21.12.07

Por uma nova forma de viver e de jogar: não aos brinquedos bélicos, sexistas e que promovam o egoísmo


Escolhe e dá preferência a brinquedos que não sejam bélicos, sexistas, nem promovam o egoísmo,…


...que sejam construtivos e que, acima de tudo, ensinem uma nova forma de viver, distinta da concorrência individualista própria do mercado capitalista



Dizemos não aos brinquedos bélicos
Porque por intermédio deles e com a compra de brinquedos que simulam armas estamos na prática a legitimar o uso de armas e da guerra na resolução de conflitos aos olhos dos nossos filhos e jovens. (há que argumente que assim estamos a contrariar a vontade da criança, ou que agindo dessa forma estaríamos a potenciar o seu desejo, mas cabe perguntar se ele quisesse jogar com fogo, acaso o permitíramos?)
Na realidade, é importante formar um sentimento de auto-estima e na base da qual ele poderá construir uma personalidade capaz de vencer a pressão exercida pelos seus amigos. Ensina-o por isso a pensar pela sua própria cabeça. Mostra-lhe que o objectivo dos empresários de brinquedos é aumentar o seu lucro, e não garantir o bem estar das pessoas.


Dizemos não aos brinquedos sexistas
Porque por intermédio deles estamos a fomentar a desigualdade de género. Não se trata de impor nada, mas simplesmente de superar a uma construção social ideologicamente direccionada que afirma que «isto é para rapazes» e «aquilo é para raparigas». Note-se que quando se chama rapariga a um rapaz que brinca às casinhas o efeito depreciativo desaparecerá se os modelos referenciais da criança (o pai, a mãe, o professor, …) realizam indistintamente as mesmas tarefas, contrariando os padrões convencionais que tendem a desvalorizar as actividades realizadas pelas mulheres. Com os brinquedos tais esquemas mentais poderão diluir-se ou reforçar-se.


Conselhos básicos ao comprar brinquedos:
- Brinquedos de paz e não deguerra
- Evitar os brinquedos que não sejam só para raparigas ou só para rapazes
-Brinquedos em demasia não são bons
-Brinquedos que possam também divertir os adultos
-Os jogos de computador devem ser usados com bom senso e não serem demasiados absorventes
-Fazer sempre que possível os nossos próprios brinquedos
- Os brinquedos não deverão reproduzir nem reforçar comportamentos sexistas, autoritários, agressivos, racistas e egoístas.
- Ensinar as crianças a partilhas os seus brinquedos



Ler outros textos já publicados neste blogue: aqui, aqui

Mais info:
http://www.elmonoazul.org

As melhores tascas do Porto por Raúl Simões Pinto

Sugestões retiradas do livro «As Tascas do Porto», de Raul Simões Pinto, editado recentemente pela Afrontamento, e que constitui um inventário fascinante das casas de pasto e tascas, e de muitas histórias e memórias, que ainda vão subsistindo na cidade do Porto.


Uma lista elaborada por Raúl Simões Pinto, autor do livro As Tascas do Porto, onde são inventariadas dezenas de tabernas, adegas, casas de pasto, tasquinhas, botequins e tascas que ainda existem na cidade do Porto e que esperam por todos nós para se manterem vivas e com elas algumas das características mais marcantes da cultura popular urbana.


As «minhas» 20 tascas antigas e tradicionais do Porto, para que conste, antes que fechem as portas (por Raúl Simões Pinto):


1) Adega de S. Martinho - R. D.João IV, 795

2) O Alfredo Portista - R. do Cativo, junto a Cimo da Vila)

3) O Escondidinho de Paranhos - R. de Costa e Almeida, 255 (junto à Arca d'Água)

4) O Presuntinho - R. de Sro Ildefonso

5) Filha da Mãe Preta - R. dos Canastreiros ( à Ribeira)

6)Casa das Iscas - Largo da Igreja de Paranhos

7) Adega da Piedade - Muro do Ouro ( na marginal do rio)

8) O Firmino - R. da Preciosa ( em Pereiró, Ramalde)

9 ) O João do Fado - R. Direita de Francos, 146, Ramalde

10) Adega O Cantinho - Campo Mártires da Pátria, 130

11) Casa Costa - R. de Trás, 224 (na Vitória)

12) O Manel do Abade - R. da Estação ( em Campanhã)

13) O Tone das Águas - R. da Arrábida, 153 ( no Aleixo)

14) O Leandro - R de Trás (perto dos Lóios)

15) O Radar - R. das Taipas, 17C (perto do tribunal de S.joão Novo)

16) O Túnel - R. de Serralves (junto ao Hotel Ipanema)

17)O Escondidinho do Monte Aventino - R. do Monte Aventino, 236 ( às Antas)

18) A Flor de S. Vítor - R. de S. Vítor ( no Bonfim)

19) A Floresta - R. de Afonso Martins do Alho, 115 ( antiga travessa das Flores)

20) A Badalhoca - R. do Dr. Alberto Macedo ( em Ramalde)

Solidariedade com o bispo Dom Cappio em greve de fome na defesa do Rio São Francisco e contra o transvase das águas


Poesia de cordel em solidariedade com o bispo Dom Cappio em greve de fome na defesa do Rio São Francisco e contra o transvase das águas como está previsto no projecto governamental em vias de execução



Entre as muitas balelas
Que fazem divulgação
Com promessas mentirosas
De fartura e redenção
A mais deslavada eu digo
Pode acreditar amigo
É a da transposição.

Dizem que nosso sertão
Só vai melhorar um dia
Se as águas do São Francisco
Aqui fizer moradia
Transportando o velho Chico
Fazendo o maior fuxico
Com um rio em agonia.

Eu acho uma ironia
Trazer um rio cansado
Do estado da Bahia
Pra ele ser desviado
Do seu leito, do seu canto
Quando precisa portanto
De ser revitalizado.

Mas é que foi inventado
Pelo Dom Pedro Segundo
Desde o tempo do império
Um governo moribundo
Que seria a salvação
Trazer água pra o sertão
Dum rio grande e profundo.

Mas, é preciso ir mais fundo
Na nossa realidade
Hoje é bem diferente
Seja no campo ou cidade
Do século dezessete
Onde não pintavam o sete
Nem havia liberdade.




Sem ser dono da verdade
Posso afirmar que o rio
Sendo transposto assim
Num constrangido desvio
Para outra região
Não será a solução
Para a fome e o fastio.

Porque se somente água
Fosse a solução real
Não existiria fome
Em bacia fluvial
Amazônia e Mato Grosso
Onde a água corre grosso
De forma descomunal.

Só água não basta não
Tem que ter seriedade
Gerenciar os recursos
Com ética e muita vontade
Com políticas sociais
Compromisso e ideais
E solidariedade.

Dizer que 12 milhões
De pessoas no Nordeste
Vão saciar sua sede
E ficar livres da peste
Com esta transposição
É conversa pra bobão
E não pra cabra que preste.

Peço até que me conteste
Mas, é conversa fiada
Dizer que a transposição
Vai trazer uma enxurrada
De bênçãos e matar a sede
De quem dorme numa rede
Isso é promessa de fada

Porque a nossa desgraça:
Fome, sede e coisa e tal.
Nunca foi por falta d’água
Ou recurso natural
Mas, é a concentração
De renda e a exploração
Do sistema social.



Porque a transposição
Tem o seu objetivo
Voltado ao agronegócio
O seu marco decisivo
Criador de camarão
De tilápia e de salmão
Tem água e mais incentivo.


No eixo do Ceará
O destino é consciente
Água para a siderúrgica
Para o Pecém água quente
As empreiteiras lucrando
Com as obras faturando
E nosso povo doente.

Então vem um cearense
Radicado em Pernambuco
Escrever contra o bispo
Com sentimento caduco
Num cordel intransigente
Agressivo e inconseqüente
Igual bala de trabuco.

Seu alan Sales devia
Pesquisar mais a história
E não cair na conversa
Tão insensata e simplória
Que a fome no sertão
É por falta d?água, irmão
Reze uma ?jaculatória.?

A fome, sede e miséria
No sertão já faz alarde
Desde o tempo do império
O couro do pobre arde
É pela concentração
De terra e a opressão
Do latifúndio covarde.

O bispo Dom Cappio é
Fervoroso Franciscano
Que defende a natureza
Sem consultar o Vaticano
Seu compromisso é com a vida
Das pessoas sem guarida
Que esperam em Deus soberano.


Pois se São Francisco fosse
Vivo não comungaria
Em desviar nosso rio
Ele não concordaria
Transportar o velho Chico
Fazendo esse fuxico
Com tanta selvageria.

O bispo Dom Cappio é
Um homem justo e humano
Sem ganância e em soberba
Confirma o povo baiano
Porém foi desrespeitado
E ridicularizado
Por um poeta mundano.

A greve do bispo é
Um protesto rigoroso
Contra o cruel latifúndio
Atrasado e asqueroso
Pela vida e a favor
Da justiça e do amor
Contra quem é poderoso.

Os que são contra o bispo
E sua manifestação
São também contra as lutas
De Canudos e Caldeirão
Do Beato Zé Lourenço
Conselheiro que sem lenço
Queria um outro sertão.

A atitude do bispo
É uma revolução
Como foi com o beato
Construindo o Caldeirão
E Conselheiro em Canudos
Sertanejos sem escudos
Resistindo à opressão.

Canudos e Caldeirão
Tinham tudo com fartura
Farinha, milho e feijão,
Leite, carne e rapadura
Tinham água à vontade
Mas, destruíram a cidade
De forma cruel e dura.



A luta do bispo clama
Por vida com dignidade
Para o povo do sertão
Seja do campo ou cidade
Sem fazer transposição
Mas, buscando solução
Com solidariedade.


Se o rio for transportado
Vai se sentir muito mal
Será grande a agressão
Pra natureza em geral
Alertamos a toda gente
Que será sem precedente
O impacto ambiental.


O bispo Dom Luiz Cappio
Tem comportamento ético
É humilde e humanista
Tem pensamento eclético
Porque defende os pobres
É um perigo para os nobres
Este seu gesto profético.


O bispo Dom Luiz Cappio
Merece nosso respeito
E não ser zombado assim
Por um maldoso sujeito
Que usa a poesia
Pra dizer tanta heresia
De um homem de conceito.

A greve do bispo é feita
Para sensibilizar
Governantes insensíveis
Para não continuar
Esta obra inconseqüente
Do rio que está doente
Devemos lhe preservar.

Porque hoje o velho Chico
Está muito ameaçado
Queimadas, desmatamento
Encontra-se assoreado
Tem que ficar no seu canto
Precisa ele, portanto
É ser revitalizado.

Água estocada em açudes
Aqui no Nordeste tem
O problema é o destino:
Quem vai usá-la também
Quem controla é a questão
O problema é a gestão
De séculos sem fim, amém.

O presidente devia
Ouvir a população
Movimentos Sociais
E o povo do sertão
Fazer cisternas de placas
Pagar bom preço por sacas
De milho, fava e feijão.

Para que transposição
Se a água vai ser cobrada ?
O destino está traçado:
Fruticultura irrigada
Das multinacionais;
Carcinicultura e mais
Pra siderúrgica implantada.


O compromisso de Lula
Agora é com empresário
E com o agronegócio
E o latifundiário
Que atrasou o Brasil
Explorando a mais de mil
O agricultor e operário.

Se Lula não abre mão
Da obra descomunal
É porque tem compromisso
Com o grande capital
Se o bispo morrer de fome
Morre o corpo a terra come
Mas fica o seu ideal.


A concentração de renda
Desigualdade social
Falta de políticas públicas
Para a zona rural
É o grande mal e a mágoa
De quem não tem terra e água
Pra tomar um sonrisal.
Se a esmola é muito grande
Todo cego desconfia
Este projeto promete
Redenção e galhardia
Mas, tem ?gente? interessada
Quer só o lucro e mais nada
Deus nos livre, Ave Maria.


Se o governo quer mesmo
O sertanejo com água
Faça milhões de cisternas
Para a chuva que deságua
Ser pra dentro captada
Água boa armazenada
E o povo com menos mágoa.

Façam pequenas barragens
E açudes no sertão
Sejam também equipados
Pra pequena irrigação
Com correto equipamento
E com acompanhamento
Técnico e orientação.


Se a água existente
Nos açudes armazenada
Fosse bem distribuída
Com justiça utilizada
Com um programa de gestão
Seria a solução
Sem transposição, sem nada.

Já chega de violência
Contra o meio ambiente
A natureza devastada
Morre bicho, planta e gente
Efeito estufa é o tal
Aquecimento global
E o planeta doente.

Defendem a transposição
E falam em crescimento
Econômico voltado
Para o desenvolvimento
Visando o lucro insano
Sem pensar no ser humano
Na vida em seu elemento.


Pensam no imediato
O lucro é sua verdade
Devastam a flora e a fauna
Nossa biodiversidade
O planeta ameaçado
Por um modelo atrasado
Sem sustentabilidade.

Dizem que isso é progresso
Que a ciência não erra
Transgênicos, Transposição
Vão devastar nossa terra
E as multinacionais
Lucrando cada vez mais
Deixando o planeta em guerra.


Conviver no semi-árido
É realmente viável
Sem transposição de um rio
Com esta agressão terrível
Uma obra deplorável
Mas, outro mundo é possível
Sem essa agressão terrível
E com vida sustentável.

Portanto, Seu Alan Sales
Esqueça a transposição
Escreva o seu cordel
Com outra conotação
Respeite o bispo e o povo
Que querem um mundo novo
E vida para o sertão.




José Rogaciano S. Oliveira
Tauá-CE, dezembro de 2007



Mai info: aqui, aqui, aqui








Informação sobre o rio São Francisco retirada da Wikipedia:

O rio São Francisco, também chamado de Opará, como era conhecido pelos indígenas antes da colonização, ou popularmente de Velho Chico, é um rio brasileiro que nasce na Serra da Canastra no estado de Minas Gerais, a aproximadamente 1200 metros de altitude, atravessa o estado da Bahia, fazendo a divisa ao norte com Pernambuco, bem como constituindo a divisa natural dos estados de Sergipe e Alagoas. Por fim, deságua no Oceano Atlântico, na região nordeste do Brasil.
Com 2.800 km de extensão, e drenando uma área de aproximadamente 641.000 km2, o rio São Francisco nasce no estado de Minas Gerais, na Serra da Canastra, desemboca no Oceano Atlântico, entre Sergipe e Alagoas. Apresenta dois estirões navegáveis: o médio, com cerca de 1.371 km de extensão, entre Pirapora(MG) e Juazeiro(BA)/Petrolina(PE) e o baixo, com 208 km, entre Piranhas(AL) e a foz, no Oceano Atlântico.
O rio São Francisco atravessa regiões com condições naturais das mais diversas. As partes extremas superior e inferior da bacia apresentam bons índices pluviométricos, enquanto os seus cursos médio e sub-médio atravessam áreas de clima bastante seco. Assim, cerca de 75% do deflúvio do São Francisco é gerado em Minas Gerais, cuja área da bacia ali inserida é de apenas 37% da área total.
A área compreendida entre a fronteira Minas Gerais-Bahia e a cidade de Juazeiro(BA), representa 45% do vale e contribui com apenas 20% do deflúvio anual.
Os aluviões recentes, os arenitos e calcários, que dominam boa parte da bacia de drenagem, funcionam como verdadeiras esponjas para reterem e liberarem as águas nos meses de estiagem, a tal ponto que, em Pirapora (MG), Januária (MG) e até mesmo em Carinhanha (BA), o mínimo se dá em setembro, dois meses após o mínimo pluvial de julho.
À medida em que o São Francisco penetra na zona sertaneja semi-árida, apesar da intensa evaporação, da baixa pluviosidade e dos afluentes temporários da margem direita, tem seu volume d'água diminuído, mas mantém-se perene, graças ao mecanismo de retroalimentação proveniente do seu alto curso e dos afluentes no centro de Minas Gerais e oeste da Bahia. Nesse trecho o período das cheias ocorre de outubro a abril, com altura máxima em março, no fim da estação chuvosa. As vazantes são observadas de maio a setembro, condicionadas à estação seca.