10.1.09

Uma tradição revolucionária e filosófica (texto de Daniel Colson no dossier sobre o anarquismo na edição francesa de Janeiro do Le Monde Diplomatique)




Tradução para português do texto de Daniel Colson, que faz parte do dossier sobre o anarquismo, incluído na edição de Janeiro de 2009 do jornal Le Monde Diplomatique, mas que não surge na edição em papel, só estando acessível no website daquele jornal francês



Durante muito tempo a ligação entre filosofia e o anarquismo pareceu desfeita. Dizia-se que o anarquismo tinha desaparecido de cena após o desastre da guerra civil espanhola. Além disso, e ao contrário do marxismo, o pensamento libertário nunca teria construído uma filosofia digna desse nome – donde o desinteresse pelos filósofos e, por consequência, pelas instâncias académicas.

O anarquismo nasce em meados do século XIX, em simultâneo com o marxismo, e a partir de preocupações similares – a questão social e os movimentos operários – mas seguindo modalidades práticas e teóricas claramente distintas. A sua gestação releva de dois processos diferentes. Há, desde logo, uma perspectiva teórica e política que lhe confere o seu principal conceito: a anarquia, considerada como um valor positivo, simultaneamente para dar conta da realidade do mundo e, de forma aparentemente surpreendente, para dizer ao mundo, a viver sob o signo da dominação e da exploração do homem pelo homem, que se pode emancipar, afirmar a liberdade e a igualdade de todos, e que Pierre-Joseph Proudhon chama de anarquia positiva. A originalidade deste nascimento liga-se à circunstância de que não depende de um único teórico, contrariamente ao que se passa com o marxismo, mas de diversas e múltiplas posições e autores, eles próprios, muito diferentes entre os seus pontos de vista, que se lêem entre si, e que se reconhecem mutuamente, mas sem haver concertação nem a constituição de um grupo, nem ainda a sua subordinação à autoridade ou à influência de um deles.

De todos eles, Proudhon é, sem dúvida, o mais conhecido. Foi ele que, pela primeira vez em 1840, na sua obra «O que é a propriedade?» se refere positiva e teoricamente de forma determinante à ideia de anarquia. Deve-se também a ele a produção da obra mais consequente. Ao lado dele, é necessário igualmente citar Max Stirner, cuja obra O Único e a sua Propriedade ( de 1845) se tornará uma das referências posteriores do anarquismo que estava em vias de nascer. Outros nomes foram o médico Ernest Coeurderoy ( 1825-1862), o pintor Joseph Déjacque (1822-1864), e com certeza, Mikhail Aleksandrovitch Bakounine (1814-1876), um antigo e atípico hegeliano de esquerda que, em poucos anos, não somente contribuiu de forma determinante para o desenvolvimento do pensamento libertário, em oposição ao marxismo, como para o nascimento do anarquismo operário.

O segundo berço do anarquismo, do ponto de vista da filosofia, encontra-se paradoxalmente aonde ninguém pensaria: nas práticas operárias e revolucionárias que, sob formas muito diversas, e durante pouco mais de meio século, da I Internacional ao esmagamento da revolução espanhola em Maio de 1937, emergiram na maior parte dos países em vias de industrialização, em França, em Espanha, na Itália, mas também na Rússia, nos Países Baixos, nos Estados Unidos, Brasil e Argentina.

Dos operários relojoeiros da Federação jurassiana à poderosa Confederação Nacional do Trabalho (CNT) espanhola, com permanentes renascimentos, apesar de esporádicos e de curta duração em razão da sua radicalidade, o certo é que estes movimentos permanecem pouco conhecidos. Acabaram todos por desaparecer, no momento em que mais se desenvolviam, por efeito dos golpes sucessivos resultantes da I Grande Guerra Mundial, da violenta reacção dos diversos fascismos e de outros regimes militaristas que se impuseram um pouco por todo o mundo ao longo dos anos de 1920-1930, e finamente devido ainda à versão do «comunismo» que emergiu à sombra da ditadura estatal na Rússia.


Foi preciso esperar pelos acontecimentos de Maio de 68 e, de um modo mais geral, no último quartel do século XX para que o projecto e o pensamento libertário renascessem das cinzas. E também aí por efeito de um duplo impulso. Por um lado, pelos movimentos e os modos de reivindicação e acção ( autogestão, assembleias gerais, lutas anti-autoritárias) que ao longo desses anos marcaram numerosos países; e por outro, no plano filosófico, por efeito de uma constelação de abordagens teóricas originais e diversificadas, desde Jean Braudillard a Gilles Deleuze, passando por Michel Foucault, Jacques Derrida, Fénix Guattari e outros.

Por via daquilo que se poderia definir como um Nietzscheismo de esquerda assiste-se ao aparecimento de um pensamento emancipador que foi capaz de vacilar cinquenta anos da hegemonia marxista à esquerda. Foi assim possível dar um sentido ao anarquismo, mostrar a sua dimensão teórica – através de um imenso corpus de textos, opúsculos, tratados, muitos deles inéditos e heteróclitos, de difícil acessibilidade e, em parte, dados por perdidos ( Bakounine) - bem como, e de modo surpreendente, graças a um conjunto de movimentos e de experimentações libertárias, em especial de natureza operária, cuja importância só lentamente se começa a entender. Esta convergência entre mobilizações operárias e um nietzscheismo de esquerda, e foi justamente denunciado pelos seus inimigos sob o termo de «pensamento 68», apresenta 3 características singulares:

Em primeiro lugar ,a separação, a autonomia e a distinção. Ou seja, a capacidade dos oprimidos em tornarem-se senhores, no seu «próprio senhor», como dizem os sindicalistas libertários, baseando-se em si próprios e nos seus movimentos para fazer mudar o mundo. Num livro póstumo, De la capacite politique des classes ouvrières ( então lido e relido pelos militantes operários), e em termos eminentemente nitzscheanos, Proudhon explica: «A separação que eu recomendo é a própria condição de vida. Distinguir-se, definir-se é ser; da mesma forma que confundir-se, deixar-se absorver, é perder-se. Que a classe operária não se esqueça que é necessário, acima de tudo, sair da tutela, que actue de hoje em diante e exclusivamente por ela e para ela própria» (« La séparation que je recommande est la condition même de la vie. Se distinguer, se définir, c’est être ; de même que se confondre et s’absorber, c’est se perdre. Que la classe ouvrière se le tienne pour dit : il faut avant tout qu’elle sorte de tutelle et qu’elle agisse désormais exclusivement par elle-même et pour elle-même )

Na sua luta pela emancipação os diferentes movimentos do anarquismo operário consideram efectivamente que nada têm a pedir pois o que pretendem é «ser tudo» ( como dizem as palavras da Internacional). Buscam algo de inteiramente novo e que ninguém lhes pode dar pois só eles a podem fazer nascer.

O segundo ponto de convergência entre o nietzscheismo de esquerda e o anarquismo operário está no federalismo e no pluralismo. É conhecida a concepção nietzscheana da vontade de poder, concebida sob a forma de uma pluralidade de pulsões, de forças e desejos. Conhece-se menos a maneira original como os diferentes movimentos operários deram corpo ao conceito de «força colectiva» de Proudhon, esse composto de potencialidade, resultante de conflitos e da associação de uma multidão de tendências diferentes e contraditórias.

À vontade de poder de Nietzsche, concebida sob a forma de «complexo de forças em vias de se unir e desunir, de associar-se e dissociar-se», como escreve Michel Haar, respondem assim, um pouco por todo o mundo, e durante mais de meio século, a tensão, o equilíbrio e a multiplicidade de práticas e de modos de organização baseados no federalismo, na livre associação, na afinidade, no contrato sempre revogável. Mas também na intensa e movimentada vida dos processos de massa, em que cada ser – indivíduo, grupo, sindicato, comuna, união ou federação …- disponha de completa autonomia, e da possibilidade de operar uma secessão.

A estas duas primeiras convergências, para além dos tempos e dos mares, entre o anarquismo prático e o pensamento de Nietzsche, mas também de Gottfried Wilhelm Leibniz, de Baruch Spinoza, d’Alfred North Whitehead e de muitos outros, podemos acrescentar um terceiro encontro, porventura o mais importante: a acção directa e a rejeição pela representação. Para o anarquismo, tal como para Nietzsche, por exemplo, é preciso ir para além das mentiras e dos enganos da representação política ou social que os movimentos libertários incansavelmente denunciaram, e cuja armadilha e ingenuidade Pierre Bourdieu analisou.

Como Nietzche e com Bourdieu o anarquismo pretende ir à raiz da dominação e desvendar os mecanismos da representação simbólica e da linguagem. Lá onde Deus, a ciência e os discursos enviesados pretendem confundirem-se com o Estado, esse «cão hipócrita», como denuncia Nietzsche, «que gosta de discorrer para fazer crer que a sua voz sai do ventre das coisas». Lá onde, como nos explica Victor Grifuelhes, um dos responsáveis da CGT francesa, anterior a 1914, «a confiança no Deus do padre, e a confiança no poder dos políticos, o sindicalismo substitui pela confiança em si, na acção directa»

Exprimindo as suas potencialidades revolucionárias no contexto particular dos anos de 1960 e 1970, o pensamento de Maio de 68 não se contenta a dar sentido a esse anarquismo passado, que lhe fornece as razões da sua própria radicalidade. Ele vais mais longe na medida em ajuda a inscrevê-lo numa tradição filosófica muito mais vasta, oculta nas estruturas da ordem real ou imperial. Como Nietzsche alguns anos mais tarde, o anarquismo nasceu algures na Europa. Tal como ele que se surpreende ao «escrever tão bons livros» e encontrar as suas ideias em Leibniz e Spinoza, a ideia anarquista pode por seu turno dar sentido ao conjunto da história humana, dos escravos revoltados de Spartacus aos ismaelitas reformadores do século XII persa, dos «turbantes amarelos do taoísmo chinês do século II a.C. aos hussitas checos do século XV.

O anarquismo não é uma filosofia, nem um programa político, ou até um modelo de funcionamento social e económico. Através das suas múltiplas faces, e da sua forma de ecoar, o que o constitui, algures, antigamente, e no interior de uma multitude de práticas diferentes, o projecto libertário afirma-se como uma relação ao mundo que difere radicalmente das práticas , dos códigos, das percepções e das representações existentes. Substitui-las a favor de uma recomposição da totalidade daquilo que são, enquanto vida quotidiana, as práticas políticas e sociais, as criações artísticas, a ética e o exercício do pensamento, que mais não são que ocasiões para exprimir e repetir cada qual a ideia que as liga todas entre si.

Número de Janeiro da edição portuguesa do Le Monde Diplomatique já está nas bancas‏



Editorial
O dinheiro
por Serge Halimi

Na altura em que a questão do «regresso ao Estado» está a ser levantada quase por toda a parte, como podemos nós deixar de perguntar nos que interesses ele serve? A corrupção política também assume formas que a lei não sanciona.

Há um ano, em Janeiro de 2008, o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair foi recrutado pelo banco norte-americano JPMorgan Chase como conselheiro a tempo parcial. Um tempo parcial correctamente remunerado: 1 milhão de libras esterlinas por ano (1,06 milhões de euros). Acaso podemos imaginar que a JPMorgan teria concedido semelhante sinecura a Tony Blair se este, quando residia no n.º 10 da Downing Street, tivesse tomado medidas execradas pelos bancos para, por exemplo, evitar um colapso financeiro? E terá sido por mero acaso que Gerhard Schröder se tornou, em Março de 2006, por 250 000 euros anuais, conselheiro de uma empresa de oleodutos, filial da Gazprom, por ele próprio apadrinhada no tempo em que foi chanceler da Alemanha? Um dos seus camaradas sociais-democratas declarou nessa altura, mordaz: «Não posso deixar de considerar um pouco indigno que um estadista se mostre tão obcecado pelo dinheiro».

É agora a vez de George W. Bush preparar a sua próxima carreira. Já fazemos uma pequena ideia do que ela será: «Farei alguns discursos, só para encher os meus velhos cofres. Não sei quanto pede o meu pai – é entre 50 000 a 75 000 [dólares por «conferência»] –, e Clinton também ganha muito dinheiro» [1]. A tal ponto que o antigo presidente democrata vai ter que apresentar a uma comissão de ética do Departamento de Estado a lista de quem lhe paga os discursos. Desse modo, ninguém poderá suspeitar que Hillary Clinton dirija a política externa dos Estados Unidos para enriquecer sub repticiamente os clientes do marido…

Em Julho passado, o semanário Le Point, cuja especialidade não consiste em hostilizar Nicolas Sarkozy, deu a público algumas das mais garridas declarações do presidente francês, que terá detalhado os seus projectos da seguinte maneira: «Portanto, eu, que em 2012 estarei com 57 anos, não volto a candidatar-me. E quando vejo os muitos milhões que o Clinton arrecada, eu cá vou encher os bolsos! Faço isto agora durante cinco anos e depois ponho-me a fazer massa como o Clinton. Cento e cinquenta mil euros por conferência!» [2]. Após a jogada da presidência, a jogada das conferências.

Vender conselhos, ganhar dinheiro a fazer discursos, sim senhor. Mas o estadista também pode tornar-se patrão de uma grande empresa. Ter sido ministro das Finanças não é a pior maneira de lá chegar. E de mamar, depois, no seio da «mãe-Estado», quando ela sacia, com dinheiros públicos, os bancos privados em falência. Robert Rubin, influente conselheiro económico de Barack Obama, bem o sabe, por ter passado da presidência do banco Goldman Sachs para o Ministério das Finanças, e, posteriormente, do Ministério das Finanças para a direcção do Citigroup.

Thierry Breton, ministro francês da Economia, Finanças e Indústria entre 2005 e 2007, fez quanto pôde para que a fiscalidade sobre os altos rendimentos passasse a ser mais «atractiva». As vantagens dessa iniciativa foram depois por ele directamente apreciadas, visto que, sendo agora presidente da empresa de serviços informáticos Atos, após um ano ao serviço do banco Rothschild, – onde encontrou Gerhard Schröder… – o ex-ministro vai auferir, segundo ele próprio confessou, «um salário anual fixo de 1,2 milhões de euros, podendo uma parte variável ir até 120 por cento do fixo em função de objectivos atingidos, cujo valor máximo, no entanto, eu desejei que ficasse nos 100 por cento. A isso acrescenta-se a atribuição de 233 000 stock-options no fim de 2009, no fim de 2010 e no fim de 2011». Sublinhando Thierry Breton: «No caso de as minhas funções cessarem, pedi para não beneficiar de qualquer pára-quedas dourado» [3]. A crise impõe sacrifícios a todos.

Quando o poder constitui, ora a etapa necessária de uma carreira lucrativa no mundo dos negócios, ora o refúgio de homens de dinheiro à procura de um segundo fôlego, será razoável continuar a esperar que os principais responsáveis pela crise assumam a parte que lhes cabe na resolução dos danos causados?


Notas
[1] Jim Rutenberg, «In Book, Bush Peeks Ahead to His Legacy», The New York Times, 2 de Setembro de 2007.
[2] «Sarko off», Le Point, Paris, 3 de Julho de 2008. Segundo um jornalista do diário Le Monde, Sarkozy tinha anunciado três anos antes: «Posso exercer como advogado, posso ganhar dinheiro. (…) Primeiro exerço como presidente, depois como advogado» (Philippe Ridet, Le Président et moi, Albin Michel, Paris, 2008, p. 149).
[3] Les Echos, Paris, 16 de Dezembro de 2008.


O medo e a esperança, por Sandra Monteiro

[...] Se há algo que a actual crise económica e financeira desmascara é o fracasso do neoliberalismo como garante de liberdade de escolha para os cidadãos. A opção por uma vida em paz, com uma saúde equilibrada, uma alimentação adequada, uma habitação digna, uma educação de qualidade, um emprego que seja fonte de realização pessoal e com condições que permitam planear férias, ter filhos ou até adoecer, para não falar da protecção aos mais idosos, não é efectivamente uma opção que possa ser hoje levada à prática por grande parte da humanidade. [...] >>>>


Dossiê «A esquerda e o poder»

Esquerda plural e clareza das alternativas, por André Freire
[...] Em Portugal, quando se fala de cooperação entre as esquerdas, geralmente as várias forças acusam se mutuamente. Para justificarem a quase impossibilidade de entendimentos, os socialistas acusam as forças à sua esquerda de sectarismo e de fazerem do PS o seu principal adversário. Por seu lado, também para justificarem a quase impossibilidade de entendimentos, os bloquistas (e os comunistas) acusam o PS de executar políticas de direita e daí o obstáculo quase intransponível para se firmarem acordos. [...]

Diz-me como o exerces..., por António Abreu
[...] O exercício do poder e a relação com o ser se de esquerda ocorre também noutras instâncias que não apenas nos órgãos de poder político. Exerce se nos partidos, nas associações e noutras situações, por eleição dos membros que os constituem, com mandato outorgado, de forma mais ou menos explícita e por um determinado período. Para já não falar nas empresas e outros organismos públicos. Também nestas circunstâncias não é indiferente ser se ou não «de esquerda» quer pelo programa de acção adoptado quer pelo estilo do desempenho. [...]

Poder fazer, fazer o poder, por Daniel Oliveira
[...] É hoje evidente que é nas políticas económicas e sociais de Estado que a esquerda está obrigada a assentar as suas alternativas. O anti estatismo militante, nas condições actuais, seria um aliado natural do Estado mínimo neoliberal. Seria um erro histórico. E se é no Estado e nas estruturas transnacionais de Estados que pode estar a resposta deste momento, é na participação no poder de Estado democrático que a esquerda pode operar importantes transformações que invertam o acumular de derrotas das últimas três décadas. [...]

Alguns lugares-comuns sobre o poder, por José Neves
[...] O início de 2009 encontra nos diante de uma bifurcação. Mas esta bifurcação não é entre dizer sim ou não a uma formulação genérica de «poder» que simplesmente esconde a redução da política ao Estado. A questão não é saber se nos sujamos com o poder, mas sim como fazemos política e com que poder é que nos sujamos.


Outros artigos

A crise e o futuro, por João Ferreira do Amaral
Foi o economista americano Irving Fisher que num artigo de 1933 afirmou que as depressões económicas começavam com um sobre endividamento e prosseguiam com uma deflação. Talvez seja exagero a generalização. Mas podemos certamente dizer que os problemas de crédito desencadearam a actual crise. [...]
Sobre este tema, leia no sítio Internet do jornal, inédito e em acesso livre, o artigo de Gerald Epstein,
«A crise financeira global: evitar uma Grande Depressão e parar o actual Ciclo Destrutivo».

Ligações perigosas na Ásia Meridional, por Graham Usher
Na Azad Caxemira – parte da Caxemira ocupada pelo Paquistão –, as forças de segurança encerraram desde 7 de Dezembro de 2008 um campo de treino ligado ao grupo islamita paquistanês Lashkar e Taiba (LeT). O governo paquistanês interditou também a Jamaat ud Dawa (JuD), a «fundação caritativa» do LeT que as Nações Unidas colocaram na lista das organizações terroristas. Foram encerradas cem instalações e detidos cinquenta dirigentes, entre os quais os comandantes do grupo islamita, Zaki ur Rehman Lakhvi e Zarrar Shah, e ainda Hafiz Saeed, fundador deste movimento e «emir» da JuD. [...]

Mergulho no coração da Índia muçulmana, por Wendy Kristianasen
Surpresa em Nova Deli: pouco mais de uma semana após os atentados de Bombaim, o Partido do Congresso, que chefia a coligação governamental, reforçou se em três dos cinco estados onde estavam a decorrer eleições parciais, entre os quais o da capital. Foi uma vitória com que ninguém contava, de tal modo este partido parecia ter ficado gasto por quatro anos de poder, fragilizado pela crise económica e financeira e desacreditado pelos sangrentos acontecimentos de Novembro. [...]

Está Obama prisioneiro dos «falcões» no Iraque?, por Gareth Porter
[...] A narrativa da forma como Obama veio a perder todo o controlo efectivo sobre a política iraquiana constitui uma lição magistral sobre a natureza do poder no que diz respeito a um dossiê sensível para o Estado maior militar e para os seus aliados civis. Está feita a demonstração da fragilidade do sistema democrático de Defesa face à influência dominante dos militares americanos e dos seus aliados, quando eles estão unidos e determinados a impor os seus pontos de vista.

«Aos bancos, dão dinheiro... aos jovens, dão balas», por Valia Kaimaki
[...] A revolta teve origem em múltiplos factores, dentre os quais a repressão policial constituiu apenas o mais evidente; Alexis não foi, aliás, a primeira vítima da polícia, foi a mais jovem. O fértil húmus da sublevação residiu, obviamente, na crise económica, que atingiu duramente a Grécia antes mesmo de a tempestade mundial ter feito sentir os seus efeitos. Mas à crise económica juntou se uma crise política profunda, ao mesmo tempo sistémica e moral. Provocada pela falta de transparência na acção dos partidos e dirigentes políticos, esta última teve como resultado a falta de confiança em todas as instituições estatais. [...]

Em Chicago, a luta sindical compensou, por Peter Dreier
[...] Calmamente, os operários organizaram a ocupação. Instituíram comités encarregados da limpeza das instalações e da manutenção da segurança, a fim de prevenirem qualquer acidente. Um cartaz afixado na cafetaria recordava que o álcool, a droga e os cigarros estavam proibidos. Instalados na fábrica em que alguns deles trabalhavam há dezenas de anos, os operários exigiram que o Bank of America e a direcção da Republic Windows encontrassem uma solução, pois enquanto não lhes fosse assegurado o pagamento das indemnizações e as férias pagas, eles não sairiam dali. Alguns começaram até a falar de uma possível recuperação da fábrica em regime de autogestão. [...]

Cuba à procura de um modelo socialista renovado, por Janette Habel
[...] Não se sabe se a geração histórica que ocupa ainda os postos chave pode reformar o que ela mesma construiu ou se, amedrontada com as mudanças, vai tomar o partido do imobilismo. De facto, a direcção actual não é mais jovem que a precedente: ela é mesmo… mais velha. Alguns pensam que são precisos novos actores para que as transformações sejam credíveis. Entre aqueles para quem o tempo está contado e aqueles para quem o tempo urge, a história ainda não fez a sua escolha.

Dossiê «Os anarquistas»

Denominações de origem pouco controladas, por Jean-Pierre Garnier
Durante muito tempo, as palavras «anarquista» e «libertário» foram indissociáveis para os militantes, inseridos ou não em organizações epónimas, que as reivindicavam para definir o seu posicionamento no campo político ou, mais exactamente, fora dele e em ruptura com ele sempre que esse posicionamento pudesse confundir se com o panorama politiqueiro. [...]

O infrequentável Pierre-Joseph Proudhon, por Edward Castleton
[...] Nos seus últimos escritos, antes de morrer em 19 de Janeiro de 1865, Proudhon chegou mesmo a denunciar a inutilidade das candidaturas proletárias. A classe operária deveria romper com as instituições «burguesas», criar associações com base no princípio da mutualidade e institucionalizar a reciprocidade. Em suma, inventar uma «democracia operária». [...]

Contra o sufrágio universal, cadernos inéditos de Proudohn
[...] Foi o sufrágio universal e directo que matou a República; foi a turba, após ter abandonado e traído os seus representantes, que a si mesma atribuiu um dono; se já não bastou a experiência de 1799 e 1804, de mim não dependerá que não baste a de 1852, antecedida pela experiência dos séculos. [...]

Uma indocilidade contagiosa, por Claire Auzias
Um dos paradoxos do anarquismo, e não o mais pequeno, é o facto de ser ao mesmo tempo um modesto movimento social e um poderoso vector de imaginários. É bem conhecida, em França, pelo menos, a canção de Léo Ferré que diz dos anarquistas: «Não há um em cada cem, e todavia existem». [...]

Encontro Nacional de Educação Ambiental - XVI Jornadas da ASPEA - no Porto a 30 e 31 de Janeiro

Cartaz elaborado por David Almeida, aluno do 12º do Curso Técnico de Artes Gráficas da Escola Profissional Bento de Jesus Caraça


As Jornadas são um espaço privilegiado de partilha e de troca de experiências. Aproveite uma das seguintes modalidades para apresentar o trabalho realizado por si ou pela sua instituição:
a. Apresentando poster ou banca (a colocar na altura das Jornadas)
b. Coordenando uma oficina com um carácter eminentemente prático – 1h30 (entregar proposta até 2 de Dezembro e resumo de 1 página a4 até 20 de Dezembro)
c. Apresentando uma comunicação livre – 10 minutos (entregar proposta até 2 de Dezembro e resumo de 1 página a4 até 20 de Dezembro)
d. Enviando fotos para a apresentação de Foto-experiências (entregar fotos digitais até 10 Janeiro)

www.aspea.



A Associação Portuguesa de Educação Ambiental ( ASPEA) é uma associação sem fins lucrativos fundada em 1990, tem como objectivo principal o desenvolvimento da Educação Ambiental no ensino formal e não formal. Para levar a cabo este objectivo, várias estratégias/acções são levadas a efeito pelos membros da sua direcção e pelos seus sócios, nomeadamente:

• uma conferência anual para professores e outros técnicos interessados na Educação Ambiental; • seminários e cursos de formação contínua de professores e de monitores de ambiente;
• redes de escolas, fomentando a cooperação nacional e internacional;
desenvolvimento de recursos pedagógicos;
• organização de saídas de campo e programas de verão para crianças/jovens;
• cooperação com as autarquias;
• divulgação das suas actividades e da educação ambiental em revistas da especialidade e através de apresentação de comunicação e participação em conferências nacionais e internacionais;
• edição de boletim semestral.

Outras ligações sobre educação ambiental:

EnvironmentalEducation Network :http://www.envirolink.org/enviroed/

INEE (International Network in Environmental Education): http://www.eco.org/

Relato da concentração em Lisboa de repúdio e denúncia pelo massacre da população de Gaza pelo exército de Israel

Fotos e texto retirado do jornal Mudar de Vida

Depois de, no dia 5, perto de 400 pessoas se terem reunido no largo de São Domingos, em Lisboa, para denunciar a agressão de Israel a Gaza, hoje, dia 8, concentraram-se a partir do fim da tarde em frente da embaixada israelita mais de meio milhar de manifestantes que acusaram de assassinas as autoridades de Israel e reafirmaram “Palestina vencerá”.

Mais de cem organizações – sindicais, políticas, cívicas, de intervenção social – deram apoio à iniciativa desde que, numa conferência de imprensa realizada nos últimos dias de Dezembro e numa reunião unitária que juntou diversas organizações, foram anunciados os propósitos comuns de condenar a agressão israelita e defender os direitos do povo palestiniano.

Na concentração de hoje, intervieram representantes do Comité de Solidariedade com a Palestina, do Movimento Democrático de Mulheres, do Movimento pelos Direitos do Povo Palestiniano (MPPM), do Tribunal-Iraque, da CGTP e do Conselho da Paz (CPPC).

No final, foi lida e aprovada por aclamação uma moção que condena a agressão e os apoios dados pelos EUA e pela UE, e em que é exigida ao governo português uma completa mudança na política cúmplice que tem seguido até aqui. Publicamos de seguida o texto da moção que será entregue na embaixada israelita em Lisboa e encaminhado aos órgãos de poder portugueses.

Foi ainda feito um apelo a todos os presentes para que se mantenham atentos e dispostos a novas acções, não só na capital mas também por todo o país, em face da grave situação em Gaza e da deterioração da situação internacional a que a persistência das acções militares israelitas pode conduzir.

Moção aprovada na concentração

Nós, as cidadãs e cidadãos portugueses e as organizações presentes em concentração diante da embaixada de Israel em Lisboa no dia 8 de Janeiro de 2009,

Denunciamos o ataque de Israel a Gaza como um crime de guerra e um crime contra a humanidade.
Denunciamos o apoio dos EUA pela voz do seu presidente Bush como um incentivo ao massacre.
Denunciamos o silêncio do presidente eleito Barack Obama como uma inadmissível condescendência com o terrorismo israelita.
Denunciamos a cínica diplomacia da UE como cúmplice da política de terrorismo de Estado levada a cabo por Israel e pelos EUA.
Denunciamos a inoperância do Conselho de Segurança da ONU em resultado do boicote sistemático da delegação dos EUA.
Denunciamos a recusa do governo português em condenar a política israelita, bem como o seu alinhamento com as posições dos EUA e da UE.

Estamos do lado dos palestinianos, reconhecendo nas suas diversas organizações de resistência os legítimos representantes de um povo que quer ser livre numa pátria independente.
Estamos contra a política terrorista e racista de Israel, que coloniza territórios usurpados pela forças das armas, que despreza por sistema as resoluções da ONU que lhe são desfavoráveis, que constitui uma ameaça para a segurança mundial por ser uma potência nuclear ilegal.
Estamos com os cidadãos do mundo árabe e muçulmano e com os cidadãos israelitas que se manifestam contra os massacres, com as pessoas de todos os países e de todos os continentes que se indignam, saem à rua e dizem: basta de crimes!

Exigimos o fim do ataque a Gaza.
Exigimos o fim do bloqueio israelita que faz de Gaza um campo de concentração.
Apelamos à Assembleia-Geral da ONU para que ultrapasse a inoperância do Conselho de Segurança e imponha o fim imediato da agressão, condenando Israel pelos crimes que está a cometer e cometeu nos últimos 60 anos.
Instamos o Presidente da República e a Assembleia da República a condenarem Israel pelos seus actos.
Exigimos que a base das Lajes não seja usada para efeitos de apoio militar e logístico a Israel.
Exigimos que o governo português reveja por completo a sua posição política, condenando claramente a operação militar de Israel e defendendo nas instâncias internacionais medidas que obriguem Israel a retirar as tropas e a desmantelar os colonatos dos territórios palestinianos ocupados.

Viva a resistência do povo da Palestina.

Lisboa, 8 de Janeiro de 2009


As afirmações mais corajosas de Marinho Pinto, actual bastonário da Ordem dos Advogados


Marinho Pinto foi eleito Bastonário da Ordem dos Advogados exactamente há um ano e, ao longo de 2008, proferiu afirmações de crítica e de denúncia, muito contundentes. Para fixar:

"Há pessoas que ocupam cargos de relevo no Estado português que cometem crimes impunemente"
DN, 27 Janeiro 2008

"Um dos locais onde se violam mais os direitos dos cidadãos em Portugal, é nos tribunais"
SIC Notícias, 27 Junho 2008

"98% dos polícias à noite estão nas suas casa. É preciso haver polícias na rua à noite fardados"
Público, 27 Junho 2008

"Há centenas ou milhares de pessoas presas [em Portugal] por terem sido mal defendidas" Público, 27 Junho 2008

"Vale tudo, seja quem for que lá esteja, desde magistrados a outros juristas, não se pode falar em justiça desportiva, mas em prevalência manifesta de interesses e de poderes"
RTP, 08 Julho 2008

"Eu não discuto com sindicatos. Os sindicatos querem é mais dinheiro e menos trabalho"
RTP, 10 Julho 2008

"Alguns magistrados pautam-se nos tribunais portugueses como os agentes da PIDE se comportavam nos últimos tempos do Estado Novo"
RTP, 10 Julho 2008

"Estão-se a descobrir podres que eram inimagináveis há meia dúzia de meses. E não é por efeito da crise. É por efeito da lógica do próprio sistema. Parece que o sistema financeiro só funciona com um pé do lado de lá da legalidade"
JN, 28 Dezembro 2008

"Uma senhora que furtou um pó de arroz num supermecado foi detida e julgada. Furtar ou desviar centenas de milhões de euros de um banco ainda se vai ver se é crime"
JN, 28 Dezembro 2008

"Pelos vistos, nenhum banco pode ir à falência"
Público, 30 Dez 2008
in JN

A apresentação pública do livro «Vale do Côa,uma paisagem de liberdade», um roteiro das aldeias da região, realiza-se hoje em Cidadelhe, Pinhel




10 anos da Arte do Côa como Património da Humanidade

Hoje, 10 de Janeiro, realiza-se a apresentação pública do livro «Vale do Côa, uma paiagem de liberdade» , que pretende constituir-se um roteiro de visita às aldeias do PAVC ( Parque Arqueológico do Vale Côa) e ao Vale do Côa. A sessão decorrerá em Cidadelhe, Pinhel, pelas 15h.

Note-se que esta iniciativa faz parte do conjunto de actividades que o PAVC tem organizado para celebrar os 10 anos da classificação do Vale do Côa como Património da Humanidade pela Unesco.

O programa abriu no passado dia 3 de Dezembro (dia em que foi decidida oficialmente pela UNESCO a classificação), com a conferência “A Arte do Côa, o Parque Arqueológico e o Museu do Côa”, pela directora do Parque Arqueológico, Alexandra Sousa Lima, em Vale de Afonsinho, no concelho Figueira de Castelo Rodrigo. No mesmo dia decorreu também, mas na sede do PAVC, em Vila Nova de Foz Côa, um encontro científico de investigadores da área da Arqueologia Experimental, com o objectivo de lançar novos projectos de investigação na região e com parcerias internacionais.
Registou-se ainda no passado mês de Dezembro o lançamento do livro “O Paradigma Perdido. Vale do Côa e a Arte Paleolítica de Ar Livre em Portugal”, do arqueólogo António Martinho Baptista.

O encerramento das comemorações está marcado para o dia 15, com a inauguração da exposição “De Foz Côa a Siega Verde”, uma iniciativa do PAVC e da Junta de Castela e Leão, na sede do PAVC e em Siega Verde (Espanha).
Siega Verde é candidato a Património da Humanidade como extensão do Vale do Côa: o Governo espanhol e a Junta de Castela e Leão candidataram as gravuras rupestres de Siega Verde a Património Cultural da Humanidade da UNESCO, como extensão do Vale do Côa. Assim sendo, e considerando os dois espaços arqueológicos e criando-se uma região transnacional, poder-se-á formar a maior rota e o maior centro mundial de arte paleolítica ao ar livre.
Siega Verde, no Águeda, um afluente do Douro, é o mais importante e denso conjunto de arte paleolítica ao ar livre em Espanha, podendo ser considerado um prolongamento do Côa.
Link
Texto da Wikipedia sobre as gravuras rupestres do Côa: ver aqui

Região do Vale do Côa: ver aqui

Museu da pastorícia, na freguesia do Salgueiro, Fundão

Foto retirada do blogue: http://casadasbestas.blogspot.com/


Localizado numa casa tradicional recuperada, da aldeia do Salgueiro, concelho do Fundão, o Museu da pastorícia é um espaço dedicado à memória pastoril.

O Núcleo Museológico da Pastorícia tem como objectivo principal reunir patrimónios ligados a um quadro relacional económico e cultural desde sempre presente na humanidade: o trato dos homens com os animais.

Pretende-se conjugar dimensões patrimoniais diversificadas quer quanto ao tempo e espaço, quer quanto às matérias, contribuindo, deste modo, para uma definição mais objectivada do que se entende por “cultura pastoril” na sociedade contemporânea.
Enraizado a um território específico, este pequeno núcleo museográfico reforça a ligação e o reencontro entre as pessoas e as comunidades ao mundo e às paisagens da pastorícia. Um mundo que a partir das memórias das durezas de antanho se revisita hoje, com imaginação e sonho em contínuos reflexos temporais e (i)materiais.


Desde o presente mês de Janeiro o núcleo museológico apresenta a exposição: “O Pastor e o artesão José dos Santos - matérias sonoras”. A exposição estará patente até Abril de 2009.


Links sobre pastorícia:

Ecomuseu da pastorícia na Itália:

Sobre a transumância:
http://www.transhumance.org/




Minga (festa de trabalho comunitário) em Chão Sobral ( Oliveira do Hospital) está aprazada para o dia 31 de Janeiro às 9h30



Minga, ou minka (quechua) é um tradição ancestral precolombiana, com raízes na América do Sul, de trabalho colectivo e comunitário, com fins de utilidade social. Pode servir para a construção de um equipamento social para uso de toda a comunidade ou para ajudar uma família ou pessoa.

As «minga» criam fortes laços entre quem nelas participa e funcionam numa lógica de proximidade local e de vizinhança. Foram criadas dentro da rede de permacultura a fim de contribuir para a ajuda mútua e a cooperação entre as várias pessoas que vivem com e junto da Mãe-Terra.


"Minga" em Chão Sobral

Quando:

Sábado, Janeiro 31 / Inicia 9h30

Fazer o quê:

(1) Corte de silvas e giestas por entre oliveiras queimadas.

(2) Fazer pilhas de madeira de pinheiros queimados, corte de silvas e giestas entre pinheiros jovens.

Como / Ferramentas:

Serrote de poda, "podoa" ou "podão", machado.

Porquê:

Preparar a área para plantar novas árvores mais tarde, e gestão florestal.

Quem / Quantos:

Todos são bem-vindos.

Nota:

Oferecemos sopa, pão e salada para o almoço (14PM), mas também podes trazer a tua comida preferida para partilhar!

Entre em contacto se desejas participar.

In english

Next Minga" at Chão Sobral

When:

Saturday, January 31 / Starts 9h30AM

What:

(1) Cut brambles and broom between burnt olive trees.

(2) Make heaps of wood from dead pine tree forest, and cut broom
between young pine trees.

How/Tools:

Pruning saw, "podoa" or "podão" (see pic.), small axe.

Why:

Prepare the area to plant new trees later, and forest management.

Who / How Many:

Everyone is welcome.

Note:

Here, we'll provide soup, bread and salad for lunch (14PM) but bring
also your favourite food to share!

Let me know if you want to participate.


http://permacultura-terras-altas.blogspot.com/


Contacto:
João Gonçalves
Tv. da Carreira, 6
Chão Sobral 3400-260
Aldeia das Dez
Portugal
Tlm 351 96 96 8 00 09


Localização geográfica :
aqui



"Terras Altas - Cultura Permanente" é um projecto de desenvolvimento de subsistência sustentável que implementa permacultura, passeios pedestres guiados e tradições rurais, na aldeia de Chão Sobral e redondezas.


A Permacultura é um método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis.


A Permacultura em "Terras Altas" abrange as seguintes acções:
Implementação de Sistemas de Agrícultura Sustentável
Manutenção de Sistemas de Irrigação e Socalcos
Sistemas de Construção e Energia Sustentáveis
Reflorestação
Mercado Local de Trocas Solidárias
Festas de Trabalho em Comunidade - "as nossas Mingas"
Manutenção de Caminhos Pedestres
Cursos, Oficinas, e Acções de Sensibilização (ciclos de filmes e encontros)
"Férias Permaculturais" e Voluntariado

Encontro "Mais Economia Solidária"( 24 de Janeiro - Coimbra): para falar dos exemplos, perspectivas e necessidades do sector da Economia Solidária


Redes de Trocas, Mercados Solidários, Bancos do Tempo, e Moeda Local …
...que diferença fazem?

Encontro para discussão de exemplos e perspectivas emergentes e necessidades no sector da Economia Solidária na Região Centro de Portugal

Consultar: http://ecosol-beiras.blogspot.com/
O que podemos fazer, como comunidade bioregional, para criar uma Economia Humana que é Sustentável e Amável, com Coração e Alma?


Coimbra – Auditório da Escola Superior de Educação de Coimbra

24 de Janeiro de 2009 (Sábado)


Programa:

9h30 Filme: "O Dinheiro é Dívida" (dobrado em espanhol)

10h30 Intervalo

10h50 Apresentações e discussão

11h30 Intervalo

11h50 Apresentações e discussão

12h30 Encerramento


São bem-vindas apresentações formais (com ou sem multimédia) de exemplos ou experiências locais no domínio da Economia Solidária. (Estas não deverão exceder os 10 minutos.)


Para participar, faça a sua inscrição (obrigatória e gratuita) até dia 17 de Janeiro:

Envie uma mensagem de correio electrónico para o endereço joaovox@gmail.com ou sms para o
969 680 009, indicando o(s) nome(s), e se deseja fazer uma apresentação indique também o tema.


Promotores


Projecto "Terras Altas – Cultura Permanente"
http://permacultura-terras-altas.blogspot.com/

Beira Serra Sustentável – Rede Local de Permacultura
http://www.beira-serra-sustentavel.org/

Ecoliving Portugal

Agricabaz
http://agricabaz.blogspot.com/

Coisas do Vizinho
http://coisasdovizinho.wordpress.com/

Food for Brits
http://food4brits.com/



Informação Relacionada :


Fórum Brasileiro de Economia Solidária
http://www.fbes.org.br/

reas - red de redes de economía alternativa y solidária
http://www.economiasolidaria.org/

Red Latinoamericana de SocioEconomía Solidária
http://www.redlases.org.ar/

Cidades em Transição / Transition Towns
http://www.transitiontowns.org/

Filme "Dinheiro é Dívida" Versões em Espanhol :
aqui, aqui





Barter Networks, Solidarity Markets, Time Banks and Local Currency ... what difference do they make?


Meeting for the discussion of emerging examples, perspectives and needs in the Solidarity Economy sector in the Central Region of Portugal


Coimbra - Auditorium of the School of Education of Coimbra

January 24, 2009 (Saturday)


Program:

9:30 Movie: "Money as Debt" (Spanish version)

10:30 Break

10.50 Presentations and discussion

11.30 Break

11.50 Presentations and discussion

12.30 End


Formal presentations about local examples or experiments in the field of Solidarity Economy are welcome. (These should not exceed 10 minutes.)


To participate, please sign up (compulsory and free) until 17th January:

Send an e-mail to:
joaovox@gmail.com or text to 969 680 009, indicating the participant (s) name (s), and if you would like to make a presentation indicate the subject / title.

Texto de Lídia Jorge sobre o actual estado da educação em Portugal e as pretensas reformas (des)educativas de Sócrates, Milú e acompanhantes...

Educação: os critérios da excelência
Texto de Lídia Jorge (escritora)

«A titularidade foi dada a professores bons, excelentes, maus e muito maus. Não premiou nada, porque baralhou tudo »

1.Ficarão por muito tempo célebres os braços-de-ferro que Margaret Thatcher manteve com os sindicatos do Reino Unido, como conseguiu vencê-los, e como à medida que os humilhava, mais ia ganhando o eleitorado do seu país. Na altura a primeira-ministra britânica era a voz da modernidade liberal, criou discípulos por toda parte, e ainda hoje, apesar do negrume da sua era, há quem se refira à sua coragem como protótipo da determinação governativa. Mas neste diferendo que opõe professores e Governo, está enganado quem associa o seu perfil ao de Maria de Lurdes Rodrigues. Se alguma associação deve ser feita - e só no plano da determinação -, é bom que o faça directamente com a pessoa do primeiro-ministro.
De facto, a equipa deste Ministério da Educação tem-se mantido coesa, iniciou reformas aguardadas há décadas, soube transferir para o plano da realidade as mudanças que em António Guterres foram enunciadas como paixão, conseguiu que o país discutisse a instrução como assunto de primeira grandeza, fez habitar as escolas a tempo inteiro, fez ver aos professores que o magistério não era mais uma profissão de part-time, arrancou crianças de espaços pedagógicos inóspitos, e muitos de nós pensámos que a escola portuguesa ia partir na direcção certa. Quando José Sócrates saía com todos os ministros para a rua, nos inícios dos anos lectivos, via-se nesse gesto uma determinação reformista que augurava um caminho de rigor. Não admira que o primeiro-ministro várias vezes tenha falado do óbvio - que era necessário determinar quem eram, na escola portuguesa, os professores de excelência. Era preciso identificá-los, promovê-los, responsabilizá-los, outorgar-lhes credenciais de liderança. Era fundamental que se procedesse à sua escolha. Mas a sua equipa legislou sobre o assunto e infelizmente errou.

2.Errou ao criar, de um momento para o outro, duas categorias distintas, quando a escola portuguesa não se encontrava preparada para uma diferenciação dual. A escola portuguesa tinha o defeito de não diferenciar, mas tinha a virtude de cooperar. O prestígio do professor junto dos alunos e dos colegas não era contabilizado, mas era a medida da sua avaliação. Pode dizer-se que era uma escola artesanal que necessitava de uma outra sofisticação. Mas, para se proceder a essa modificação com êxito, era preciso compreender os mecanismos que a sustentavam há décadas, e tomar cuidado em não humilhar uma classe deprimida, a sofrer dia a dia o efeito de uma erosão educacional que se faz sentir à escala global. Só que em vez da aplicação cuidadosa e gradual de um processo de mudança, a equipa do Ministério da Educação resolveu criar um quadro de professores titulares, a esmo, à força e à pressa. No afã de encontrar a excelência, em vez de se aplicar critérios de escolha pedagógica e científica, aplicaram-se critérios administrativos, de tal modo aleatórios que deixaram de fora grande percentagem de professores excelentes, muitas vezes os responsáveis directos pelo êxito pedagógico das escolas.
O alvoroço que essa busca de um quadro de excelência criou está longe de ser descrito devidamente. Basta visitar algumas escolas para se perceber como a titularidade está distribuída a professores bons, excelentes, mas também a maus e muito maus, e foi negada a professores competentes. Isto é, criou-se um esquema que não premiou nada, porque baralhou tudo. Os erros foram detectados por muita gente de boa fé, em devido tempo, mas o processo avançou, a justiça não foi reposta, nem sequer a nível da retórica política. Pelo contrário, aquilo que a razão mostrava à evidência foi sendo desmentido, adiado, ridicularizado, ou desviado para o campo da luta sindical dita de inspiração comunista.

3.O segundo instrumento ao serviço da excelência não teve melhor sorte. Era preciso inaugurar nas escolas uma cultura de responsabilidade que até agora fora relegada para determinismos de vária ordem, menos os estritamente pedagógicos, o que era um vício da escola portuguesa, pelo menos até à publicação dos rankings. Mas aí, de novo, a equipa do Ministério da Educação funcionou mal. Se os campos de avaliação do desempenho dos professores estão mais ou menos fixados, e começam a ser universais, os parâmetros em questão foram pensados por mentes burocráticas sem sentido da realidade, na pior deturpação que se pode imaginar em discípulos de Benjamin Bloom, porque um sistema que transforma cada profissional num polícia de todos os seus gestos, e dos gestos de todos os outros, instaura dentro de cada pessoa um huis clos infernal de olhares paralisantes. Ninguém melhor do que os professores sabe como a avaliação é um logro sempre que a subjectividade se transforma em numerologia. Claro que não está em causa a tentativa de quantificação, está em causa um método totalitário que se transforma num processo autofágico da actividade escolar. Aliás, só a partir da divulgação das célebres grelhas é que toda a gente passou a entender a razão da pressa na criação dos professores titulares - eles estavam destinados a ser os pilares dessa estrutura burocrática de que seriam os pivots. Isto é, quando menos se esperava, e menos falta fazia, estavam lançadas as bases para uma nova desordem na escola portuguesa. Como ultrapassá-la?

4.Não restam muitos caminhos. Ultimamente, almas de boa fé falam de cedência de parte a parte. Negociação, bondade, comissões de sábios. A questão é que não há, neste campo, nenhuma justiça salomónica a aplicar. O objecto em causa não é negociável. Tendo em conta uma erosão à vista, só a Maria de Lurdes Rodrigues, que sabe que foi longe de mais, competiria dizer "Não matem a criança, prefiro que a dêem inteira à outra", mas já se percebeu que não o vai fazer. Obcecada pela sua missão, que começou tão bem e está terminando mal, quererá ir até ao fim, mesmo que do papel dos mil quesitos que alguém engendrou para si só reste um farrapo. É pena. Depois de ter tido a capacidade de pôr em marcha uma mudança estrutural indispensável para a modernização do ensino, acabou por não ser capaz de ultrapassar o desprezo que desde o início mostrava ter em relação aos professores. E, no entanto, numa política de rosto humano, seria justo voltar atrás, reparar os estragos, admitir o erro sem perder a face. Ou simplesmente passar o mandato a outros que possam reiniciar um novo processo.
De facto, em Portugal existem vários vícios na ascensão ao poder. Um deles consiste em não se saber entrar no poder. Pessoas sem perfil técnico, ou humano, aceitam desempenhar cargos para os quais não foram talhados. Parece que toda a gente gosta de um dia dizer ao telefone, no telejornal, "Papá, sou ministro!", com o resultado que se conhece. Outro é não se saber sair do poder. Houve um tempo em que Mário Soares ensinou ao país como os políticos saem no tempo certo, para retomarem, quando voltam a ser úteis. Os grandes políticos conhecem a lei do pousio. E o objecto da disputa deve ser sempre mais alto do que a própria disputa. É por isso estranho e desmedido o que está a acontecer.

5.José Sócrates deverá estar a pensar que pode ter pela frente um golpe de sorte - Margaret Thatcher teve a guerra das Falklands - e até pode vir a ter uma maioria absoluta outra vez. Aliás, pelo que se ouve e vê, a frase da ministra da Educação "Perco os professores mas ganho o país", cria efeitos de grande admiração junto duma população ansiosa por ver braços-de-ferro no ar, sobretudo se eles vierem do corpo de uma mulher. Não falta quem faça declarações de admiração à sua coragem, como se a coragem prescindisse da razoabilidade. E até é bem possível que a Plataforma Sindical um dia destes saia sorridente da 5 de Outubro com um acordo qualquer debaixo do braço, como já aconteceu.
Mas a verdade é que, a insistir-se neste plano, despropositado, está-se a fomentar uma cadeia de injustiças e inoperâncias que só a alternância democrática poderá apagar. Se José Sócrates pediu boas soluções e lhe ofereceram estas, foi enganado, e deveria repensar nos seus contratos. Mas se ele mesmo acredita neste processo kafkiano, é uma desilusão, sobretudo para os que confiaram na sua capacidade de ajudar o país a mudar. Neste momento, entre nós, a educação tornou-se uma fábula.
Lídia Jorge, Escritora
Publicado na edição do jornal Público de 9 de Janeiro

Tabacaria - leitura encenada no Contagiarte( hoje, Sábado, 10 de Jan. às 22h45)


Tabacaria
de Álvaro de Campos

Leitura Encenada
por Nuno Meireles

"Tomem-no como quiserem, pensem o que lhes apetecer, à hora em que escrevo estas linhas, Tabacaria é o mais belo texto do mundo..."
Jean-Pierre Thibaudat

Tido como o poema emblema e síntese de Fernando Pessoa/Álvaro de Campos, Tabacaria é o contraste dramático de quem olha pela sua janela e pensa que um dia nada existirá, nem a língua em que escreve, nem a tabacaria de defronte, tão inútil uma coisa como a outra.

Esta é uma leitura encenada, i.e. a partir da geografia exterior e interior em que tudo acontece.

Direcção/Interpretação: Nuno Meireles
Operação de Luz/Som: Rui Oliveira

Contagiarte, Rua Costa Cabral, 372 no Porto
Sábado, 10 de Janeiro, 2009
22.45h

Duração aproximada: 30`


http://poesiaemvozalta.blogspot.com/

http://www.contagiarte.pt/