24.6.07

Rimas e quadras populares da Rivolição


Neste S. João não vou saltar
A fogueira das vaidades
Fico na Praça a gritar
Umas tantas verdades!


Na noite de S.João
Há algo bonito para festejar
Pois hoje não há
Jesus Cristo Superstar!

Rivoli nosso teatro
Por ti passou meio mundo
Até seres ocupado
Por este ser imundo



Meu rico S.João
Santo meu amigo
Se fores a Lisboa
Leva o La Féria contigo!



Esta encenação é um prego
Para pregar na minha cruz
Por um presidente cego
Que acha que vê a Luz!



Ai ó meu rico S. João
Ó padroeiro de rios e mares
Ai terás a nossa devoção
Se deste Rio nos livrares


E repenica, repenica, repenica
Quem se revolta calado não fica
E de repente e de repente e de repente
Quem não se sente não é filho de boa gente

Ai ó santo de todas as águas
Vê se desces da tua cascata
O nosso rio só carrega mágoas
Quanto mais rega mais colheitas mata

Ai orvalheiras, orvalheiras, orvalheiras
E viva a raiva das mulheres solteiras
Ai orvalhadas, orvalhadas, orvalhadas
Viva o protesto das mulheres casadas



Ai ó meu santo marinheiro
Primo carnal do senhor Jesus
Aqui no Porto p’ra ganhar dinheiro
Todos os dias se levanta a cruz

Ai orvalhados, orvalhados, orvalhados
Viva a razão dos homens zangados
Ai orvalhedo, orvalhedo, orvalhedo
Viva o protesto dos homens sem medo


Ai o La Féria para fazer reclame
Por dez dinheiros uma cruz plantou
Ai não deixeis santo que eu me dane
Se ainda me rio de quem a queimou

Ai orvalheiros,orvalheiros, orvalheiros
Abaixo os pulhas e os trampolineiros
Ai orvalhados, orvalhados, orvalhados
Abaixo os bufos e os homens mandados



Deixe aqui a sua esmola
Que eu estou liso até à sola
Porque fui ao Rivoli
Para ver uma revista
Do La Féria, aquele artista
Que agora governa ali

Se o inferno existisse
E a vergonha amortalhasse
La Féria em cinzas tombava
Por ir buscar aliado
A quem no tempo passado
O poder desafiava

Pois Jesus sempre pregou
Que vil metal é o ouro
Reles, infame, imoral
Recordemos que em seu tempo
Expulsou do velho templo
Os donos do velho capital

O terceiro mandamento
De que há conhecimento
Não permite invocar
O filho de Deus em vão
Fazendo dele cenoura
Que ao burro manda avançar

Jesus Cristo Supercaro
É preciso ter descaro
Chico esperto tem bom faro
Ó Zé Povo não te enganes
Pelos ouros não te danes
Nem te deixes manobrar

Desde que veio o anúncio
Abrenúncio te arrenego
Do La Féria triunfante
Não têm faltado petas
Banhadas, historietas
Muita conversa humilhante.

Mas há gente que se ala
E prefer a rua à sala
Sem receio do poder
Põe-te a pau trampolineiro
Quem muito abana o traseiro
Acaba por se foder

Arreda daqui Pipinho
Devagar, devagarinho
Que o people te vai à tromba
Se tens amor ao corpinho
Volta à corte com a escolta
Que Lisboa é que é de arromba