28.11.08

Dia Sem Compras (Buy Nothing Day) é já amanhã (29 de Novembro)


Texto do GAIA- Grupo de Acção e Intervenção Ambiental sobre o Dia Sem Compras (Buy Nothing Day) que é assinalado em todo o mundo no último Sábado de cada mês de Novembro ( este ano, calha no dia 29 de Novembro de 2008)



Dia 29 de Novembro celebra-se o Dia Sem Compras, internacionalmente conhecido como Buy Nothing Day.


O GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, como já o fez em anos anteriores, pretende que se assinale este dia como uma chamada de reflexão sobre o consumismo na sociedade moderna e as suas consequências nefastas sobre o ambiente e as populações no terceiro mundo.


12 por cento da população mundial vive na América do Norte e Europa Ocidental e é responsável por 60 por cento do consumo, mas um terço da humanidade que vive no Sul da Ásia e África conta apenas com 3,2 por cento.

Hoje há mais de um carro por cada 12 habitantes, em 1950 havia um carro por cada 50 habitantes. Os níveis de dióxido de carbono aumentaram 20 por cento em relação a 1958. O consumo anual de plásticos aumentou de 5 milhões de toneladas nos anos 50 para quase 100 milhões hoje. A distância percorrida dos alimentos que consumimos aumentou 25 por cento entre 1980 e 2001. Entre 2000 e 2005, à volta de 10 milhões de hectares de floresta foram perdidos por ano na América do Sul na qual se incorpora a floresta da Amazónia. A floresta é destruída primariamente para produções de gado e plantações de feijão de soja. Somente 20 a 25 por cento da soja brasileira é utilizada domesticamente; a sua maioria é exportada maioritariamente para consumo de gado.

Embora estes e outros factos assustadores, dados alarmantes, as corporações, na sua ganância, tentam a todo custo vender mais e mais produtos, e introduzir necessidades fúteis de consumo com a indústria da publicidade. Enchem-nos a vida com anúncios, tornou-se um verdadeiro substituto da religião e pregam das mais variadas formas.

O resultado desta gula por consumo está agora em todo o lado, com o crescente consumo há um crescente endividamento, porque estas empresas tentam a todo o custo vender produtos até a quem não tem crédito. O sistema está a aquecer demasiado e hoje temos os estados que se dizem rotos e a nadar em défices a tentar salvar instituições bancárias com garantias na ordem dos mil milhões de euros.

É tudo um pouco irónico, estamos a tapar furos num balão de ar com os dedos e um dia não haverá dedos para tantos furos. É necessário reconstruir a sociedade, e hoje nos debates televisivos e nos jornais pouco se fala sobre reais alternativas de base a este sistema caducado. Onde está a ênfase às alternativas emergentes? As eco-aldeias, o conceito de permacultura, os sistemas de troca directa e locais, as formas não hierárquicas de participação civil nos processos de decisão, o uso de transportes não poluentes, o vegetarianismo como forma de redução do consumo e não destruição das florestas?

No dia 29 o GAIA apela a outra forma de vida, queremos uma sociedade verdadeiramente democrática, em que tod@s têm direito a decidir sobre os problemas porque tod@s somos parte dele, e estamos fartos de ter corporações podres a decidir sobre tod@s nós e estamos fartos de estados marionetas das entidades bancárias e grandes empresas supranacionais.

Devemos reduzir o consumo ao essencial, viver a vida lá fora, receber o que o planeta tem para nos dar sem o destruir, o vento, o sol, as paisagens, as relações, as vivências.

Sair das televisões, dos shoppings, dos automóveis, vamos para as ruas e construir uma sociedade mais harmoniosa e justa.

Vamos recriar as relações, tanto sociais como a relação que temos com o nosso planeta que está em perigo.

Precisamos de respirar...

GAIA - Grupo de Acção e Intervenção Ambiental
http://gaia.org.pt/

… e se aproveitássemos a crise para reflectir?





Ligações de interesse sobre o Buy Nothing Day:













Dia sem compras (Journée sans achat em França)







Buy nothing day







Student Project Video promoting Buy Nothing Day







The Good Consumer







Sugestão de programa para amanhã (29 de Novembro), no Dia Sem Compras ( Buy Nothing Day)


Programa do dia sem compras ( 29 de Novembro de 2008)

9h - Acordar habitual

10h - Pequeno almoço com o que tiver em casa.

11h - Meio da manha sem comprar. Se sair leve uma marmita

12h - Preparar um almoço caseiro ou num banco de jardim de maneira convivial

13h – Seguia-se o café.. mas não. É dia de experiência e reflexão, de poesia e não de compras supérfluas

14h - Perguntar a nós próprios porque raio não consumimos hoje.

14h01m - Responder. Pode-se sempre pedir a ajuda de alguém próximo

15h - Hora livre. Cada um não compra o que quiser

16h - Não comprar nada

17h - Ok.. se não há marmita comprar algo sem ser embalado. E que provenha de um comércio justo.

18h - Ainda há uns tempos havia sol. Arranjar entretenimento sem ter que comprar

19h - O jantar vai ser preparado com a descoberta de ingredientes não comprados e que fomos recolhendo nos últimos dias junto da mãe-natureza

20h - Ahh bem bom! Agora falar de barriga cheia e preparar a roupa de uma nova atitude para o dia seguinte.

21h - Ver um filme grátis sobre o consumismo, a sociedade de consumo e de desperdício em que actualmente vivemos


( retirado de um flyer do GAIA- Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, a ser distribuído amanhã)

Receita-Poupança ….para quem gosta de ser manipulado




RECEITA POUPANÇA ( ….para quem gosta de ser manipulado)

"Junta um quilo de produtos de pequenas lojas numa panela.Retira os Minipreços, descasca Continentes e tira a pele aos donos de Shoppings que acabam com o pão de cada dia dos comerciantes populares! Coloca um pouco de justiça e sal a cozer!

Numa frigideira (Made in China não fabricada por alguém que recebeu apenas 2 cêntimos), coloca óleo(com rótulo: não modificado geneticamente)e deixa apurar a cebola e o tomate apanhados da tua horta pela manhã!

Numa travessa de vidro( importada do Taiwan) espalha ao comprido os ingredientes anteriores e põe por cima rodelas de banana importada do Brasil e Ananás das Canárias ( que dá um sabor amargo aos produtores de fruta portuguesa)!

Leva tudo ao forno.E enquanto esperas, pensa na roupa que vais vestir no jantar( curiosidade: Portugal é o 2º país da Europa a gastar mais dinheiro em roupa)!

E para não pareceres mal, eis um conselho, leva vestido roupa da marca da Nike (que escraviza crianças) ou perfume da Calvin Klein (que testa em animais).

Ah...E... Sorri, pois, estás a ser manipulado!"


( texto retirado de um flyer do GAIA a ser distribuído amanhã, 29 de Novembro)

Feira de Trocas na Casa da Horta (dia 29 de Novembro) no Dia Sem Compras ( Buy Nothing Day)




Para celebrar o Dia Sem Compras, na Casa da Horta, das 18h às 20h vamos ter uma feira de trocas. Traz o que já não queres ou o que tens a mais e leva o que te faz jeito. (Se não quiseres trocar nada, podes sempre deixar na Prateleira Livre, onde mais tarde pode interessar alguém). Vamos ter também um local para poderes afixar os serviços que queres trocar (por exemplo, aulas de guitarra, sessões de yoga, cortar cabelo, etc).


No dia seguinte, aparece às 19h para veres o Documentário "Czech Dream".

"O festival de celebração da vida pela vida. Um dia para te desafiares a ti, à tua família e amigos a desligar o canal shopping e sintonizar para a vida.



A mensagem é clara: comprar menos, viver mais! Tentar uma vida simples por um dia, passando o tempo com aqueles que gostamos. também um dia de reflexão sobre asconsequências ambientais, sociais e éticas do consumismo. Os países desenvolvidos - que constituem cerca de 20% da população mundial consomem 80% dos recursos naturais do planeta, causando um nível desproporcionado de danos ambientais e uma injusta
distribuição da riqueza.



Como consumidores que somos temos que questionar os produtos que compramos e quem os fabrica, acerca da sua origem e processo de fabrico. Quais são os verdadeiros resíduos resultantes da sua produção? Quais as condições de trabalho e o nível de vida dos trabalhadores? O que nos leva a esta sede de comprar? Será a necessidade?


O Dia sem Compras pretende ser um dia que sirva de exemplo para uma mudança de consciência e até de estilo de vida, para um consumo mais responsável e racional. Um consumo focado nas verdadeiras necessidades e tendo em conta os aspectos sociais e ambientais inerentes à preservação da Terra e ao tratamento igual que todos os seres humanos merecem."


Casa da Horta, Associação Cultural
http://www.casadahorta.pegada.net/
casadahorta@pegada.net
Tel: 222024123 / 965545519 / 937267541 / 916472466
Rua de São Francisco, 12A
4050-548 Porto
(Perto da Igreja de São Francisco e Mercado Ferreira Borges)

O antropólogo Claude Lévi-Strauss, um dos principais nomes do pensamento e das ciências sociais, faz hoje 100 anos

Claude Lávi-Strauss, figura maior da antropologia, numa das suas raras declarações em 2005 para a televisão, disse:
«O que eu vejo hoje são as ameaças actuais como o desaparecimento assustador das espécies vivas, quer elas sejam vegetais ou animais, e o facto da espécie humana viver no mundo actual numa espécie de regime de envenenamento interno – se assim posso falar. Um mundo que estou a acabar de viver, e que eu não amo.»

Outras citações:

«O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas, mas aquele que põe as verdadeiras questões»

«A humanidade é constamente influenciada por dois porocessos, um que tende a instaurar a unificação, e outro que visa manter ou restabelecer a diversificação»

«Característca do pensamento selvagem é de ser intemporal»


»Nada mais parecido com o pensamento mítico, que a ideologia política»


Grande nome da antropologia, Claude Lévi-Strauss (n. em Bruxelas, 28 Novembro de 1908) é um representante do pensamento estruturalista, e por isso mesmo exerceu uma grande influência em todas as ciências sociais das últimas décadas. Formado em direito, depois em filosofia acabando por doutorar-se em Letras, Lévi-Strauss lança-se na etnografia em 1939, quando estava noo Brasil a dar aulas, e parte à descoberta dos índios Mundé e Tupi Kawahib. Durante a Ocupação alemã da França, ele vive nos Estados Unidos, onde convive com o antropólogo Franz Boas e o linguista Roman Jakobson, que vão influenciar profundamente o seu pensamento.e lançar as raízes do estruturalismo. Disso é ilustração a sua obra Antropologia Estrutural onde se estuda minuciosamente as relações sociais a fim de se compreender os mecanismos formais e as estruturas inconscientes. As suas análises tendem a demonstrar que o pensamento pré-lógico não é feito ao acaso, mas antes orientado segundo um eixo diferente do modo de pensar ocidental.Autor de outras valiosas obras e uma considerável bibliografia, o pensamento de Claude Lévi-Strauss, que completa hoje 100 anos, tornou-se indispensável para a compreeensão do homem.


OBRAS:
• La Vie familiale et sociale des Indiens Nambikwara, Paris, Société des américanistes, 1948.
• Les Structures élémentaires de la parenté, Paris, PUF, 1949 ; nouv. éd. revue, La Haye-Paris, Mouton, 1968.
• Race et histoire, Paris, UNESCO, 1952.
• « Introduction à l'œuvre de Marcel Mauss », dans Marcel Mauss, Sociologie et anthropologie, Paris, PUF, 1950.
• Tristes Tropiques, Plon, Paris, 1955.
• Anthropologie structurale, Paris, Plon, 1958 ; nombreuses rééd. Pocket, 1997. (ISBN 2-266-07754-6)
• Le Totémisme aujourd'hui, Paris, PUF, 1962.
• La Pensée sauvage, Paris, Plon, 1962.
• Mythologiques, t. I : Le Cru et le Cuit, Paris, Plon, 1964.
• Mythologiques, t. II : Du miel aux cendres, Paris, Plon, 1967.
• Mythologiques, t. III : L'Origine des manières de table, Paris, Plon, 1968.
• Mythologiques, t. IV : L'Homme nu, Paris, Plon, 1971.
• Anthropologie structurale deux, Paris, Plon, 1973.
• La Voie des masques, 2 vol., Genève, Skira, 1975 ; nouv. éd. augmentée et rallongée de « Trois Excursions », Plon, 1979.
• (en) Myth and Meaning, Londres, Routledge & Kegan Paul, 1978.
• Le Regard éloigné, Paris, Plon, 1983.
• Paroles données, Paris, Plon, 1984.
• Histoire de Lynx, Paris, Pocket, 1993. (ISBN 2-266-00694-0)
• Regarder écouter lire, Paris, Plon, 1993. (ISBN 2-259-02715-6)
• Saudades do Brasil, Paris, Plon, 1994. (ISBN 2-259-18088-4)
• Le Père Noël supplicié, Pin-Balma, Sables, 1994 (ISBN 2-907530-22-4)
• Œuvres, préface par Vincent Debaene ; édition établie par Vincent Debaene, Frédéric Keck, Marie Mauzé, et al., Paris, Gallimard, « Bibliothèque de la Pléiade », 2008. (ISBN 978-2-07-0118021) (Ce volume réunit Tristes tropiques ; Le totémisme aujourd'hui ; La pensée sauvage ; La voie des masques ; La potière jalouse ; Histoire de lynx ; Regarder écouter lire avec une bibliographie des oeuvres de et sur Claude Lévi-Strauss).



Filme acabado de estrear refaz expedição de Claude Lévi Strauss para encontrar os índios Nhambiquara nos anos 30 no Brasil na semana em que o antropólogo completa cem anos de idade

Lévi-Strauss tem também laços muito importantes com o Brasil - ele realizou várias expedições para encontrar índios na Amazónia e no Mato Grosso e foi professor na Universidade de São Paulo nos anos 30. De volta à França, Lévi-Strauss escreveu um dos mais belos livros já feitos sobre o Brasil - Tristes Trópicos. Algum tempo depois, ele publicou também um livro de fotos com um título explícito - Saudades do Brasil

O antropólogo e realizador brasileiro Marcelo Fortaleza Flores exibiu esta semana no canal France 5 um filme que narra uma das famosas exppedições Claude Lévi-Strauss para encontrar os índios Nhambiquara. Em francês, o filme se chama « Lévi-Strauss auprès de l'Amazonie » e em português « Trópico da Saudade ».

« Se tivesse desejado estudar minha própria sociedade, teria me tornado um especialista em ciência política ou sociologia. Se me tornei antropólogo, é porque outras sociedades me interessavam mais do que a minha » - Claude Lévi-Strauss




Entrevista a Claude Lévi Strauss (1972), parte 1




Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7



Bourdieu fala de Lévi-Strauss