10.9.06

John Lennon contra os Estados Unidos da América (acerca do novo documentário 'The U.S. vs. John Lennon')


Acabou de ser exibido no Festival de Veneza, tendo sido muito aplaudido pelo público presente, um documentário realizado por David Leaf e John Scheinfeld com o sugestivo título «The U.S. vs John Lennon» e que relata a luta pacifista daquele músico, e figura lendária dos anos 60, contra a guerra do Vietname.
O filme foi realizado com o apoio e ajuda de Yoko Ono, mulher de Lennon que, com ele, participou em numerosas manifestações contra a guerra levada a cabo pelo norte-americanos contra o povo vietnamita, como os célebre «bed-ins» para a paz, onde ambos se mostraram deitados na cama como forma de protesto anti-guerra e que teve um enorme impacto mundial.
O filme tem claras ressonâncias com o que se passa na actualidade, nomeadamente a invasão e ocupação do Iraque pelo exército norte-americano, constituindo-se um verdadeiro manifesto contra a Guerra do Iraque desencadeada por Bush.

Ao longo do documentário conta-se como é que este cantor dos Beatles se converteu gradualmente num inimigo dos Estados Unidos, onde residia. A parte final do documentário trata, de resto, da longa batalha judicial de Lennon para evitar ser deportado dos Estados Unidos, batalha que ele acabou por ganhar em 1976.

Vigiado pelo FBI, que lhe pôs o telefone sob escuta e o fazia seguir na rua, segundo Yoko Ono,
Lennon «tinha de ser neutralizado» - era pelo menos isto, como se diz no filme, o que advogavam as mais altas esferas do estado.
O cantor foi assassinado em Nova Iorque em 8 de Dezembro de 1980.
No documentário, que retrata a época do «Make Love Not War», Lennon aparece descrito como um humanista e um fervoroso pacifista. Inclui imagens de arquivo e diversas entrevistas a jornalistas e intelectuais ( Chomsky, Gore Vidal, por exemplo), mas também a agentes secretos e políticos da época.
O escritor norte-americano Gore Vidal aparece aí a dizer:
«John Lennon encarna a vida, ao passo que (os presidentes norte-americanos) Nixon e Bush encarnam a morte».

O filme será brevemente lançado nos Estados Unidos.

"'The U.S. vs. John Lennon' é a história do que poderá ser a maior obra de arte de John Lennon fora dos Beatles: a campanha que ele e Yoko iniciaram em 1969. Portanto, o filme acompanha o crescimento dele de herói do rock’n’roll contestatário a activista, a promotor da paz, a ícone internacional, e símbolo do que significa lutar por aquilo em que se acredita", diz o co-realizador do documentário, David Leaf.

"Quando descrevemos este filme às pessoas, dizemos: «refere-se a uma guerra impopular, a um Presidente que não foi honesto com o seu país, a escutas e vigilância ilegais, e ao facto de quem se manifestar contra isso não ser considerado patriota'. Parece-lhes familiar, não?", remata o co-realizador John Scheinfeld.


Site oficial do filme:


http://www.theusversusjohnlennon.com/site/


Fala-se no filme ainda de um novo país inspirado em John Lennon, chamado Nutopia. Trata-se de um país conceptual cuja bandeira é toda branca e a sua mensagem é simples e directa: «War is over if you want it» ( a guerra acaba se tu quiseres).

Nutopia é um país sem fronteiras, nem passaportes. Só tem pessoas.
A sua declaração é a seguinte:

Declaração de Nutopia

Declaramos o nascimento do país conceptual, Nutopia
A cidadania do país é obtida através da livre adesão à Nutopia
Nutopia não tem território, nem fronteiras, nem passaportes, apenas pessoas
Nutopia não tem leis a não ser as do universo.
Todas as pessoas da Nutopia são embaixadores do país

Não deixes de te tornar cidadão da Nutopia



http://www.joinnutopia.com/

A caminho de Guantanamo (o filme já está em cartaz no circuito comercial)


O filme de Michael Winterbottom e Matt Whitecross, «A Caminho de Guantanmo», vencedor do Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim para Melhor Realizador em 2006, já se encontra em cartaz nas salas de cinema portuguesas.
A Caminho de Guanatanamo é uma denúncia contra a tortura e a prisão arbitrária praticadas pelas autoridades norte-americanas, sob o pretexto de combaterem o terrorismo.
O filme é o terrível relato em primeira mão de três muçulmanos britânicos que estiveram em cativeiro dois anos sem qualquer acusação, na prisão militar americana de Guantanamo.
Conhecidos como "Os Três de Tipton", em referência à sua cidade natal no Reino Unido, os três homens acabariam por ser libertados e enviados para casa, continuando a não ser alvo de nenhuma acusação formal, ao longo de toda esta sua provação.
Parte documentário, parte dramatização, o filme relata a sequência de acontecimentos que levaram os três a partir de Tipton, nas terras inglesas das Midlands, para assistir a um casamento no Paquistão, atravessando a fronteira do Afeganistão quando o exército americano invadiu o território, sendo depois capturados pelas forças da Aliança do Norte, até à sua prisão no Campo X-Ray e mais tarde no Campo Delta, em Guantanamo.
A interpretação é de Riz Ahmed, Farhad Harun e Arfan Usman.
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Site oficial do filme:
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A Amnistia Internacional recomenda vivamente este filme:
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Consultar também o site da campanha contra a tortura e a prisão de Guantanamo: