CICLO DE CINEMA - DINHEIRO PARA QUE TE QUEREM (Janeiro)
Segunda-feira, 7 de Janeiro, 21h30
O DINHEIRO (1983, 85 min.)
de Robert Bresson
quem apresenta é Gabriel Bonito
Segunda-feira, 14 de Janeiro, 21h30
CAPITALISMO - UMA HISTÓRIA DE AMOR (2009, 127 min.)
de Michael Moore
quem apresenta é António Loja Neves
Segunda-feira, 21 de Janeiro, 21h30
ESPLENDOR NA RELVA (1961, 124 min.)
de Elia Kazan
quem apresenta é João Pedro Bénard
Segunda-feira, 28 de Janeiro, 21h30
TRÁFICO (1998, 112 min.)
de João Botelho
apresentação a confirmar
Abre-se um jornal - quando ainda se faz esse gesto antigo - e parece que o centro do mundo é o dinheiro. A falta de dinheiro, o pouco dinheiro, o muito dinheiro, o demasiado dinheiro, o dinheiro guardado - a poupança até tem direito a dia mundial -, o dinheiro usado, o dinheiro roubado, o dinheiro emprestado, oferecido ou por oferecer, ou bem ou mal distribuído, e por aí fora. Créditos e débitos. Dívidas. Bolsas, subsídios, descontos, taxas, impostos.
Greves e manifestações até pertencem agora às páginas de «economia». O preço pelo qual se compra e vende o quadro mais ou menos célebre - ou então o seu roubo - pode ser manchete, assim como o vencedor da lotaria, do totobola, do totoloto, do euromilhões.
Se todos tivéssemos dinheiro, não havia Banco Alimentar.
Se todos tivéssemos dinheiro, não se morria à fome, nem havia misericórdias, nem ONGs de caridade, nem IPSSs, nem subsídios de desemprego e de reinserção (quando os há), etc., etc. Nem nasceriam zonas francas nem casinos. Nem quase seriam precisos tribunais que julgam assassinatos, roubos, heranças, partilhas, limites de propriedades... com o dinheiro ao centro.
Muitos - pobres e ricos - vivem para ter dinheiro, para o dividir ou multiplicar - e, os mesmos ou outros, para o gastar. Não se pode viver sem dinheiro. Pelo menos nesta nossa sociedade.
O dinheiro é mesmo o centro do mundo. E, porque parece sê-lo cada vez mais, e sempre de outras maneiras, organizámos este ciclo de filmes, maior que os anteriores. E não veremos tudo o que valeria a pena ver. Alguns filmes que neste ciclo caberiam (por exemplo, A quimera do ouro, O quintero era de cordas, Stavisky) não os passamos agora porque entraram em ciclos anteriores.
Era impossível a 7.ª arte (a literatura, o teatro, antes dela...) não se ocupar do dinheiro. O dinheiro está no centro do mundo e no centro de muitas tragédias e de muitas comédias.
Este ciclo vai, assim, percorrer quase um século de cinema: Aves de rapina de Erich von Stroheim é de 1924, Capitalismo - uma história de amor de Michael Moore e Erro do banco a vosso favor de Gérard Bitton e Michel Munz (não passou nos cinemas em Portugal) são de 2009. Do mudo ao sonoro, do preto e branco à cor. São 24 filmes de 24 realizadores, produzidos em países vários: EUA, França, Itália, Alemanha, Espanha, Portugal...
E que, aliás, preciaram de dinheiro para serem feitos, distribuídos, vistos, transformados em DVD - independentemente dos seus maiores ou menores orçamentos e das muitas ou poucas receitas de bilheteira.
Chamados à atenção para uma sessão difícil de que não podíamos prescindir: um filme mudo de mais de três hors - Dinheiro de Marcel L'Herbier. E para todos os outros filmes, evidetemente, que nos farão (re)descobrir cinematografias sempre a (re)descobrir e nos farão pensar sobre aquilo em que vale a pena pensar.
Filmes que, ao longo de seis meses, nos farão rir e chorar.
ENTRADA LIVRE