24.5.08

«Educação: economia solidária e ética planetária» vai ser o tema do próximo Fórum Mundial da Educação

Vai decorrer na cidade de Santa Maria , no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, o próximo Fórum Mundial de Educação. Subordinado ao tema de «Educação: Economia Solidária e Ética Planetária», esta edição do FME pretende relacionar o papel da Educação nas acções de transformação social com a participação activa dos cidadãos em prol da justiça e da paz.

Consultar:
www.forummundialeducacao.org/rubrique54.html



O Fórum Mundial de Educação (FME) surgiu em 2001, em Porto Alegre, RS, como um dos movimentos do Fórum Social Mundial, devido a necessidade de se dialogar sobre educação. Caracteriza-se como um espaço estruturado horizontalmente, permitindo o encontro, o diálogo, autonomamente organizado. O FME tem como objetivo elaborar um conjunto de directrizes que possam fazer parte de reflexões no mundo inteiro, buscando acordar políticas, planos, programas e projectos educacionais, em todos os níveis de ensino, que assumam a perspectiva de afirmar a educação enquanto uma política pública, portanto dever do estado e ao acesso de todos os povos.

A edição de 2008 do Fórum Mundial da Educação vai desenrolar-se segundo 3 eixos:


Eixo I - Educação e Economia Solidária

A economia solidária é uma forma alternativa e diferenciada de produção e consumo de bens e serviços, tendo como base a valorização do trabalho humano, na perspectiva de emancipação e rompimento de relações económicas e sociais estabelecidas.

É marcada pela autogestão, cooperação, solidariedade, sustentabilidade económica e ambiental, promovendo benefícios directos para os trabalhadores e qualidade de vida para as comunidades.

O desafio é ultrapassar os limites de iniciativas locais para uma economia possível, necessária e solidária, com vistas à inclusão e à emancipação de todos.

A educação tem sido apontada como agente capaz de apontar soluções para os problemas que compõem a complexa situação social da actualidade. Como construir novos rumos solidários e colaborativos, apontando possibilidades concretas de reconstrução social? Quais as tácticas e as estratégias para sustentar propostas de produção colectiva, comercialização directa, justa distribuição do rendimento, solidariedade, agroecologia, agricultura familiar, valorizando o ser humano e o trabalho?

Quais as ações a serem adoptadas pela educação no necessário processo de transformação social, com sujeitos contextualizados, conscientes de sua cidadania?

Onde está o “educador profeta”, de Paulo Freire, “o ser radical, histórico, molhado de seu tempo”, conectado ao ambiente e às diferentes forças da comunidade?

II - Educação, Inclusão e Cultura Emancipatória

A educação inclusiva supõe a convivência multicultural de todos os sujeitos que vivenciam o processo educativo e que entendem a acção política de transformação social. Tal transformação enfrenta desafios impostos por fragmentações sociais, políticas, económicas, educacionais, entre muitas outras.

A questão da inclusão, da colaboração e cooperação, focando o resgate de aspectos multiculturais da população contrapõe-se a todo tipo de classificação.

Torna-se necessário um projecto político pedagógico que priorize a democratização do acesso a todos e defenda a sua permanência no processo educacional de qualidade, gerador de oportunidades.

Como garantir o compromisso coletivo aos princípios da sustentabilidade, da participação integradora, da equdade social e cultural, do desenvolvimento económico e de uma verdadeira perspectiva de futuro?
Como promover a dignidade do sujeito e tornar possível a oportunidade de relacionar-se com o seu próximo, respeitando a natureza, comprometendo-se com a história e com a sua transcendência? Como superar os desafios para que a educação inclusiva se torne emancipatória?

Eixo III - Educação e Ética Planetária

A Educação é um campo de práticas e reflexões que, inevitavelmente, transborda os limites da escolarização em sentido estrito. Abarca processos formativos diversos, onde podem ser incluídas acções inovadoras com vista à qualificação profissional, ao desenvolvimento comunitário, à formação política e a um sem número de questões culturais, pautadas em outros espaços que não o escolar.

Neste contexto, ela deverá estar voltada à pluralidade e à diversidade, servindo de instrumento de conscientização e de mobilização contra as práticas excludentes.

A ética planetária necessita de educadores que considerem os educandos como potenciais produtores de conhecimento, e, portanto, autores de si e da sociedade onde se inserem. São mediadores entre a realidade e o ser que se educa.

Esta mudança radical evidencia a desconstrução de verdades naturalizadas, orientando-se por uma ética baseada na defesa da vida e das relações solidárias e pacíficas entre os seres humanos e o ecossistema global, constituindo-se como comunidade educativa.

A educação torna-se: promotora de ações sociais transformadoras; formadora de sujeitos críticos, imersos em uma sociedade inter e transdisciplinar, múltipla e personalizada; e, construtora da liberdade.

Sob a óptica da ética planetária, o homem torna-se aquilo que ele se faz a si, como transcendência da natureza, em contínuo processo de actualização histórico-cultural.
A globalização busca universais éticos, respeitando particularidades culturais, reconfigurando as individualidades ao reconhecer as semelhanças nas diferenças, ao estar presente na própria textura do quotidiano, pela redefinição das noções espaço-temporais.

Cabe à Educação fazer a conexão e a sedimentação da ética planetária, como espaço privilegiado, onde enfatiza particularidades culturais do contexto local, inserindo-as no global, permitindo a construção da universalidade. Esta tem como principal característica a capacidade de envolvimento de questões comuns para diferentes comunidades, o respeito à diversidade e ao ambiente e, em especial, aos processos inclusivos.

Portanto, a Ética Planetária caracteriza-se como a Ética do Conhecimento, fundamentada na justiça social, sendo transcultural, transracial e supra-económica.

Os educadores estarão conscientes da sua postura nesta importante migração paradigmática?

Solidariedade com o povo palestiniano (sessão do Movimento pelos direitos do povo palestino e pela paz no Médio Oriente no dia 26 de Maio, às 21h.)


Na próxima segunda feira, dia 26 de Maio, no Teatro Cinearte, em Santos, a partir das 21 horas, realiza-se uma sessão pública que assinala os 60 anos da Nabka - o nome que os árabes dão à primeira grande expulsão de palestinianos das suas casas e terras em 1948.

Participam:
- José Saramago (Prémio Nobel da Literatura);
- Randa Nabulsi (delegada-geral da Palestina em Portugal);
- Mohammad Barakeh (deputado ao Parlamento de Israel),
- Bruno Dias (deputado ao Parlamento de Portugal);
- Miguel Portas (eurodeputado);
- Alan Stoleroff (investigador e professor universitário).
- Isabel Allegro Magalhães
- Mário Ruivo

Leitura de poemas palestinos por Maria do Céu Guerras e João D' Ávila.


Teatro Cinearte/A Barraca - Lg. de Santos, 2, em Lisboa

Praxistas são condenados por crime de coacção e ofensas corporais no tribunal de Santarém e os códigos da praxe são considerados inconstitucionais


Terminou o julgamento que pôs em causa as práticas de praxes académicas decorridas na Escola Superior Agrária de Santarém – em Outubro de 2002, quando a Ana Santos foi obrigada a ter o seu corpo coberto com excrementos de animais – com a condenação dos sete arguidos.

Seis arguidos, acusados do crime de ofensa à integridade física qualificada, e o sétimo, do crime de coacção, foram condenados a pagar multas entre os 640€ e os 1600€.

Este foi um julgamento em que se usou recorrentemente os conceitos de "anti-praxe", "código de praxe" e "acordo", definindo a praxe como um acordo entre praxados e praxistas.

Na sua exposição, o juiz declara que não é obrigatório alguém declarar-se “anti-praxe” para não ser sujeito a tais práticas; o código que a regula não tem qualquer legitimidade [inclusivamente incorpora elementos que se opõem à constituição]; e que os actos inseridos no contexto de praxe não se baseiam em nenhum acordo entre quem manda [”veteranos”] e quem obedece [“caloiros”].

Pela primeira vez, a instituição de justiça competente, e não um poder inventado de uma hierarquia fantasiosa, julga e condena acções em contexto de praxes académicas, lembrando ou mostrando que ninguém é inimputável à sombra do traje académico e que um crime é um crime, mesmo “sendo da praxe”.

A coragem da Ana, que apesar de todos os obstáculos nunca desistiu, levou a este ponto de viragem: a partir de hoje as “leis da praxe” já não se podem considerar paralelas às leis do país. E o futuro, a partir de hoje, pode pensar noutras mudanças que tornem livres as relações entre estudantes.


Texto retirado de
http://www.blogdomata.blogspot.com/



Reportagem do julgamento







A fotografia foi recolhida do excelente blogue:

http://farpakultural.blogspot.com/