28.12.05

A Amizade ( letra e voz de Herbert Pagani)


A Amizade ( letra e voz de Herbert Pagani, 1944-1988)
Notável cantor, falecido em 1988, muito influenciado pelos ideais ecologistas, Herbert Pagini nasceu em Tripolí de uma família de líbios italianos durante a administração colonial francesa vindo a instalar-se mais tarde em França. Tem discos editados em Portugal.

http://www.megalopolis.it/

A Amizade

Floresce como uma erva selvagem
Não importa onde, na prisão ou na escola
Apanha-se como o sarampo
Apanha-se como um banho

É mais forte que os laços de família
É menos complicado que o amor
Está lá quando estás redondo
Está lá quando pedes socorro

É o único carburante que se conhece
Que aumenta à medida que é usado
O velho encontra nele a sua juventude
E os jovens fazem dele a sua fé

É o banco de todas as ternuras
É uma arma para todos os combates
Aquece e dá-nos coragem
E não tem senão um slogan: partilhar-se

À luz da amizade
O céu é mais bonito
Vem beber à amizade
Meu amigo Pierrot


A amizade é uma outra linguagem
Um olhar e compreendes tudo
É como um S.O.S. de avarias
Que podes telefonar dia e noite


A amizade é o falso testemunho
Que te salva num tribunal
É o tipo que vira as páginas
Quando estás só na cama do hospital

É o banco de todas as ternuras
É uma arma para todos os combates
Aquece e dá-nos coragem
E não tem senão um slogan: partilhar-se

À luz da amizade
O céu é mais bonito
Vem beber à amizade
Meu amigo Pierrot



No original:

Ça fleurit comme une herbe sauvage
N’importe où, en prison, a l’école
Tu la prends comme on prend la rougeole
Tu la prend comme on prend un virage


C’est plus fort que les liens de famille
Et c’est moins complique que l’amour
Et c’est là quand tu rond comme une bille
Et c’est la quand tu cries au secours

C’est le seul carburant qu’on connaisse
Qui augmente a mesure qu’on l’emploie
Le vieillard y retrouve sa jeunesse
Et les jeunes en on fait une foi


C’est labanque de toutes les tendresses
C’est une arme pour tous les combats
Ça rechauffe et ça donne du courage
Et ça n’a qu’un slogan: on partage

Au clair de l’amitié
Le ciel est plus beau
Viens boire a l’amitié
Mon ami Pierrot

L’amitié c’ést un autre langage
Un regard et tu as tout compris
Et c’est comme un S.O.S. depannage
Tu peux telephoner jour et nuit

L’amitié c’est le faux temoignage
Qui te sauve dans un tribunal
C’est le gars qui te tourne les pages
Quand t’es seul dans ton lit d’hopital

C’est labanque de toutes les tendresses
C’est une arme pour tous les combats
Ça rechauffe et ça donne du courage
Et ça n’a qu’un slogan: on partage

Au clair de l’amitié
Le ciel est plus beau
Viens boire a l’amitié
Mon ami Pierrot

Serge Utge-Royo, cantor libertário


http://www.utgeroyo.com/

Serge Utge-Royo é autor-compositor-intérprete, filho de exilados anarquistas catalães, Utge-Royo canta canções de sua autoria assim como do repertório da memória social internacionalista desde temas de Ferré, Debronckart, Victor Jara, Pete Seeger, Lluis Llach, etc.
Vive em França e realiza inúmeros concertos, possuindo ainda uma já vasta discografia. Reproduzimos uma das letras da sua autoria.


Para vós, exilados, serei sempre um irmão
Nem sempre vos compreendo, mas é-me igual…
Hoje saúdo a vossa infinita paciência,
Eu que tenho papéis…e que me queimo de vergonha

Anda, canta!

«Senhor comissário, acabas de me bater…
Porque tens os direitos que te dá a profissão;
E eu, pobre imbecil, como um bom operário,
Construí a masmorra para onde me vais enviar!
É verdade, que eu sou árabe e um pouco português;
Tenho todo o sangue do mundo, excepto o de francês.

Senhores magistrados, fui condenado;
Por tão pouca coisa…Mas o exemplo é importante!
E quando imagino que os vossos carros…fui eu que os construí…
Não inteiramente, é evidente; fui apenas uma marioneta…
É verdade, que eu sou árabe e um pouco português;

Tu, madame, que me insultaste-me
E podes continuar ferindo e humilhando,
Enquanto que eu devo pagar o amor
Em sítios feitos para isso…
É verdade, que eu sou árabe e um pouco português;

O meu país é esse, onde como o pão,
Onde o amor é um fruto que sacia a minha fome…
Se o meu ventre se sente em casa, aqui, de vez em quando…
O meu olhar e a minha vida continuam sempre emigrantes…

Nós somos todos árabes, negros, estrangeiros:
Nós somos a riqueza, nós somos os operários,
Nós somos os esquecidos…»


No original:

A toujours, exilés, je serai votre frère
Je ne vou comprends pás toujours, mais c’est égal…
Aujourd’hui je salue votre infinie patiente,
Moi qui ai dês papiers…et que brûle la honte

Allez, chante!

«Monsieur le commissaire, tu viens de me frapper…
Toi, tu as tous les droits que donne ton métier;
Et moi, le pauvre com, comme un bom ouvrier,
J’ai construit la prison où l’on va m’emfermer!
C’est vrai, je suis árabe et un peu portugais;
J’ai tout le sang du monde, sauf celui de français

Messieus les magistrats, vous m’avez condamné;
Ça valait pás tant qu’ça…Mais l’exemple c’est sacré!
Et dire que vos voitures…C’est moi qui les ai faites…
Pás entièremente, bien sûr, j’étais qu’la marionnette…
Et puis… je suis árabe et un peu portugais…

Madame la Française, toi, tu m’as insulte
Et peux à ton aise blesser et humilier
Je dois payer l’amour, quand ça devient trop dur
Dans dês endroits faits pour qui ressemblent à tes ordures…
C’est vrai, je suis árabe et un peu portugais…

J’ai quitté má région où le pain n’poussait pás
Ils ne viennent plus, les colons, chez eux c’est nous qu’on va
Au lieu d’mourir là-bas…On vient crever ici
L’été on reste là, eux, ils sont au pays
C’est vrai, je suis árabe et un peu portugais…

Mon pays c’est celui où je mange le pain,
Où l’amour est un fruit que je cueille à ma faim…
Si mon ventre est chez lui, ici, de temps en temps,
Mes regards et ma vie sont toujours émigrants…

Nous sommes tous des Árabes, des Noirs, des étrangers:
Nous sommes la richesse, nous sommes les ouvriers,
Nous sommes les oubliés…»