As duas comunidades localizam-se perto de Ponferrada na província de Léon, Espanha. Ocupam duas antigas aldeias há muito abandonadas. Reúnem pouco mais de um centena de pessoas ( com crianças), de várias nacionalidades. Tentam, desde Setembro de 1989, viver um sonho comum a todos: respeitar a terra-mãe, viver o mais próximo possível dela, respeitá-la e pôr de pé uma alternativa de vida diferente da civilização industrial e urbana.
Trata-se de comunidades ecológicas que, a muito custo, têm vindo a repovoar e reconstruir duas antigas aldeias nas montanhas rochosas de Castela La Vieja. Fazem parte da grande família Rainbow, espalhadas pelo velho e novo continente, que reúne alguns daqueles que renegam o mercantilismo urbano e regressam à vida comunitária do campo, junto da mãe-natureza. Publicam um fanzine, "L,L,L, La casa de las tres lunas", com o qual tentam divulgar a sua experiência. Mantêm contactos com muitas outras comunidades, rurais e urbanas, recebendo muitos visitantes, e deslocando-se eles próprios às outras comunidades e reuniões da família Rainbow, convocadas de forma periódica para os mais incríveis ( e belos) locais que a natureza nos oferece.
Os elementos destas duas aldeias vivem ou em casa de madeira, construídas pelos próprios, já com alguma comodidade, ou então, e como é o caso de grande parte deles, vivem em tippis, tendas índias feitas de pano e erguidas com a ajuda de troncos de madeira. Quase todas possuem salamandras para aquecerem o interior das tendas, uma vez que o frio, o gelo e a neve se fazem sentir com muita intensidade, sobretudo no inverno. Tanto mais se nos recordarmos que a altitude das aldeias é considerável , com uma espantosa vista panorâmica sobre o vale que circunda a serra, só visível nos poucos dias do ano de céu aberto. Muitos dos elementos das comunidades são vegetarianos, e cultivam os produtos de que se alimentam. Cada elemento ( ou casal ) é proprietário do seu alojamento (casa de madeira ou tenda ) e cada um tem os seus próprios meios de subsistência. Porém, muitas coisas são comuns, e postas ao serviço de toda a comunidade. Existe, por exemplo, um forno colectivo que produz pão gratuitamente para toda a comunidade. Aliás, dinheiro é coisa que poucos utilizam. Quase não existe. Pelo menos à vista desarmada. Quem quiser servir-se no bar da aldeia de um café, de chá , biscoitos ou outros produtos, só paga em dinheiro aquilo que quiser ( ou puder ) dar.
Uma mercearia, uma escola para crianças, um bar, uma casa de reuniões e uma pequena loja de artesanato constituem a infra-estrutura colectiva de Matavenero . São vários os projectos comuns e partilhados por vários elementos . Desde os mais espirituais até aos de carácter agrícola e pecuário, passando pelos inevitáveis projectos musicais de alguns elementos , a comunidade vai gerando permanentemente actividades que ocupam os elementos interessados por cada uma e lhe imprimem um dinâmica em tudo contrária à ideia de contemplação e passividade.
Sendo uma comunidade de indivíduos livres, é natural que as relações amorosas sejam também pautadas pela liberdade de cada um. Formam-se e desfazem-se casais, mas tudo isso é visto como assunto particular de cada qual. Só quando alguém não respeita estes princípios pode ser objecto de censura, e até de marginalização.
O nascimento de uma criança ( e muitas há) é motivo de de entreajuda entre as mulheres e festejado com efusiva alegria por toda a comunidade. A escola de crianças é inspirada pelos mesmos princípios: a liberdade individual, amor e respeito pela natureza e desprendimento material. Quase todas a crianças ( e adultos) falam 3 línguas: o inglês, o alemão ( grande parte dos membros da comunidade são de nacionalidade alemã) e o castelhano.
Contrariedades, dificuldades, contradições e impasses não são poucos, e mentiríamos se disséssemos que não existiam. Mas a verdade é que ninguém pretende construir o paraíso à face da terra, apenas levar um modo de vida diferente. Um dos aspectos, por exemplo, que saltam mais à vista é uma certa agressividade nas atitudes e reacções por parte das crianças, nada pacíficas - nem passivas -, irrequietas mesmo, o que se explica em grande medida pelas condições agrestes em que vivem, e pelo facto de, desde muito cedo, adquirirem uma grande liberdade fora do controle dos pais.
Matavenero e Poibueño são aldeias perdidas na serra. Para lá chegar, é necessário caminhar a pé umas boas duas horas. Sempre a subir. Ao longo do caminho avistam-se sinais a confirmar que estamos no caminho certo.
Depois do jantar, os elementos das aldeia convergem para o bar, num local cimeiro à encosta. Conversam, riem, dançam, tocam música e cantam. Todos os dias.
Durante esses momentos mágicos, e ainda quando o tam-tams dos tambores soa e corta o ar, sentimos que estamos num mundo diferente. A percussão dos tambores gera uma comunhão entre todos. Aparecem palmas, cantos, batuques. A improvisação é total. e a montanha fica mais quente, mais acolhedora. É bonito ver alguém a construir a liberdade!
Encontro-Rainbow em Portugal
No Verão do ano de 1996 realizou-se um encontro Rainbow em Portugal em Venda Nova, pequena localidade a meio caminho na estrada entre Chaves e Braga , após um encontro preparatório na Primavera anterior na Serra das Estrela. Tanto um como outro encontro foram notícia e motivo de reportagem nos jornais de grande difusão e, duma forma geral, num tom levemente encomiástico!
Quanto aos participantes portugueses que contactámos a experiência saldou-se pela surpresa, novidade e incredulidade. Não acreditavam no que lhes estava a acontecer: uma comunidade irmanada pelos valores muito diferentes dos que estavam habituados a ver nos meios onde viviam. Inevitavelmente que terá havido, aqui e acolá , algo que não correu tão bem, ou cujas expectativas não foram de todo satisfeitas. Mas ninguém pretende o paraíso nem somos anjinhos do céu. Das apreciações pessoais e colectivas destacam-se as que não conseguem descodificar o que realmente está em jogo, e ainda aquelas, mais sérias, que vêem o movimento (!) Rainbow com o ferrete de misticismo olhando-o com alguma desconfiança e até desdém. Quanto a nós julgamos que, descontado algum folclore e muito voluntarismo juvenil, importa separar o acessório do essencial, e aí não temos dúvida que a vivência Rainbow dá lições de sabedoria aos muitos militantes encartados que também não compreendem como mudar o sistema não basta, é preciso transformar e mudar de vida. Para isso requer-se uma grande dose de coragem e de idealismo.
Como registo aqui fica um excerto retirado dum dos folhetos a anunciar os encontros Rainbow em Portugal:
«Nós, guerreiros do arco-íris, filhos da Mãe-Terra, somos uma família terrestre, espiritual, mas não religiosa, sem fins políticos ou comerciais. Reunimo-nos para partilhar amor, a nossa visão comum de respeito e protecção da Mãe-Terra e, também para melhorá-la e curar os nossos seres ( nós mesmos) através do Amor, Verdade e Confiança. Não temos leis, mas sim senso comum que pedimos-te que respeites.(...) A família do Arco-Íris é um grupo não organizado cujo local de trabalho é neste mundo em que vivemos. No encontro anterior decidiu-se em consenso: -A família não tem chefe; todas as decisões são tomadas em consenso; qualquer um pode participar nas reuniões -Todas as decisões são tomadas respeitando a vida, o ser e a mãe-natureza -Não se efectuam negócios durante os encontros -Cada um(a) responsabiliza-se um pouco pelo todo, usando a sua energia em actividades comuns -Não gostamos de armas, violência, abuso de álcool, drogas destrutivas e ideias que criem líderes entre a comunidade. »
Comunidades Rainbow em território português
Em Portugal existem já há bastantes anos comunidades rurais que fazem parte da rede Rainbow. No serra algarvia, mas sobretudo no Alentejo, podem-se encontrar comunidades rurais formadas por portugueses mas principalmente jovens estrangeiros que cortaram com o modo de vida urbano que levavam nos países originários e recriam a vida rural segundo valores ligados ao respeito pela natureza e pelo seu semelhante. Mas a comunidade mais antiga e, de todas a mais conhecida, se bem que tenha já passado por altos e baixos ao longo da sua existência é a comunidade rural que se instalou na Serra da Lousã, perto Góis. Há uns tempos atrás apareceram por lá repórteres da TVI que pretendiam entrevistar e filmar a comunidade - "uns jovens excêntricos que viviam isolados em plena serra" - para o que não se fizeram rogados, entrando de rompante na aldeia recuperada. Pensavam que poderiam filmar gente tão estranha, quais animais de circo vivendo como selvagens. A resposta que receberam foi a seguinte: os habitantes e membros da comunidade rural fecharam-se nas suas casas e cabanas recusando-se a dar a cara para um media que representava a civilização que contestavam. Do acontecimento ressalta, no entanto, a intromissão forçada dos jornalistas num meio que pretende deliberadamente afastar-se da civilização que tem justamente endeusado a televisão.
Também no Público de 11 de Abril de 1994 se dá a notícia duma comunidade rural constituída por jovens ecologistas, predominantemente estrangeiros, na Serra do Açor e da sua luta contra o avanço das plantações de eucaliptos, ao mesmo tempo que tentavam renascer a vida e a cultura rural em baldios e zonas tão agrestes como são as cercanias serranas.
16.1.05
Os livros que Bush nunca compreenderá
O livro do Tao – Lao-Tsé
Odisseia – Homero
D.Quixote – Cervantes
Gargântua e Pantagruel – Rabelais
Contos - de Voltaire
Ensaios - de Montaigne
Os Miseráveis – Victor Hugo
Heinrich von Ofterdingen – de Novalis
Oliver Twist – de Charles Dickens
Assim falava Zaratrusta – Nietzsche
A Guerra e a Paz – Tolstoi
Canto a Mim mesmo – Walt Whtiman
Walden – Henry David Thoreau
A Selva – Ferreira de Castro
Escuta Zé Ninguém – Wilhelm Reich
A Viagem ao fim da noite - Celine
O processo – Kafka
Ulisses – James Joyce
O Homem Revoltado – Albert Camus
Siddharta – Herman Hesse
Pela Estrada Fora – Jack Kerouac
Cem anos de solidão – Gabriel Garcia Marquez
Os Desapossados – Ursula LeGuin
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O vandalismo cultural do Exército norte-americano destrói os vestígios da Babilónia
As tropas norte-americanas de ocupação danificaram seriamente a antiga, lendária e histórica cidade iraquiana da Babilónia ao instalarem uma base militar no meio da suas ruínas, é a conclusão a que chega o relatório de especialistas e arqueólogos do British Museum. Destruição que era completamente desnecessária e que poderia ser facilmente evitada.
Recorde-se que a Babilónia é uma dos mais importantes locais arqueológicos do mundo inteiro e os danos que sofreu representam um perda irreparável para o património da Humanidade, segundo escreve o articulista do jornal The Guardian, no passado dia 15 de Janeiro.
Os veículos militares blindados norte-americanos destruíram os pavimentos da velha cidade com mais de 2.600 anos de existência, declarou John Curtis, conservador do Departamento dedicado à Antiguidade do Próximo Oriente do British Museum.
Partes inteiras da velha cidade foram também desfiguradas ao serem retiradas dos seus locais primitivos pelos soldados norte-americanos para o enchimento de sacos de areia, além do local ter sido devastado e contaminado pelos 2.000 elementos do exército dos Estados Unidos quando escolheram aquele local histórico para instalar uma sua base militar.
Curtis afirmou que o que ocorreu era o mesmo que terem escolhido para base militar as pirâmides do Egipto ou a região de Stonehenge.
Todo o legado arqueológico e histórico da antiga Babilónia ficou seriamente comprometido, declarou aquele especialista de História Antiga do British Museum.
Recorde-se que a Babilónia é uma dos mais importantes locais arqueológicos do mundo inteiro e os danos que sofreu representam um perda irreparável para o património da Humanidade, segundo escreve o articulista do jornal The Guardian, no passado dia 15 de Janeiro.
Os veículos militares blindados norte-americanos destruíram os pavimentos da velha cidade com mais de 2.600 anos de existência, declarou John Curtis, conservador do Departamento dedicado à Antiguidade do Próximo Oriente do British Museum.
Partes inteiras da velha cidade foram também desfiguradas ao serem retiradas dos seus locais primitivos pelos soldados norte-americanos para o enchimento de sacos de areia, além do local ter sido devastado e contaminado pelos 2.000 elementos do exército dos Estados Unidos quando escolheram aquele local histórico para instalar uma sua base militar.
Curtis afirmou que o que ocorreu era o mesmo que terem escolhido para base militar as pirâmides do Egipto ou a região de Stonehenge.
Todo o legado arqueológico e histórico da antiga Babilónia ficou seriamente comprometido, declarou aquele especialista de História Antiga do British Museum.
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