25.1.09

Pan-Amazónia é o território e o protagonista no Fórum Social Mundial 2009

De 27 de Janeiro a 1 de Fevereiro a cidade de Belém deixa de ser a capital do Pará para se tornar o centro de toda a Pan-Amazónia, uma vez que durante aqueles seis dias decorrerá ali a 9ª edição do Fórum Social Mundial que prestará uma atenção especial às questões da Amazónia.

No dia 28 de janeiro de 2009, segundo dia do FSM 2009, ocorrerá o Dia da Pan-Amazónia, sob o lema "500 anos de resistência, conquistas e perspectivas afro-indígena e popular"

500 anos de resistência afro-indígena e popular



Durante aqueles seis dias, Belém, a capital do Pará, no Brasil, assume o posto de centro de toda a região para abrigar o maior evento altermundista da actualidade que reúne activistas de mais 150 países num processo permanente de mobilização, articulação e busca de alternativas por um outro mundo possível, livre da política neoliberal e todas as formas de imperialismo.

Composta por Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, além da Guiana Francesa, a Pan-Amazónia é conhecida pela riqueza da maior biodiversidade do planeta e pela força e tradição dos povos e das entidades que constroem um movimento de resistência na perspectiva de um outro modelo de desenvolvimento.

Muito mais que um território para abrigar o FSM, a Amazónia, representada por seus povos, movimentos sociais e organizações, será a protagonista no processo e terá a oportunidade de fazer ecoar mundialmente suas lutas, além de tecer alianças continentais e planetárias.

A escolha da Pan-Amazónia

O Conselho Internacional do FSM, composto por cerca de 130 entidades, escolheu a Pan-Amazónia para sediar o FSM 2009 em reconhecimento ao papel estratégico que a região possui para toda a Humanidade. A região é uma das últimas áreas do planeta ainda relativamente preservada, num espaço geográfico de valor imensurável por sua biodiversidade e que agrega um conjunto amplo e diverso de movimentos sociais, centrais sindicais, associações, cooperativas e organizações da sociedade civil que lutam por uma Amazónia sustentável, solidária e democrática, articuladas em redes e fóruns, construindo esse amplo movimento de resistência na perspectiva de um outro modelo de desenvolvimento.

Esse esforço traduzir-se-á na estrutura do evento com um dia inteiro dedicado à temática pan-amazónica – O Dia da Pan-Amazónia. Nesse dia, os testemunhos, painéis, conferências, discussões, marchas e alianças entre os povos da Pan-Amazónia e o mundo concretizarão a 5a edição do Fórum Social Pan-Amazónico (FSPA). Será um dia inteiro dedicado à temática regional, no qual os povos e movimentos da Pan-Amazónia poderão dialogar com o mundo e tecer alianças planetárias, em busca de uma outra Amazónia.

O protagonismo defendido e clamado pelas organizações Pan-amazónicas se dará por meio da participação massiva de representações do povos, movimentos sociais, organizações e entidades representativas da sociedade civil e do diálogo e convergências que serão estabelecidos com os movimentos e experiências de todo mundo.

Realizar-se-ão neste âmbito Encontros Sem-Fronteiras e as Caravanas Fluviais e Terrestres. Tal decisão materializa o desejo expresso de fazer do FSM 2009 um espaço onde os povos da Pan-Amazónia tenham vez e voz.






Os dez objectivos orientadores das acções do 9º FSM (Fórum Social Mundial)

As diversas actividades autogestionadas do FSM serão realizadas em torno de um entre os 10 objectivos a seguir, propostas por organizações, grupos de organizações e redes durante o processo de inscrições para o evento.
Os objectivos foram definidos após a realização de uma ampla consulta pública às diversas organizações e entidades participantes do processo FSM.

1-Pela construção de um mundo de paz, justiça, ética e respeito pelas espiritualidades diversas, livre de armas, especialmente as nucleares;

2-Pela libertação do mundo do domínio do capital, das multinacionais, da dominação imperialista patriarcal, colonial e neo-colonial e de sistemas desiguais de comércio, com cancelamento da dívida dos países empobrecidos;

3-Pelo acesso universal e sustentável aos bens comuns da humanidade e da natureza, pela preservação de nosso planeta e seus recursos, especialmente da água, das florestas e fontes renováveis de energia;

4-Pela democratização e descolonização do conhecimento, da cultura e da comunicação, pela criação de um sistema compartilhado de conhecimento e saberes, com o desmantelamento dos Direitos de Propriedade Intelectual;

5-Pela dignidade, diversidade, garantia da igualdade de género, raça, etnia, geração, orientação sexual e eliminação de todas as formas de discriminação e castas (discriminação baseada na descendência);

6-Pela garantia (ao longo da vida de todas as pessoas) dos direitos económicos, sociais, humanos, culturais e ambientais, especialmente os direitos à alimentação (com garantia de segurança e soberania alimentar), saúde, educação, habitação, emprego, trabalho digno e comunicação;

7-Pela construção de uma ordem mundial baseada na soberania, na autodeterminação e nos direitos dos povos, inclusive das minorias e dos migrantes;

8-Pela construção de uma economia democratizada, emancipatória, sustentável e solidária, com comércio ético e justo, centrada em todos os povos;

9-Pela construção e ampliação de estruturas e instituições políticas e económicas (locais, nacionais e globais) realmente democráticas, com a participação da população nas decisões e controle dos assuntos e recursos públicos.

10-Pela defesa da natureza (Amazónia e outros ecossistemas) como fonte de vida para o Planeta Terra e aos povos originários do mundo (indígenas, afro-descendentes, tribais, ribeirinhos) que exigem seus territórios, línguas, culturas, identidades, justiça ambiental, espiritualidade e bom viver.