22.2.07

Lançamento no Porto do livro Trabalhadores do Sexo Uni-vos! da antropóloga Ana Lopes

Amanhã ( 23 de Fevereiro) às 21.30 será finalmente lançado na cidade do Porto o livro Trabalhadores do Sexo Uni-vos da antropóloga Ana Lopes. O local escolhido para a iniciativa será no Clube literário do Porto ( à Rua Nova da Alfândega, 22). A apresentação da obra e da autora estará a cargo de Miguel Vale de Almeida, também ele antropólogo e professor catedrático.

Este livro, que é uma visão “de dentro”, escrito por uma ex-sex worker e activista pelos direitos dos trabalhadores do sexo, relata o processo pioneiro e a luta pela qual profissionais do sexo alcançarama sindicalização oficial no Reino Unido. Coloca questões essenciais em relação à emergência de movimento sociais, ao movimento internacional de trabalhadores e aos direitos das mulheres.

“Trabalhadores do Sexo Uni-vos!” explora a formação e a dinâmica da organização laboral dos trabalhadores do sexo, através da investigação-acção e da etnografia. Apresenta uma análise do debate feminista sobre o trabalho e a indústria do sexo e defende a aceitação do trabalho do sexo como um trabalho legítimo, a descriminalização da prostituição, e a atribuição de direitos laborais a todos aqueles que trabalham na indústria do sexo. É uma importante contribuição para a história do movimento dos direitos dos trabalhadores do sexo.

Em Fevereiro de 2000, quinze profissionais da indústria do sexo convocados por Ana Lopes concluíam que o movimento sindical era o caminho na luta contra os problemas ligados aos vários ramos do trabalho sexual.

Em Março de 2002, depois de várias recusas de sindicatos britânicos, o terceiro maior sindicato geral do Reino Unido criava uma nova secção: Indústria do Sexo.

Três anos depois, cinco países europeus têm sindicatos que representam os trabalhadores desta indústria.

"Trabalhadores do sexo uni-vos" dá a palavra a profissionais do sexo sindicalizados, que desmontam o discurso habitual sobre o negócio do sexo. Deslocar o debate sobre o trabalho sexual do quadro moral para o quadro laboral é a revolução que propõem.


Ana Lopes, a autora, antropóloga doutorada pela University of EastLondon, trabalhou na indústria do sexo durante quatro anos, como operadora de linhas telefónicas eróticas, modelo e dançarina de strip-tease. Activista e pioneira, é reconhecida internacionalmente como especialista em assuntos relacionados com a indústria do sexo e tem sido alvo de atenção por parte dos meios de comunicação de vários
países, designadamente em vários documentários televisivos e na imprensa.

Ver aqui a reportagem transmitida pela Sic sobre a autora

Consultar ainda:
www.sexworkeurope.org



Princesas,
um filme de Fernando León de Aranoa

A propósito do trabalho sexual não será certamente despropositado a referência que decidimos fazer aqui ao filme «Princesas» do jovem, mas já internacionalmente reconhecido, realizador espanhol Fernando León de Aranoa, e que conta na sua banda sonora com a música de Manu Chao
Trata-se de um filme sobre a prostituição, melhor dizendo, sobre prostitutas mas que evita cair em pieguismos conferindo dignidade e bravura às trabalhadoras sexuais.

Breve sinopse do filme:
Cayetana (Candela Peña) vem de uma família de classe média espanhola que ignora a sua vida de prostituta. Ela e outras profissionais do sexo passam o tempo num salão de cabeleireiro, reclamando das suas colegas imigrantes que cobram barato e que lhes roubam clientes. Uma dessas imigrantes é Zulema (Micaela Nevárez), dominicana que usa o dinheiro ganho nas ruas para sustentar o filho, que continua na sua terra natal. Um dia Cayetana encontra Zulema espancada e leva-a ao hospital. No caminho nasce uma amizade e ambas descobrem que idealizam um improvável amor.

Pequeno excerto do filme Princesas:


As Vinhas da Ira (de John Steinbeck)


As Vinhas da Ira (The Grapes of Wrath) é um livro do escritor norte-americano John Steinbeck, publicado no ano de 1939.
Relata a história de uma família pobre do estado de Oklahoma, que durante a Grande Depressão de 1929 vê-se obrigada a abandonar as suas terras e partir para um novo mundo, a Califórnia, em busca de melhores condições de vida melhores. A ideia é levar a família num pequeno camião até a Califórnia, onde se diz que trabalho lá não falta. Durante a viagem eles passam por diversos tipos de provações e quando chegam à Terra Prometida descobrem que era um lugar bem pior do que aquele que tinham deixado.
Ludibriados por falsas promessas, a família toda parte num velho caminhão pela famosa estrada 66 numa jornada em que nada pode ser previsto.
Por essa obra, Steinbeck recebeu o Prémio Nobel de Literatura no ano de 1962.

Steinbeck nasceu a 27 de Fevereiro de 1902 em Salinas, Califórnia. Apesar de ter estudado diversos anos na Universidade de Stanford, saiu sem qualquer grau e passou a trabalhar como operário para sustentar-se enquanto escrevia.
O seu primeiro romance foi publicado em 1929, mas foi somente a partir da publicação de Tortilla Flat, em 1935, que o autor alcançou o reconhecimento da crítica e do público. O seu sucesso literário continuou com In dubious battle (1936) e com Of mice and men (1937). As vinhas da ira (1939) conferiu a Steinbeck o Prémio Pulitzer. Nessas obras, os temas proletários acham-se expressos pelo retrato dos trabalhadores desarticulados e despossuídos que habitavam sua região. Os romances Of mice and men e As vinhas da ira foram mais tarde transportados para o cinema.
Em 1943 Steinbeck viaja para a África do Norte como correspondente de guerra. Alguns dos seus últimos trabalhos incluem Cannery Row (1945), The pearl (1947), East of Eden (1952), The winter of our discontent (1961) e Travels with Charley (1962). Produziu também diversos “scripts” para o cinema, incluindo a adaptação de dois entre seus trabalhos mais curtos: The pearl e The red poney. Steinbeck morreu em Nova Iorque em 20 de Dezembro de 1968.

As Vinhas da Ira foram passadas ao cinema por John Ford sob o título de A Conquista do Oeste onde os actores foram Henry Fonda e John Carradine

O tema do romance, ao enfatizar que há ainda muito por fazer:“the quest is never over”, nas palavras do próprio autor, procura reforçar e ampliar a consciência de luta social e a necessidade de continuar essa luta: “we ain’t gonna die out. People is goin’ right on - changin’ a little maybe, but goin’ on.”
Esse credo pessoal de Steinbeck será pronunciado, com as mesmas palavras, pela personagem-espiral, a “alma” do romance. De resto, não faltam comprovações de outros traços autobiográficos. O personagem Tom Joad resulta ser “a prova artística” do credo particular de Steinbeck: “[...] man reaches, stumbles forward, painfully, mistakenly sometimes. Having stepped forward, he may slip back, but only half a step, and never the full step back...”9 Com essas palavras sugeridas pela sua personagem, o autor parece reafirmar, uma vez mais, a mudança ocorrida. Apesar das graves dificuldades, não se pode voltar atrás, é preciso continuar e ganhar novas batalhas. Pode-se voltar meio passo, nunca um passo inteiro. À nossa frente a luta continua...



parte 1



parte 2



Parte 3



Parte 4


Ladrões de bicicletas (filme de Vittorio de Sica)


O filme é considerado uma das obras mais emblemáticas do neo-realismo italiano. Os actores que nele intervêm não são profissionais. Está baseado no livro Ladri dì biciclette de Luigi Bartolini.
O argumento do filme remete-nos para a Itália pós-guerra onde há falta de trabalho. O personagem do filme tem a sorte de arranjar um emprego, mas para isso tem de ter uma bicicleta.
Ladrón de Bicicletas sitúa la historia en la Italia de la posguerra donde el trabajo escasea y obtenerlo es un suceso excepcional. El protagonista de la historia tiene la fortuna de conseguir trabajo pegando carteles por la ciudad pero para poder realizarlo necesita una bicicleta, el problema es que su bicicleta esta empeñada por lo que su primera tarea será recuperarla. O problema é que após o seu primeiro dia de trabalho roubam-lhe a bicicleta e come la o seu futuro. O enredo desenvolve-se então numa busca incessante em tentar recuperá-la até que na cena final o protagonista vê-se condenado a converter-se ele também em ladrão.


Breves comentários - parte 1


parte 2