12.4.07

Todo o cinema de Debord na Culturgest, a 13 e 14 de Abril

Foi uma sociedade específica e não uma tecnologia específica, que fez o cinema tal como é. Em vez disso, podia ter sido análise histórica, teoria, ensaio, memórias. Podia ter consistido de filmes como o que faço neste momento.
Nada quero conservar da linguagem desta arte ultrapassada, nada a não ser talvez o contracampo do único mundo que observou e um travelling sobre as ideias passageiras de uma época.
Guy Debord
In girum imus nocte et consumimur igni


O cinema ocupou um lugar central no pensamento e na prática de Guy Debord, na sua crítica das formas de representação e do papel social das imagens. As estratégias e modos de composição formal que caracterizam os seus filmes estão já contidos no seu primeiro gesto cinematográfico, o filme Letrista, Hurlements en faveur de Sade (1952) em que as frases ditas, “desviadas” do seu contexto original, e a poesia concreta, alternadas no ecrã branco (sonoro) e preto (em silêncio), contêm já o seu projecto para uma “dialéctica da desvalorização/revalorização” dos diferentes elementos em jogo e da negação do cinema tal como o conhecemos. Os filmes posteriores prolongam a prática da apropriação e montagem de imagens de fontes diversas (excertos de jornais filmados, filmes publicitários, filmes de ficção, imagens de banda desenhada, fotografias), de imagens realizadas por Debord, conjugadas com os textos escritos e lidos, igualmente desviados do seu contexto original (citações, textos do próprio autor) a que se acrescenta a utilização pontual da música que serve de contraponto lírico às imagens. As imagens utilizadas constituem ao mesmo tempo documentos e artefactos, contendo de forma imanente a sua própria crítica, em comentários sobre o cinema e os géneros cinematográficos, as combinações entre a imagem e o texto, as relações pessoais e sociais, a ideologia, a luta de classes e a política e o lugar do Homem na História e no sistema espectacular que expõe e critica. Os filmes de Guy Debord intensificam aquilo que na obra do seu autor reflecte um discurso sobre o potencial revolucionário da juventude, sobre a amizade, o amor, conjugando o lirismo e as suas reflexões sobre a cidade, o urbanismo e a arquitectura, num constante olhar retrospectivo sobre o exercício do seu pensamento. As obras cinematográficas de Guy Debord estiveram praticamente invisíveis, interditadas de qualquer projecção pública pelo próprio realizador, após o assassinato do seu produtor Gérard Lebovici em 1984. Disponíveis sobretudo na sua forma escrita numa compilação de textos e imagens organizada pelo autor, os filmes de Guy Debord foram recentemente disponibilizados de novo para circulação, o que permite que possa ser exibida, neste ciclo, a sua obra integral.

Em complemento apresenta-se o filme Letrista L’Anticoncept de Gil J Wolman, de 1952, um dos mais importantes filmes de vanguarda do pós-guerra e influência determinante para Guy Debord. O filme vai ser apresentado no seu dispositivo original, projectado num balão sonda.

Sexta 13 de Abril
18h30
Guy Debord, son art et son temps, 1994
1h00, vídeo de Guy Debord, realizado por Brigitte Cornand, leg. em português
21h30In girum imus nocte et consumimur igni, 19781h45, 35mm, leg. em português

Sábado 14 de Abril
17h00L’Anticoncept de Gil J. Wolman, 1952
1h00, 35mm, sem legendasHurlements en faveur de Sade, 19521h15, 35mm, sem legendas
21h30
Sur le passage de quelques personnes à travers une assez courte unité de temps, 1959
18 min, 35mm, leg. em português
Critique de la séparation, 196
119 min, 35mm, leg. em português
La Société du spectacle, 1973
1h20, 35mm, leg. em português
Réfutation de tous les jugements, tant élogieux qu’hostiles, qui ont été jusqu’ici portés sur le film “La Société du spectacle”, 1973
22 min, 35mm, leg. em português


Cinema was central in Guy Debord’s thinking and critique of society. His films, finally available for public screening, reflect the different phases of his thought and influences. His filmic essays convey a particular poetics of “self-criticism” through the images and texts themselves, used as a commentary underlining his major concerns, be it the place of man in History, social and class relations or just the plain nostalgia of lost dreams and rememberance.



http://www.culturgest.pt/actual/debord.html

Notícia obtida junto de blogue:

http://sismografo.wordpress.com/

A livraria Skakespeare and Company em Paris (video)





A livraria Shakespeare and Comapany fica no número 37 da rue de la Bucherie, nas margens do rio Sena. Trata-se de um lugar apertado, repleto de livros, e dirigida por um velhinho de aparência excêntrica e sua bela filha e que vende livros majoritariamente em inglês



A Shakespeare and Co. foi aberta em 1919, noutro endereço, pela americana Sylvia Beach. Era um misto de livraria e biblioteca, com sistema de assinatura e pagamento de taxa por livros emprestados. Também era um ponto de encontro e endereço postal. Ali se organizavam leituras e dava-se aos escritores refúgio dos rigorosos Invernos de Paris.



Entre os seus frequentadores contam-se nomes como o do dramaturgo inglês Bernard Shaw, os dos poetas americano EzraPound e francês Paul Valéry, o do romancista francês André Gide e, claro, o do escritor irlandês James Joyce, além da "geração perdida" de escritores americanos, cujos maiores expoentes foram Emest Hemingway e F. Scott Fitzgerald.



Joyce foi, inclusive, o responsável indirecto pelo encerramento do negócio de Sylvia Beach. Ela continuou com o estabelecimento até um dia de 1941. Paris vivia sob a ocupação alemã. Um oficial nazi veio à livraria e quis comprar o exemplar do livro de Joyce "Finnegan's Wake" autografado pelo autor e que ficava em exposição na vitrine. Ela recusou a vendê-lo. O oficial disse que voltaria com soldados e confiscaria todos os livros do local, além de fechá-lo para sempre. Ela então chamou os amigos, tirou todos os livros dali e pintou a fachada. Algumas horas mais tarde, quando o oficial voltou acompanhado, não havia mais sinal da livraria.



Dez anos mais tarde, o também americano George Whitman, o velhinho de aparência excêntrica., mudou-se para Paris e fundou uma livraria nos moldes da de Sylvia, de quem era admirador. Chamou-a Le Mistral. Ficava ao lado da Notre Dame e serviu de ponto de encontro para toda a "geração vencida" de escritores americanos, como os beatniks que nos anos 50 tomaram de assalto a literatura dos Estados Unidos. Na Le Mistral, por exemplo, o poeta Allan Ginsberg passou algumas temporadas.



Em 1964, Whitman passou a usar o nome Shakespeare and Co.. Sylvia Beach, que era sua amiga e organizava chás literários na Le Mistral havia-lhe dado a autorização antes de morrer, em 1962, já que o espírito do empreendimento era o mesmo: ajudar dar escritores e divulgar a literatura escrita em inglês. Na sua homenagem, George deu à filha o prenome de Sylvia Beach. Ela é quem hoje cuida do local. Além de leituras às segundas às 20h, a Shakespeare and Co. também tem quartos à disposição de escritores. .

Sugestões de leitura?
"Paris é uma Festa", de Hemingway, em que há até um capítulo sobre a livraria;


"On the Road", a bíblia dos viajantes à boleia, do beat Jack Kerouac;

http://www.shakespeareco.org/index_francais.htm







Exposição sobre Agostinho da Silva no Museu Nacional da Imprensa

Clicar por cima da imagem para ler o texto de apresentação da exposição sobre Agostinho da Silva
O Museu Nacional da Imprensa tem patente ao público, na sala “Rodrigo Álvares”, a mostra Agostinho da Silva: o “filósofo da liberdade” na imprensa.

Esta exposição, que pretende evocar a vida e obra de um dos maiores pensadores portugueses do século XX., é composta por cerca de meia centena de publicações, nomeadamente revistas, jornais e livros. Um conjunto de painéis biográficos conta a vida e percurso profissional de Agostinho da Silva.


“Considerações”, “Herta Teresinha Joan”, “Sete cartas a um jovem filósofo”, “Do Agostinho em torno do Pessoa”, “As Aproximações” e “Moisés e outras Páginas Bíblicas” são alguns dos livros de Agostinho que podem ser apreciados nesta mostra.


Agostinho da Silva nasceu e estudou no Porto. Foi perseguido pela ditadura e esteve exilado no Brasil, onde escreveu o livro Considerações. Regressa definitivamente a Portugal em 1969. Revista Águia, Seara Nova, Semanário de literatura e crítica, O Diabo e os célebres “Cadernos de Cultura” foram alguns dos espaços onde Agostinho da Silva registou os seus pensamentos. Morreu em 1994.


A sessão inaugural contou com uma palestra sobre o pensamento e a acção do autor proferida por Renato Epifânio, membro da Associação Agostinho da Silva.


A mostra pode ser vista até 17 de Junho, no horário habitual do museu: todos os dias (incluindo domingos e feriados) das 15h às 20h.

O Museu Nacional da Imprensa está instalado na cidade do Porto, a montante da Ponte do Freixo e a cinco minutos da Estação CP/Metro de Campanhã.