17.2.11

SANTA LIBERDADE – um acto «terrorista» de assalto a um navio no alto mar realizado há 50 anos atrás contra a ditadura de Salazar


SANTA LIBERDADE – um acto «terrorista» de assalto a um navio no alto mar realizado há 50 anos atrás contra a ditadura de Salazar
O Museu Nacional da Imprensa, na cidade do Porto, inaugurou no dia 22 de Janeiro, que se prolongará até Junho, uma exposição documental subordinada ao título “Santa Liberdade, 50 anos: O D. Quixote que abalou as ditaduras de Salazar e Franco”.

O objectivo visa mostrar o impacto (na imprensa) do assalto ao paquete Santa Maria, dirigido por Henrique Galvão, e que hoje seria considerado um acto de terrorismo e de pirataria!
Trata -se de uma mostra documental que evidencia toda a odisseia que impressionou a opinião pública mundial durante duas semanas, aproximadamente, a partir das múltiplas manchetes que o caso suscitou, até à entrega do navio a 3 de Fevereiro de 1961.

Dezenas de exemplares da imprensa nacional e internacional integram a exposição subordinada ao título “Santa Liberdade, 50 anos: O D. Quixote que abalou as ditaduras de Salazar e Franco”. A abertura decorreu precisamente no dia (22 de Janeiro) em que, há meio século, o capitão Henrique Galvão comandou o assalto ao navio Santa Maria, caso que viria a ser um dos mais duros golpes aplicados ao regime ditatorial que vigorava em Portugal desde 1926. A exposição mostra exemplares raros da repercussão do caso na imprensa mundial, designadamente nas grandes revistas mundiais Life e Paris Mach e em alguns dos principais jornais do mundo

O paquete de luxo Santa Maria, transportava cerca de mil pessoas depois de deixar Caracas, na Venezuela, e foi tomado por cerca de 25 rebeldes comandados por Henrique Galvão, exilado na Venezuela, após uma singular fuga do Hospital de Santa Maria, em 1959, onde se encontrava detido à guarda da PIDE, a polícia política do ditador Oliveira Salazar. A imprensa da época relata que, depois de ter sido tomado por Galvão, o navio passou a designar-se de “Santa Liberdade”, ostentando tal denominação, em diferentes partes do convés. Além disso, o paquete conseguiu fintar a marinha e a aviação americanas, tendo navegado incógnito, durante milhas, em pleno oceano Atlântico, com rota orientada para África. O comando naval do navio era da responsabilidade de um ex-capitão da marinha espanhola, Jorge Sotomayor, exilado na Venezuela. A acção denominava-se de “Dulcineia” e fora desencadeada pela DIRL (Direcção Ibérica Revolucionária de Libertação), organização que integrava exilados portugueses e espanhóis, associada ao movimento de Humberto Delgado. Em termos jornalísticos, o caso era muito singular e mobilizou meios nunca utilizados até aquela altura, como foi o uso de pára-quedas por jornalistas do Paris-Match. A inauguração da mostra documental do Museu contou com a presença de um dos rebeldes do grupo de Galvão - Camilo Mortágua – que evocou os acontecimentos de há 50 anos.



http://www.museudaimprensa.pt/?go=noticias#staliberdade






Trailer do filmes documentário de Margarida Leda sobre o acontecimento

A França e o Mundo árabe é o tema da conversa com um militante da CNT francesa no dia 18 de Fev. às 21h30 (organização da Tertúlia Liberdade)

Na próxima 6ª feira dia 18 de Fevereiro a Tertúlia Liberdade, promove uma conversa com o militante anarco-sindicalista da CNT Paris Georges, de passagem por Lisboa.

Esta conversa será em português e terá como tema «A FRANÇA E O MUNDO ÁRABE».

Será às 21,30 horas na Livraria Letra Livre, situada na loja da Galeria Zé dos Bois na Rua da Barroca, 5 ao Bairro Alto.

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AS LINHAS GERAIS DA TERTÚLIA LIBERDADE

A Tertúlia Liberdade, define-se, desde o seu início há 3 anos, como um grupo de pessoas que procuram reflectir e agir sobre a cena social, política e cultural portuguesa de forma autónoma, isto é sem se sujeitar a orientações partidárias, estatais ou de quaisquer instituições. Desde então que mantemos a nossa independência, articulando esforços e colaborando com associações congéneres numa base de igualdade e respeito mútuo, procurando fomentar a cooperação entre grupos e, partindo da realidade portuguesa que melhor conhecemos, para o desenvolvimento de uma perspectiva internacionalista, segundo o conceito de agir localmente mas pensar globalmente.
A esta autonomia é necessário acrescentar outros dois aspectos básicos da nossa reflexão e acção, a defesa da liberdade e o fomento da auto organização.
A Liberdade que defendemos está bem expressa no pensamento bakuniniano, é uma liberdade que tem em consideração os aspectos sociais, não se limitando a uma visão meramente individualista que, as mais das vezes, transborda para o egoísmo mais flagrante. Esta liberdade define-se a partir do seguinte conceito, “A minha liberdade é tanto maior, quanto maior for a liberdade do outro, porque a minha liberdade é reflectida pelo outro, que funciona como um espelho para mim. Por isso não posso ser livre se me confronto com outros, enquanto servos ou amos”. A liberdade assim definida conduz à igualdade e pode também ser referenciada como dignidade. É a minha dignidade que está em causa quando me retiram um pedaço que seja da minha liberdade.
Outro conceito em que nos baseamos é a auto-organização, definida como a capacidade e possibilidade efectiva de cada pessoa e cada colectivo de qualquer ordem, poder organizar e dirigir a sua vida, o seu projecto, seja de que espécie for, sem amos, nem interferências de terceiros. Tudo isto fora de qualquer tentativa de um isolamento contra o outro, mas sim de cooperação com todos numa base de igualdade, de cooperação e de dignidade.
Um outro aspecto ainda, que temos aperfeiçoado ao longo do tempo, diz respeito aos elementos da Tertúlia Liberdade. Embora a Tertúlia Liberdade se reveja em muitos aspectos identitários da ideologia anarquista e vários entre nós perfilhem essa perspectiva, a Tertúlia Liberdade não se define como uma associação anarquista, é na verdade uma associação sem chefes, com decisões tomadas por consenso e sem pretensões hegemónicas. Pretendemos isso sim, trocar experiências com outros e avançar na cooperação, nacional e internacional. Num sentido igualitário e federalista. Todos aqueles que aceitem e levem, à prática estes princípios mínimos são bem aceites no nosso colectivo.
Por fim, a diferença que por vezes possa existir entre vários pontos de vista dos companheir@s é enriquecedora, obriga-nos a reflectir e faz-nos avançar. É indispensável evitar a uma perigosa unanimidade aparente e balofa.
Estes serão os nossos princípios básicos, os tijolos que permitirão continuar a edificação da nossa Tertúlia com segurança e que, se o movimento social o exigir, nos darão a possibilidade de dispor da ética necessária às respostas a dar. E, como disse um filósofo, a ética é estar à altura dos acontecimentos.