25.1.09

Pan-Amazónia é o território e o protagonista no Fórum Social Mundial 2009

De 27 de Janeiro a 1 de Fevereiro a cidade de Belém deixa de ser a capital do Pará para se tornar o centro de toda a Pan-Amazónia, uma vez que durante aqueles seis dias decorrerá ali a 9ª edição do Fórum Social Mundial que prestará uma atenção especial às questões da Amazónia.

No dia 28 de janeiro de 2009, segundo dia do FSM 2009, ocorrerá o Dia da Pan-Amazónia, sob o lema "500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular"

500 anos de resistência afro-indígena e popular



Durante aqueles seis dias, Belém, a capital do Pará, no Brasil, assume o posto de centro de toda a região para abrigar o maior evento altermundista da actualidade que reúne activistas de mais 150 países num processo permanente de mobilização, articulação e busca de alternativas por um outro mundo possível, livre da política neoliberal e todas as formas de imperialismo.

Composta por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além da Guiana Francesa, a Pan-Amazónia é conhecida pela riqueza da maior biodiversidade do planeta e pela força e tradição dos povos e das entidades que constroem um movimento de resistência na perspectiva de um outro modelo de desenvolvimento.

Muito mais que um território para abrigar o FSM, a Amazónia, representada por seus povos, movimentos sociais e organizações, será a protagonista no processo e terá a oportunidade de fazer ecoar mundialmente suas lutas, além de tecer alianças continentais e planetárias.

A escolha da Pan-Amazónia

O Conselho Internacional do FSM, composto por cerca de 130 entidades, escolheu a Pan-Amazónia para sediar o FSM 2009 em reconhecimento ao papel estratégico que a região possui para toda a Humanidade. A região é uma das últimas áreas do planeta ainda relativamente preservada, num espaço geográfico de valor imensurável por sua biodiversidade e que agrega um conjunto amplo e diverso de movimentos sociais, centrais sindicais, associações, cooperativas e organizações da sociedade civil que lutam por uma Amazónia sustentável, solidária e democrática, articuladas em redes e fóruns, construindo esse amplo movimento de resistência na perspectiva de um outro modelo de desenvolvimento.

Esse esforço traduzir-se-á na estrutura do evento com um dia inteiro dedicado à temática pan-amazónica – O Dia da Pan-Amazónia. Nesse dia, os testemunhos, painéis, conferências, discussões, marchas e alianças entre os povos da Pan-Amazónia e o mundo concretizarão a 5a edição do Fórum Social Pan-Amazónico (FSPA). Será um dia inteiro dedicado à temática regional, no qual os povos e movimentos da Pan-Amazónia poderão dialogar com o mundo e tecer alianças planetárias, em busca de uma outra Amazónia.

O protagonismo defendido e clamado pelas organizações Pan-amazónicas se dará por meio da participação massiva de representações do povos, movimentos sociais, organizações e entidades representativas da sociedade civil e do diálogo e convergências que serão estabelecidos com os movimentos e experiências de todo mundo.

Realizar-se-ão neste âmbito Encontros Sem-Fronteiras e as Caravanas Fluviais e Terrestres. Tal decisão materializa o desejo expresso de fazer do FSM 2009 um espaço onde os povos da Pan-Amazónia tenham vez e voz.






Os dez objectivos orientadores das acções do 9º FSM (Fórum Social Mundial)

As diversas actividades autogestionadas do FSM serão realizadas em torno de um entre os 10 objectivos a seguir, propostas por organizações, grupos de organizações e redes durante o processo de inscrições para o evento.
Os objectivos foram definidos após a realização de uma ampla consulta pública às diversas organizações e entidades participantes do processo FSM.

1-Pela construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas espiritualidades diversas, livre de armas, especialmente as nucleares;

2-Pela libertação do mundo do domínio do capital, das multinacionais, da dominação imperialista patriarcal, colonial e neo-colonial e de sistemas desiguais de comércio, com cancelamento da dívida dos países empobrecidos;

3-Pelo acesso universal e sustentável aos bens comuns da humanidade e da natureza, pela preservação de nosso planeta e seus recursos, especialmente da água, das florestas e fontes renováveis de energia;

4-Pela democratização e descolonização do conhecimento, da cultura e da comunicação, pela criação de um sistema compartilhado de conhecimento e saberes, com o desmantelamento dos Direitos de Propriedade Intelectual;

5-Pela dignidade, diversidade, garantia da igualdade de género, raça, etnia, geração, orientação sexual e eliminação de todas as formas de discriminação e castas (discriminação baseada na descendência);

6-Pela garantia (ao longo da vida de todas as pessoas) dos direitos económicos, sociais, humanos, culturais e ambientais, especialmente os direitos à alimentação (com garantia de segurança e soberania alimentar), saúde, educação, habitação, emprego, trabalho digno e comunicação;

7-Pela construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e nos direitos dos povos, inclusive das minorias e dos migrantes;

8-Pela construção de uma economia democratizada, emancipatória, sustentável e solidária, com comércio ético e justo, centrada em todos os povos;

9-Pela construção e ampliação de estruturas e instituições políticas e económicas (locais, nacionais e globais) realmente democráticas, com a participação da população nas decisões e controle dos assuntos e recursos públicos.

10-Pela defesa da natureza (Amazónia e outros ecossistemas) como fonte de vida para o Planeta Terra e aos povos originários do mundo (indígenas, afro-descendentes, tribais, ribeirinhos) que exigem seus territórios, línguas, culturas, identidades, justiça ambiental, espiritualidade e bom viver.

O Fórum Social Mundial de 2009 realiza-se em Belém no Estado do Pará, Brasil, entre os dias 27 de Janeiro a 1 de Fevereiro


De 27 de Janeiro a 1 de Fevereiro de 2009, a cidade de Belém abrigará o Fórum Social Mundial-2009. Durante esses seis dias, a cidade assume o posto de centro da cidadania planetária e referência mundial ao questionar a desigualdade, a injustiça, a intolerância, a devastação ambiental e o preconceito.


http://www.fsm2009amazonia.org.br/?set_language=pt-br

Os interessados em participar à distancia deven aceder por via:
http://openfsm.net/projects/fsm2009interconexoes


O Fórum Social Mundial (FSM) é um espaço aberto de encontro – plural, diversificado, não-governamental e não-partidário –, que estimula de forma descentralizada o debate, a reflexão, a formulação de propostas, a troca de experiências e a articulação entre organizações e movimentos engajados em acções concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo, mais solidário, democrático e justo.

As três primeiras edições do FSM, bem como a quinta edição, aconteceram em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (Brasil), em 2001, 2002, 2003 e 2005. Em 2004, o evento mundial foi realizado pela primeira vez fora do Brasil, na Índia. Em 2006, sempre em expansão, o FSM aconteceu de maneira descentralizada em países de três continentes: Mali (África), Paquistão (Ásia) e Venezuela (Américas). Em 2007, voltou a acontecer de maneira central no Quénia (África).

O FSM mostrou a capacidade de mobilização que a sociedade civil pode adquirir quando se organiza a partir de novas formas de acção política, caracterizadas pela valorização da diversidade e da co-responsabilidade. O sucesso da primeira edição resultou na criação do Conselho Internacional que, em sua reunião de fundação, aprovou em 2001 uma Carta de Princípios, a fim de garantir a manutenção do FSM como espaço e processo permanentes para a busca e a construção de alternativas ao neoliberalismo. Hoje, são realizados fóruns sociais locais, regionais, nacionais e temáticos em todo o mundo, com base na Carta de Princípios. Em 2008, para marcar esse processo, foi realizado mundialmente no dia 26 de janeiro o Dia Global de Mobilização e Ação.

www.forumsocialmundial.org.br/index.php?cd_language=1

http://www.wsftv.net/

http://www.ciranda.net/spip/?lang=pt_br






FSM: de 2001 a 2008

As três primeiras edições do Fórum Social Mundial, realizadas em 2001, 2002 e 2003, em Porto Alegre (Brasil), foram organizadas por um comité organizador (CO) formado por oito entidades brasileiras: Abong, Attac, CBJP, Cives, CUT, Ibase, MST e Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.
Quando o FSM transferiu-se para Mumbai (Índia), foi criado um Comité Organizador Indiano, responsável pela organização do IV FSM em Mumbai, ocorrido em Janeiro de 2004.
Para a quinta edição do FSM (realizada em Janeiro de 2005, em Porto Alegre), foi constituído um Comité Organizador Brasileiro formado por 23 organizações, subdivididas em oito GTs (Grupos de Trabalho): Espaços, Economia Popular Solidária, Meio Ambiente e Sustentabilidade, Cultura, Tradução, Comunicação, Mobilização e Software Livre (articulado com o GT de Comunicação).
O VI Fórum Social Mundial foi policêntrico, ou seja, ocorreu de forma descentralizada, em três cidades: Bamako (Mali - África), de 19 a 23 de Janeiro de 2006; Caracas (Venezuela – América), de 24 a 29 de Janeiro de 2006, e Karachi (Paquistão – Ásia), de 24 a 29 de março de 2006. Para cada evento foi criado um comité organizador.
Da mesma forma, na sétima edição do FSM. realizada em Nairóbi, no Quênia, de 20 a 25 de Janeiro de 2007, também foi criado um comité organizador.
Uma nova modalidade do processo FSM foi explorada em Janeiro de 2008 com a Semana de Mobilização e Acção Global ou Jornadas de Ações Globais», durante as quais 800 actividades e acções autogestionadas foram realizadas em 80 países. Este evento foi iniciado após um apelo feito em Junho de 2007 pelas organizações membros do CI, logo estimulado pelas Comissões de Comunicação e Expansão



Carta de Princípios do Fórum Social Mundial

O Comité de entidades brasileiras que idealizou e organizou o primeiro Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre de 25 a 30 de janeiro de 2001, considera necessário e legítimo, após avaliar os resultados desse Fórum e as expectativas que criou, estabelecer uma Carta de Princípios que oriente a continuidade dessa iniciativa. Os Princípios contidos na Carta, a ser respeitada por tod@s que queiram participar desse processo e organizar novas edições do Fórum Social Mundial, consolidam as decisões que presidiram a realização do Fórum de Porto Alegre e asseguraram seu êxito, e ampliam seu alcance, definindo orientações que decorrem da lógica dessas decisões.

1. O Fórum Social Mundial é um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação para ações eficazes, de entidades e movimentos da sociedade civil que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do mundo pelo capital e por qualquer forma de imperialismo, e estão empenhadas na construção de uma sociedade planetária orientada a uma relação fecunda entre os seres humanos e destes com a Terra.

2. O Fórum Social Mundial de Porto Alegre foi um evento localizado no tempo e no espaço. A partir de agora, na certeza proclamada em Porto Alegre de que "um outro mundo é possível", ele se torna um processo permanente de busca e construção de alternativas, que não se reduz aos eventos em que se apóie.

3. O Fórum Social Mundial é um processo de caráter mundial. Todos os encontros que se realizem como parte desse processo têm dimensão internacional.

4. As alternativas propostas no Fórum Social Mundial contrapõem-se a um processo de globalização comandado pelas grandes corporações multinacionais e pelos governos e instituições internacionais a serviço de seus interesses, com a cumplicidade de governos nacionais. Elas visam fazer prevalecer, como uma nova etapa da história do mundo, uma globalização solidária que respeite os direitos humanos universais, bem como os de tod@s @s cidadãos e cidadãs em todas as nações e o meio ambiente, apoiada em sistemas e instituições internacionais democráticos a serviço da justiça social, da igualdade e da soberania dos povos.

5. O Fórum Social Mundial reúne e articula somente entidades e movimentos da sociedade civil de todos os países do mundo, mas não pretende ser uma instância representativa da sociedade civil mundial.

6. Os encontros do Fórum Social Mundial não têm caráter deliberativo enquanto Fórum Social Mundial. Ninguém estará, portanto autorizado a exprimir, em nome do Fórum, em qualquer de suas edições, posições que pretenderiam ser de tod@s @s seus/suas participantes. @s participantes não devem ser chamad@s a tomar decisões, por voto ou aclamação, enquanto conjunto de participantes do Fórum, sobre declarações ou propostas de ação que @s engajem a tod@s ou à sua maioria e que se proponham a ser tomadas de posição do Fórum enquanto Fórum. Ele não se constitui portanto em instancia de poder, a ser disputado pelos participantes de seus encontros, nem pretende se constituir em única alternativa de articulação e ação das entidades e movimentos que dele participem.

7. Deve ser, no entanto, assegurada, a entidades ou conjuntos de entidades que participem dos encontros do Fórum, a liberdade de deliberar, durante os mesmos, sobre declarações e ações que decidam desenvolver, isoladamente ou de forma articulada com outros participantes. O Fórum Social Mundial se compromete a difundir amplamente essas decisões, pelos meios ao seu alcance, sem direcionamentos, hierarquizações, censuras e restrições, mas como deliberações das entidades ou conjuntos de entidades que as tenham assumido.

8. O Fórum Social Mundial é um espaço plural e diversificado, não confessional, não governamental e não partidário, que articula de forma descentralizada, em rede, entidades e movimentos engajados em ações concretas, do nível local ao internacional, pela construção de um outro mundo.

9. O Fórum Social Mundial será sempre um espaço aberto ao pluralismo e à diversidade de engajamentos e atuações das entidades e movimentos que dele decidam participar, bem como à diversidade de gênero, etnias, culturas, gerações e capacidades físicas, desde que respeitem esta Carta de Princípios. Não deverão participar do Fórum representações partidárias nem organizações militares. Poderão ser convidados a participar, em caráter pessoal, governantes e parlamentares que assumam os compromissos desta Carta.

10. O Fórum Social Mundial opõe-se a toda visão totalitária e reducionista da economia, do desenvolvimento e da história e ao uso da violência como meio de controle social pelo Estado. Propugna pelo respeito aos Direitos Humanos, pela prática de uma democracia verdadeira, participativa, por relações igualitárias, solidárias e pacíficas entre pessoas, etnias, géneros e povos, condenando todas as formas de dominação assim como a sujeição de um ser humano pelo outro.

11. O Fórum Social Mundial, como espaço de debates, é um movimento de ideias que estimula a reflexão, e a disseminação transparente dos resultados dessa reflexão, sobre os mecanismos e instrumentos da dominação do capital, sobre os meios e acções de resistência e superação dessa dominação, sobre as alternativas propostas para resolver os problemas de exclusão e desigualdade social que o processo de globalização capitalista, com as suas dimensões racistas, sexistas e destruidoras do meio ambiente está criando, internacionalmente e no interior dos países.

12. O Fórum Social Mundial, como espaço de troca de experiências, estimula o conhecimento e o reconhecimento mútuo das entidades e movimentos que dele participam, valorizando o seu intercâmbio, especialmente o que a sociedade está construindo para centrar a actividade económica e a acção política no atendimento das necessidades do ser humano e no respeito à natureza, no presente e para as futuras gerações.

13. O Fórum Social Mundial, como espaço de articulação, procura fortalecer e criar novas articulações nacionais e internacionais entre entidades e movimentos da sociedade, que aumentem, tanto na esfera da vida pública como da vida privada, a capacidade de resistência social não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência usada pelo Estado, e reforcem as iniciativas humanizadoras em curso pela acção desses movimentos e entidades.

14. O Fórum Social Mundial é um processo que estimula as entidades e movimentos que dele participam a situar as suas acções, do nível local ao nacional e buscando uma participação activa nas instâncias internacionais, como questões de cidadania planetária, introduzindo na agenda global as práticas transformadoras que estejam experimentando na construção de um mundo novo solidário.

Aprovada e adoptada em São Paulo, em 9 de abril de 2001, pelas entidades que constituem o Comité de Organização do Fórum Social Mundial, aprovada com modificações pelo Conselho Internacional do Fórum Social Mundial no dia 10 de junho de 2001.

VI Fórum Mundial de Educação (26 a 29 de Janeiro, em Belém do Pará, Brasil)


Vai-se realizar em Belém do Pará, no Brasil, entre os dias 26 a 29 de Janeiro, o VI Fórum Mundial de Educação, no marco do Fórum Social Mundial (FSM), que decorrerá simultâneamente na mesma cidade

Recorde-se que o Fórum Social Mundial é um movimento social de cidadãos de todas as partes do mundo que reúne e acolhe todas as causas globais em favor dos desfavorecidos, excluídos e injustiçados. Propõe-se também contribuir para a construção de “um outro mundo possível” sem as amarras da globalização neoliberal.

As actividades autogestionadas relativas à área de Educação inscritas no FSM são selecionadas, aglutinadas e organizadas em blocos temáticos constituindo a grade de programação do VI FME, ocupando espaços e períodos devidamente identificados dentro da programação geral.
Os eixos temáticos que serão discutidos durante o VI FME são:
Educação,
Desenvolvimento,
Economia Solidária e Ética Planetária;
Educação Cidadã: Inclusão e Diversidade;
Educação, Direitos Humanos, Cooperação e Cultura de Paz;
Educação, Meio Ambiente e Sustentabilidade;
Educação de Jovens e Adultos na Perspectiva da Educação Popular;
Educação Emancipatória no contexto da comunicação e das tecnologias.

Haverá ainda duas conferências com os temas “Educação e Transgressão na construção da Cidadania Planetária” e “Educação, Diálogo e Utopia: Identidades Culturais em conflito”, a serem realizadas respectivamente nos dias 26 e 27 de janeiro. Também no dia 27 acontece uma mesa sobre a Conferência Internacional da Unesco em Educação de Adultos (Confintea), a ser realizada no Brasil, em Maio próximo.


O que é o FME?

O Fórum Mundial de Educação é um movimento pela cidadania planetária e pelo direito universal à educação.

Constitui-se como um espaço de constante diálogo entre todos os que, no mundo globalizado, levam por diante projectos de educação popular e de contestação ao neoliberalismo, seja na esfera pública, ou na sociedade em geral, no seio das comunidades ou em trabahos de pesquisa.
O neoliberalismo concebe a educação como mercadoria, despreza o espaço público, reduz os indivíduos à condição de consumidores e nega a dimensão humanista do processo educacional.
Opondo-se a tal perspectiva, o FME defende uma concepção libertadora, que respeita e convive com a diferença, promovendo a intertransculturalidade e reconhece a educação como direito social universal ligado à condição humana



Carta da 1ª Edição do Fórum Mundial de Educação

Carta de Porto Alegre pela Educação Pública para todos

Preâmbulo

Os mais de 15.000 educadores, educadoras, estudantes, pesquisadores, autoridades, sindicalistas, representantes de múltiplas e diferentes forças sociais e populares, sujeitos protagonistas da história e comprometidos com a educação pública, gratuita e de qualidade para todos os homens e mulheres de todas as idades, orientações sexuais e pertencimentos étnicos, religiosos e culturais da Terra, como condição necessária e possível à PAZ e a melhores perspectivas de vida para a Humanidade, apresentam aos governos de todos os países e a todos os povos do Mundo as posições aprovadas durante a plenária final do Fórum Mundial de Educação.

O período em que vivemos, quando o capital, para aumentar seus ganhos a concentrações nunca vistas, leva à miséria e à guerra a grande maioria da população mundial e produz no abandono e no massacre da infância a mais cruel e desumanizadora face deste modelo de sociedade, precisa ser entendido como de ruptura.

Na actual conjuntura internacional, após o acto terrorista de 11 de setembro, por todos repudiado, ficou mais claro tanto o desequilíbrio entre o norte e o sul e o fosso crescente entre ricos e pobres quanto o perigo da violência originária dos irracionalismos que ameaçam toda forma de civilização. As forças dominantes do mundo buscam mostrar o momento presente como sendo de catástrofe mundial. Para a grande maioria dos seres humanos, no entanto, esta ruptura pode ser vista como a passagem de uma situação para outra, na qual a solidariedade, a liberdade, a igualdade e o respeito às diferenças revigoram-se como valores aliados à compreensão de que existem hoje, no mundo, forças e riquezas capazes de alimentar os famintos e de fornecer a todos condições materiais e espirituais dignas, entre as quais salienta-se a educação pública, gratuita e de qualidade socialmente referenciada.

É neste contexto e como parte dessas forças que se reuniu o Fórum Mundial de Educação, demonstrando que o momento de passagem vem sendo construído em todos os cantos da Terra por movimentos sociais e governos comprometidos com a democracia e as causas populares, para a proposição de alternativas à excludente globalização neoliberal, no campo e na cidade.
São muitas as frentes de luta, em várias partes do mundo - forças zapatistas, Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra, movimentos contra o racismo, a intolerância racial e a xenofobia - culminantes na 3ª Conferência Mundial de Durban na África do Sul, contra o neoliberalismo e pela humanidade, a Marcha pela Paz - realizada pela ONU em Peruggia e Assis, a Ação pela Tributação das Transações Financeiras em Apoio ao Cidadão - ATTAC, entre tantas. Nelas vão sendo encontradas alternativas populares e democráticas que se opõem às pressões financeiras representadas pelo Banco Mundial, pela Organização Mundial do Comércio (notoriamente o acordo geral sobre o comércio e os serviços que põe em perigo a educação pública), pelo Fundo Monetário Internacional, que dizem "reorganizar a economia do mundo".

Neste contexto, entendemos como fundamental aprofundar a solidariedade e a organização entre os movimentos sociais, associativos, sindicais e parlamentários, promovendo encontros mundiais, em vários países e cidades. As reações ocorridas em Seattle, Davos, Cancun, Quebec e Génova, as greves e as marchas realizadas por trabalhadores de diferentes categorias, especialmente os trabalhadores em educação e os estudantes, o Fórum Social Mundial e este Fórum Mundial da Educação indicam que, com os pés no presente, criticando o que de terrível foi e vem sendo feito contra todos os povos, homens e mulheres vão construindo, com esperança, o futuro. Por isto, é necessário repudiar a mercantilização da educação que permite aos países do norte, aproveitando sua posição dominante, atrair cérebros dos países do sul através de uma imigração seletiva. Tudo isto indica a possibilidade de ampliação das alternativas realmente solidárias, populares e democráticas, entre elas as relativas à escola pública, gratuita e de qualidade, em todos os níveis.

Neste sentido, entendemos que a luta contra a globalização neoliberal exige que afirmemos as soluções já existentes e que busquemos novas oportunidades de actuação nos âmbitos local, regional, nacional e mundial.

Serão bem-vindas à luta e à concretização de tais alternativas todas as forças, organizações e setores que entendam a necessidade de uma radical mudança nas propostas econômicas em escala mundial, bem como nas políticas públicas nacionais e locais, para permitir a igualitária distribuição das riquezas, a sustentabilidade meio-ambiental e o amplo acesso por todos dos bens culturais comuns, entre os quais todos os tipos de educação, mediatizados por valores de solidariedade, de liberdade e de reconhecimento das diferenças para a superação dos fatores que criam hierarquias entre os seres humanos. A constituição de um projeto societário, em oposição ao modelo de globalização neoliberal, exige a incorporação de crescentes forças a esta luta apenas começada e o combate a todos os fundamentalismos.

Estamos irmanados pelo entendimento de que, quaisquer que sejam suas crenças, modos de viver, gostos, sentimentos, diferenças em termos de necessidades educativas especiais, o ser humano é sempre um sujeito de direitos. A educação, condição necessária para o diálogo e a PAZ, tem um papel importante nessa luta, na medida em que os tão diversos e sempre coletivos espaços, nos quais ela se dá, são lugares de discussão, vivência e convivência. A escola pública, nesse processo, transforma-se e se revifica como espaço/tempo de possibilidades para encontros de homens e de mulheres de todas as idades. Assim, ao contrário da afirmação das forças do capital, de que a escola pública já está superada, reafirmamos sua potência e permanente movimento na reinvenção do cotidiano de nossas sociedades e na sua própria transformação, como resultado do protagonismo dos excluídos.

A conquista do poder político em cada situação concreta, nacional e local, é também uma das frentes de luta, já que a globalização do capital sempre precisou de governos nacionais, regionais e locais capazes de executar seus planos e fazer valer sua força. A criação de alternativas às propostas neoliberais vem sendo construída com governos populares e democráticos, tecidos com dificuldades e que se configuram como possibilidade crescente.

A luta por mudanças no mundo do trabalho, na perspectiva de uma profissionalização sustentável, com acesso de todos à evolução científico-tecnológica, precisa ser acompanhada de garantias dos direitos sociais para os trabalhadores e trabalhadoras e de reconhecimento universal da certificação profissional. Essa luta mantém relação estreita com as tantas mudanças antes indicadas, exigindo, assim, a ampliação do conhecimento humanista, técnico-científico, ético e estético e a incorporação real do direito às diferenças, para que possamos nos compreender, nos aproximar e superar hierarquias entre seres humanos, dadas por gênero, idade ou pertencimentos étnicos, raciais, religiosos, culturais e políticos. Os trabalhadores/trabalhadoras da educação têm, com relação a isso, histórias para contar sobre seus esforços comuns e buscam crescentemente participar, com os múltiplos movimentos sociais, na tessitura de um mundo mais justo e pacífico, afirmando a importância de seu trabalho para a primeira infância, as crianças, os jovens, os adultos e os velhos.

Este Fórum Mundial de Educação soma-se às discussões realizadas nos diversos fóruns de Educação que aconteceram na última década, em escala mundial, identificados com o ideário expresso neste documento, indicando-as como eixos prioritários para o Fórum Social Mundial/2002.

O Fórum Mundial de Educação apresenta-se como realidade e possibilidade na construção de redes que incorporam pessoas, organizações e movimentos sociais e culturais locais, regionais, nacionais e mundiais para confirmar a educação pública para todos como direito social inalienável, garantida e financiada pelo Estado, nunca reduzida à condição de mercadoria e serviço, na perspectiva de uma sociedade solidária, radicalmente democrática, igualitária e justa.
Porto Alegre (Brasil), 27 de outubro de 2001.

Fórum Mundial dos Media Livres em Belém do Pará (26 e 27 de Janeiro)

Fórum Mundial de Mídia Livre 26e27/01/2009 -Belém-PA

http://forumdemidialivre.blogspot.com/

Nos dias 26 e 27 de Janeiro, na véspera do Forum Social Mundial, realiza-se em Belém do Pará o Fórum Mundial de Mídia Livre (FMML) , os mídias livristas, como são chamados, de todo planeta reúnem-se para somar forças e discutir a criação de novas formas de comunicação.

Para aqueles(as) que praticam e lutam quotidianamente por uma outra comunicação, o momento presente combina a ampliação de oportunidades com o acirramento das desigualdades.

Ao mesmo tempo em que se multiplicam iniciativas contra-hegemónicas de comunicação, acentua-se a concentração das grandes corporações dos media e explicita-se o papel desses grupos como suporte do discurso hegemónico.

1. Os 30 anos de hegemonia neoliberal que antecederam a actual crise económica modificaram o mundo, a subjectividade, o imaginário humano e o papel da informação na sociedade. Já as últimas décadas de mudanças tecnológicas, de mutações no capitalismo, de invenção de outras formas de compartilhar, viver, trabalhar, apontam para a crise dos modelos neoliberais e para a emergência de novos paradigmas e outros imaginários.

2. Um consenso social tem sido modelado pelos sistemas de comunicação interligados por interesses e tecnologias avassaladores. Ao mesmo tempo, novas formas de resistência e contra-discursos surgem e se disseminam buscando quebrar os "consensos". Apesar das limitações, as novas tecnologias servem à democracia participativa e surgem com impacto global e capacidade de articular redes, que funcionam sob novos modelos.

3. Uma engrenagem dioturna, formada por grandes conglomerados da comunicação, reproduz e vocaliza a mesma narrativa hegemónica que condiciona impulsos, vontades, expectativas. Por outro lado, a possibilidade da construção de outras narrativas e da apropriação de novos media por novos sujeitos do discurso (colectivos, periferias, minorias, etc.) é uma criação experimentada local, nacional e globalmente, a despeito de novas formas de alienação. Nunca os processos culturais, a economia criativa, a valoração da informação e do conhecimento foram tão cruciais para se pensar a sociedade.


4. Esteja explícito ou não, muitas pessoas, redes, grupos estão condicionados a forças descomunais cujo poder destrutivo evidencia-se na incerteza desses dias, marcados por um modelo de sociedade cada vez mais socialmente injusto, economicamente insustentável, ambientalmente destrutivo, moralmente aético, acrítico e permissivo. A crise do capitalismo, da mídia de massa e do pensamento único cria, no entanto, uma oportunidade de reconfiguração das discussões sobre o papel da comunicação e da informação no mundo contemporâneo.

5. Desvelou-se, neste crash financeiro, o papel dos media oligopólicos com influência crescente sobre os destinos da sociedade, inclusive omitindo e isolando vozes e factos dissonantes. As intersecções entre os media e o poder dos mercados desregulados estreitaram-se nesses 30 anos. A financeirização da economia gerou uma contrapartida de financeirização do noticiário, adicionando-se um novo instrumento à manipulação da economia. Nada mais ilustrativo desse comprometimento do que o persistente malabarismo de ocultação de um sistema especulativo só reconhecido quando sua explosão ganhou evidência incontornável.

6. Estados, governos, democracias e processos de desenvolvimento foram colocados à mercê dos desígnios e chantagens impulsionados por essa lógica auto-destrutiva. A crise financeira expõe a crise do neoliberalismo. As grandes estruturas de comunicação avalizaram esse processo, emprestando-lhe legitimidade, sedução e argumentação coercitivos. Sobretudo, revestindo-o de múltiplas estratégias de desqualificação das vozes dissonantes ecoadas por governantes, partidos, lideranças sociais ou mesmo pela resistência de uma subjetividade atemorizada e constrangida.

7. Não é mais possível lutar pela democratização económica e social do mundo ou de uma aldeia, sem erigir muitas vozes dos mais diversos alcances, com influência internacional capaz de se contrapor à usina forjadora de supostos consensos sociais. Da mesma forma que o capitalismo é global, as lutas e a resistência são globais. Não queremos produzir um novo consenso, mas defender a possibilidade das diferenças e dos dissensos.

8. Essas vozes não serão um uníssono de sinal inverso ao que se combate, mas justamente a combinação harmônica das distintas e variadas vozes que hoje se levantam a partir da afirmação do direito à comunicação dos diversos grupos e indivíduos comprometidos com a luta por justiça social, e que tem nessa diversidade a sua fortaleza.

9. Neste momento, é ainda mais importante que os veículos não alinhados ao pensamento hegemônico, os produtores independentes de mídia e todos aqueles(as) que se pautam diariamente contra as injustiças e opressões decorrentes do neoliberalismo se reconheçam na semelhança e na pluralidade de suas inquietudes. A responsabilidade que nos une deve-se materializar em fóruns e acções de abrangência que se contraponham à crise que se alastra por todo o globo.

10. Convidamos assim os veículos de informação democrática, as comunidades, os colectivos, as entidades, os movimentos sociais, os blogueiros e cada individuo – que é em si um comunicador -, a participar do I Fórum Mundial de Mídia Livre, que acontece no Brasil (em Belém do Pará), nos dias 26 e 27 de janeiro de 2009. As conclusões do FMML terão importante incidência política nas deliberações do Fórum Social Mundial, que acontece nessa mesma cidade, a partir do dia 27 de janeiro de 2009.

11. Certos de que compartilhamos as mesmas preocupações e sentimento de urgência na construção dos media livres e democráticos, aguardamos a confirmação de sua presença.

Fórum de Mídia Livre, Brasil, novembro de 2008

Fórum Mundial da Teologia da Libertação - a 3ª edição termina hoje na cidade de Belém do Pará, no Brasil


O III FMTL (Fórum Mundial da Teologia da Libertação) pretende ser um encontro por uma teologia da sustentabilidade da vida no planeta. Destina-se a elaborar uma reflexão e um discurso teológico a partir de um sentido muito concreto e orgânico da vida. A realidade social e política no contexto amazônico promovem uma relação direta com a água e a terra. Mais que recursos naturais, estas são base de uma biodiversidade única no planeta.


Começou na noite desta quarta-feira (21 de Janeiro), a terceira edição do Fórum Mundial de Teologia e Libertação, que se estenderá até domingo (25), reunindo cerca de mil pessoas vindas dos cinco continentes. O tema principal do evento é "Água, Terra e Teologia para Outro Mundo Possível". A abertura contou com as presenças do teólogo Leonardo Boff, um dos idealizadores do Fórum.

O III Fórum Mundial de Teologia foi aberto com música, dança e performance, evocando a natureza e a necessidade de uma integração mais responsável entre o homem e o meio ambiente. Criado com a proposta de reunir indistintamente representantes de diversas matrizes religiosas, étnicas e culturais, o Fórum teve início com uma saudação dos povos indígenas presentes ao evento e também dos representantes das religiões de matriz africana.

Um dos idealizadores do Fórum de Teologia e Libertação, o padre Sérgio Torres, do Chile, lembrou o processo pelo qual, na década de 1970, teólogos de diversos países passaram a discutir uma necessidade de mudança na teologia, rumo a uma maior preocupação com a situação humana, a questão da pobreza, e ao compromisso de trabalhar pela transformação da sociedade. Um processo que culminou com o desenvolvimento das teologias contextuais, como a Teologia da Libertação, na América Latina. "A crise do socialismo real e a queda do muro de Berlim afectaram profundamente as teologias contextuais, mas então surgiu o Fórum Social Mundial, com a sua proposta de que um outro mundo é possível, e achamos que tínhamos que fazer parte desse processo. Assim surgiu o Fórum Mundial de Teologia e Libertação, que já aconteceu em Porto Alegre e em Nairobi, no Quénia", lembrou.

A teóloga Tea Frigerio também fez uma saudação na abertura, reafirmando os princípios do encontro. "Este é um encontro de povo, de corações, mas sobretudo um encontro de sonhos. Vamos nos empenhar a reflectir para saber buscar os caminhos que vão fazer do mundo todo a 'Casa do Pão'". O frei Luiz Carlos Susin, secretário executivo do evento, afirmou a necessidade de discutir ecologia sem o esquecimento de que todos fazem parte de um único planeta. "Hoje estamos mais próximos uns dos outros, para o bem e para o mal. A Amazónia, e Belém, cidade do Círio de Nazaré, onde todos se tornam uma só família, podem-nos ensinar a abrir o coração para abrigar todas as formas de vida e para aprendermos a viver como um grande família", afirmou

Na quinta (22), às 9h, Leonardo Boff presidiu à conferência "Água, Terra, Teologia: Rumo a Paradigma Ecológico". Na sexta (23), às 9h, Emile Townes (EUA) e Steve Degruchy (África do Sul), estiveram na conferência "Espiritualidade e Ética na Agenda da Sustentabilidade". E no passado sábado (24 de Janeiro), Ching Hyun Kyung e Mary Hunt (EUA) e Michel Dubois (França) intervieram na conferência "Dimensão Eco-teológica da Corporalidade".



"Carta de Princípios do Fórum Mundial de Teologia e Libertação"
(formulada e aprovada pelo Comité Organizador do FMTL em 26 Outubro de 2007)

1. O Fórum Mundial de Teologia e Libertação (doravante FMTL) se afirma como um espaço ecumênico, dialogal, plural e diversificado. Relaciona "teologia" e "libertação" porque quer agregar diferentes teologias que herdam suas referências e/ou repercutem na assim chamada Teologia da Libertação. O FMTL se opõe, portanto, a quaisquer visões totalitárias, exclusivistas e reducionistas do ser humano, do fenómeno religioso, das tradições religiosas e de representações do transcendente. O FMTL pressupõe um determinado público que directa ou indirectamente faz teologia e ciências da religião e estão envolvidos de diferentes maneiras a acções de justiça e paz através de redes como o Fórum Social Mundial. Porém, de modo algum, tal perfil deve configurar como pré-requisito para a participação no FMTL, desde que respeitado esta Carta. Por um princípio metodológico, o FMTL promove uma abertura propositiva na liberdade de articulação de seus participantes, assegurando-lhes meios de participação activa no evento e na organização do mesmo.

2. Enquanto evento localizado no tempo e no espaço, o FMTL é um fórum que contribui à rede mundial de teologias contextuais comprometidas com a libertação, a opção pelos pobres e a capacitação dos/as excluídos/as e vítimas de hegemonias em suas diferentes expressões no mundo contemporâneo.

3. O FMTL é fruto do contacto entre teologias emergidas na Ásia, África, América Latina e Caribe, América do Norte, Europa, Oceania, e cada FMTL tem sido realizado vinculado ao FSM. Tem, pois, como marco "um outro mundo é possível" (Cf. Carta de Princípios do FSM, item 2). Assume e reformula os princípios do FSM a fim de reunir e articular pessoas interessadas na mediação teológica atenta à complexidade e diversidade de experiências éticas, estéticas e espirituais de compromisso por alternativas justas para as culturas e sociedades, géneros, religiões, em prol de espiritualidades ecológicas e planetárias.

4. Assim, o FMTL, com base no primeiro artigo da Carta de Princípios do FSM, define-se como um espaço aberto de encontro para aprofundamento da reflexão, o debate democrático de ideias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e enriquecimento mútuo de diferentes abordagens teológicas contemporâneas identificadas e comprometidas com práticas de libertação, de resistência e transformação frente a todo tipo de estrutura que oprime e nega a manifestação plena de vida, justiça e dignidade.

5. O debate, as trocas de experiências, as reflexões e as hermenêuticas promovidas no FMTL são orientadas por um princípio dialogal e consistem de um exercício de crítica afirmativa e de novas leituras teológicas comprometidas epistemologicamente com a libertação e opção pelos pobres, afirmadas na diversidade das teologias contextuais feministas, negras, indígenas, ecuménicas e das religiões, caracterizadas por seu compromisso com a diversidade de género, étnica, cultural, religiosa e de capacidades físicas (Cf. Cartas de Princípios do FSM, item 9), bem como por uma metodologia histórico-crítica e criativa, através de correlações multi, inter e transdisciplinares.

6. O FMTL tem uma relação de convergência com o FSM e outros espaços e iniciativas sociais e intelectuais de carácter alternativo. Não é um evento paralelo ao FSM. Por isso planeja e desenvolve metodologias em sintonia com o FSM e iniciativas similares. O FMTL ocorre imediatamente antes ou após as edições do FSM e se integra ao programa deste através de diferentes formas de participação.

7. O FMTL, como espaço de encontro, contribui com a formação de uma espiritualidade ecológica e planetária, fortalecendo a experiência de sentido e de esperança utópica expresso na certeza por alternativas de "outros mundos possíveis", em conexão com o compromisso social por justiça e dignidade numa acção política transformadora.

8. O FMTL, como espaço de reflexão teológica de alternativas e possibilidade de mundo, aprofunda problemas de ordem socioeconómica actuais à luz dos recursos da teologia e vice-versa, estimulando o conhecimento e reconhecimento mútuo da pluralidade de saberes que colaboram e promovem a capacidade de resistência não violenta ao processo de desumanização que o mundo está vivendo e à violência institucionalizada, reforçando as iniciativas de práticas libertadoras em curso (Cf. Cartas de Princípios do FSM, item 13).

9. O FMTL, como espaço de construção de uma rede mundial de teologias contextuais, favorece o diálogo entre diferenças de género, religião, etnias, culturas, gerações e capacidades físicas tendo em vista incentivar, promover e articular correlações críticas e criativas dessa diversidade, ampliando a sensibilidade teológica de percepção, interpretação e acção activa em questões relacionadas à cidadania, a acções e a processos políticos configurados como promotores de libertação, justiça e dignidade.

10. O FMTL, como espaço de reflexão teológica em perspectiva de libertação, fomenta uma produção teológica cujo discurso contribua com práticas transformadoras na sociedade, situando-se no espaço público a fim de promover a formação de sujeitos actuantes na construção de um mundo novo solidário (Cf. Cartas de Princípios do FSM, item 14).

11. As formas de participação de cada edição do FMTL (delegações, participação individual, percentagem de pessoas de cada região do mundo, etc.) e as maneiras de participar (mesas redondas, rituais, compartilhar de alimentos, conferências, oficinas, comunicações, etc.) são definidas pelos comités do FMTL, a saber, o Comité Organizador, Internacional e Secretaria Permanente, a partir do constante diálogo, reflexão e avaliação que consiste o processo do FMTL.