9.4.09

Lembrando Adriano: hoje, dia 9 de Abril, há concerto em Vila Nova de Gaia de homenagem a Adriano Correia de Oliveira


Nasceu há 67 anos e deixou-nos há 27 anos.

Mas a sua voz atravessa os caminhos da nossa memória invadindo-a de um timbre inconfundível que nos transporta aos tempos da TROVA DO VENTO QUE PASSA cantadas pelas sucessivas gerações e que constituiu momentos históricos das lutas que conduziram ao 25 de Abril de 1974.


A sua mensagem alicerçou a construção da Liberdade e da Democracia transpondo fronteiras e amarras. A sua vida e obra são exemplos de cidadania que só um homem bom e autêntico como Adriano nos poderia legar.


Este trovador que fez a simbiose entre a força das palavras e a linguagem cromática dos sons, qual rouxinol que anunciou a Primavera da Liberdade e nos deixou o triste Outono da memória.


Lembrando Adriano 2009

Programa

Exposição Evocativa
No período de 3 a 25 Abril “Exposição Evocativa” no Auditório Municipal de V. N. de Gaia, a inauguração será no dia 3 de Abril pelas 21h30 e decorrerá diariamente entre as 15 e as 23 horas.

Concerto de Homenagem
Concerto de Homenagem a Adriano no dia 9 de Abril, data do seu nascimento, com a presença do Grupo de Fados do ISEP, Grupo Pé na Terra, Paulo de Carvalho, Canto Nono e José Mário Branco, a partir das 21h30.
Local: Auditório Municipal de Gaia ( px. Metro João de Deus ), no centro de Vila Nova de Gaia.


Tertúlia/Exposição
Tertúlia/Exposição na sede dos Plebeus Avintenses no dia 27 de Abril a partir das 21h30.

Actividades Desportivas
Actividades desportivas com jovens do Agrupamento de Escolas Adriano Correia de Oliveira em Avintes nos dias 28 de Abril e 5 e 6 de Maio a partir das 17 horas.

Café Concerto - Encerramento
Café/ Concerto de encerramento das actividades com fados e poesia na sede do Agrupamento de Escolas Adriano Correia de Oliveira em Avintes pelas 21h30.



http://www.adrianocorreiadeoliveira.com/adriano/inicio.html

Tribunais políticos durante a ditadura e o Estado Novo (excelente obra de pesquisa coordenada por Fernando Rosas sobre «a ignomínia vestida de toga»)


Entre 1926 e 1974, existiram e funcionaram ininterruptamente tribunais criados para julgar o que a Ditadura Militar e o Estado Novo consideraram «crimes políticos e sociais» ou «crimes contra a segurança do Estado». Esta obra explica-nos a acção destes tribunais que puniam as actividades políticas, sindicais, militares, culturais, associativas, reivindicativas, de opinião ou outras que as autoridades em geral e a polícia política em especial consideravam atentatórias da ordem estabelecida.

Inclui anexos com as listas de réus políticos, juízes, advogados, presos políticos processados pelo Tribunal Militar Especial e presos julgados nos tribunais plenários.


«Tribunais Políticos - Tribunais Militares Especiais e Tribunais Plenários durante a Ditadura e o Estado Novo» é uma obra que resulta de um trabalho de investigação de Irene Flunser Pimentel, João Madeira, Luís Farinha e Maria Inácia Rezola, com coordenação de Fernando Rosas. Edição Temas e Debates/Círculo de Leitores.


Já alguém
aqui escreveu a propósito deste livro:
«(...) obra de académicos que documentam até à exaustão e à perplexidade a ignomínia vestida de toga que perseguia e punia a diferença, desde a grossa à comezinha»

Visita guiada por ex-presos políticos ao edifício da ex-Pide/DGS no Porto (dia 18 de Abril às 15h30)

Organização do núcleo do Norte da associação «Não Apaguem a Memória»

Hoje há cinema comunitário na Casa-Viva com o filme Cinco Dias, Cinco Noites ( às 22h)


Cinco dias, cinco noites, de José Fonseca e Costa
na Casa Viva, 5ª feira às 22h.
Entrada livre


Cinco Dias, Cinco Noites (87') é uma adaptação ao cinema do romance homónimo de Manuel Tiago sobre a odisseia de um jovem em fuga de Portugal, que nos finais dos anos 40 se vê obrigado a passar a fronteira a "monte" na companhia de um contrabandista. Um filme que é acima de tudo uma subtil evocação de um país dominado por um regime que obrigou muitos à fuga e ao exílio e que conta uma história de amizade entre dois homens oriundos de universos distintos e que, no meio da adversidade, acabam por descobrir uma mútua admiração.


Excepcionalmente, a 2ª sessão deste mês será realizada numa 6ª feira, 24 de abril, véspera do 35º aniversário da revolução, com o filme documentário Torre Bela, de Thomas Harlan.

Sócrates mostra-se solidário com Cicciolina

Numa das crónicas que costuma assinar no jornal Diário de Notícias João Miguel Tavares escreveu o seguinte: «Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina».

Em sequência disso, o primeiro-ministro português, José Sócrates, decidiu processar judicialmente João Miguel Tavares, o que só podemos interpretar como um louvável acto de solidariedade para com aquela conhecida actriz italiana por parte do político profissional e competentíssimo como é o secretário-geral do Partido Socialista. Bem-haja, pois.

E toda a nossa solidariedade para com Cicciolina, que levou aos píncaros a arte de mirar dos papalvos de todo o mundo e que devia merecer mais respeito por parte de João Miguel Tavares.

A reunião de cúpula do G20 e as grandes ilusões (texto de Boaventura Sousa Santos)

A reunião do G20 em Londres durou apenas um dia. O que se decidiu em Londres foi garantir ao capital financeiro continuar a agir como tem agido nos últimos trinta anos. Ou seja, acumular lucros fabulosos nas épocas de prosperidade e contar, nas épocas de crise, com a “generosidade” dos contribuintes, desempregados, pensionistas roubados, famílias sem casa, garantida pelo Estado do Seu Bem Estar.


A reunião de cúpula do G20 e as grandes ilusões
Boaventura de Sousa Santos

Tudo foi feito para que os cidadãos do mundo se sentissem aliviados e confortados com os resultados da Cúpula do G20 que acaba de se realizar em Londres. Os sorrisos e os abraços encheram os noticiários, o dinheiro jorrou para além do que estava previsto, não houve conflitos – do tipo dos que houve na Conferência de Londres de 1933, em igual tempo de crise, quando Roosevelt abandonou a reunião em protesto contra os banqueiros – e, como se não houvesse melhor indicador de êxito, os índices das bolsas de valores, a começar por Wall Street, dispararam em estado de euforia. Além de tudo, foi muito eficaz. Enquanto uma reunião anterior, com objetivos algo similares, durou mais de 20 dias – Bretton Woods, 1944, de onde saiu a arquitetura financeira dos últimos cinquenta anos – a reunião de Londres durou um dia.

Podemos confiar no que lemos, vemos e ouvimos? Não. Por várias razões. Qualquer cidadão com as simples luzes da vida e da experiência sabe que, com exceção das vacinas, nenhuma substância perigosa pode curar os males que causa. Ora, por sob a retórica, o que se decidiu em Londres foi garantir ao capital financeiro continuar a agir como tem agido nos últimos trinta anos, depois de se ter libertado dos contrelos estritos a que antes estava sujeito. Ou seja, acumular lucros fabulosos nas épocas de prosperidade e contar, nas épocas de crise, com a “generosidade” dos contribuintes, desempregados, pensionistas roubados, famílias sem casa, garantida pelo Estado do Seu Bem Estar. Aqui reside a euforia de Wall Street. Nada disto é surpreendente se tivermos em mente que os verdadeiros artífices das soluções – os dois principais conselheiros econômicos de Obama, Timothy Geithner e Larry Summers – são homens de Wall Street e que esta, ao longo das últimas décadas, financiou a classe política norte-americana em troca da substituição da regulamentação estatal por auto-regulação. Há mesmo quem fale de um golpe de Estado de Wall Street sobre Washington, cuja verdadeira dimensão e estrago se revela agora.

O contraste entre os objetivos da reunião de Bretton Woods, onde participaram não 20, mas 44 países, e a de Londres explica a vertiginosa rapidez desta última. Na primeira, o objetivo foi resolver as crises econômicas que se arrastavam desde 1929 e criar uma arquitetura financeira robusta, com sistemas de segurança e de alerta, que permitissem ao capitalismo prosperar no meio de forte contestação social, a maior parte dela de orientação socialista. Ao contrário, em Londres, assistimos a pura cosmética, reciclagem institucional, sem outro objectivo que não o de manter o actual modelo de concentração de riqueza, sem qualquer temor do protesto social – por se assumir que os cidadãos estão resignados perante a suposta falta de alternativa – e mesmo recuando em relação às preocupações ambientais, as quais voltaram ao seu estatuto de luxo para usar em melhores tempos.

As instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial, em especial) há muito que vinham a ser desvirtuadas. As suas responsabilidades nas crises financeiras dos últimos 20 anos (México, Ásia, Rússia, Brasil) e no sofrimento humano causado a vastas populações por meio de medidas depois reconhecidas como tendo sido erradas – por exemplo, a destruição, de um dia para o outro, da indústria do caju de Moçambique, deixando milhares de famílias sem subsistência – levaram a pensar que poderíamos estar num novo começo, com novas instituições ou profundas reformas das existentes. Nada disso ocorreu. O FMI viu-se reforçado nos seus meios, continuando a Europa a deter 32% dos votos e os EUA 16,8%. Como é possível imaginar que os erros não vão repetir-se?

A reunião do G20 vai, pois, ser conhecida pelo que não quis ver ou enfrentar: a crescente pressão para que a moeda internacional de reserva deixe de ser o dólar; o crescente protecionismo como prova de que nem os países que participaram nela confiam no que foi decidido (o Banco Mundial identificou 73 medidas de protecionismo tomadas recentemente por 17 dos 20 países participantes); o fortalecimento de integrações regionais Sul-Sul, na América Latina, na África, na Ásia, e entre a América Latina e o Mundo Árabe; a reposição da proteção social – os direitos sociais e econômicos dos trabalhadores – como fator insubstituível de coesão social; a aspiração de milhões para que as questões ambientais sejam finalmente postas no centro do modelo de desenvolvimento; a ocasião perdida para terminar com o segredo bancário e os paraísos fiscais – como medidas para transformar a banca num serviço público ao dispor de empresários produtivos e de consumidores conscientes.

Boaventura de Sousa Santos

Fonte: daqui

Vídeos de conferências com Christian Vélot, especialista em genética molecular, que esteve em Lisboa para falar dos riscos dos transgénicos

A realidade dos OGMs (LA RÉALITÉ DES OGM)
Gravado em 6 Fevereiro 2009, em Dijon, França
A conferência de Christian Velot sobre os OGM.





Na passada semana, Christian Vélot, especialista en genética molecular, esteve em Lisboa onde participou na Conferência Internacional "The media & the environment: between complexity and urgency" realizada na Gukbenkian , tendo ainda proferido uma conferência sobre «Transgénicos: entre a liberdade científica e as opções de consumo» promovido pelo Socius, Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações, do Instituto das Ciências Sociais, sedeado no Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de lisboa, e dentro do ciclo de conferências acerca das Tecnociências, risco e responsabilidade.

Christian Vélot é Doutorado em Biologia, "Maître de Conférences" em genética molecular na Universidade de Paris-Sul e dirige uma equipa de investigação no Instituto de Genética e Microbiologia do Centro Científico de Orsay. Paralelamente mantém uma intensa actividade cívica na área da biossegurança, o que conduziu a sucessivos embates com a sua hierarquia profissional ao ponto de ser convidado a abandonar o emprego. Enquanto "whistleblower" (lançador de alerta) Christian Vélot tem denunciado os riscos associados à engenharia genética alimentar, nomeadamente em termos da incerteza associada, falta de investigação credível e deficiente acesso do público. É autor do livro "OGM: Tout s'explique."

Nessa conferência foi possível questões e interagir com o orador. Temas tratados foram, por exemplo, a falta de liberdade para investigar os riscos dos alimentos transgénicos, a incapacidade intrínseca do sistema europeu de aprovações, a toxicidade já demonstrada, e ainda também as razões pelas quais a fome no mundo vai aumentar - e não diminuir - com as culturas transgénicas. (questão interessate é a de saber como os Estados Unidos, sendo o país que cultiva mais de metade dos transgénicos produzidos no mundo, não devia já ter melhorado a sorte dos 30 milhões de americanos que passam fome diariamente?).

LES OGM - CHRISTIAN VÉLOT PART 1