7.11.05

Há um ano Sébastien Briat morria debaixo de um comboio atómico

Em 7 de Novembro de 2004 Sébastien Briat, 22 anos, jovem activista libertário e anti-nuclear morria ao ser trucidado por um comboio atómico, carregado de lixo nuclear, na Lorraine, região de França., por ocasião de uma manifestação pública de protesto contra o comboio atómico La Hague-Gorleben ( Alemanha).
A iniciativa era de carácter não-violenta e foi devidamente ponderada e reflectida. Todas as hipóteses foram encaradas. Acontece que um conjunto de circunstâncias imprevisíveis determinaram a não paragem do comboio, entre as quais a ausência de medidas de cautela e prudência que são exigíveis no transporte ferroviário de matérias perigosas desta natureza, o que provocou a morte de Sébastien.
Uma ano depois os seus companheri@s apelam à concentração de todos os activistas anti-necleares e solidários com Sébastien junto das estações de caminho de ferro de toda a França às 18h do próximo dia 10 de Novembro ( em Paris a concentração realizar-se-á em frente da Gare de l’Est às 18 h.)

Nunca te esqueceremos.

Continuaremos a tua luta por um mundo sem o perigo do nuclear.

Curso sobre Movimentos Sociais, Protesto Público e Cidadania


11 e 12 de Novembro de 2005 no Centro de Estudos Sociais, da Faculdade de Economia de Coimbra

Inscrições : Tel. 239 855 570; Email: ces @fe.uc.pt

Local de funcionamento: CES – Colégio de S. Jerónimo, Largo D. Dinis – Coimbra (2º Piso)
(Entrada junto ao Posto de Turismo ao cimo das escadas Monumentais – o CES fica ao lado da agência da CGD)

Duração: 12 horas

Objectivos: O presente curso procura divulgar à sociedade civil e à comunidade resultados de estudos e da análise sociológica acumulada sobre as temáticas dos Movimentos Sociais e outras formas de Protesto Público e de Acção Colectiva, na sequência de projectos e pesquisas desenvolvidas no CES. Para além das perspectivas teóricas com que estes fenómenos têm sido abordados importa estabelecer o diálogo e a reflexão com os actores sociais empenhados na mudança social e na participação cívica dos cidadãos a todos os níveis. Procura-se por isso ter presente as diversas formas de acção colectiva que têm marcado a sociedade portuguesa nas últimas décadas, desde o movimento sindical aos novos movimentos e formas de acção e de protesto contra a globalização neoliberal, passando pela contestação de carácter comunitário e local, questionando as actuais tendências sociais e políticas que afastam os cidadãos da participação na vida pública e perspectivando os caminhos possíveis para inverter essa tendência.

Destinatários: Dirigentes de associações; membros de ONGs e de movimentos sociais; dirigentes e activistas sindicais; estudantes, jovens e demais cidadãos que queiram desenvolver conhecimentos sobre os problemas sociais e políticos do tempo presente.

Dia 11 de Novembro de 2005 (sexta-feira)
Sessão 1 - 10,00h às 13,00h: Movimentos sociais novos e velhos: do sindicalismo de classe às lutas identitárias
Elísio Estanque

Sessão 2 - 15,00h às 18,00h: Protestos públicos e mass media
José Manuel Mendes

Dia 12 de Novembro de 2005 (sábado)
Sessão 3 - 10,00h às 13,00h:
Acção e participação: ambientalismo e minorias sexuais
Ana Cristina Santos
e Madalena Duarte

Sessão 4 - 15,00h às 18,00h: Movimentos sociais, cidadania e participação cívica
Mesa Redonda com todos os participantes

Para reflectir e agir em consequência…


Estatísticas para reflectir e agir em consequência:

*As 3 pessoas mais ricas do mundo são também mais ricas que os 48 países mais pobres do mundo.

*Os bens das 84 pessoas mais ricas do mundo ultrapassa o produto interior bruto da China com os seus mil e duzentos mil milhões de habitantes


*As 225 pessoas mais ricas do mundo possuem uma fortuna equivalente ao rendimento anual acumulado de 47% das pessoas mais pobres do planeta, ou seja 3 mil milhões de pessoas.


*Bastaria cerca de 4% da riqueza acumulada dessas 225 pessoas mais ricas para dar a toda a população do mundo acesso à satisfação das suas necessidades de base ( saúde, educação e alimentação)


* 122 empresas são as causadoras de 80% de todas as emissões de dióxido de carbono


* Para o seu fabrico um iate de luxo precisa de 200.000 horas de trabalho, ou seja, 96 anos de trabalho de um pessoas ( a trabalhar 8 horas/dia ao longo de 5 dias/semana). Assim.com o que ganha em poucos dias um multimilionário pode-se apropriar da vida de um ser humano.


* Nos Estados Unidos os 100 mais importantes administradores ganham cada um em média mais de 100 vezes mais que os seus empregados.


*A fortuna pessoal de Bill Gates ( 50 mil milhões de dólares) é igual à fortuna cumulada dos 106 milhões de norte-americanos mais pobres.


*O orçamento militar norte-americano durante o ano de 2004 foi de 480 mil milhões de dólares, o que representa uma despesa de 27.342 dólares por hora desde o nascimento de Cristo.


*Em 2002 Bush decidiu aumentar o montante das despesas militares em 40 mil milhões de dólares. Ora esta soma representa exactamente o que seria preciso para resolver definitivamente o problema da fome no mundo.


Por estas e outras razões é que os verdadeiros donos do mundo não são os governos, mas os dirigentes dos grupos multinacionais financeiros ou industriais, e das instituições internacionais opacas como o FMI, o Banco Mundial, a OCDE, a OMC, etc. Resta dizer que os dirigentes de todas estas entidades empresariais e institucionais não são eleitos, muito embora as suas decisões tenham um enorme impacte sobre a vida das populações.

O poder dessas organizações exerce-se sobre uma escala planetária e mundial, enquanto o poder de grande parte dos Estados exerce-se dentro das suas fronteiras.

Aliás, o peso das multinacionais nos fluxos financeiros escapa regra geral ao poder dos Estados.



O Governo japonês quer militarizar-se e modificar a sua Constituição pacifista!


A Constituição japonesa de 1947 não admite que o Estado possua forças armadas, sendo por isso caracterizada por ser uma Constituição pacifista. Ora nos últimos tempos o actual governo japonês de cariz liberal-conservador não se tem cansado de ensaiar tentativas de introduzir profundas alterações na Constituição Política japonesa com vista a dotar o Estado de umas forças armadas poderosas. A oposição declarou já o seu repúdio a tais intenções.
A emenda ao artigo 9 no qual se diz que o Japão « renuncia à guerra como meio de regular os diferendos internacionais» é o alvo da sanha militarista do governo japonês e das forças nacionalistas que têm recebido o aval dos Estados Unidos, os quais pretendem inscrever o Japão no sistema regional norte-americano.
Um dos pretextos para a modificação do citado artigo é o envio para o Iraque de soldados japonesas de…autodefesa do Japão!!!
Este facto tem servido para os partidários da militarização do Japão dizerem que o artigo 9 foi…esvaziado de sentido!!!
Cá para nós quem violou o articulado constitucional, isto é, o actual governo liberal-conservador japonês é quem devia estar hoje a prestar contas por ter violado a Constituição.
Recorde-se que foram os Estados Unidos que, curiosamente começaram por esvaziar o artigo 9 da Constituição do Japão, para o qual tinham contribuído insistentemente no período imediato ao pós-Guerra em 1945, quando inseriram o país do Sol nascente na sua estratégia anti-comunista durante a chamada Guerra fria. O primeiro passo foi uma decisão secreta de 1948 a autorizar o Japão para a constituição de uma força de polícia nacional de 150 .000 homens cuja missão era, entre outras, proteger as bases norte-americanas no Japão e as famílias dos soldados norte-americanos!!!
Os próprios governos norte-americanos não escondem o seu desejo de tornar o Japão uma potência militar moderna, ainda que sob controle militar americano e ao serviço dos objectivos estratégicos de Washington.
Não admira pois que, apesar da sua Constituição rejeitar a constituição de forças armadas, o Japão já ter sido considerado em 1973 a sétima potência militar do mundo, tendo hoje cerca de 240.000 soldados e ter gasto em 1998 50 mil milhões de dólares para as suas forças de….«auto-defesa» !!!
E não faltam líderes políticos no Japão a pedir armas nucleares para as suas forças armadas…

Criação de uma nova agência de espionagem norte-americana ( a National Clandestine Service)


No passado mês de Outubro os directores da National Intelligence e da Central Intelligence Agency ( CIA), John D. Negroponte e Porter J.Gross anunciaram a criação de uma nova agência de espionagem: a National Clandestine Service (NCS)
Sob a direcção directa da CIA este novo serviço foi criado por recomendação dos autores de um inquérito realizado para o efeito e visa reforçar a coordenação das 15 agências norte-americanas existentes e entregues ao trabalho de informação. A NCS será dirigida por um responsável «undercover» da CIA, cujo nome será secreto.
A criação da NCS segue-se à criação em Junho de 2005 da National Security Service, organismo a trabalhar no seio do FBI.

Com tantas e tão variadas agências secretas e serviços de informação e de espionagem, o actual Estado Imperial não se pode queixar de estar mal «informado»…

Breve Cronologia do Anarquismo


1563
Morre Etienne de la Boétie, autor do Discurso sobre a Servidão Voluntária, um livro clássico do pensamento libertário, em que analisa o conformismo do povo e aponta a desobediência como um instrumento de mudança social e de luta contra os poderosos.

1789
Revolução Francesa, um momento decisivo de derrocada da velha ordem feudal e clerical na Europa. Na Revolução participaram grupos populares radicais que defendiam posições próximas do pensamento libertário. A Revolução Francesa mereceu estudos de anarquistas como Piotr Kropotkin e Daniel Guerin e foi vista pelos movimentos libertários como precursora das revoluções sociais do século XIX e XX.

1792
Mary Wollstonecraft, companheira de William Godwin , precursora libertária e feminista, publica Reividicação dos Direitos da Mulher.

1793
William Godwin, pensador inglês, precursor do anarquismo, publica o livro Investigação Acerca da Justiça Política.

1837
Morre o socialista utópico Charles Fourrier.

1840
Pierre Joseph Proudhon emprega pela primeira vez, no seu livro O Que é a
Propriedade?, a palavra anarquia no sentido de sociedade autogovernada.

1842
Marx e Bakúnin começam a colaborar na revista Anais Alemães de Arnolde Ruge. Neste ano Marx elogia os "trabalhos penetrantes de Proudhon".

1844
Marx conhece Proudhon, então já um famoso pensador socialista, em Paris. Nesse mesmo ano morre em França a revolucionária socialista, de origem peruana, Flora Tristán, avó do pintor Paul Gauguin.

1845
Nesse ano o pensador anarquista individualista Max Stirner, escreve O Único e a sua Propriedade.
Nos Estados Unidos o libertário Josiah Barren funda a colônia Utopia.

1846
Proudhon escreve a Filosofia da Miséria. Marx e Proudhon trocam correspondência. Na última carta o anarquista francês, depois de criticar todo o dogmatismo, adverte Marx: "não nos tornemos os chefes de uma nova intolerância". É o sinal da irreconciliação entre os dois pensadores.

1847
Marx publica A Miséria da Filosofia tentando refutar a obra de Proudhon.
Constituem-se na Colômbia as sociedades democráticas, influenciadas pelo pensamento de Proudhon.

1848
Kar Marx e Friederich Engels publicam o Manifesto Comunista.. Agitações revolucionárias em vários países da Europa, a mais importante das quais foi a chamada Revolução de 1848 em França.

1849
David Thoreau publica o clássico libertário americano Desobediência Civil.
Bakúnin é preso, após ter participado em várias rebeliões, só vindo a escapar em 1861 da Sibéria.

1852
Primeira viagem aos Estados Unidos de Victor Considérant, discípulo de Fourier, para criar um falanstério.

1856
Morre precocemente Max Stirner.

1861
. Bakúnin foge para o ocidente, indo viver na Inglaterra e posteriormente na Suiça.

1862
Operários franceses e ingleses reunem-se em Londres durante a Exposição Internacional e decidem constituir uma organização internacional, que viria a ser fundada oficialmente em 1864, a AIT.

1863
Proudhon publica um de seus principais livros O Príncipio Federativo.

1864
É criada em Londres a Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) e Bakúnin funda Aliança Internacional da Democracia Socialista.

1865
Morre Proudhon, considerado o primeiro anarquista moderno. Conferência de Londres da AIT.

1867
Marx publica o primeiro volume do Capital.
Congresso de Lausanne da AIT.

1868
Bakúnin ingressa na AIT e os núcleos de partidários da Aliança Socialista passam a ser seções da Primeira Internacional.
As idéias internacionalistas chegam a Portugal e Espanha através do companheiro de Bakúnin, o italiano Giuseppe Fanelli.
O socialista espanhol partidário de Proudhon, Pi y Margall publica o livro Las Nacionalidades.

1869
É fundada a União Cooperativa Inglesa.
Congresso de Basileia da AIT.

1870
É formado o Gran Círculo de Obreros de México, de orientação proudhoniana.
Em Barcelona é criada a Federação Regional Espanhola, aderente à AIT.
Morre o pensador russo Aleksandr Herzen, um federalista amigo de Bakúnin e um dos mais influentes intelectuais russos do século XIX.

1871
Os trabalhadores de Paris declaram a Comuna, mas as tropas do governo invadem Paris em Maio desencadeando um massacre.
Bakúnin publica um dos seus principais livros Deus e Estado
. Os internacionalistas espanhóis Anselmo Lorenzo, Morago e Mora refugiam-se em Lisboa e fazem contatos para criar uma seção portuguesa da AIT.
O poeta português Antero de Quental, partidário da AIT, publica o folheto O Que é a Internacional?
Conferência da AIT em Londres.

1872
O Congresso de Haia da AIT, expulsa os anarquistas por proposta de Marx e transfere a sede a internacional para Nova York.
Este foi o último congresso da AIT, a partir daí dissolveu-se a Primeira Internacional. Os anti-autoritários reúnem-se em Saint Imier na tentativa de preservar a internacional.

Em Portugal , em Fevereiro, sai o jornal O Pensamento Social ligado aos internacionalistas.
No México são editados os jornais El Obrero Internacional e La Comuna.

1873
O médico Eduardo Maia, membro da seção portuguesa da AIT e um dos primeiros anarquistas do país, publica A Internacional, sua História, sua Organização e seus Fins.

1874
É publicada em Portugal a tradução Do Princípio da Federação de Proudhon. O anarquista francês era lido há vários anos em francês pelos intelectuais e trabalhadores socialistas.

1875
Constitui-se no Uruguai a Federación Regional de la República Oriental del Uruguay, mais tarde transformada em Federación Obrera Regional Uruguaya.
Reúne-se no México o Congreso General Obrero.

1876
Morre na Suiça o agitador e pensador anarquista russo Mikhail Bakúnin.
No México as ideias socialistas são discutidas no Primeiro Congresso Operário.
A ala marxista da AIT declara oficialmente, em Filadélfia, o fim da Primeira Internacional.
É publicado no México o livro de Prouhdon Idea General de la Revolución en el Siglo XIX.
Desencadeiam-se várias greves operárias com participação de trabalhadores anarquistas.

1877
Sublevações camponesas, de inspiração socialista e libertária, no México, nos Planes de la Barranca e Sierra Gorda. Levante de Benevento.
Um grupo de anarquistas, entre os quais Carlo Cafiero e Errico Malatesta precorrem aldeias do sul de Itália, queimam os arquivos, distribuem armas e apelam aos camponeses para declarar o comunismo libertário.

1878
Quatro anarquistas são enforcados em Chicago em conseqüência das manifestações pelas 8 horas de trabalho. Este acontecimento iria passar a marcar as comemorações do 1. de maio.
No México é fundado o primeiro Partido Comunista Mexicano, de idéias anarquistas. Em Montevideu começa a publicar-se o jornal El Internacional.

1879
Aparecem na Rússia vários grupos revolucionários de tendência populista e anarquista, que se dedicam a desencadear a acção direta contra o czarismo.
Começa a publicar-se na Suiça o jornal anarquista Le Revolté, sob direção de Kropótkin.
Publica-se em Cuba o jornal anarquista El Obrero.

1880
Engels publica Socialismo Utópico e Socialismo Científico.
Chega aos Estados Unidos o militante anarquista alemão Johann Most.

1882
Anarquistas celebram em Montevideo o aniversário da Comuna de Paris.

1883
É criada na Suiça a Emancipação do Trabalho, primeira organização marxista russa. Morre Karl Marx. É fundado em Buenos Aires o Circulo Comunista Anarquista.

1884
Reclus visita a Colômbia para pesquisar para a sua Nova Geografia Universal, tendo proposto ao governo a criação de uma comunidade agrícola, a que chamou República Idílica, em Sierra Nevada de Santa Marta.

1885
Malatesta chega à Argentina onde residirá por cinco anos.

1886
Começa a publicar-se em Londres o jornal Freedom, por um grupo anarquista reunido em torno de Kropótkin.
Reúne-se em Habana o Congreso Obrero Local. Em Buenos Aires, o militante anarquista Mattei edita El Socialista.

1887
É publicado o primeiro livro de Krópotkin em Portugal, A Anarchia na Evolução Socialista. Formam-se os grupos anarco-comunistas do Porto e de Lisboa. Trabalhadores anarquistas fundam, em Buenos Aires, o Circulo Socialista Internacional. Em Habana começa a se publicar o jornal anarquista El Productor.

1888
É fundada em França a organização Bolsas do Trabalho, de tendência libertária.
Kropótkin publica um dos seus mais famosos, e traduzidos, livros, A Conquista do Pão.

1889
É fundada em Paris a Segunda Internacional.
Em Santos, Silvério Fontes cria o Centro Socialista, um dos primeiros grupos dedicados à divulgação das idéias socialistas no Brasil.

1890
Generalizam-se as manifestações e comemorações do Primeiro de Maio na Europa. Embarcam para o Brasil o primeiro grupo de anarquistas que vai fundar a Colônia Cecília no Paraná.
Oscar Wilde edita A Alma do Homem sob o Socialismo, um livro de inspiração libertária.
No Chile greve promovida por trabalhadores anarquistas termina com uma violenta repressão. Em Buenos Aires começa a se publicar um dos primeiros jornais anarquistas El Perseguido. Em Nova York, o militante anarquista Pedro Esteve, começa a publicar El Despertar um dos mais duradouros jornais anarquistas, em língua castelhana, dos Estados Unidos.

1891
É fundada na Argentina a Federación Obrera Argentina (FOA). Que depois de um período de estagnação volta a ser reorganizada em 1901, sob uma linha anarco-sindicalista.

1892
É publicado, por emigrantes italianos, Gli Schiavi Bianchi, um dos primeiros jornais anarquistas brasileiros.
Ravachol, o mais famoso dos anarquistas partidário da ação direta, é guilhotinado em França.
Morre Carlos Cafiero um dos militantes socialistas que contribuiu para o desenvolvimento do anarquismo em Itália.
No Chile é criado o primeiro centro de estudos sociais anarquista.

1893
Giovanni Rossi, médico veterinário e anarquista idealizador da Colônia Cecília publica na Itália , Cecilia, Uma Comunidade Anarquista Experimental.
É criada na Holanda a National Arbeids Sekretariat (NAS), sindicalista revolucionária, onde teve um papel importante o anarquista Christian Cornelissen.
Chega a Cuba o tipógrafo catalão Pedro Esteve, que seria um dos principais militantes anarquistas do país. Nesse mesmo ano os trabalhadores cubanos fundam a Sociedad General de Trabajadores. Levantamento de trabalhadores em Bogotá, com influência anarquista. No Chile é publicado El Oprimido, considerado o primeiro jornal anarquista do país.

1895
É fundada a Confederação Geral do Trabalho (CGT) francesa que viria a inspirar o anarco-sindicalismo em todo o mundo. A Carta de Amiens, aprovada em 1906, é o documento que define as linhas do sindicalismo revolucionário libertário.


1896
No Congresso de Londres os anarquistas são expulsos da Internacional Socialista.
Em Portugal é publicado o importante estudo de Silva Mendes, O Socialismo Libertário ou Anarquismo.
Morre William Morris importante militante socialista inglês.
Reúne-se em Lima o Primero Congreso Obrero. No Chile é criado o Centro Social Obrero reunindo os principais militantes anarquistas que publicam também o jornal El Grito del Pueblo.
1897
É fundado em Buenos Aires La Protesta Humana, o mais importante jornal anarquista latino-americano.

1898
Realiza-se no Brasil, no Rio Grande Sul, o primeiro congresso que reúne organizações operárias a nível estadual. Chega a Buenos Aires, o advogado italiano e intelectual anarquista Pietro Gori.

1899
Na Colômbia Jacinto Albarracín, anarquista indígena, perseguido funda na floresta uma comuna libertária.

1900
É publicado no Rio de Janeiro o livro Estados Unidos do Brasil, o capítulo da Geografia Universal de Elisée Reclus, referente ao Brasil. O anarquista mexicano Ricardo Flores Magón funda o jornal La Regeneración.

1901
Morre Fernand Pelloutier operário e anarquista francês criador das Bolsas de Trabalho e idealizador do sindicalismo revolucionário, que influenciou o anarco-sindiclaismo à escala mundial.
É fundada na Argentina a Federación Obrera Argentina (FOA) e os trabalhadores de Rosário declaram greve geral.
Chega a São Paulo o advogado e militante anarquista português Neno Vasco.

1902
É editado o livro Apoio Mútuo de Kropótkin, uma crítica do darwinismo social e a defesa do princípio da cooperação como fundamento da evolução das sociedades.
A FOA declara greve geral na Argentina. No Chile, a greve dos tipógrafos marca o desenvolvimento do sindicalismo revolucionário no país

1903
O escritor e militante anarquista Fábio Luz publica o primeiro romance brasileiro de inspiração libertária, O Ideólogo.
Foma-se na Argentina a Unión General de Trabajadores (UGT), reformista, mas onde virá a surgir mais tarde uma tendência próxima do sindicalismo revolucionário. No Chile foi criada na capital uma comunidade anarco-comunista, tendo sido criado, pouco depois, no interior uma comunidade influenciada pelas idéias de Tolstoi. Em Valparaíso, em abril, os trabalhadores portuários influenciados pelo sindicalismo revolucionário desencadeiam uma greve, que acaba se generalizando, em maio, em fortes conflitos de rua na cidade, obrigando o governo a enviar tropas para a cidade. Calcula-se que morreram mais de cem trabalhadores e houve milhares de feridos e presos.

1904
No Quarto Congresso Sindical Argentino é criada a Federação Operária Regional Argentina (FORA) a mais importante e combativa organização anarco-sindicalista da América Latina.
Realiza-se em Amsterdam o Congresso Antimilitarista organizado pelo anarquista e pacifista Ferdinand Nieuwenhuis.

1905
Desencadeia-se a revolução russa que derruba o czarismo autocrático, iniciando uma abertura liberal.
Nos Estados Unidos foi criada a Industrial Workers of the World (IWW) a mais importante organização sindicalista revolucionário americana, que influenciou a criação de organizações semelhantes no Chile, Nova Zelândia e Austrália.
Morre Élisée Reclus destacado geógrafo e militante anarquista.
É criada a Federación Obrera de la Regional Uruguaya (FORU) de linha anarco-sindicalista, herdeira da linha libertária dos internacionalistas do século XIX.
Morre em França, Louise Michel, famosa militante anarquista que participou da Comuna de Paris.
No Chile realiza-se a Primera Convención Nacional de las Mancomunales, considerado o primeiro congresso operário.

1906
Primeiro Congresso Operário Brasileiro, aprova uma linha de actuação anarco-sindicalista e cria a Confederação Operária Brasileira (COB). Greve de mineiros no México deixa centenas de mortos. O agitador anarquista colombiano Biófilo Panclasta chega a Buenos Aires. No Chile foi criada a Federación de Trabajadores de Chile (FTCH), considerada a primeira federação operária sindicalista revolucionária.

1907
Congresso Anarquista Internacional em Amsterdam de que participou o colombiano Biófilo Panclasta representando os trabalhadores argentinos.
No Brasil desencadeiam-se lutas pelas 8 horas de trabalho.
Congresso dos anarquistas alemães reúne-se clandestinamente.

1908
Começa a se publicar, no Rio de Janeiro, A Voz do Trabalhador, órgão da Confederação Operária Brasileira, principal jornal anarco-sindicalista do Brasil. É fundada na Bolivia a Federación Obrera Local (FOL), que será recriada em 1926, após ter desaparecido por vários anos.
É fundada pelo operário Hilário Marques a revista Sementeira, a mais importante publicação anarquista portuguesa.
Morre em Paris o agitador anarquista individualista Albert Libertad.
Revoltas camponesas no México com o apoio de anarquistas.

1909
Semana Trágica de Barcelona. Greve revolucionária agita Barcelona, provocando uma repressão feroz.
O educador anarquista Francisco Ferrer Guardia é fuzilado acusado de ser responsável pela agitação revolucionária, mesmo que na época dos acontecimentos estivesse em Londres. Manifestações de indignação por todo o mundo contra o governo espanhol. Começa, em Portugal, o Congresso Operário Nacional , que encerra em 1910.

1910
Morre o famoso escritor russo e defensor de um cristianismo igualitário, com afinidades anarquistas, Liev Tólstoi, que influenciou grupos anarco-cristãos em vários países, principalmente na Holanda e Estados Unidos.
Em Barcelona foi fundada a Confederação Nacional do Trabalho (CNT), anarco-sindicalista.
Revolução Republicana em Portugal com participação de trabalhadores e militantes anarquistas.
Revolução Mexicana, com participação de camponeses e intelectuais libertários influenciados pelas idéias do militante anarquista Flores Magón.
Os trabalhadores suecos criam a Sveriges Arbetares Central (SAC) de tendência sindicalista revolucionária

1911
Primeiro Congresso Anarquista português e fundação Federação Anarquista da Região Sul.
São enforcados no Japão os anarquistas Denjiro Kotuku e sua companheira Yugetsu Sugo Kanno.
Greve geral no Peru promovida pelos anarco-sindicalistas. São editados os livros de Rafael Barrett, anarquista espanhol que atuou no Paraguai, El Dolor Paraguayo e Cuentos Breves.
O activo militante e jornalista anarquista Neno Vasco parte para Portugal, onde continuará sua militância.
Chega a Buenos Aires, José de Brito, que se tornará um activo militante anarquista na Argentina e, posteriormente em Portugal.
No Panamá começa a publicar-se El Unico, Publicação Individualista, um dos raros jornais anarquistas individualistas da América Latina.

1912
Constitui-se em Portugal a Federação Anarquista da Região Norte.
Tranbalhadores anarco-sindicalistas bolivianos criam a Federación Obrera Internacional (FOI). Morre Voltairine de Clayre, agitadora anarquista americana.
É criada em Itália a União Sindical Italiana (USI), anarco-sindicalista.
Morre em tiroteio com a polícia Jules Bonnot, ilegalista e anarquista francês.
No Chile é editado o jornal La Batalla, um dos mais importantes periódicos anarquistas do país.

1913
Segundo Congresso Operário Brasileiro mantém a linha sindicalista revolucionária.
Em Portugal formam-se as Juventudes Sindicalistas. Em Lisboa edita-se o importante jornal anarquista Terra Livre, dirigido pelo luso-brasileiro Pinto Quartim.
Criação da Unión Obrera de Colombia.

1914
Começa a Primeira Guerra Mundial dividindo o movimento socialista (inclusive os anarquistas) sobre a posição a tomar.
Começa a se publicar, no Rio de Janeiro, A Vida, a principal revista anarquista do começo do século. Reúne-se em São Paulo a Conferência Libertária. Semana Vermelha em Itália, onda de greves e agitações, desencadeada pela USI, paralisa o país.

1915
Tentativa de formar uma confederação anarco-sindicalista no México, resulta infrutífera pela violenta repressão desencadeada no ano seguinte. Congresso Internacional da Paz, realiza-se no Rio de Janeiro, com representações de vários estados brasileiros e delegados da Argentina.
Realiza-se em Ferrol (Espanha) o Congresso Mundial Contra a Guerra, com delegados de vários países.
Realiza-se no Rio de Janeiro o Congresso Anarquista Sul-americano, reunindo delegados do Brasil, Argentina e Uruguai.

1916
Morre James Guillaume o mais conhecido militante anarquista suiço, miliante da AIT e fundador da Federação do Jura, que seria o centro difusor do anarquismo do século XIX. Esta Federação recebeu e apoiou militantes anarquistas de todo o mundo.
Realiza-se no México um Congreso Obrero Nacional que cria a Federación del Trabajo de la Región Mexicana, anarco-sindicalista.
O revolucionário anarquista mexicano FloresMagón é condenado, nos Estados Unidos, a 20 anos de prisão.

1917
Explode a Revolução Soviética. O Partido Social Democrata Russo, de Lenin, desencadeia acções militares que lhe dão o poder.
Inicia-se a publicação de A Plebe, o mais importante jornal anarquista brasileiro. No Chile é criada a IWW, organização sindicalista revolucionária.

1918
Inicia-se no Rio de Janeiro a greve geral revolucionária que ficou conhecida por Insurreição Anarquista do Rio de Janeiro.
Publica-se, no Porto, A Comuna, um dos mais destacados títulos da imprensa anarquista.
No Brasil os anarquistas criam os Comitês Populares contra a Carestia de Vida. Chega à Argentina Diego Abad Santillán um dos mais importantes militantes e intelectual anarquista do nosso século, autor de uma vasta obra que inclui livros sobre o anarquismo e sindicalismo na Argentina.

1919
O anarquista português Manuel Ribeiro funda a Federação Maximalista Portuguesa, a primeira organização a defender o leninismo no país e que viria a dar origem ao Partido Comunista.
No mesmo ano no Brasil é fundado o chamado Partido Comunista do Rio de Janeiro, que mistura anarquismo e maximalismo.
Em Portugal, em Coimbra, no Segundo Congresso Operário Nacional, foi fundada a Confederação Geral do Trabalho (CGT), anarco-sindicalista e inicia-se a publicação do jornal A Batalha, o mais importante jornal anarco-sindicalista português.
Semana Trágica em Buenos Aires, greve geral violentamente reprimida, com centenas de mortos. É criada no Chile a IWW, central sindical de afinidade anarco-sindicalista.
É morto após a derrota da Revolução Alemã, o pensador anarquista Gustav Landauer. É fundada a organização anarco-sindicalista alemã Freie Arbeiter Union (FAU).
É criada em Moscou, a Internacional Comunista, conhecida por Terceira Internacional.

1920
Realizam-se, em Portugal, inúmeras greves, incluindo duas greves gerais. Morre precocemente em Portugal, Neno Vasco, um dos mais importantes militantes anarquistas de Portugal e do Brasil.
Realiza-se o Terceiro Congresso Operário Brasileiro.
Kropótkin escreve várias cartas a Lenin criticando a evolução autoritária da Revolução Russa.
É fundado em Milão o diário anarquista Umanità Nuova.
No Chile começa a publicar-se Claridad, a mais importante revista ácrata. Neste último país, durante a vaga repressiva deste ano, morreu na prisão o poeta libertário Gómez Rojas.

1921
Morre na Rússia o pensador anarquista Piotr Krópotkin, depois de um longo exílio na Europa. O seu funeral foi a última grande manifestação livre dos anarquistas russos.
Violenta repressão, na União Soviética, contra o soviete de Kronstadt e contra o movimento maknovista, abre caminho à violência autoritário do Partido Comunista.
É criado em Moscou a Internacional Sindical Vermelha (PROFINTERN) tendo por objetivo ampliar a influência dos partidos comunistas sob o movimento operário.
As tropas argentinas massacram os trabalhadores anarco-sindicalistas da Patagônia.

1922
Morre o importante escritor Lima Barreto autor de livros como Triste Fim de Policarpo Quaresma, colaborador da imprensa operária e simpatizante anarquista.
Terceiro Congresso Operário Nacional em Portugal reafirma o sindicalismo revolucionário.
Fundação do Partido Comunista do Brasil, aderente à Terceira Internacional, entre os fundadores estão vários ex-anarquistas.
Marcha sobre Roma dos fascistas italianos, lev a Mussolini ao poder, desencadeando a repressão sobre o movimento operário e socialista.
Em Salvador é fundada a Unión Obrera Salvadoreña, de tendência anarco-sindicalista e em Cuba a Federación Obrera de la Habana (FOH).
Nos Estados Unidos morre, de forma suspeita, na prisão o anarquista mexicano Flores Magón.
No Chile é fundada uma nova organização anarco-sindicalista, Federación Obrera Regional de Chile (que desaparece em 1927) e vai coexistir com a IWW também sindicalista revolucionária.

1923
É publicado um dos mais importantes livros anarquistas em língua portuguesa, A Concepção Anarquista de Sindicalismo, de Neno Vasco. Em Portugal greve geral de solidariedade com os mineiros. Realiza-se em Alenquer (Portugal) uma Conferência Anarquista que decide a criação da União Anarquista Portuguesa (UAP).
No México é fundada a Alianza Local Mexicana Anarquista (ALMA). No Peru anarco-sindicalistas criam a Federación Regional de Obreros Indios. O anarquista Kurt Wilckens mata na Argentina o coronel Varela, que comandou o massacre da Patagônia.

1924
Manifestações em vários países, incluindo Portugal e Brasil de solidariedade com os anarquistas Sacco e Vanzetti.
Criação, em Bogotá, do Grupo Sindicalista Antorcha Libertária, no ano seguinte seria criada a Federación Obrera del Litoral Atlântico (FOLA), anarco-sindicalista. É fundado por anarco-sindicalistas, no Panamá, o Sindicato General de Trabajadores. O anarquista colombiano Biófilo Panclasta participa de lutas operárias em São Paulo o que leva à sua prisão de deportação para o campo de concentração da Clevelândia, de onde veio a fugir. Chega à Argentina o militante anarquista francês Pierre Piller (Gaston Leval). No Chile a adoção do Código Trabalhista e de uma política de integração dos sindicatos no Estado, dá um rude golpe no sindicalismo autônomo.

1925
É fundada em Cuba a Confederación Nacional Obrera de Cuba, anarco-sindicalista. Realiza-se na Colômbia o Segundo Congresso Operário que decide criar a Confederación Obrera Nacional.

1926
Golpe Militar em Portugal abre o caminho à ditadura fascista, visando responder ao crescimento das lutas operárias.
Chega ao México o escritor e militante anarquista de origem polaca Ret Marut, que passou a assinar seus livros como Bruno Traven. Formação do primeiro grupo anarquista da Guatemala.

1927
Em Valência foi fundada a Federação Anarquista Ibérica (FAI) reunindo as organizações anarquistas das várias nacionalidades da península ibérica. Junto com a CNT, seriam as organizações que tiveram o papel decisivo na Revolução Espanhola de 1936.
São mortos nos Estados Unidos Nicola Sacco e Bartolomeu Vanzetti, trabalhadores anarquistas italianos, num processo judicial fraudulento, que provocou a indignação do movimento operário internacional.
Greve na Colômbia marca o momento mais alto do sindicalismo revolucionário no país.

1930
Golpe militar no Brasil prepara o caminho para a ditadura de Getúlio Vargas. Golpe militar do general Uriburu impõe uma ditadura a que seguirá uma outra de Perón, que destruirá o sindicalismo autônoma na Argentina.

1931
É fundada no Chile a Federación General de Trabajadores (CGT) anarco-sindicalista,
, com uma estrutura semelhante à FORA argentina.
Morre o anarquista francês Emile Pouget que, junto com Fernand Pelloutier, desenvolveu as idéias centrais do sindicalismo revolucionário.
Greves em Cuba promovidas pelos anarco-sindicalistas duram vários meses.

1932
Morre em Itália, sob liberdade vigiada, Errico Malatesta, o principal agitador e pensador anarquista italiano, que actuou em vários países, inclusive na Argentina.

1933
Os nazistas chegam ao poder na Alemanha desencadeando uma onda de repressão sobre as organizações operárias e socialistas.
Morre o poeta alemão John Henry Mackay, grande divulgador do pensamento de Stirner.

1934
A CGT portuguesa, anarco-sindicalista, desencadeia uma greve geral revolucionária em 18 de janeiro. A repressão que se seguiu, destruiu o sindicalismo revolucionário e institui o sindicalismo corporativista fascista.
Começa-se a publicar em França por iniciativa de Sebastian Faure a Enciclopédia Anarquista.
Diego Abad Santillán parte para Espanha onde teria um papel importante no contexto revolucionário.

1935
Morre em Paris o anarquista ucraniano, Nestor Mackhno, que teve de se refugiar no ocidente após ser perseguido pelo governo russo.
Morre, no Uruguai, o militante anarquista italiano Luigi Fabbri, companheiro de Malatesta que desenvolveu intensa atividade na Europa e no Uruguai.
Os anarquistas cubanos participam da luta contra a ditadura de Batista. É fundada clandestinamente na Argentina a Federación Anarco-Comunista Argentina (FACA)

1936
Como resposta ao golpe fascista do general Francisco Franco, os trabalhadores, sindicalistas e anarquistas assaltam os quartéis desencadeando um processo revolucionário libertário que teve de se confrontar com os fascistas de Franco, apoiados por Hitler, Mussoluni e Salazar e, internamente, com os estalinistas.
O revolucionário Victor Serge, ex-anarquista, que se tornou militante do Partido Comunista da União Soviética, consegue exilar-se no ocidente, após um movimento internacional de solidariedade, vindo a denunciar os crimes do estalinismo.
É morto a tiro, em condições nunca esclarecidas, Buenaventura Durruti, o mais famoso revolucionário anarquista do nosso século.

1937
Realizam-se vários atentados em Portugal contra objectivos ligados aos fascistas espanhóis e alguns militantes anarquistas executam um atentado contra o ditador Salazar, que consegue escapar com vida.
Militantes operários, incluindo anarquistas e comunistas são deportados para o campo de concentração do Tarrafal, em Cabo Verde.
É implantada no Brasil a ditadura de Getúlio Vargas, adotando uma constituição de tipo fascista, passando a desencadear a sistemática repressão contra o movimento operário e particularmente sobre os anarquistas.
É morto por estalinistas em Espanha o militante anarquista italiano Camilo Berneri.
É criada em Portugal a Federação Anarquista da Região Portuguesa (FARP).

1939
As tropas de Franco derrotam as forças anti-fascistas, seguindo-se uma violenta repressão e o exílio de centenas de milhares de operários e anarquistas, que se refugiam em França, vindo alguns mais tarde para a América Latina. Franco e Salazar estabelecem o Pacto Ibérico, fundamentalmente destinado a articular a repressão contra, o movimento operário.
Começa a Segunda Guerra Mundial desencadeando-se a expansão nazi-fascista.
Morre em Monte Carlo, Benjamin Tucker um dos mais destacados pensadores libertários americanos.

1940
Morre Emma Goldman militante anarquista de origem russa, que teve uma importância central no anarquismo dos EUA. Expulsa em 1919 para a Rússia teve de deixar o país pelas suas críticas à evolução autoritária da Revolução Soviética. Foi uma das primeiras vozes a levantar-se contra o autoritarismo comunista


(continua...)

Um outro mundo é possível ... sem as Instituições Financeiras Internacionais


Até a década de 50 os países eram apenas isso: países. Durante a presidência dos Estados Unidos de Harry Truman, os países foram classificados em “desenvolvidos” e “subdesenvolvidos”, dependendo de se estavam perto ou longe do modelo dos EUA. Desde a época o adjectivo negativo “subdesenvolvido” tem sido substituído pelo adjectivo mais positivo de “em desenvolvimento”. O facto de que a maioria dos países “em desenvolvimento” estão agora em pior situação social, económica e ambiental do que estavam quando eram classificados como tais não é nem sequer assunto de muito debate.

O que é importante –para os países “desenvolvidos”- é manter a ilusão de que os países “em desenvolvimento” PODEM efectivamente desenvolver-se e ser similares ao modelo ocidental. Esse é precisamente um dos objectivos das Instituições Financeiras Internacionais (IFIs): manter viva a ilusão. O seu objectivo é logicamente outro: garantir que os recursos dos países “em desenvolvimento” continuem fluindo para as nações “desenvolvidas” e economicamente ricas que continuem ainda mais ricas no processo, enquanto os países “em desenvolvimento” continuem mais pobres. Lamentavelmente as IFIs têm tido sucesso até agora.

As duas IFIs mais conhecidas são logicamente o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, mas elas são assistidas na mesma tarefa pelos Bancos de Desenvolvimento Africano, Asiático e Interamericano, bem como pelo Banco Europeu de Investimento e uma série de Agências de Crédito às Exportações do Norte.

O financiamento de todas essas instituições –que supostamente têm o fim de assistir no “desenvolvimento” dos países - tem resultado num amplo empobrecimento e destruição ambiental, enquanto ao mesmo tempo aumenta a dívida externa nos países do sul com a resultante dependência dos governos nessas mesmas instituições. Essa situação de dependência é então usada pelas IFIs para impôr condições favoráveis –que claramente afectam a soberania dos países - para o investimento e a apropriação de recursos pelo norte.

No caso das florestas, os rastos das IFIs estão presentes –directa ou indirectamente - na maioria dos processos que levam ao desmatamento. Tomemos o caso da região amazónica. O desmatamento foi em primeiro lugar possível pelos empréstimos das IFIs para a construção de rodovias na floresta. Isso fez possível o corte de madeira com fins industriais, a criação de gado, a agricultura em grande escala, a mineração, as barragens e a exploração de petróleo, resultando em destruição florestal extensiva e violações aos direitos humanos. A maioria dessas actividades também foram possíveis através dos empréstimos das IFIs. Apesar do despojamento de recursos, os países da região amazónica endividaram-se e as condições das IFIs forçaram-nos a aumentar a exploração de recursos para exportação com o fim de pagar a dívida externa. Ao mesmo tempo, incluíram-se imposições adicionais nos programas de ajuste estrutural que abriram ainda mais as riquezas dos países para as corporações do norte. Um padrão similar pode ser facilmente identificado na África e na Ásia tropical.

Inclusive agora, quando os ministros de finanças das sete nações mais ricas do mundo prometeram recentemente cancelar as dívidas dos países mais pobres perante o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, eles estão perseguindo os mesmos objectivos que antigamente. Isso fica claro no parágrafo 2 da declaração dos ministros de finanças, que diz que para poder ser liberados da dívida, os países em desenvolvimento devem “...estimular o desenvolvimento do sector privado” e eliminar “impedimentos ao investimento privado, tanto nacional como estrangeiro”. Isso significa abrir as portas ainda mais às corporações transnacionais bem como privatizar tudo o que possa ser privatizado, incluindo as necessidades básicas das pessoas –como água, atenção da saúde, segurança social, educação, bens de propriedade do estado de qualquer tipo e até a atmosfera (através do comércio de carbono relacionado com a mudança climática).

É claro que o que as pessoas e o meio ambiente necessitam é exactamente o contrário: entre outras coisas, estimular o desenvolvimento comunitário, estabelecer impedimentos claros ao investimento privado destruidor, garantir o livre acesso das pessoas à água, à atenção da saúde, à segurança social, à educação. Enquanto empurram na direcção oposta, resulta claro que as IFIs não fazem parte da solução aos problemas do mundo, mas são um dos actores principais no seu incremento. São ferramentas utilizadas pelos poderosos em actividades socialmente e ambientalmente destruidoras.

Portanto, um outro mundo é possível sem essas instituições.

Texto do:
Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais – Amigos da Terra Internacional