20.12.08

Comuna da Luz (em Odemira) e a Comuna Clarão (em Sintra) foram as 1ªs comunidades portuguesas anarquistas-naturistas fundadas por A. Gonçalves Correia

Imagem de uma comunidade anarquista-naturista-vegetariana em França numa sessão de Esperanto

A Comuna da Luz ( situada na herdade das Fornalhas Velhas, em Vale de Santiago, concelho de Odemira, hoje com a designação de Monte da Comuna, mas que já pouco resta das antigas instalações) é considerada a primeira comunidade anarquista a ser criada em Portugal, tendo perdurado ao longo de dois anos (1917 e 1918).

O principal promotor foi o anarquista António Gonçalves Correia, inspirado pelas ideias de Tolstoi e do pedagogo libertário Francisco Ferrer.

Pelo que se sabe, a comunidade contava com cerca de quinze companheiros que se dedicavam à agricultura e ao fabrico de calçado, praticando o vegetarianismo e o naturismo (nudismo). Fazia parte do grupo uma professora, o que na época era allgo de extraordinário, e a sua presença é justificada pela orientação racionalista que o mentor e principal promotor da Comunidade atribuía à aplicação dos métodos pedagógicos racionalistas do grande intelectual e pedagogo espanhol Francisco Ferrer

Durante a sua curta duração, a comunidade anarquista foi alvo de preconceitos burgueses e da repressão policial, os quais acusaram constantemente que a mesma comuna tenha desencadeado e organizado o surto grevista dos trabalhadores rurais que varreu o Alentejo.

Com efeito à greve geral de Novembro de 1918 não foi estranho os ideais libertários que os membros da Comuna da Luz espalharam entre as populações locais de Vale de Santiago. Em 1918, a mesma foi extinta , quando se espalharam rumores de que a comunidade estava associada à morte de Sidónio Pais. Após o seu desmantelamento, António Gonçalves Correia foi preso.

De qualquer forma , António Gonçalves Correia não se dá por vencido. Após a sua saída da prisão, em meados de 1926, funda a Comuna Clarão localizada em Albarraque ( na freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra)

Ambas as comunidades anarquistas tentaram aproximar-se do ideal libertário de Tolstoi - uma das maiores fontes de inspiração do anarquismo português protagonizado por António Gonçalves Correia.

A Comuna Clarão tinha como objectivo declarado pôr em prática um ideal de vida alternativo, dedicando-se à floricultura, à horticultura, e assumindo-se também, depois de 1926, como foco de resistência à ditadura, servindo mesmo de esconderijo a muitos perseguidos.

Também aqui as coisas nem sempre correram bem para Gonçalves Correia que entrou em desacordo com alguns companheiros, porventura menos honestos e menos coerentes com os ideais proclamados de fraternidade e tolerância, acabando por se extinguir.

Fonte: Wikipedia




Comunidade anarquista-naturista francesa - um exemplo dos célebres Milieux Libres



Quem foi António Gonçalves Correia

António Gonçalves Correia (1886 – 1967), natural da aldeia de S. Marcos da Ataboeira (Castro Verde), foi caixeiro viajante, vegetariano e tolstoiano, e é hoje ainda uma figura humana que perdura na memória de muitos alentejanos, na história da sua luta social, na imagem do “revolucionário” que percorria o Baixo Alentejo na difusão do ideal anarquista.

Nas palavras de Raul Brandão, que o descreve no seu livro «Os Operários», este homem «extraordinário, de grandes barbas tolstoianas e o cabelo caído pelas costas à nazareno» percorria o Alentejo, com a sua maleta de caixeiro-viajante cheia de sonhos. Gonçalves Correia era visto ainda como o homem que comprava pássaros para depois os soltar, no meio de vivas à liberdade.


Figura justamente celebrada, pelas edições do empolgante CD “No Paraíso Real” (ao qual Gonçalves Correia dava a capa e motivo de alguns dos testemunhos orais acerca da “revolta e utopia no sul de Portugal”) e sobretudo pela pequena biografia da autoria de Alberto Franco “A Revolução é a Minha Namorada. Memória de António Gonçalves Correia, anarquista alentejano” (da qual se remetem as citações que se seguem) a qual procura “fazer justiça ao movimento anarquista português de princípios do século, cuja memória foi meticulosamente apagada por 48 anos de ditadura, mas também por algumas forças de esquerda, ansiosas por monopolizar o combate ao Estado Novo”.

Homem culto, autodidacta, poeta social (que usa por vezes o pseudónimo de Pedro Monséni), adepto de Tolstoi, utiliza também a escrita como veículo de propaganda dos seus ideais. Colabora em vários jornais, como A Batalha, A Aurora, O Rebelde. Em 1916, por exemplo, funda o semanário A Questão Social, na vila de Cuba. Aí, publica uma série de artigos onde faz a apologia das suas ideias inovadoras – a defesa da liberdade e da emancipação da mulher, do naturismo, do respeito pelos animais, da ecologia, do amor livre e liberto das peias do casamento, da nãoviolência; a condenação do militarismo e do flagelo da guerra, e até da caça e do consumo do álcool.

Um ano depois, em 1917, publica um longo opúsculo, intitulado Estreia de um crente, que constitui, como diz justamente Alberto Franco, «um pequeno manual do pensamento libertário, temperado com o lirismo humanista do seu autor» (pág.35). Os capítulos da obra correspondem, aliás, a cartas dirigidas «a um anarquista», «a um tio rico», «a um republicano», «a um caçador», «a uma mulher», «a um advogado», «a um condenado», servindo cada uma delas como pretexto para o desenvolvimento dessas ideias. É precisamente na sua carta a um advoga- do que Gonçalves Correia escreve: «A revolução é a minha namorada».

Também num outro opúsculo, A Felicidade de todos os Seres na Sociedade Futura (1ª ed., 1923), Gonçalves Correia defende a colectivização da propriedade, a modernização da agricultura, manifestando a sua crença no pro- gresso e no contributo fundamental da máquina para a libertação do Homem.

A vida de Gonçalves Correia cruza-se pois com a história da primeira metade do século XX, política, económica e social. Cruza-se e funde-se com o emancipar das ideias anarquista, com as lutas anarco-sindicalistas das minas de Aljustrel, São Domingos ou Lousal, com as lutas dos camponeses do Alto ao Baixo Alentejo e com os vários grupos e jornais anarquistas de Portalegre e Évora, a Odemira ou Cercal do Alentejo, etc. Sobre os princípios de vida de Gonçalves Correia, a sua biografia chama a atenção para que quem hoje olhe para os “tópicos da cultura libertária de há 100 anos, não deixará de se surpreender com a actualidade de muitas das propostas. Com efeito, grande número dos princípios que enformam a nossa modernidade – a liberdade, a emancipação da mulher, a defesa do amor livre, a ecologia, o respeito pelos animais, o naturismo, certos estilos alternativos de vida – mergulham as suas raízes na velha moral anarquista”.

Certos do reconhecimento da autêntica sementeira e germinal de valores e princípios anarquistas na actual “modernidade”, pese o seu persistente escamoteamento, não chegamos porém a concluir, como Alberto Franco, que “um século depois, estão socialmente consagrados muitos dos postulados do pensamento libertário, fruto de um debate intelectual estimulante e, sob muitos aspectos, antecipador”. Os postulados anti-autoritários do pensamento libertário travam mais do que nunca uma luta pela sua vitória, e nesta luta a memória histórica do anarquismo agita-se hoje ainda, no debate, na prática, e nos novos desafios que colocados à velha moral anarquista não a condenam à velhice, antes a estimulam incorrigivelmente a prosseguir na “Felicidade de todos os seres na Sociedade Futura”, como já apelava o nosso anarquista de S. Marcos da Atabueira.

Gonçalves Correia perfilhava as ideias do anarquismo tolstoniano: pacifista, na condenação de todas as formas de violência; pela transformação do indivíduo através da bondade e da fraternidade. Um tom essencialmente moral, que contudo comunga no movimento libertário com correntes mais centradas na acção directa (seja ela violenta ou não) dos mesmos objectivos emancipadores do homem ao Estado e à autoridade.

A noção de socialismo de Gonçalves Correia ( segundo o opúsculo de 1917 “Estreia de um Crente”, a sua primeira obra, a que se seguirá em 1923 “A Felicidade de todos os Seres na Sociedade Futura”) é formulado nos seguintes termos:

“… bom, será definirmos o que é o socialismo, pois temos duas espécies: temos o socialismo parlamentar, nocivo, intervencionista (…) e temos o socialismo libertário, consciente, da acção directa, que só por si faz tremer os cómodos barões que desfrutam os benefícios do património comum. Esse sim. É o socialismo do futuro, sem deputados, sem eleições, sem o deprimente «carneiro com batatas», que corrompe consciências, que aniquila caracteres”.

Note-se o intento alter-globalizador “sentido que a humanidade só será feliz no dia em que der as mãos, alheia à fraternidade oficial, uma mentira repugnante, [pelo que Gonçalves Correia] declara-se anti-patriótico”, reivindicando a “abolição das fronteiras, separadoras de povos, de raças”.

Bibliografia:

FRANCO, Alberto (2000): "A revolução é a minha namorada - Memórias de António Gonçalves Correia, anarquista alentejano", ed. Câmara Municipal de Castro Verde; Destaque ainda para "No Paraíso Real: tradição, revolta e utopia no Sul de Portugal" (CD), ed. O Canto do Som, 2000.

“Naturismo e comunismo: uma aliança sagrada” foi o título da comunicação apresentada por Gonçalves Correia no 1.º Congresso Vegetariano Naturista da Península, realizado em Lisboa em Junho de 1919.

ROCHA, Francisco Canais, e LABAREDAS, Maria Rosalina (1982): "Os trabalhadores rurais do Alentejo e o sidonismo: ocupação de terras no Vale de Santiago", Lisboa, Edições Um de Outubro: pp. 168-69

Consultar:
http://goncalvescorreia.blogspot.com/




António Gonçalves Correia: acima de tudo, um anarquista
por J. M. Carvalho Ferreira


Alberto Franco fez um trabalho de investigação exemplar: conseguiu resgatar os traços essenciais da trajectória da vida de um homem que tentou viver a anarquia de uma forma muito sui generis. Embora já tivesse oportunidade de ler dois pequenos livros de António Gonçalves Correia - Estreia de um Crente (1917); A Felicidade de todos os Seres na Sociedade Futura (1921) -, Alberto Franco não somente soube extrair os elementos analíticos e ideológicos cruciais que configuraram o pensamento desse grande anarquista alentejano, como também contextualizou socio-historicamente a sua luta e sua vida nos parâmetros do imaginário colectivo e práticas do anarquismo durante o século XX em Portugal.

Os conteúdos e as formas do pensamento, assim como as experiências comunitárias, de António Gonçalves Correia, mais do que nunca, devem ser objecto de um exercício de interpretação e de compreensão por todos aqueles que se dizem libertários.
Na minha opinião, existem três razões plausíveis que me levam a fazer estas afirmações. Em primeiro lugar, o pensamento e as formas de intervenção social de António Gonçalves demonstram à saciedade que a anarquia, enquanto um ideal, uma filosofia, uma ética e uma estética, é sempre possível de ser interpretada, explicada e vivida consoante cada indivíduo ou grupo que aspira à construção de uma sociedade sem deuses e sem amos. A visão tolstoiniana que António Gonçalves Correia tem da anarquia leva-o a abraçar um tipo de anarquismo naturista e pacifista, numa época em que predominavam as teorias e as práticas do anarco-comunismo e do anarco-sindicalismo. Não admira assim que a sua intervenção social fosse marginal no contexto dos movimentos sociais e do anarquismo que tinham maior expressão nas primeiras décadas do século XX em Portugal.
Em segundo lugar, os exemplos comunitários de construção e de experimentação social anarquista no contexto das sociedades capitalistas, como foram os casos emblemáticos da Comuna da Luz, sediada em Vale de Santiago, entre 1917 e 1918, e a Comuna Clarão, sediada em Albarraque, entre finais da década de vinte e princípios da década de trinta do século XX, revelaram-se extraordinariamente importantes, na medida em que essas duas experiências se traduziram em modalidades práticas de utopias concretas. Essas experiências, ainda que tenham soçobrado e tenham sido atravessadas por uma série de contradições e conflitos, revelaram sobremaneira que não existe dissociação espácio-temporal entre reforma e revolução, entre teoria e prática, e sobretudo entre a utopia com um sentido histórico absoluto e a utopia com um sentido histórico relativo. Com esses tipos de experimentação social comunitária, António Gonçalves Correia e as outras pessoas que participaram nesse processo demonstraram quão difícil é traduzir na prática os princípios estruturantes da emancipação social: liberdade, fraternidade, amor e solidariedade.
Em terceiro lugar, os exemplos subjacentes aos princípios e práticas do anarco-naturismo e do anarco-pacifismo que atravessaram a vida quotidiana de António Gonçalves Correia revestem-se de uma grande actualidade. Na verdade, quando hoje à escala mundial assistimos à destruição progressiva da natureza, com especial incidência na evidência empírica que nos é transmitido pela poluição atmosférica, camada do ozono, morte dos rios, florestas e mares, a atitude de António Gonçalves Correia em relação às espécies animais e vegetais é de uma força simbólica inimaginável. Comprar passarinhos que estavam prisioneiros nas gaiolas aos comerciantes que os vendiam nas feiras do Alentejo para depois os libertar, ou desviar-se com a sua bicicleta dos caminhos percorridos pelas formigas para não as matar, são exemplos paradigmáticos de como nós devemos agir para se construir um equilíbrio ecossistémico entre todas as espécies animais e vegetais. São exemplos significativos que não basta lutar exclusivamente pelo fim da opressão e exploração entre os seres humanos, mas também contra a opressão e exploração destes sobre as outras espécies animais e vegetais.
Enfim, um livro para ler e aprender com a vida de um homem que não se vergou aos ditames do progresso e da razão, aos desígnios e estratégias do capital e do Estado.
Alberto Franco, A revolução é a minha namorada - Memórias de António Gonçalves Correia, anarquista alentejano. Ed. Câmara Municipal de Castro Verde, 2000.



Membros da Comunidade anarquista-tolstoniana de Whiteway, no Gloucestershire, Inglaterra, que perdurou entre 1922 a 1903


IV Natal Social na cooperativa cultural Crew Hassan em Lisboa



IV Natal Social
Artistas solidários reúnem-se de 18 a 23 de Dezembro


Com o objectivo de angariar bens para instituições de solidariedade social como os Médicos do Mundo, a Associação Cultural Africana ou a revista Cais, entre outros, a Crew Hassan organiza a feira mais divertida e consciente deste Natal.


Em sinergia, mais de 100 artistas de várias expressões juntam-se para animar esta feira onde se privilegia o comércio justo e a gastronomia vegetariana em simultâneo com concertos e

workshops de dança e música durante 6 dias entre as 16h00 e as 2h00 da manhã.


Com a doação de comida, roupa, brinquedos, material escolar ou por €1 solidário, poderá desfrutar da animação, distribuída este ano por três pisos.


Artesãos e Bancas


Supergiro / Mbona_Cambaza / tuti fruta loves in the hair / Zacarias / Xilly / Sandra Guerreiro / Zeze / Be / Nuria / Rute Cardoso / Elsa Botelho / Dog Geralddi / Rochinha / cosmic tribe / manu/ Vanarte / Rita Catita /A Biblia / Colectivo Solidariedade Mumia Abu Jahmal / Coice da Mula /




Programa

QUINTA, 18 DEZEMBRO

Concertos
José Mário Branco, Isabella's Bop

Video por X

Workshop livre de Forró

Djs & Live
Deestant Rockers (live.crew hassan deejays), NelAssassin (loop: recordings's), Nelson Flip, Sly (syndicate), Mee-k (breakfast), Iara (f_actor visuals), Manu (crew hassan deejays), Al (Crew Hassan Deejays / slight deelay) , Nuno Bernardino (reggae playground/pose & effect), Bob Figurante, Lexo (embassy sound), Sequela Brothers


SEXTA, 19 DE DEZEMBRO

Concerto
Umadjam

Video por Uninvited Crew

Teatro "O Primeiro Milagre do Menino Jesus"

Djs & Live
Mwanamochuabo (live), Merlo vs Spikers (live.monocline rec/11hz/freshbreakz/open rec/drag n' drop), SRG (live), Gustavo (Stereo Addiction), Zeze,
Simão (crew hassan deejays), Dog Geralddi (crew hassan deejays), Turn The Table, Fadigaz (variz.org), O.dif (woorpz), Tony Montana (cyborg crew rec), Voodoo (bzoing), C-Netik, Zeder



SÁBADO, 20 DE DEZEMBRO

Concerto
Tó Trips

Djs
Tiago Santos (oxigénio), Kompulse (live), PMDS (live), Weedub (live.crew hassan deejays),
Ayala (riddim culture), Jah Wise (riddim culture), Woodcut (f_actor visuals), Vaghan (music mob rec), Photonz (zonk/digwemust), Dee Jay Kay, Bandido$, Mr. Gee, Selecta Alice, Lucky vs Protone vsCamboja Selecta
Video por Goma Vect Machine e
Lisbon Spektrum


DOMINDO, 21 DE DEZEMBRO


Concertos
Flak, O Cão da Morte,
Morna
Video por Disturb, Marcelo Silva
Performance "
Butterflie Soulflow"
Workshop "
Tertúlia e Cicloficina" (14:30 ás 02:00 piso 0)
Djs & Live
Sergio Walgood (live), Ambiens Indages (live.psyart), 3 Wyzemen (live), João Abreu, Banana Split, Rocky Marciano (loop:recordings), Subvision (breakfast), X-acto, Bit Map (crew hassan deejays), Concrete Jungle, Jacob, DJ Kaesar (beluga sounds/open up rec), Selecta Martinó (concrete jungle)

SEGUNDA, 22 DE DEZEMBRO


Concerto
Enapá 2 (Manuel joão vieira, Elvis Ramalho e Rogério Savora),
Press Play (live)
Video por The Edge (dub video connection)
Workshop Livre de Forró
Djs & Live
João Gomes,
Octapush (live), A.M.O.R., Señor Pelota, Mr. Mute, Nery (breakfast/crewhassan deejays), Xano Mano, Kid Selecta, Unidade Sonora (conspira), Alif (pump agency), Begalator, HeartBreakerz, City Ravers


TERÇA, 23 DEZEMBRO

Concerto
Duas Semi Colcheias Invertidas, Mick Mistura Pura Mengucci

Video por user in Orb


Djs & Live
Tjak (live),
Deckjack, Dr.Bastard (crewhassan deejays) vs. Dread Nuttah, Alex (cooltrain crew), Dr. Ki (breakfast / syndicate / crewhassan deejays), Nokin (pump agency), N-Sekt (bad mood), Manaia (minimercado), 2old4school (crewhassan deejays), Vipes, Anonymous, Cooltour, Kwan (antisocial rec), Johny (Cooltrain Crew)



24 de Dezembro às 00h.30
FESTA DE ENCERRAMENTO
Crew Hassan Deejays




Crew Hassan
Cooperativa Cultural Crew Hassan, Crl
Rua Portas de Santo Antão, 159-1º
1150-267 Lisboa


Entrada: €1 ou bens essenciais (roupa, comida, material escolar, brinquedos)

Petição por Serviços Públicos (incluindo o da educação) de alta qualidade e acessíveis a todos. Assina


POR SERVIÇOS PÚBLICOS DE ALTA QUALIDADE E ACESSÍVEIS A TODOS

A Petição lançada pela Confederação Europeia de Sindicatos em defesa do Serviço Público já conseguiu reunir meio milhão de assinaturas. Só os cidadãos podem defender os serviços públicos numa época em que os governos e os interesses de mercado tudo querem privatizar. Assina e divulga junto dos teus amigos
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http://www.petitionpublicservice.eu/pt


POR SERVIÇOS PÚBLICOS DE ALTA QUALIDADE E ACESSÍVEIS A TODOS JUNTOS, EXIGIMOS SERVIÇOS PÚBLICOS QUE VÃO AO ENCONTRO DAS NECESSIDADES DAS PESSOAS E APELAMOS À COMISSÃO EUROPEIA QUE FAÇA PROGREDIR A LEGISLAÇÃO EUROPEIA.


Os serviços públicos são essenciais para a coesão social, económica e regional na Europa. Estes serviços devem ser de alta qualidade e acessíveis a toda a população. Até agora, as únicas opções para o desenvolvimento dos serviços públicos foram a privatização ou liberalização(nomeadamente em sectores como a Energia, os Correios e as Telecomunicações). É tempo de encontrar soluções diferentes!

Por estas razões, apelamos à Comissão Europeia para que proponha uma Legislação Europeia para os Serviços Públicos visando:

Dar prioridade ao interesse geral, consubstanciado nos serviços públicos;

Garantir que toda a população tenha acesso aos serviços públicos;

Reforçar os serviços públicos de forma a garantir os direitos fundamentais dos cidadãos;

Garantir mais segurança legal, de forma a permitir o desenvolvimento sustentável das missões dos serviços públicos;

Confiar aos serviços públicos uma base legal sólida e, deste modo, imune em relação aos ataques ideológicos do mercado livre.

ASSINA EM:
http://www.petitionpublicservice.eu/pt


.

European Federation of Public Service Unions
http://www.epsu.org/r/1/

Actividades da livraria-bar Gato Vadio para este fim de semana

Apresentação de "Um Asno a Caminho da Terra Santa", de Virgílio Liquito, das Edições Mortas, 2008.
Apresentação com a presença do autor e da A. Da Silva O.

Sábado, dia 20 de Dezembro, às 21h30


Livraria-bar Gato Vadio
Rua do Rosário 281 Porto


Sessão de Poesia – Súmula
Nuno Meireles e Júlio Gomes

Domingo, dia 21de Dezembro, às 17h30
Também na livraria-bar Gato Vadio
Comunicado Gatalício
No dia 25 de Dezembro a livraria-bar está aberta a partir das 21h. Apareçam!


Não somos nem mais nem menos radicais que os tempos que correm (texto do flyer com convocatória para concentração na Pr. da Figueira às 15h no dia 20)


Viemos buscar o que é nosso.


Nestes dias de raiva, o espectáculo enquanto relação de poder, enquanto relação que confere memória aos objectos e aos corpos, confronta-se com um contra-poder difuso que desterritorializa as impressões, permitindo-lhes vaguear para longe da tirania da imagem e para o interior do campo dos sentidos. Os sentidos são sempre experimentados de forma antagonista (são sempre dirigidos contra qualquer coisa) – mas nas condições actuais dirigem-se para uma polarização cada vez mais aguda e radical.

Às caricaturas supostamente pacifistas dos meios de comunicação da burguesia («a violência é sempre inaceitável, onde quer que seja») apenas podemos contrapor gargalhadas: a sua dominação, a dominação dos espíritos tranquilos e do consenso, do diálogo e da harmonia, não é mais do que um bem calculado prazer pela bestialidade – a promessa de uma carnificina. O regime democrático, na sua fachada pacífica, não mata um Alexandros todos os dias, precisamente porque mata milhares de Ahmets, Fatimas, Jorjes, Jin Tiaos e Benajirs: porque assassina sistematicamente, estruturalmente e sem qualquer tipo de remorsos, a totalidade do terceiro mundo, ou seja, o proletariado global. Foi desta forma, através de um tranquilo massacre diário, que surgiu a ideia de liberdade: liberdade não como um pretenso bem universal, não como um direito natural de todos, mas como o grito dos amaldiçoados, como a premissa da guerra civil.


A história da ordem legal e da burguesia enquanto classe lava-nos o cérebro com uma imagem de progresso gradual e contínuo da humanidade, no interior do qual a violência representa uma lastimável excepção resultante do subdesenvolvimento económico, emocional e cultural. E no entanto todos nós, que fomos esmagados entre mesas de escola, atrás de secretárias e balcões, nas fábricas, sabemos demasiado bem que a história não é mais do que uma sucessão de actos de selvajaria instalados por um mórbido sistema de regras. Os cardeais da normalidade choram a lei violada pela bala do porco Korkoneas (o bófia assassino). Mas quem desconhece que a força da lei é apenas a força dos poderosos? Que é a própria lei que permite o uso da violência? A lei é o vazio do princípio ao fim; não contém qualquer significado, qualquer objectivo que não o poder codificado da imposição Simultaneamente, a dialética da Esquerda procura codificar o conflito, a batalha e a guerra, com a lógica da síntese de oposições. Desta maneira, constrói uma ordem, uma situação pacificada no interior da qual tudo encontra o seu devido lugar. E no entanto, o destino do conflito não é a síntese – tal como o destino da guerra não é a paz. Uma insurreição social é composta pela condensação e explosão de milhares de negações, mas não contém em qualquer momento ou em qualquer parte, a sua própria negação, o seu fim. Isto parece sempre certamente pesado e preocupante para as instituições de mediação e de normalização, para a Esquerda que promete o voto aos 16 anos, o desarmamento mas manutenção da polícia, um Estado social, etc. Para aqueles que, por outras palavras, desejam capitalizar politicamente as feridas dos outros. A doçura do seu comprometimento deita sangue.


A violência social não pode ser responsabilizada por aquilo que não assume: é destrutiva do início ao fim. Se as lutas da modernidade nos ensinaram alguma coisa não foi certamente a sua triste fixação num sujeito (a classe, o partido, o grupo), mas antes o seu processo sistematiamente antidialético: o acto de destruição não implica necessariamente uma dimensão de criação. Noutras palavras, a destruição do velho mundo e a criação de um novo implicam dois processos distintos, ainda que convergentes. A questão que se coloca é então que métodos de destruição do que existe podem ser desenvolvidos em diferentes pontos e momentos de uma insurreição. Que métodos permitem, não apenas preservar a profundidade e a extensão de uma insurreição mas também contribuem para o seu crescimento qualitativo. Os ataques a esquadras da bófia, os confrontos e cortes de estrada, as barricadas e luta de rua, constituem agora um fenómeno quotidiano e socializado nas metrópoles e para além delas. Tudo isso contribuiu para um abalo parcial do ciclo da produção e do consumo. E no entanto, constituem apenas uma identificação parcial do inimigo,directa e óbvia para todos, mas ainda encurralada apenas numa dimensão do ataque contra as relações sociais dominantes. Contudo, o próprio processo de produção e circulação de bens, noutras palavras, o Capital enquanto relação, foi apenas indirectamente abalado pelas mobilizações. Um espectro paira sobre a cidade em chamas: a greve geral selvagem por tempo indeterminado.


A crise capitalista global negou aos patrões a sua mais dinâmica e eficaz resposta à insurreição: “Oferecemos-vos tudo, para sempre, enquanto que eles apenas vos podem oferecer um presente de incerteza.” Com uma firma a colapsar a seguir à outra, o capitalismo e o Estado já não estão em condições de oferecer mais do que dias piores por vir, condições financeiras mais apertadas, despedimentos, suspensão de pensões, cortes nas despesas sociais, destruição do sistema de educação gratuita. Pelo contrário, em apenas sete dias, os insurrectos provaram na prática aquilo que podem fazer: tornando a cidade num campo de batalha, criando enclaves libertados espalhados pela malha urbana, abandonando o seu individualismo e a patética segurança que o acompanha, procurando a composição do seu poder colectivo e a completa destruição deste sistema assassino.


Na conjuntura histórica em que nos encontramos, de crise, raiva e bloqueio das instituições, a única coisa que pode converter o abalo do sistema em revolução social é a rejeição total do Trabalho.

Quando as lutas de rua tiverem como cenário ruas escuras devido à greve da Companhia de Eletricidade; quando os confrontos tiverem lugar por entre toneladas de lixo por recolher, quando os elétricos forem utilizados para fechar estradas e bloquear a polícia, quando o professor em greve acender o cocktail molotov do seu aluno revoltoso, então poderemos finalmente afirmar: «”Os dias desta sociedade estão contados; as suas justificações e os seus méritos foram pesados, e considerados ligeiros; os seus habitantes dividiram-se em dois partidos, dos quais um deseja que ela desapareça.” Esta afirmação deixou actualmente de ser uma mera fantasia para se converter numa real possibilidade nas mãos de qualquer um: a possibilidade de agira concretamente sobre o concreto. A possibilidade de tomar o céu de assalto.

Se tudo isto parece prematuro, nomeadamente a extensão do conflito à esfera da produção circulação, com sabotagens e greves selvagens, talvez seja apenas porque ainda mal nos apercebemos da velocidade com que o poder se decompõe, de quão rápido as práticas conflituais e as formas de organização não hierárquicas se difundem socialmente: desde estudantes do secundário que apedrejam esquadras da polícia, até trabalhadores municipais e moradores que ocupam os edifícios das Câmaras Municipais. A revolução não acontece através de rezas e súplicas pelas condições históricas mais favoráveis. Desenvolve-se pelo aproveitamento de cada oportunidade de insurreição em qualquer aspecto social, pela transformação de cada gesto relutante de condenação da polícia em ataque decidido contra os fundamentos do sistema.



14/12/2008. Documento redigido a partir da Faculdade de Economia Ocupada de Atenas.

Jantar/convívio dos 35 anos da LCI (Liga Comunista Internacionalista) e PSR ( Partido Socialista Revolucionário), e dos 70 anos da IV Internacional

Nota prévia: ainda que este blogue não perfilhe as teses sustentadas pelos militantes revolucionários da 4ªInternacional, e apesar do facto de nunca termos sido trotskistas ( o que não impediu, no entanto, a participação em acções de auto-defesa das sedes da LCI, em anos já passados), a verdade é que ao longo do tempo temo-nos cruzado com amigos e amigas que militaram nas organizações da LCI e do PSR.
É em sua homenagem, e por respeito ao que eles/elas representaram para nós, que aqui registamos o jantar/convívio que se realiza hoje na Voz do Operário, em Lisboa, e que pretende assinalar os 35 anos da LCI e do PSR, assim como os 70 anos da IV Internacional
Os 35 anos da LCI/PSR/APSR e os 70 anos da IV Internacional comemoram-se no dia 20 de Dezembro, com um jantar/convívio na Voz do Operário, em Lisboa.
A iniciativa conta com a presença de Franco Turigliatto, o ex-senador italiano que no ano passado votou contra a presença italiana na guerra no Afeganistão e por isso foi perseguido e expulso pela facção pró-governista da Refundação Comunista

http://combate.info/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

A Liga Comunista Internacionalista (LCI) foi fundado em 1973 em Peniche, pelos três grupos de Acção Comunista regionais (GAC), de tendência trotskista. Em Abril de 1974 a LCI teve uma intervenção activa no derrube da ditadura. Em Abril de 75 a LCI, já legalizada, concorreu apenas a cinco círculos eleitorais, obtendo 11000 votos. Em Agosto desse mesmo ano adere à FUR (Frente de Unidade Revolucionária, que inclui o MES, o PRP e a LUAR, numa perspectiva de apoio ao Governo Provisório contra o Grupo dos Nove). Em Abril de 1976 volta a concorrer às eleições. Em 78 dá-se a fusão da LCI com o PRT, criando-se o PSR e o novo jornal Combate Operário (substituindo o jornal Luta Proletária ). Os principais dirigentes e militantes eram: Cabral Fernandes, Francisco Sardo, Manuel Resende, Marinho da Silva, António Gomes, Afonso Costa, Francisco Louçã, José Falcão e Jorge Novais


CRONOLOGIA: 30 ANOS DA LCI/PSR


1969
Crise académica em Coimbra. Uma corrente revolucionária desenvolve-se, impulsionada por Francisco Sardo e João Cabral Fernandes, em alternativa às correntes dominantes na esquerda estudantil. É criado o Centro de Estudos Socio-Políticos, ligado à AACC, que publica em 1970 partes do Tratado de Economia Marxista de Ernest Mandel. Francisco Sardo vai a Paris e assiste a um comício da Liga Comunista.

1970
O Centro de Estudos Sócio-Económicos edita clandestinamente o livro "Tratado de Economia Marxista", de Ernest Mandel. Cabral Fernandes é eleito para a direcção da academia coimbrã e organiza uma república de contornos inéditos- sem nome, mista e antipraxe.

1970-1971 Cabral Fernandes participa na Direcção Académica. Edição do Programa de Transição, de Trotski.

1971
Viagem a França de Cabral Fernandes e Jorge Novais. Contacto com o OCI (lambertista) e com a LCR (reunião com Daniel Bensaid e Alain Krivine). Os delegados portugueses decidem estabelecer relações com a LCR. Em Novembro, Cabral Fernandes e Falcão instalam-se em Lisboa.

1972
Criação dos Grupos de Acção Comunista em Lisboa (Cabral Fernandes), Porto (Francisco Sardo, Manuel Resende, que vem da OCMLP) e Coimbra (Marinho da Silva). Início da publicação de materiais clandestinos (panfletos, Toupeira Vermelha, para o sector estudantil, mais tarde o Luta Proletária). Primeiras reuniões da Coordenadora dos GAC a partir de Março.

1972
Os Grupos de Acção Comunista já desenvolvem uma ampla actividade. Em Lisboa (Cabral Fernandes, João Alcântara, o médico José Falcão, Afonso Costa, António Gomes, Alfredo Frade, José Manuel Boavida, Cláudio Cavaco, Carlos Cordeiro e outros, como um grupo de militantes cabo-verdianos, nomeadamente um dos dirigentes do PAIGC em Portugal, Faustino) centram a sua intervenção na luta anti-colonial. No Porto (com Sardo, Manuel Resende, Francisco Monteiro da Silva e Ferreira dos Santos) desenvolve-se agitação orientada para algumas fábricas. Os panfletos assinados “Que Fazer?” são distribuídos em Coimbra. A União Operária Revolucionária, UOR, nascera de uma cisão na LCI no Porto (Francisco Vale, Heitor de Sousa, António Brandão, Adelino Fortunato) e intervem na região, tanto em zonas operárias como no movimento estudantil.

1973
O GAC de Lisboa instala uma casa clandestina para edição de propaganda em Paço de Arcos. Afonso Costa, profissional do grupo, é o seu responsável. Um outro aparelho clandestino estava instalado numa casa na Malveira. Em Abril é distribuido o primeiro panfleto nacional, assinado “União Operária”.

1973
Na véspera do 1º de Maio, são presos numa distribuição clandestina Alfredo Frade, José Manuel Boavida e António Gomes, escapando João Cabral Frenandes que estava no carro de apoio. São levados para Caxias e submetidos a torturas. António Gomes só viria a ser libertado cerca de dois meses depois.

1973
Setembro-Outubro: Cabral Fernandes e Falcão vão a Paris contactar a LCR. Nesse verão, tinham igualmente viajado Carlos Cordeiro, Francisco Louçã e outros activistas liceais.

1973
Dezembro: os três Grupos de Acção Comunista regionais reunem-se na Conferência de Fundação da LCI, em S. Bernardino (Peniche), em casa de Manuel Cavaco. Assistem à conferência dois delegados da Internacional, Michael Lowy, filósofo francês de origem judia brasileira, e Paco Robs, então responsável dos contactos da LCR francesa com o Estado Espanhol. O CC eleito inclui Cabral Fernandes, João Alcântara e Faustino por Lisboa, Francisco Sardo e Ferreira dos Santos pelo Porto e Carlos Queirós por Coimbra.

1974
Congresso da IV Internacional. Cabral Fernandes está presente. Desenvolve-se então um conflito interno na LCI sobre a atitude a tomar acerca dos movimentos de libertação das colónias portuguesas. Quando ocorre o 25 de Abril, a situação interna é caracterizada pela existência de duas fracções de facto, sendo a maioria da direcção detida por Francisco Sardo, por um voto, graças ao apoio do representante de Coimbra.

1974
Abril. Derrube da ditadura. Intervenção activa da LCI. Os dirigentes do Porto decidem a unificação com a UOR, que se realiza imediatamente. Com a mediação de delegados da Internacional (Charles-André Udry) a ruptura nacional é evitada, a composição do Comité Central reformulada e restabelecido um funcionamento centralizado mas com ampla autonomia para cada região.

1974
Maio: realização de dois grandes comícios (Voz do Operário onde intervem Ernest Mandel, e Coliseu, onde intervem Francisco Sardo).

1975
Abril. A LCI, já legalizada, concorre só a cinco círculos eleitorais. Obtém 11000 votos.

1975
Agosto. Depois de um longo período de extremo activismo mas também de conflitos internos – dadas as divergências não resolvidas do período anterior à queda da ditadura – realiza-se o IIº Congresso da LCI. A maioria é obtida por uma tendência dirigida por Francisco Vale. A LCI adere então à FUR (Frente de Unidade Revolucionária, que inclui o MES, o PRP e a LUAR) numa perspectiva de apoio ao governo provisório contra o Grupo dos Nove.

1975
Agosto: a minoria da LCI lança os SUV, Soldados Unidos Vencerão, (Ferreira Fernandes, Manuel Resende, Pedro Fernandes, José Carvalho e, no sector civil anti-militarista, Heitor de Sousa). Este movimento animará manifestações de largos milhares de soldados e torna-se um factor de polarização da vida nacional.

1975
Novembro. Perante o golpe militar, e numa situação interna extrema, a LCI reage. É editado o nº 19 do Luta Proletária, o único jornal distribuído em Lisboa no dia 26 de Novembro, desafiando a proibição imposta pelos vencedores do golpe.

1976
Janeiro. IIIº Congresso da LCI, no Porto. A maioria é alterada, com a composição de uma nova direcção (Cabral Fernandes, António Brandão, Francisco Louçã, Alfredo Frade, Heitor de Sousa), faz-se a auto-crítica do episódio FUR e estabelece-se uma nova orientação política.

1976
Abril. A LCI concorre às eleições. O seu tempo de antena é suspenso por decisão do Conselho da Revolução por ter sido emitida uma crítica ao militarismo. A resposta generalizada – com a colaboração de Zeca Afonso e de muitos intelectuais e sindicalistas – força o CR a rever a sua posição e a retirar a suspensão.

1978
Congresso de fusão com o PRT, criando-se o PSR e o novo jornal, Combate Operário. A LCI incorporava já um grupo de militantes provindo do PRT (José Sintra e outros) e de outras tradições trotskistas (Luís Zuzarte e outros).

1979
Cisão com o antigo PRT. O PSR mantém-se como continuidade da LCI. Nas eleições gerais, Cabral Fernandes fica a dois mil votos de ser eleito em Lisboa, o PSR tem o melhor resultado até então, com cerca de 60.000 votos.

1983
O PSR participa nas eleições em aliança com a UDP, sem resultados.

1985
Depois de um período de recuo organizativo, o PSR recomeça a tomar a iniciativa através de um campanha anti-militarista de longo fôlego dirigida para a juventude.

1987
Participação nas eleições europeias com colaboração de independentes (Eduarda Dionísio, Jorge Silva Melo) e lançamento de uma nova fórmula do Combate desenvolvendo essa colaboração.

1988
O PSR organiza o protesto contra a presença de Pinochet. Tachos e panelas acordaram o ditador no Guincho.

1989
José Carvalho, então membro do Secretariado do PSR, é assassinado em frente à sede do PSR durante um ataque de neo-nazis. Dois anos depois, Pedro Grilo, o assassino, seria condenado por todas as instâncias jurídicas, bem como alguns dos seus cúmplices.

1989
O PSR organiza as manifestações contra a presença de Le Pen.

1991
O PSR fica a cerca de 200 votos de eleger Francisco Louçã por Lisboa e obtém 65.000 votos, sendo então o sexto partido nacional e o terceiro na esquerda. Em Novembro o Grupo de Trabalho Homossexual começa a funcionar. Em Maio seguinte, na Comuna, perante 150 pessoas apresenta o seu manifesto: "A ousadia de quem sabe o que quer".

1993
Manuel Graça, dirigente sindical do calçado e do CC do PSR, é eleito para a direcção nacional da CGTP. O PSR apresenta-se às eleições autárquicas para as Assembleia Municipais, em 16 concelhos do país, com 634 candidatos e candidatas, além de participar na coligação de esquerda em Lisboa. A campanha é silenciada pela comunicação social.

1994
Helena Lopes da Silva é primeira candidata às eleições europeias. A campanha do PSR é a única que promove sessões públicas em dezenas de cidades do país.

1995
O PSR obtém cerca de cerca de 38.000 votos nas eleições legislativas, resistindo ao voto útil contra a direita. Em Maio organiza um barco à mesma hora em que o PCP e o PS se juntam aos convidados do casamento de Duarte Pio: “A república vai de largo”.

1996
O Grupo de Mulheres do PSR organiza o 8 de Março na Praça da Figueira, em Lisboa. Depois de muitos anos, é a primeira comemoração de rua, nesta data.

1997
Eleições autárquicas. O PSR participa em Lisboa e Porto nas "Esquerdas Unidas", em coligação com a Política XXI, elegendo um deputado municipal na capital e obtendo cerca de 10.000 votos para a Assembleia Municipal. Em Amarante elege um deputado municipal.

1998
Comemorando o seu 25º aniversário, o PSR promove um debate, no Hotel Roma, com Alain Krivine, Fernando Rosas e João Cabral Fernandes.

1999
Fevereiro. O XI Congresso do PSR, decide por maioria, a participação no processo de constituição do Bloco de Esquerda, formalmente constituído em Abril. O PSR abdica assim de qualquer intervenção pública própria. Nesse ano, eleições europeias e a campanha contra a intervenção da NATO na Bósnia, testam a nova formação política. Nas eleições legislativas, o Bloco elege dois deputados por Lisboa e obtém mais de 132.000 votos.

2003
O XIII Congresso do PSR, em Fevereiro, estabelece o partido como corrente interna dentro do Bloco. No Verão, o PSR organiza em S. Gião, o 20º acampamento de Jovens Revolucionários da IVª Internacional. No Inverno já tinha organizado a primeira Escola de Formação desta fase, na Tocha.




HÁ 70 ANOS: FUNDAÇÃO DA IV INTERNACIONAL
François Sabado

A Quarta Internacional foi fundada quando ocorria a “meia-noite do século”. O fascismo estava a fortalecer-se, a contra-revolução tinha triunfado na URSS e o Estalinismo sufocava o movimento dos trabalhadores revolucionários por todo o mundo. Em contraste com as Internacionais precedentes esta não foi levada a cabo por ondas de lutas de trabalhadores e um crescimento do movimento da classe operária. Lê aqui a tradução portuguesa do artigo de François Sabado.

A Primeira Internacional surgiu depois das explosões revolucionárias na Europa de 1848. A Segunda Internacional foi a incarnação do crescimento e da organização do movimento dos trabalhadores no final do século XIX e início do século XX. A Terceira Internacional foi lançada depois da Revolução Russa. Mas a Quarta Internacional manteve-se contra a corrente, numa altura de enormes derrotas históricas para o movimento dos trabalhadores. Também, ao contrário de certas previsões, em particular as de Trotsky que, tomando o exemplo da Terceira Internacional depois da Primeira Guerra Mundial e da Revolução Russa, previu o desenvolvimento de uma massiva Quarta Internacional após a Segunda Guerra Mundial, esta manteve-se uma organização minoritária.

Mas a fundação da Quarta Internacional não foi justificada por previsões ou por respostas à conjuntura do período, foi justificada pela necessidade, confrontada com as traições da social democracia e do Estalinismo, de afirmar uma alternativa histórica, uma nova corrente política que conseguisse assegurar a vitalidade programática, teórica, política e continuidade de um movimento operário revolucionário. Não foi uma questão de proclamar uma "Internacional Trotskista". Era necessário, no momento em que com a guerra tudo estava a ser destruído, preservar a herança do Marxismo, não em ordem de o "conservar" para melhores dias, mas com o objectivo de auxiliar a luta política e a construção de novos partidos revolucionários.
Contra-corrente

A origem esteve na Oposição de Esquerda ao Estalinismo. Mas a Quarta Internacional era muito mais que isso. Manteve uma certa visão do mundo, marcada pelo internacionalismo - que já fluía através de uma certa globalização capitalista que era oposta pelo "socialismo num só país" de Estaline. Toda a sua luta estava condicionada pela luta de classes, pelos elementos de um programa de transição para o socialismo, por uma frente unida de trabalhadores e das suas organizações, pela independência do movimento dos trabalhadores face aos governos de colaboração de classe nos países capitalistas desenvolvidos - as fórmulas diferentes da União da Esquerda e da Esquerda plural -, mas também com respeito às burguesias nacionais nos países dominados pelo imperialismo, o que ficou na história como a teoria da revolução permanente. Onde muitos comentadores reduziram a sua análise do mundo no último século a campos ou estados - os EUA e a ex-URSS -, a Quarta Internacional reforçou as lutas dos povos e trabalhadores contra o imperialismo e contra a burocracia Soviética.

A Quarta Internacional não ficou confinada à defesa do Marxismo de um forma geral ou dogmática. Ernest Mandel, por exemplo, analisou as dinâmicas do desenvolvimento do capitalismo, dos anos 50 aos anos 70. Documentos programáticos foram discutidos e adoptados por congressos internacionais em questões como a democracia socialista, feminismo e ecologia. Confrontado com o Estalinismo, Trotsky e o seu movimento distinguiram-se, dos anos 30 em frente, por defenderem tenazmente o socialismo democrático. Estas referências permitiram a muitas gerações, especialmente hoje, numa altura em que os livros escolares confundem comunismo com Estalinismo, a distinguir entre a Revolução Russa e contra-revolução Estalinista, para manter o objectivo da revolução e ser capaz, apesar das derrotas, de "começar de novo".

O nosso movimento tem ainda outra singularidade, mesmo em relação a outros movimentos trotskistas: a de reconhecer processos revolucionários, anti-imperialistas e socialistas mesmo quando os seus líderes os desprezam, com uma profunda solidariedade contra o imperialismo. Nós defendemos claramente as revoluções da China, Jugoslávia, Vietname, Argélia, Cuba e Nicarágua. Em particular a nossa relação com a experiência de Che Guevara expressa a nossa vontade de nos ligarmos aos processos revolucionários.

Novo período...

Claro que tudo isto não foi feito sem nenhum erro ou falha política. Enquanto combatiamos o Estalinismo e expressávamos a nossa solidariedade com os povos da Europa do Leste contra a burocracia, o nosso movimento subestimou a extensão da destruição causada pelo Estalinismo, que, depois do colapso soviético, deixou a estrada aberta, não a uma revolução política e anti-burocrática ou a um movimento de massas para o socialismo democrático, mas à restauração do capitalismo. Na nossa solidariedade com as revoluções coloniais, no entusiasmo de viver a revolução, subestimamos os problemas que lhe estavam ligados. Não exercitamos suficientemente a tarefa do criticismo. Mas as organizações da Quarta Internacional demonstraram outra fraqueza, muitas vezes ligada com a sua pequena dimensão: o carácter propagandista, algumas falhas sectárias, um estilo de "conselheiros" políticos de outras forças mais fortes, geralmente partidos reformistas... "Façam o que nós não podemos fazer!", dissemos-lhes...

O trotskismo sofreu também do fraccionamento. Há um provérbio bem conhecido que diz: "um trotskista, um partido; dois trotskistas, duas facções; três trotskistas: uma cisão..." Embora tenham desaparecido ao longo dos últimos 70 anos várias organizações e correntes revolucionárias, a Quarta Internacional manteve-se. Não cumpriu os seus objectivos históricos, sofreu altos e baixos, houve grandes crises em alguns países - no Brasil, recentemente -, mas houve também avanços importantes, como em França, e experiências positivas, como em Portugal, Itália, Paquistão e nas Filipinas. Esse é um feito considerável.

Num momento em que a LCR (Ligue Communiste Révolutionnaire, de França) quer escrever uma nova página na história do movimento dos trabalhadores, temos de saber de onde vimos, para podermos "enriquecer com conteúdos revolucionários" os processos de reorganização do movimento operário que estão a acontecer. Porque estamos de facto num ponto de viragem histórico. A Quarta Internacional é o produto de um período marcado pela força da Revolução Russa, mas o seu programa e a realidade da actividade dos seus membros vai para além desta história. Contudo, nada está garantido. "Novo período, novo programa, novo partido", isso significa também uma nova Internacional. Não pode ser apenas proclamada, e o caminho vai ser longo. Mas os camaradas da Quarta Internacional farão o necessário para a fazer existir.

François Sabado é dirigente da IV Internacional e da sua secção francesa, a Liga Comunista Revolucionária.




Mural da LCI na cidade do Porto
( fotografia retirada do blogue
http://pinturasmurais25abrilporto.blogspot.com/ )


Ernest Mandel, um dos mais importantes economistas e intelectuais marxistas e durante muito tempo dirigente da Quarta Internacional


Arquivo de Mandel:
http://www.ernestmandel.org/



Consultar, para saber mais:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_Comunista_Internacionalista

http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_Socialista_Revolucion%C3%A1rio

http://pt.wikipedia.org/wiki/IV_Internacional

Revista Inprecor:
http://orta.dynalias.org/inprecor/inprecor

http://www.inprecor.org/

www.internationalviewpoint.org/rubrique.php3?id_rubrique=19

Revista editada pelo Secretariado Unificado da Quarta Internacional em Espanhol e Português
http://www.puntodevistainternacional.org/



Trostky


Trostky com André Breton ( à esq.) e Diego Rivera ( ao centro)


Revista Inprecor:

http://orta.dynalias.org/inprecor/inprecor

http://www.inprecor.org/




Trostky para Estaline: A Revolução não está morta»