10.5.09

Feira do Livro de Lisboa recebe hoje Joaquim Magalhães de Castro, autor do livro de viagens Mar das Especiarias


A Feira do Livro de Lisboa recebe hoje Joaquim Magalhães de Castro, autor do livro de viagens «Mar das Especiarias», edição da Presença ( nos Stands BII-07;BII-08;BII-09;BII-10;BII-11;BII-12;BII-13;BII-14 ) para uma sessão de autógrafos.

Mar das Especiarias é uma surpreendente narrativa de viagens pelas centenas ilhas que fazem parte da Indonésia, ligando o tempo presente através do testemunho vivido pelo autor e a herança cultural dos descobridores portugueses que no passado remoto percorreram aqueles mares e terras à procura de especiarias e de domínio militar absoluto. Uma típica obra de literatura de viagens, repleta de aventuras comuns, que cruzada com história colonial, permite traçar um quadro vivo do que é a actual Indonésia e a influência nela deixada pela presença colonial dos portugueses em muitas manifestações imateriais (vocábulos, músicas e ritmos) e património construído que quase todos nós pura e simplesmente desconhecemos. Uma surpresa, pois.


Como ilustração desta obra reproduzimos a seguir um excerto do livro, e ainda o respectivo Prefácio da autoria de Ana Gomes.


« Essa noite de lua quase cheia, faço uma visita ao Teddy’s Bar onde me cruzo com o Bob. Acompanham-no um grupo de jovens indonésias. Logo entendo a sua insistência para que eu ficasse alojado no Sea View. Bob, apesar do que é óbvio, não se considera proxeneta pois “só está ali para ajudar”. Enfim, para fazer o papel de tradutor e apresentá-las a possíveis clientes. –“Essa aí” – diz, apontando para a mais bonita, – “ontem fez 400 mil rupias.”
No fundo, Bob considera-se um relações públicas. E elas, “às vezes”, dão-lhe algum dinheiro que logo ele transforma em doações, como, por exemplo, idas à discoteca que fica num hotel dos caros. – “Les enfants doivent aussi s’amuser, n’est ce pas?” – remata.
Mas o negócio vai mal, pois os australianos de Darwin, os habituais turistas de Kupang, deixaram de aparecer. O grande mercado abastecedor de mulheres na Indonésia é agora Surabaya, em Java, para onde se desloca o pessoal da ONU destacado em Timor-Leste, para contratar umas “domésticas” que lhe arranjem a casa.

Teddy, um sorridente chinês naturalizado australiano, é como uma espécie de rajá local. Bob apresenta-mo e este chama o seu disc jokey, um body builder com o cinto por cima das calças vincadas. Vê-se logo que é timorense, até porque a música que passa é portu music, neste caso forró brasileiro com influência de vários estilos diferentes e até com temas do Quim Barreiros a intrometer-se no alinhamento.
Estou a falar de Eleutério da Luz Ferreira Corte Real. Da família do liurai Aleixo Corte Real, português feito herói em Ainaro durante a ocupação nipónica. O tal Corte Real de que me falara Francisco Magno, residente em Ainaro, dizendo que “ele vivia Kupang e não ousava regressar com medo das represálias”. E isto porque foi, como o próprio visado o confirma, um dos que apoiavam a integração. Aliás, “na família há gente de todos os quadrantes políticos”.
Eleutério conhece Eurico Guterres, mas garante que nada tem a ver com as milícias. Condena os crimes que cometeram, como também condena os timorenses de Lorosai “por estarem sempre de mão estendida à espera de algo”. Diz que Xanana falou com ele pessoalmente, pedindo-lhe que regressasse. E por isso, “devido ao pedido do presidente”, está a pensar fazê-lo, embora em Díli sejam ténues as perspectivas de emprego. – Deste lado sempre há mais oportunidades – admite. »
(in Mar das Especiarias, ed.Presença, de Joaquim Magalhães de Castro)


PREFÁCIO
(ao livro Mar das Especiarias)

O desfolhar das páginas do livro de Joaquim Magalhães de Castro No Mar dos Rajás proporciona um impressivo relato das mil e uma aventuras deste português que, no despontar do seculo XXI, se meteu intrepidamente pelo mar fora, seguindo as peugadas de muitos dos nossos antepassados, com o objectivo de encontrar vestígios por eles deixados no fabuloso arquipélago das especiarias que hoje constitui a República da Indonésia. O autor confronta-se – e confronta-nos – ora com testemunhos vivos da nossa História, ora com “estórias” que as brumas do tempo transformaram em quase realidade, permanecendo vivas no imaginário colectivo dos povos dessas longínquas paragens.

Partilhando as extraordinárias experiências do autor, o livro constitui um aliciante convite à aventura e à descoberta do que Portugal levou aos povos das ilhas indonésias - e do que também deles trouxe. Mas também nos interpela, como apelo à urgência de um trabalho técnico-científico de fundo, concertado entre especialistas indonésios e portugueses, que não deixe perder-se para sempre o que ainda resta dos traços daquelas decisivas passadas no processo de globalização económica e cultural de um mundo que, de repente, se tornara redondo....

Deliciam as conversas que espontaneamente suscitam comparações e conduzem à revelação de semelhanças em termos tão comuns como serdadu (soldado), almari (armário), kondi (conde), manina (menina), joget (joguete) ou tanjidor (aquele que tange um instrumento). Extasia o cuidado e empenho que Edmundus Pareira terá posto na redacção do discurso de boas vindas ao Embaixador de Portugal em Jacarta!

Foi com indizível prazer, embora roída de saudades das paisagens e gentes da Indonésia, que devorei o relato do saltitar a que o autor se sujeitou, ao longo de quase 7 mil quilómetros de mar e ilhas, transpondo inevitáveis e incontáveis dificuldades físicas e logísticas. Joaquim Magalhães de Castro foi muito além de anteriores cronistas, na insaciável curiosidade, na avidez de descobrir e na capacidade de registar. Ele faculta-nos hoje, quando estão prestes a completar-se 500 anos após a chegada dos primeiros portugueses àquelas paragens, um extensivo trabalho de recolha, não só dos testemunhos vivos do nosso ancestral destemor do desconhecido, como da nossa vocação para reconhecer o Outro e para estabelecer pontes de partilha de saberes, experiências e interesses.

Guardo como tesouro a recordação e as fotografias dos caminhos que percorri, das personagens com quem me cruzei, dos costumes e tradições que descobri ou reconheci, desde Lamno, na ponta do Aceh, em Sumatra, a Atambua, em Timor Ocidental; passando por Java, Bali, Lombok, Sumbas, Celebes, Flores, Molucas e o Bornéu. Caminhos por onde Joaquim Magalhães de Castro se aventurou também, em deambulação que o levou muito mais longe e que explorou muito mais a fundo. A minha missão na Indonésia durou apenas quatro curtos anos, entre 1999 e 2003, com obrigações que me impediam o afastamento prolongado de Jacarta. O admirável relato das explorações de Joaquim Magalhães de Castro espicaça-me o desejo de um dia voltar, mais liberta e demoradamente, para desfrutar do prazer de me entranhar de novo no verde de palmeiras e arrozais, nos azuis de ceús e mares, na altura fumegante dos vulcões e na planura das povoações acolhedoras, para saborear mais conversas com mulheres e homens de outras culturas e línguas que, contra ventos e marés, cuidam de preservar a memória que, sabem, lhes alargou os horizontes: a de Portugal e dos antigos portugueses.

Bruxelas, 29 de Janeiro de 2009
Ana Gomes
Eurodeputada e ex-Embaixadora de Portugal em Jacarta

Caminhada e visita ao projecto de reflorestação no Cabeço Santo ( Serra do Caramulo) promovida pela Quercus (no dia 23 de Maio)



Tomamos conhecimento através do blogue Ondas que se vai realizar no próximo dia 23 Maio, Sábado,a partir das 9h30, em Belazaima (concelho de Águeda), uma caminhada e visita ao projecto de requalificação florestal da Quercus no Cabeço Santo que já foi detalhadamente descrito neste blogue ( ver aqui).

Consultar para mais pormenores:
http://ecosanto.wordpress.com



Uma das actividades previstas no plano de trabalhos do projecto financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu é a demarcação de um percurso pedestre no Cabeço Santo, trabalho a realizar em 2010. Com o objectivo de colher contributos para a definição desse percurso mas também como oportunidade para uma visita de Primavera ao Cabeço Santo, propõe-se, no dia 23 de Maio (Sábado), uma jornada de visita. Esta jornada ocupará todo o dia e iniciar-se-á com um pequeno percurso por um carvalhal junto a Belazaima que tem vindo a ser recuperado ao longo de quase 20 anos.
Será uma visita onde se observarão formações em diferentes fases de evolução da vegetação espontânea e as acções desenvolvidas em cada uma delas. Depois partiremos para o Cabeço Santo, realizando um percurso ao longo das áreas onde se desenvolve o projecto. Será também uma visita bastante didáctica, pois na maior parte do percurso não se observarão panoramas extraordinários (bem pelo contrário) mas sim o resultado dos trabalhos realizados no âmbito do projecto desde 2006, e de forma mais intensa desde 2008 de maneira a que, dentro de 10 ou 20 anos, se possa ter desta área uma perspectiva radicalmente diferente, naturalmente, para melhor.
O ponto de encontro é pelas 9:30h na Junta de Freguesia de Belazaima. Os interessados deverão inscrever-se, enviando uma mensagem para cabsanto@gmail.com. A alimentação é ao cuidado dos participantes.

Mostra de documentários europeus termina hoje no CCB


Mostra de Documentários Europeus
DOC_EUROPA 27 países 27 filmes
8, 9 e 10 de Maio - Pequeno Auditório do CCB
27 documentários provenientes dos 27 países da União Europeia.

Programação e produção: Apordoc


ENTRADA GRATUITA


Nova Europa? Velha Europa? 27 Países, 27 filmes. Tudo se passa como se estivéssemos a inventar um jogo de adivinhas: quem é mais europeu, tu ou eu?
Que diferenças existem entre os europeus? Que diversidade, ou diversidades, a União Europeia pode comportar?
Através destes 27 filmes (de duração e estilo tão diferentes) percebemos depressa que a Europa não é um conceito político imaginário, nem artificial. Ao fim de alguns minutos de projecção, as diferenças linguísticas desvanecem-se e entramos num universo que não nos é estranho. Na Áustria descobrimos Portugal. Na Grécia encontramos a Polónia. Na Irlanda vemos o reflexo de todo o Continente.
Esta mostra é um convite a pensarmos sobre nós próprios. Cada filme funciona como um potencial espelho, em cujo reflexo ora nos reconhecemos, ora nos surpreendemos. Assim também podemos tentar compreender quem são os portugueses hoje e qual é a nossa realidade dentro da Europa dos 27


SEXTA-FEIRA, 8 DE MAIO
19.00 ITÁLIA l FRANÇA

Padre Nostro, Itália, 2008, 40’
Carlo Lo Giudice – com a presença do realizador
Padre Nostro é uma história de amor. Salvatore e o seu pai Vannino, de 90 anos, partilham tudo, até a cama. Todos os dias adormecem nos braços um do outro porque Vannino não consegue fechar os olhos sem que Salvatore lhe venha coçar as costas.

The Protestants, França, 2006, 85’
Clarisse Hahn
Uma família da alta burguesia francesa, retratada na intimidade por um dos seus membros. As gerações modelam-se umas às outras e mantêm valores religiosos, sociais, políticos. Os segredos da identidade protestante são revelados com alguma reserva, mas não sem humor.

21.30 SUÉCIA l ESPANHA l REINO UNIDO

Hidden, Suécia, 2002, 8’
Hanna Heilborn, David Aronowitsch, Mats Johansson
Animação documental que tem como ponto de partida uma entrevista a uma criança peruana refugiada na Suécia. Giancarlo ainda não tem visto de residência e descreve as perseguições a que foi sujeito.
The Taylor, Espanha, 2007, 25’
Óscar Perez
No Raval, um dos bairros mais emblemáticos de Barcelona, Mohamed, um alfaiate paquistanês, e Singh, o seu empregado indiano, costuram horas a fio. Mohamed é um homem temperamental a quem apenas interessa o negócio e a crença religiosa. Mas os clientes nem sempre parecem satisfeitos.
All White in Barking, Reino Unido, 2007, 72’
Marc Isaacs
Um quadro vivo do multiculturalismo no bairro britânico de Barking, onde o fluxo de imigrantes conhece uma das maiores taxas de entrada no país. Um documentário provocador e irónico que questiona preconceitos e estereótipos com notáveis resultados.

SÁBADO, 9 DE MAIO

14.30 LITUÂNIA l HOLANDA l LUXEMBURGO

Scarecrow, Lituânia, 2002, 9’
Rimantas Gruodis
Pequena obra poética sobre a importância dos espantalhos.
There Goes My Heart, Holanda, 2005, 59'
John Appel
O primeiro lar para idosos toxicodependentes da Holanda não é um hotel de luxo, mas oferece muito mais do que simples conforto. Os seus sete habitantes pertencem à velha geração de consumidores de drogas duras de Roterdão. Alguns estão viciados há mais de quarenta anos.
The Red Bridge, Luxemburgo, 2007, 21’
Geneviève Mersch
Uma ponte de aço pode ser um símbolo de desenvolvimento. O que se passa quando se transforma num local de eleição para suicidas?
17.00 HUNGRIA l ALEMANHA l IRLANDA

Strip Tease, Hungria, 2005, 7’
Attila V. Nagy
De onde vêm as penas dos nossos confortáveis edredons? Que semelhança poderá haver entre uma quinta de gansos e um campo de concentração?

Osman’s Land, Alemanha, 2007,28’ – com a presença do realizador
Cristóvão Reis
Osman, um imigrante de origem turca, começou a cultivar uma horta junto ao muro de Berlim em 1982. Ainda hoje tem lá a sua casa e um terreno de cultivo que desafia a lógica da metrópole alemã. Uma história de imigração, integração e sonhos.

Alive, Alive O – A requiem for Dublin, Irlanda, 2000, 55’
Sé Merry Doyle
Crónica ensombrada das ruas de Dublin: da destruição de bairros populares ao encerramento dos mercados tradicionais, passando pelo flagelo da heroína. Os velhos dubliners revelam toda a sua força de carácter face à adversidade.

19.30 CHIPRE l REP. CHECA l ESLOVÉNIA

Home sweet Hope, Chipre, 2007, 9’
Stella Karageorgi
Em 2003, quando a Linha Verde que divide Chipre há 29 anos foi aberta por um dia, refugiados de ambos os lados amontoaram-se junto à fronteira para visitar as suas antigas casas e famílias. Florentia, uma refugiada de Yialousa, faz planos para o regresso enquanto ouve o noticiário.

Trial of a Child Denied, Rep. Checa, 2008, 25' - com presença da realizadora
Michelle Coomber
Helena tinha apenas 19 anos. Durante o trabalho de parto do seu filho, deramlhe um documento para assinar. Só mais tarde percebeu que tinha autorizado a sua própria esterilização. Não é um caso único na Europa Central, onde a esterilização forçada a mulheres ciganas é regularmente denunciada.

Rubbed Out, Eslovénia, 2004, 45’
Dimitar Anakiev
Quando, em 1991, a Eslovénia se separou da Jugoslávia e se tornou um estado independente, 18.000 cidadãos de origem não-eslovena foram apagados de todos os registos oficiais. Este número é reconhecido pelo Estado, mas as estimativas da Helsinki Watch são muito superiores – entre 200.000 e 300.000. A Associação das Pessoas Apagadas foi criada para lutar
pelos direitos desta minoria.
21.30 GRÉCIA l ÁUSTRIA
The Box, Grécia, 2004, 11’ – com a presença da realizadora
Eva Stefani
Uma senhora idosa apaixona-se por um apresentador de televisão que só conhece através da «caixa mágica» onde o vê todos os dias.

Out of time, Áustria, 2006, 80’ – com a presença do realizador
Harald Friedl
As antigas lojas familiares de Viena estão a desaparecer lentamente. São os últimos dias da «Rainha dos Botões», da velha drogaria, do talho e da casa de peles. Dificuldades do presente e glórias do passado confundem-se por detrás de um amontoado de mercadorias, minuciosamente organizadas, obsessivamente limpas.


DOMINGO, 10 DE MAIO
14.30 BÉLGICA l ESTÓNIA l LETÓNIA
Parlez moi d’Amour, Bélgica, 2007, 14’
Alexia Bonta
Num quarto de hospital, duas mulheres perto do fim da vida falam do amor e dão conselhos à jovem realizadora. O amor como era dantes. O amor como é agora.
Jolly Old Farts, Estónia, 2009, 28'
Manfred Vainokivi
O fim do regime soviético alterou todas as formas de vida e de trabalho. Na Estónia, um velho realizador de cinema e um operador de câmara partilham um segredo: quando o trabalho escasseia, o melhor é divertirem-se.
Egg Lady, Letónia, 2000, 26’ – com a presença da realizadora
Una Celma
Todos os dias, Aina parte 20.000 ovos à mão numa fábrica de bolos. O seu trabalho pode parecer vazio de sentido, mas para Aina é gratificante: “passar o dia a partir ovos permite-me pensar muito na vida”.

17.00 MALTA l ESLOVÁQUIA
Kaxxa Infernali, Malta, 2001, 26’
Edward Said, Mark Samsone
Jean é um rapaz de 13 anos, fascinado pelos fogos de artifício da festa da sua aldeia. Uma manhã, enquanto observa os preparativos da festa, o sacristão da paróquia convida-o a entrar na igreja. “Kaxxa Infernali” é um registo de memórias experimental.

Blind Loves, Eslováquia, 2008, 77’
Juraj Lehotsky
Diferentes formas de amor entre pessoas cegas. Quatro indivíduos expõem a beleza dos seus valores, a visão que têm do amor e da sua necessidade. Uma viagem construída como uma poderosa reflexão a respeito dos íntimos sentimentos que marcam o universo dos cegos.

19.30 DINAMARCA l ROMÉNIA l BULGÁRIA

Hearing Boy, Dinamarca, 2007, 28’
Katrine Talks
Karen é surda, mas dá à luz uma criança que ouve. A relação com o filho obriga-a a enfrentar uma realidade que sempre preferiu ignorar: o mundo dos ouvintes. “Hearing Boy” é realizado pela irmã de Karen e revela-nos a intimidade de um mundo quase impenetrável

Independenta, Roménia, 2007, 33' – com a presença do realizador
Rasto Petrovic
Será que as condições de vida precárias, o trabalho pesado do pai, a ausência da mãe (emigrada), as dolorosas visitas ao dentista interferem no despertar dos sentimentos de um adolescente? Retrato de uma família normal na cidade de Independenta.

Goleshovo, Bulgária, 2008, 45'
Allian Metev, Metodi Metev
Goleshovo é uma aldeia quase abandonada, esquecida nas montanhas da Bulgária, onde um grupo de velhos luta pela sobrevivência. Um casal zanga-se com o seu burro. Um padre confunde os fieis. Uma mulher anima os amigos com canções. Não se sabe se os filhos alguma vez voltarão.

21.30 POLÓNIA l FINLÂNDIA l PORTUGAL


Behind the Fence, Polónia, 2005, 12’
Marcin Sauter
Regresso ao tempo mágico da infância, às férias e ao calor do Verão. Um número infinito de sensações. Um momento da vida em que cada instante de descoberta parece ser a eternidade.

Keidas, Finlandia, 2007, 19’
PV Lehtinen
Muitos finlandeses consideram a piscina olímpica ao ar livre a sua segunda casa e ali passam todo o Verão. Keidas é um retrato lírico dos clientes habituais da piscina.

Documento Boxe, Portugal, 2005, 52’ – com a presença do realizador
Miguel Clara Vasconcelos
Documento Boxe é uma surpreendente incursão no mundo do boxe português. A preparação nos balneários, as pesagens dos atletas, o convívio, os treinos, os ginásios e todos os elementos que rodeiam um combate nem sempre honesto.

Marcha Global da Marijuana de 2009 teve manifestações de rua no Porto, Lisboa, Braga e Coimbra


A Marcha Global da marijuana é uma iniciativa internacional que reivindica a legalização da marijuana. Realiza-se desde 1999 no primeiro sábado de maio e desde então já contou com a participação de 485 cidades por todo o mundo. Em Portugal, a primeira MGM aconteceu em 2006 na cidade de Lisboa. Este ano a Marcha teve acções de rua no Porto ( dia 2 de Maio) e em Lisboa, Braga e Coimbra ( dia 9 de Maio).


MANIFESTO Marcha Global da Marijuana – Portugal
(Manifesto conjunto da MGM Lisboa e MGM Porto)

O facto de a canábis ser considerada uma substância ilegal tem consequências sociais e sanitárias bem maiores do que se fosse um produto permitido, nomeadamente:

- A crescente probabilidade de adulteração dos produtos, muitas vezes com substâncias mais perigosas (especialmente quando fumadas) do que a canábis, com o perigo que isso implica para a saúde pública, dado o elevado número de consumidores.
- O fomento do tráfico, que alimenta uma economia paralela dinamizada por máfias, em que os grandes lucros ficam na mão de uns quantos, quando seria justo para os contribuintes e para o Estado poder beneficiar dos impostos que recairiam sobre essas actividades (muito lucrativas) se fossem regulamentadas.
- A limitação do uso terapêutico de uma substância que tem claros benefícios no tratamento de algumas doenças; e os impeditivos legais que a proibição supõe para o desenvolvimento de uma investigação rigorosa centrada nesta planta, devido à grande quantidade de licenças que são necessárias e ao perfil político e não-científico das entidades que podem autorizar tais investigações.
- A criminalização e penalização dos consumidores, só porque têm um determinado comportamento que não afecta outrem e que, mesmo a nível individual, não traz mais problemas potenciais que o consumo de álcool, tabaco ou outras substâncias legais e com as quais o Estado lucra bastante, apesar dos riscos assumidos.
- A inexistência de prevenção e de educação para a utilização de canábis.

Em Portugal o consumo da canábis foi descriminalizado em 2001. No entanto, a perseguição policial aos consumidores mantém-se e o risco de se ser tomado por traficante é demasiado grande, uma vez que a quantidade pela qual se pode ser acusado de tráfico é mínima. A saber: a lei portuguesa prevê que qualquer pessoa possa ter em sua posse, sem consequências jurídicas, óleo, resina ou “folhas e sumidades floridas ou frutificadas da planta” de canábis que “não poderão exceder a quantidade necessária para o consumo médio individual durante o período de 10 dias” (Lei 30/2000 – “Descriminalização do Consumo de Drogas”).

De salientar que esta lei explicita que é “sem consequências jurídicas”, o que significa aquele que tenha até àquela quantidade não será considerado um criminoso, mas poderá ser será penalizado com uma contra-ordenação (multa) e poderá ter de se submeter a tratamento psicológico se o juiz de turno assim o entender.

E assim, oito anos depois da descriminalização, ainda há consumidores de canábis que são presos ou que são postos numa situação delicada face à justiça, vendo-se obrigados a provar que não são traficantes quando, muitas vezes, não há provas de que o são.

Além disso, não faz qualquer sentido estipular a quantidade permitida como a “necessária para o consumo médio individual durante o período de 10 dias”, limite muito pouco claro, tendo em conta que nem toda a gente consome a mesma quantidade e que a maior parte dos consumidores preferem comprar mais de cada vez para não ter de estar sempre a recorrer aos “dealers”, com os riscos que isso supõe não só em termos de segurança, mas pela possibilidade de ser induzido a comprar drogas verdadeiramente perniciosas.

E resta destacar que, sendo permitido o consumo, como esperam as autoridades que o consumidor se abasteça sem estimular o tráfico, tendo em conta que tanto a venda como o cultivo de marijuana são ilegais? A proibição de cultivar esta planta obriga os consumidores a alimentar actividades criminosas. Assim, entendemos que o direito ao consumo deve contemplar a possibilidade de cada um cultivar as suas próprias plantas, podendo, desta forma, garantir a qualidade do produto que consome, o que não acontece quando se vê obrigado a recorrer ao mercado clandestino.Alterar a situação legal da canábis é corrigir um erro histórico que tem trazido mais consequências negativas para os consumidores e para a sociedade em geral do que o consumo. Décadas após é clara, a desadequação da lei é cada vez mais evidentes tendo em conta os benefícios múltiplos que esta planta tem.

O presidente do Observatório Europeu da Droga e Toxicodependência (OEDT), Marcel Reimen, afirma que "é essencial compreender de que modo e por que razão os consumidores de canábis podem desenvolver problemas, a fim de planear as respostas e avaliar o impacto que a droga ilegal mais consumida na Europa poderá ter para a saúde". Perante isto, perguntamos: como é possível desenvolver respostas se não sabemos qual a composição dos produtos consumidos?!

No mercado português, a grande maioria do haxixe vendido tem diferentes e variáveis substâncias usadas para o cortar e fazer render mais. Para estudar a resposta ao impacto na saúde que tem essas substâncias têm, é necessário saber o que são e qual o seu impacto no organismo. Só a legalização pode garantir a qualidade do produto e assim desenvolver respostas em termos de saúde e só assim haverá a informação necessária para que exista um consumo consciente e responsável.

Todos os esforços feitos até agora para acabar com o tráfico e o consumo desta substância têm sido em vão e todo o dinheiro gasto tem sido um absoluto desperdício, visto que, de acordo com todos os relatórios oficiais da ONU e da União Europeia, cada vez há mais pessoas a lucrar com este negócio clandestino e cada vez há mais consumidores.

Em 2008 chega ao fim o prazo de 10 anos estipulado pelas Nações Unidas com a sua Estratégia para acabar com o tráfico de drogas no mundo (http://www.un.org/ga/20special/poldecla.htm ). Segue-se um ano de reflexão em que se vai analisar qual o impacto do acordo assumido pelas Nações Unidas e se, realmente, os objectivos de reduzir significativamente a procura e oferta de drogas foram atingidos.

De acordo com todos os relatórios oficiais, esta estratégia e as sucessivas políticas de combate às drogas falharam rotundamente, apesar dos milhões gastos com este tipo de iniciativas.
Por isto, como cidadãos, exigimos: mudem de estratégia!

Somos mesmo muitos
Segundo o relatório de OEDT de 2007, quase um quarto da população entre os 16 e os 64 anos de idade – cerca de 70 milhões de pessoas –, consome ou já consumiu canábis em algum momento das suas vidas. É um facto: a canábis existe e os seus consumidores também, toda a gente o sabe. Como já ficou provado, não é proibindo que vai deixar de se consumir.

Um apelo a ti
Embora a Canábis não seja inofensiva, os riscos do seu consumo são mínimos, principalmente quando comparada com outras substâncias largamente consumidas e aceites pela lei e pela sociedade. A proibição NÃO é do interesse público: põe em risco a saúde dos cidadãos, fomentando o mercado negro e a adulteração dos produtos e impedindo o Estado de arrecadar milhões de euros em impostos.

A experiência mostra-nos que o uso de Canábis não é uma grave ameaça nem aos consumidores, nem à sociedade. Cabe por isso ao Estado o dever de provar o contrário se pretende continuar a limitar a liberdade individual e a penalizar os consumidores.

Apelamos a toda a sociedade civil que se junte ao nosso protesto pela legalização da Canábis e o do seu cultivo para consumo pessoal ou para fins industriais ou com vista à investigação para fins medicinais.

Os nossos objectivos
• A legalização e regulamentação da canábis para todas as suas utilizações.
• A descriminalização total do consumo de Canábis por adultos, regulamentando modos de obtenção como o cultivo para consumo próprio ou a compra em estabelecimentos ou outros organismos autorizados e regulados.
• Encorajar o estudo e a pesquisa, públicos ou privados, das muitas utilizações benéficas da planta Cannabis Sativa L para o seu uso industrial, social, recreativo e medicinal.
As nossas propostas
• Remoção da canábis e de todos os produtos derivados da planta das listas de substâncias controladas, anexas à lei 15/93 e das respectivas adições a estas listas.
• Desburocratizar e dar prioridade ao cultivo e à indústria de canábis para a produção de energia renovável (biomassa; biodiesel; etanol) e para a produção de fibra e pasta de papel. Desde que esta produção seja feita de forma sustentável e com respeito pelas populações.
• Permitir que médicos e outros profissionais de saúde tenham a possibilidade de recomendar o uso de canábis no tratamento terapêutico, sintomatológico ou para a melhoria da qualidade de vida, nomeadamente, a doentes de SIDA, cancro, em tratamento de quimioterapia, esclerose múltipla, glaucoma ou doença de Chron, entre outros que com o seu uso possam ter melhorias de saúde e qualidade de vida.
• Despenalização da posse, consumo e cultivo de canábis e de todos os produtos derivados desta planta.
• Criação de regulamentação para o fornecimento, comércio e compra legal de canábis por adultos.
• Criação de regulamentação para estabelecimentos públicos onde o consumo de canábis por adultos seja permitido.

No Porto (2 de Maio de 2009)






Em Lisboa:

Em época eleitoral consideramos que é útil e urgente que os partidos se pronunciem e tomem posição sobre esta matéria. Porque a proibição da canábis é uma política errada, quem a defende deve ser capaz de a justificar, algo que ainda não foi feito.
O objectivo da nossa marcha é por isso o objectivo da petição que aproveitamos para lançar. Esta petição é dirigida à Assembleia da República e está disponível on-line em http://legalizacao.pt.vu/.
Petição à Assembleia da República solicitando a legalização da canábis para auto-cultivo (cultivo para consumo próprio) e a sua venda em estabelecimentos autorizados a maiores de idade. Não sendo inócua, a canábis é, das drogas ilegais, a mais consumida em todo o mundo. Apesar disso, a sua utilização não causa qualquer impacto negativo nos interesses colectivos da sociedade. E por isso, o Estado não tem o direito de proibir a sua utilização.
A proibição prejudica a saúde pública impedindo a aplicação de medidas de redução de riscos e fomenta a desinformação; promove o comércio ilegal financiando os grandes traficantes e desperdiça recursos na guerra ao tráfico e, apesar da descriminalização, continua a perseguir e a prender utilizadores. A proibição atenta contra a liberdade individual e o direito à não interferência do Estado na vida pessoal dos seus cidadãos. A legalização protege a saúde pública, assegurando a não adulteração das substâncias e o acesso a informação correcta e credível; permite reduzir drasticamente o tráfico e contribuir com impostos para a educação, investigação e prevenção; Por isso propomos a legalização da canábis para auto-cultivo (cultivo para consumo próprio) e a sua venda em estabelecimentos autorizados a maiores de idade.




Em Braga:

http://mgm-braga.blogspot.com/

Em Braga a Marcha começou com uma concentração às 15h no Arco da Porta Nova e depois seguiu pela Rua do Souto para terminar na Avenida Central





Em Coimbra:

http://mgm-coimbra.blogspot.com/

No Brasil:


Marcha Global: