelo de resposta à crise pela via não keynesiana e que, optaram por “cortes financeiros” em sectores-chave do Estado-Providência, em claro prejuízo dos cidadãos portugueses;

O clima nacional de descrença, fruto da não promoção da igualdade de oportunidades, à partida, e da meritocracia, na sua finalidade, verificando-se um clima de corrupção de determinadas estruturas da esfera do Estado;

A AEFCUP é uma associação estudantil com legitimidade de expressão política, por lei, pela via estatutária e da sua declaração de princípios;

A aprovação da proposta da Direcção da AEFCUP da Assembleia-Geral de 26 de Janeiro de 2011, que lhe conferia total poder decisório sobre iniciativas político-reivindicativas até ao findar do presente mandato.

Tomando em conta os pressupostos acima apresentados, a Direcção da AEFCUP – Associação de Estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto -, vem por este meio comunicar que estará na “linha da frente” numa acção de manifestação e de desagrado estudantil concertada com outras estruturas, no próximo dia 24 de Março (Dia do Estudante).

Reiteramos, ainda, que defenderemos que a manifestação deve ocorrer de forma responsável, ordeira, não instrumentalizada e mantendo a nossa postura até momento, que é pautada pela seriedade e apresentação de soluções para a resposta aos problemas sócio-económicos e do foro ético que afectam a sociedade portuguesa, em geral, e os estudantes, em particular.
Assim, apresentada esta deliberação, todos os estudantes da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto são convidados a participar na iniciativa e na continua busca por soluções, em nome de um Ensino Superior de qualidade, justo, democrático e solidário.


http://aefcup.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=438:comunicado-a-aefcup-avanca-para-manifestacao-dia-24-de-marco-dia-do-estudante&catid=70:presidencia&Itemid=93

Dia do estudante - 24 de Março - Dia Nacional de Luta


No passado dia 24 de Fevereiro, realizaram-se em mais de 60 escolas do país, várias acções de luta por:

melhores condições materiais e humanas,
mais funcionários e professores,
mais financiamento,
contra a privatização das escolas com a entrada da Empresa Parque Escolar,
pela real aplicação da educação sexual nas escolas,
contra o estatuto do aluno e a figura do director,
contra os exames e por uma avaliação continua justa
Contra o fim do desporto escolar
e por muitos outros motivos que sentimos no dia a dia nas escolas.

Deste dia 24 de Fevereiro, ficou uma certeza: de que estamos dispostos a continuar a lutar até os problemas que vivemos se resolvam através de abaixo-assinados, marcação de Reuniões Gerais de Alunos, pinturas de faixas, concentrações e apitões até serem ouvidas as suas exigências.
A DNAEESB, apela desde já a que todas as Associações de Estudantes e todos os estudantes continuem a luta nas escolas. O mês de Março é um mês de luta!

24 de Março, foi consagrado como Dia Nacional do Estudante antes do 25 de Abril de 1974 e desde as suas origens teve um importante significado na luta estudantil. Assim como os estudantes saíram à rua antes da Revolução de Abril, pela democratização do ensino e por melhores condições de estudo, a DNAEESB assinalará este dia como um dia nacional de luta dos estudantes do Ensino Básico e Secundário, em que faremos ouvir bem alto a voz de todos os estudantes por uma educação PUBLICA, GRATUITA, DE QUALIDADE, DEMOCRÁTICA PARA TODOS!


http://dnaeesb.blogspot.com/

Assembleia Popular na Praça da Batalha no próximo dia 19 de Março às 14h.

Cerca de 200 pessoas reuniram-se em Assembleia Popular na Praça D.João no dia 12, no seguimento da manifestação realizada nesse dia, para expôr livremente as suas experiências e apresentar as suas propostas.


Decidiu-se então continuar essa Assembleia no próximo dia 19 de Março ( Sábado) às 14 h. na Praça da Batalha, Porto, com os objectivos de criar ideias, soluções, respostas, esperança e reforçar a persistência das nossas palavras e do nosso protesto, unindo-nos livremente, sem nenhuma burocracia ou desigualdade de palavra que se interponha entre a nossa opinião e a sua exposição a todos e todas.

Manifestação de protesto Geração à Rasca no Porto (12 de Março 2011) com vídeos editados



Vídeos do Protesto Geração à Rasca de 12 de Março em Lisboa



Movimento 3Rs na Avenida da Liberdade a 12 de Março






Principio e fim da manifestação na Av. Liberdade






Anarquistas na manifestação "geração à rasca"



Homens da Luta com Fernando Tordo a cantar a Tourada



Homens da Luta, Fernando Tordo e Rui Veloso



Gerações à rasca ( texto do escritor Manuel Poppe)

Texto do escritor Manuel Poppe retirado do seu blogue:


O justo título dessa manifestação de ontem, foi a do “Jornal de Notícias”:

Gerações à Rasca

Havia a juventude e os outros.

Porque todos estamos à rasca.

Pertencemos a uma sociedade que não nos reconhece.

Ou nos vê de duas maneiras:

é desnecessária a nossa existência,

somos úteis enquanto escravos.

O governo vai apresentar novas medidas de austeridade.

Não terá informado o Presidente da República.

Institucionalmente, talvez tenha sido um erro

E digo “talvez” porque não sei.

Eticamente, fez bem.

Cavaco é um dos maiores responsáveis pelo desastre que vivemos e nem sequer é capaz de corrigir erros: é um medíocre mental.

À rasca estamos, de facto, nós todos.

E as novas medidas de austeridade não resolverão nada.

Empobrecem quem já é pobre.

O défice é do governo para com o cidadão.

Não é do país.

A dívida é o roubo da banca ao cidadão.

A culpa dos governos é governarem os interesses da banca.

Equilibrarão o défice... à custa do cidadão...

Daqui a um ano, em dívida, voltarão a pedir o osso ao frango.

O frango, que é o cidadão, ao qual já lhe comeram a pele, a carne

e lhe chupam os ossos, à procura do tutano.

É o sistema, o neo-capitalista sistema que tem de se repudiar: ou seja "pega lá dinheiro que já te peço o triplo".

Ou morremos todos de fome –e os vampiros connosco, secado o nosso sangue.

É a única saída.

E depende de ti, amigo.


Manuel Poppe
Para conhecer Manuel Poppe: AQUI

A missão da geração à rasca é empurrar para a rua um povo adormecido


É imprevisível o desfecho do movimento, que terá de lutar contra a apatia, dizem os especialistas em ciências sociais

(...)

A missão desta geração à rasca é de monta: contrariar a natureza de um povo que se desabituou de protestar, que "não muda de estilo de vida de um dia para o outro ou que pertence a uma geração que enquanto estiver apoiada pelos papás não sai de casa para gritar", defende Villaverde Cabral. A falta de autonomia pode até ser um motor desencadeador - diz o sociólogo do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa -, mas é "demasiado subjectivo" para se saber se terá força suficiente para os empurrar até à rua.


Protesto monstro Gritar na rua é um hábito que se tornou estranho para os portugueses: "Após a consolidação da democracia, o país conheceu a desmobilização cívica, eleitoral ou sindical e tem hoje uma taxa de conflitos sociais baixa em comparação, por exemplo, com França ou Inglaterra", explica António Costa Pinto. A apatia tem um preço alto, avisa D. Januário Torgal Ferreira: "Os portugueses caíram na descrença, não acreditam em ninguém ou sequer na mudança."


(...)

Resta saber se será suficiente e ver se chega para contaminar quem está afastado das redes sociais. "Este protesto não tem ligação aos que mais afectados foram por esta crise", defende Villaverde Cabral. Os que passaram a fasquia dos 45 anos, têm baixas qualificações, caíram no desemprego, dormem na periferia e "têm um intenso treino de apertar o cinto", diz o sociólogo.

Não é bem assim, avisa Paula Godinho, antropóloga da Universidade Nova de Lisboa e estudiosa dos movimentos sociais: "O protesto da geração à rasca ganhou força e está agora em todo o lado, seja nos monitores dos computadores, seja nos televisores ou nas páginas dos jornais." Bateu à porta dos universitários com medo do desemprego, entrou em casa dos pais que temem pelo futuro dos filhos e também dos pais que perderam o emprego: "Há também outras gerações que têm casa e contas para pagar. O trunfo desta manifestação é ter uma base multifacetada, que a transformou num protesto transgeracional."


Todas as dúvidas deixam esta tarde de fazer sentido quando as praças e as avenidas das oito cidades portuguesas estiverem às moscas ou então entregues às multidões. Mas é sobretudo ser uma contestação que escapou ao "controlo de todos" que faz com que a geração à rasca tenha "quase tudo" para se tornar num "marco histórico", defende André Pestana, professor contratado em Oeiras que optou por aderir à convocatória via Facebook, em vez de participar no plenário do Campo Pequeno: "Há muitos como eu que vão a esta manifestação precisamente por não ter essa carga pesada dos dirigentes sindicais ou partidários. Vou a uma demonstração de força e entusiasmo que não precisou de um aparelho nem terá discursos desgastados e bolorentos", remata o coordenador do movimento dos professores 3R - Renovar, Refundar e Rejuvenescer


Excertos de um artigo publicado no jornal i -
AQUI

Ideias e propostas para uma nova sociedade, sem capitalistas e outros gatunos

Para um programa de medidas favoráveis aos trabalhadores





Fonte: AQUI

O país saiu à rua: com a precariedade não há liberdade (texto dos Precários Inflexíveis)



O país saiu à rua:“Já chega!”.
O país saiu à rua:“Com a precariedade não há liberdade”

Mais de 400.000 pessoas em várias cidades do país afirmaram que não aceitam a proposta que as remete para a precariedade, para a pobreza, para a dificuldade, para a dependência da família, dos amigos… pior, dependência da boa vontade do patrão. Hoje o país mudou, porque não voltaremos para trás. Temos mais força para reconquistar os nossos direitos.

A falta de direitos no trabalho é a falta de direitos na vida. Por isso, mais de 300.000 pessoas em Lisboa, mais de 80.000 pessoas no Porto, muitos outros milhares espalhados pelo país inteiro afirmaram “Já chega”. Não aceitamos mais exploração e precariedade.

A seguir ao dia de hoje não faltarão responsáveis políticos, comentadores e dirigentes a pregarem nas suas homilias nos media sobre as dificuldades em que nos encontramos, sobre a necessidade de visão realista que hoje é necessária e sobre a responsabilidade externa do que nos acontece por cá.

Mas da realidade sabemos nós, precários, desempregados, mal-empregados, estagiários, explorados… Sabemos que os problemas do trabalho e da vida não são nenhuma novidade, resultaram de vários anos de opções que fragilizaram o trabalho e os direitos para que alguns acumulassem privilégios. Sabemos que temos direito ao salário, à dignidade. Sabemos também que é o poder económico que nos tenta impor, pelas mãos do Governo e do seu parceiro, principal partido da oposição, a precariedade e a exploração como forma de ganhar mais quota, mais dividendos, mais poder.

Não aceitamos, não aceitaremos que nos roubem mais a vida. Exigimos todos os direitos a que temos direito apontando como solução a riqueza acumulada por poucos, resultado do nosso trabalho. Queremos essa riqueza de volta: nos serviços públicos, nos salários, nos direitos.

Onde existirem soluções imediatas, que se apliquem já. Quando não existirem opções imediatas, que se criem, que se inventem, porque é para isso que servem as democracias, as ideias, as propostas, as pessoas.

Hoje, o país mudou. Não voltaremos para trás.
A rua é nossa.


www.precariosinflexiveis.org/2011/03/o-pais-saiu-ruaja-chega-o-pais-saiu.html#more

Texto do colectivo anarquista Hipátia distribuído na manifestação de 12 de Março

Texto do Colectivo anarquista Hipátia distribuído na manifestação de 12 de Março
Falsamente sofisticada e moderna, a sociedade dos poderosos, abusiva e egoísta, empurra cada vez mais a sociedade civil para longe dos centros de decisão, porque estes são exclusivos de banqueiros, grandes empresários e políticos, e das suas clientelas.

Eles montaram o sistema, criaram a crise, e é sempre à nossa custa que a querem resolver!

Como tudo aquilo em que tocam existe apenas para realçar o seu poder e lhes permitir mais lucros, sempre à nossa custa, eles transformaram tudo em mercadoria, com um preço que escapa à precaridade das nossas vidas.

Da nossa parte não podemos esperar nada dessa máquina de governar que não tem senão como objectivo acabar com a generosidade da vida. Não podemos permitir que se agravem cada vez mais as nossas condições gerais de existência, no interesse de alguns.

Auto-organizada e solidária, a sociedade pode exigir tudo: o direito pleno de uso e acesso aos transportes, à alimentação, à educação, à saúde, à habitação, à alegria de viver…

Que cada pessoa escolha os meios de usufruir a vida, agora confiscada pela finança e o poder. Seja qual for o modelo a seguir, será sempre necessário forçar o poder, através da auto-organização popular e libertária, a abrir a mão de ferro que guarda os privilégios, essa é a premissa-base da luta nos dias de hoje, sem a necessidade e preocupação de propor um modelo já construído de antemão.

Que se multipliquem as lutas nas empresas, que se espalhem as experiências de economia solidária, que se recuse o consumo alienado que nos querem impor, que se reconquiste o espaço público que nos confiscaram na tentativa de nos impor um modo de vida telecomandado e de anular a nossa aspiração de cooperação livre e de identidade societária, afogada em futebóis e pátrias e outras amarras sempre ao serviço dos mesmos.

A máquina neo-liberal mostra cada vez mais a sua face desumana. Os profissionais da economia fazem contas, os políticos disfarçam, mentem, e aplicam reformas duplamente miseráveis para manter de pé o seu modelo perverso. Os próximos tempos são de incerteza, e aqui surgem possibilidades, o desconhecido, o que ainda não foi escrito. O tempo também foi globalizado, o que se passa aqui neste pequeno país vai acontecendo um pouco por todo o globo. E a necessidade de revolta também. Que a comunidade se reconstrua e se congregue em ataque ao poder, em experiências solidárias de cooperação e apoio mútuo!

Que cada pessoa faça a sua escolha!


http://hipatia.pegada.net
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Movimento 12 de Março


Movimento 12 de Março

Dia 12 de Março ficará como a primeira pedra que lançámos para a construção do edifício-futuro. Pedra preciosa e simbólica. Na qual se suportarão os alicerces de algo maior.

Algo de novo, que una e não divida algo que nos coloque a nós, Portugueses, seres humanos, na rota de uma existência mais justa, solidária e feliz.

A pureza do que aqui temos não se pode perder, a força da vaga não pode esmorecer no areal, há que entrar terra adentro. E levar estas ideias através da distância.
Nós tudo podemos. Disse. Agora mais do que nunca Sei.

Dia 12 de Março mostrou-nos a capacidade de mobilização de um povo, o desejo inquestionável de trabalhar para o bem comum. Fomos, na rua, cúmplices sem temores de apresentarmos as nossas ideias, de as gritarmos a pleno coração no perfeito espaço incompleto da rua. Debatemos, discutimos e levantámos o punho em afirmação de um povo capaz.

Agora urge continuar.

Diversas vontades nos animam, diversas rumos intuimos. Urge não desmobilizar mas urge também não represar o pensamento e a acção que da rua irromperam.
Urge não restringir. Urge criar condições para que todos os afluentes daqui resultantes fluam livremente para o mar.

E é esse mar que vejo, agora, como o objectivo a alcançar. Até lá chegarmos há muito leito a percorrer, até lá chegarmos moldaremos a paisagem, mas será ali, nesse mar que desembocaremos todos.

Trata-se aqui de cartografarmos de novo um país, fisica e humanemente.
Trata-se aqui de convergência mas não homogeneização. Das nossas diferentes perspectivas, dos nossos diversos campos de intervenção, tijolo a tijolo construirmos um edifício sólido onde todos temos lugar, de que todos cuidaremos. A casa de um povo consciente de que é capaz de ser aquilo que quer e merece: Livre.

Assim sendo, após alguma reflexão, apresento um rascunho de futuros passos a dar, os quais deixo à consideração de todos aqueles que partilhem do espírito de aventura que anima todo e qualquer viajante. Porque é disso que aqui se trata, uma viagem rumo a um novo território, o do Bem.

Ponto #1 – recuperar o espírito da ágora, organização de tertúlias, encontros, debates, acções, nas, nossas vilas e cidades, criando condições para que organizações, associações e o cidadão comum partilhem experiências, ideias e soluções. Todas estas intervenções, associações e grupos resultantes encontrariam casa num movimento comum a todos, num movimento, sem líderes, que seria, fundamentalmente, um agregador de vontades e reivindicações.
Para este convergir sugiro que adoptemos o nome de Movimento 12 de Março.

Ponto #2 – Que destes encontros regionais se começasse a desenhar um manifestação das diversas correntes de pensamento, dos diferentes campos de intervenção, da economia à educação, da saúde à agricultura, da cultura à solidariedade. Uma manifestação para o próximo dia 25 de Abril, que se desejaria o mais representativa possível das diferenças que nos unem. Uma manifestação, um movimento, que transportasse em si um manual de propostas e reivindicações a apresentar à sociedade e instituições para que por estas seja discutido e encontre uma resposta concreta no prazo de uma semana até à celebração do feriado de 1 de Maio, onde seríamos novamente a rua, uma rua à escuta do retorno das nossas propostas.

Ponto #3 – Em paralelo dei já início à organização da iniciativa Caminhar Portugal, acerca da qual podem saber mais pormenores aqui:
http://www.facebook.com/notes/artigo-21º/33-dias/168600879855470

Ponto #4 – Sugiro uma reunião geral, um grande fórum do Movimento 12 de Março, onde as portas se abrem a todos, onde todas as organizações e cidadãos interessados poderão contribuir para avaliarmos do percurso efectuado até lá e traçarmos um novo mapa para a mudança.

Sugiro que este fórum ocorra num espaço de tempo que permita que as acções anteriores possam dar fruto. Deixo uma data para o mesmo: o fim de semana de 10, 11 e 12 de Junho.

Caminhemos. Juntos.

Rui Borges
Artigo 21.º

http://www.facebook.com/#!/notes/artigo-21º/passo-ii-movimento-12-de-março/168676813181210