28.1.07

Premiado o matemático que provou que o «caos é a regra»

A ideia de que o bater de asas de uma borboleta pode provocar uma tempestade no outro lado do mundo é talvez a metáfora que melhor explica o campo de estudos em que se destacou Marcelo Viana, o matemático luso-brasileiro de 44 anos que acabou de receber o Prémio Universidade de Coimbra 2007.

Os sistemas dinâmicos, uma das áreas mais importantes da matemática pura e aplicada, são os modelos matemáticos decritivos da evolução da realidade ao longo do tempo. No fundo, estudam as minúsculas alterações nas variáveis de um sistema – hoje conhecidas como comportamentos caóticos – que podem provocar mudanças dramáticas no comportamento de todo esse sistema. Como explicou João Filipe Queiró, matemático e membro do júri do Prémio Universidade de Coimbra, «pequenas causas podem provocar perturbações enormes nas consequências».

A par da medicina, da biologia ou da economia, a meteorologia é uma área que beneficia do estudo dos sistemas dinâmicos. Estes ajudam a calcular o impacto que pequenas oscilações nas variáveis em causa vão ter sobre o estado do tempo no futuro. Apesar de tudo, actualmente, ainda é muito difícil fazer previsões meteorológicas rigorosas para mais de três dias.

O prestígio adquirido pelo premiado advêm dos trabalhos por ele desenvolvidos ainda na década de 1980 sobre a dimensão e o significado dos tais comportamentos caóticos.

Marcelo Viana veio provar, nomeadamente, que, «para uma grande classe dos sistemas dinâmicos, o caos não é a excepção, mas a regra».

Licenciado em Matemática em 1985 pela Universidade do Porto, Marcelo Viana segue para o Brasil onde vai passar a residir e faz o doutoramento no Instituto de Matemática Pura Aplicada (IMPA), o instituto de matemática mais importante da América Latina, e de que se torna director adjunto.

Fonte: Jornal de Notícias (26 de Janeiro de 2006)

O tráfego automóvel reduz o desenvolvimento pulmonar


As crianças que vivam nas proximidades de uma estrada com uma forte intensidade de tráfego têm um desenvolvimento pulmonar reduzido e é maior o risco para a sua saúde quando atingirem a idade adulta, segundo as conclusões de um estudo publicado na revista britânica de medicina The Lancet.

Mais de 3.600 crianças e adolescentes residentes no sul da Califórnia foram acompanhados durante 8 anos, entre os 10 e os 18 anos. As suas funções pulmonares foram medidas em cada ano. Os resultados são conclusivos: aqueles jovens que viveram a menos de 500 metros de uma estrada com forte intensidade de trânsito automóvel revelaram «défices substanciais» no desenvolvimento das suas funções respiratórias em comparação com aqueles outros que residissem a uma distância maior de 1,5 Km de uma via de trânsito intenso.
Esse défice mentem-se ao longo de toda a vida. »Quem sofra na infância de um défice nas funções pulmonares terá provavelmente pulmões menos saudável durante o resto da sua vida», afirma James Gaudeman. (University of Southern California, Los Angeles).
Ora sabe-se que uma reduzida função pulmonar na idade adulta é um factor de risco importante para as doenças respiratórias e cardiovasculares.

Crianças não-asmáticas e os não-fumadores sofreram défices significativos das suas funções respiratórias o que parece sugerir que todas as crianças que gozem de boa saúde são potencialmente afectadas pelo facto de estarem expostas ao tráfego automóvel. Tendo em conta estes resultados a conclusão é óbvia: uma redução à exposição da poluição automóvel levaria a significativas melhorias para a saúde pública. Algo que os legisladores deverão pois ter em conta quando aprovarem a regulamentação para a construção das vias e das casas.

«Estes resultados colocam importantes questões às sociedades sobre a estrutura do nosso sistema de transportes, sobre os motores, os carburantes, a combustão e a poeira das estradas dentro das áreas urbanas», declarou Thomas Sandstrom (University Hospital, Umea, Suède) no comentário acerca deste estudo e que o acompanha na última edição da The Lancet.