31.10.07

A História do Anarquismo, por Jean Préposiet, traduzida e editada agora em português (leitura recomendada)

Jean Préposiet é um historiador da filosofia e um estudioso do pensamento de Spinoza que se interessou pelo anarquismo e neste seu livro traça um panorama muito completo do movimento anarquista desde os seus primórdios aos dias de hoje. Adoptando uma perspectiva em que privilegia os momentos mais decisivos em que o anarquismo despontou e a anarquia se revela como o fermento da história, um fermento revolucionário imprescindível, o autor mostra toda a natureza expansiva do anarquismo que supera muito a simples dimensão do político, e se tornou o oposto da lógica da luta pela conquista do poder.


Marginalizado e duramente condenado ao longo do século XIX, lançado para a sombra pelo bolchevismo vitorioso na Revolução Russa, e derrotado na Revolução espanhola, o anarquismo é e continua a ser, não obstante tudo isso, um dos movimentos mais importantes na história do pensamento político contemporâneo. Algo que a história e a luta pela liberdade não podem desconhecer, sobretudo se entendermos o conceito de liberdade como a irredutível aspiração humana de libertação dos indivíduos, e de uma mundo e uma sociedade sem opressão.

A partir da análise das filosofias e correntes de pensamento que estão na origem do espírito libertário, Jean Préposiet apresenta-nos um quadro histórico completo dos anarquismos no Ocidente. Começa por traçar o percurso político e doutrinário dos pais fundadores – Proudhon, Stirner, Bakunine ou Malatesta –, analisa o papel desempenhado pelos anarquistas durante a Revolução Russa ou na guerra de Espanha, recorda aquilo que foram os atentados anarquistas em França na Belle-Èpoque, antes de explorar os avatares e as franjas da galáxia libertária: antimilitarismo e pacifismo, niilismo e terrorismo, anarco-sindicalismo, situacionismo, ecologia, antiglobalismo, etc., propostas que continuam a mover as nossas sociedades e que colocam a eterna questão da liberdade dos homens.

O livro está dividido em 5 partes: I – Fundamentos do anarquismo, II - Nascimento e evolução do anarquismo, III - Gandes teóricos do anarquismo, IV – à margem da anarquia, V – Violência e anarquia.
Os três primeiros capítulos tratam dos princípios gerais do anarquismo, enquanto nas outras partes restantes o autor refere-se em especial a Max Stirner e Proudhon, o que é tanto mais oportuno quanto as obras destas duas figuras são mal conhecidas, já para não referir quanto as suas ideias têm sido deturpadas e vilipendiadas por quem não as conhece minimamente.



Jean Préposiet analisa nas quatrocentas páginas do seu livro o legado anarquista com perspicácia e não menos pertinência, mostrando a variedade e heterogeneidade do anarquismo. Tratando-se de uma história geral do anarquismo não são obvimante dissecados certos pormenores, mas também não era esse o seu propósito.

Nem de propósito Préposiet acaba o seu livro livro com estas palavras premonitórias à laia de alerta geral:

«Enquanto houver anarquistas…»


Na net também está disponível em português o Capítulo I da obra.

História do anarquismo, por Jean Préposiet, edições 70






«Toda a gente tem uma reserva e um fundo libertários»

Por ocasião da apresentação e debate do livro de Jean Préposiet « Histoire du anarchisme», num café perto da Livraria libertária de Paris, na Rue Amelot, escutaram-se palavras inabituais nos dias que correm, da boca daquele autor:

«A força do anarquismo é estimular»,

«Não creio no advento de uma sociedade anarquista mas o anarquismo é extremamente precioso porque é o testemunho da liberdade. Ele faz parte da humanidade, do seu património»,

«…alguns praticam o anarquismo sem o saber, tal como o Senhor Jourdain escrevia literatura sem o saber»,

« O anarquismo é o único movimento que está todo virado para o prazer, a felicidade e a liberdade. Nenhum outro movimento ou partido valoriza tanto a felicidade, pois todos os outros contêm um lado repressivo»,

«O anarquista tem um grande handicap: é que ele é sincero, ao passo que a política é o reino das mentiras e negociatas»,

«Toda a gente tem em si uma reserva libertária, que é abafado pela coerção social. Ser libertário é fazer frutificá-la»





Minha mãe, minha utopia
A filha da anarquia
Não é senão a vida
E pelo seu amor a ela, nós dizemos:
Vivei sem vos submeter
Vivei sem deus e sem senhor!

Maloya, a música de dança dos escravos da ilha Réunion

Réunion ou Reunião é um departamento francês no Oceano Índico, localizado a leste de Madagáscar. A ilha principal é uma das duas maiores Ilhas Mascarenhas, sendo o seu vizinho mais próximo a outra: a Maurícia. Reunião tem, no entanto, várias dependências, espalhadas em torno de Madagáscar, no Índico e no Canal de Moçambique. Capital: Saint-Denis.

Surgida no século XVII a Maloya era a música de dança dos escravos das plantações, tendo-se tornado actualmente numa música por excelência da ilha da Réunion


HISTÓRIA DA MÚSICA MALOYA ( 3 videos)


Parte 1




Parte 2




Parte 3





Figuras principais da música Maloya


Alain Peters – Parabolèr

Homenagem a Alain Peters no festival Sakifo na ilha Réunion, protagonizado pelos músicos discípulos do poeta : Danyel Waro, Loy Ehrlich, René Lacaille, Joël Gonthier, Tikok Vellaye !!!

"Moin pa in bo parolèr, moin jus' in parabolèr" Alain Peters.













Ziskakan

Banida durante muito tempo por ser o veículo de denúncia da opressão colonialista, a música Maloya ganhou entretanto visibilidade graças a Gilbert Pounia e ao seu grupo Ziskakan, testa de ferro da cultura creola.







Alkatraz (pou Kaya)






Paisagens da ilha Réunion com música de Ziskakan









Kiltir – grupo de música maloya, que é uma tradição nas ilha Réunion


Kiltir - Destin Maloya









Christine Salem

(Extrait du concert de Salem Tradition à l'Espace Renaudie à Aubervilliers (le dimanche 29 octobre 2006) dans le cadre du festival Villes des Musiques du Monde.)








Michel Admette no Maloya Festival

(Deux morceaux en live par Tapok: "Manapany" de Luc Donat et "Séga Bip Bip" de Michel Admette! Roulé séga! Filmé live au Ô Maloya Festival, le 7 juillet 2007, à Saint-Bernard, La Montagne)








Danyel Waro



Bibizako - Danyel Waro et Baster

«Anarquia nos Estados Unidos? Ajudaria muito o país…», afirma o realizador Lech Kowalski

Excerto do texto de entrevista de Lech Kowalski concedida ao Jornal de Notícias:

Nasceu em Londres, em 1950, de origem polaca, mas a família instalou-se em Nova Iorque, quando tinha 14 anos. Consta que começou por rodar filmes porno e esteve envolvido no movimento punk. "D.O.A.", o filme que o revelou, acompanhava de perto a digressão dos Sex Pistols pelos Estados Unidos e tem imagens nunca vistas e inacreditáveis de Sid Vicious e Nancy Spungen. Alvo de uma retrospectiva no Doc Lisboa, este nome de referência do documentarismo contemporâneo foi ainda responsável por uma masterclass.

A primeira parte da obra de Lech Kowalskifoi dedicada ao movimento punk, que então vivia o seu período áureo, fazendo a ponte de Inglaterra para os Estados Unidos. O mundo da música esteve sempre debaixo da sua objectiva. Mas os temas que aborda são cada vez mais abrangentes.


Jornalista - Anarquia nos Estados Unidos, é uma boa frase para colocar numa bandeira?

Lech Kowalski - É mesmo boa. Ajudaria muito o país. A verdadeira anarquia, não a que se vive hoje.


Para ler o resto:
aqui


Para saber mais:
http://www.extinkt.com/

História do sindicalismo de acção directa em video: « Et pourtant ils existent»

«Et pourtant ils existent»(2007) é o título de um documentário realizado por Michel Mathurin sobre a história do sindicalismo de acção directa em França e que se distingue dos chamados sindicatos ditos «representativos» tal como do sindicalismo que seja tutelado por um partido ou por outra qualquer forma de tutela. O sindicalismo revolucionário atravessa todo o historial do anarco-sindicalismo.

Parte 1





Parte 2







Parte 3





Parte 4

Portugal vai ultrapassar as metas de Quioto quanto às emissões de gases com efeito de estufa

As emissões de gases com efeito de estufa em Portugal vão ultrapassar entre oito e 14 por cento a meta nacional estabelecida no Protocolo de Quioto para 2008-2012, segundo as estimativas do projecto MISP apresentadas em Lisboa.
Esta é uma das conclusões do projecto Estratégias de Mitigação das Alterações Climáticas (MISP, na sigla em inglês), que projecta as trajectórias da procura e do consumo de energia e das emissões de gases com efeito de estufa em Portugal até 2070. As conclusões são baseadas nos quatro panoramas mundiais projectados este ano pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) da ONU e aplicam-se, entre outros, aos edifícios residenciais e de serviços, transportes, indústria, agricultura, pecuária, resíduos, centrais termoeléctricas a combustíveis fósseis, centrais nucleares e energias renováveis.

De acordo com as estimativas hoje apresentadas, Portugal vai emitir até 2012 entre 4,8 a 8,5 mega toneladas de dióxido de carbono (Co2), ou seja, entre 35 e 41 por cento mais do que as emissões em 1990 (ano de referência para o cumprimento deste acordo), ultrapassando assim a meta de 27 por cento estabelecida pelo Protocolo de Quioto para 2008-2012.

Quioto impõe à União Europeia (UE) uma redução das emissões em oito por cento em relação a 1990. Para Portugal, no entanto, é permitido um aumento de 27 por cento devido a um acordo de partilha de responsabilidades.

Porém, falando na apresentação do MISP, Ricardo Aguiar, co-autor do estudo e investigador do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação, lembrou que estas previsões “excluem as florestas, o uso do solo e suas alterações [FAUS], que poderão reduzir este excesso para algo entre três e cinco mega toneladas de C02”. O vice-presidente da Quercus, Francisco Ferreira, disse que estas estimativas mostram que o Programa Nacional para as Alterações Climáticas de 2006 é “demasiado optimista em relação às previsões de curto e médio prazo [2008-2102]” e que é “urgente pôr em prática mais mecanismos do Protocolo de Quioto”.

“As previsões do MISP apontam para que a meta nacional de Quioto 2008-2012 seja ultrapassada. Isto quer dizer que nos vai sair mais caro, uma vez que o Fundo de Carbono terá de ir além dos 350 milhões de euros decididos pelo Governo”, frisou.

No entanto, o estudo também indica que Portugal vai deixar de aumentar as suas emissões de gases com efeito de estufa por volta de 2010, passando a partir daí a uma fase de redução até 2070, que será mais significativa até 2050. “Todos os cenários mostram que por volta de 2010 vamos inflectir e reduzir as emissões e isto mantém-se até 2050.

Nos vinte anos seguintes o ritmo de redução vai ser mais brando”, explicou Ricardo Aguiar. De acordo com o especialista, essa redução de emissões vai acontecer naturalmente devido “à maturidade do desenvolvimento das infra-estruturas, ao parque automóvel [em estagnação e mais preocupado com o ambiente], à redução da população portuguesa e aos fluxos entre zonas rurais e cidades, que estão prestes a terminar”.

Os dados mais recentes indicam que em 2005 as emissões de gases com efeito de estufa estavam 18 por cento acima das metas impostas pelo protocolo de Quioto e 45 por cento acima dos níveis emitidos em 1990. As estimativas do MIPS prevêem ainda que as emissões em Portugal caiam “na ordem de um por cento por ano até 2050”, o que significa que em 2020 o excesso relativamente a 1990 “andaria entre 19 por cento e 31 por cento”.

Encontros com poetas do Porto na Fundação Eugénio de Andrade

A partir do próximo dia 3 de Novembro, realizar-se-á, aos sábados, no auditório da Fundação Eugénio de Andrade (Rua do Passeio Alegre, 584 - Porto), um encontro com um Poeta do Porto, no qual se fará uma apresentação do poeta, um debate, e leitura de poemas.

As sessões realizam-se às 18h30 e a entrada é livre.

Assim, em Novembro, a Fundação recebe

Manuel António Pina (dia 3),

João Luís Barreto Guimarães (dia 10),

Fernando Guimarães (dia 17),

Jorge de Sousa Braga (dia 24).


Já em Dezembro, será a vez de

Fernando Echevarría (dia 1),

Ana Luísa Amaral (dia 8),

Albano Martins (dia 15).



“Já por mais de uma vez ouvimos falar dos “poetas do Porto” como se eles fossem necessariamente “provincianos”, ou como se não pertencessem à mesma espécie dos poetas da capital. Mas no Porto ou nos seus arredores nasceram ou viveram - ou vivem - poetas nacionais, mesmo quando falem dos costumes ou das paisagens portuenses, o que aliás ninguém lhes exige. Baste que eles falem da vida humana, e que honrem uma longa tradição que, se não começa com trovadores, começa com Diogo Brandão, e é prolongada por Tomás Pinto Brandão, Tomás António Gonzaga, Garrett, Faustino Xavier de Novais, António Nobre, António Patrício, Augusto Gil, Teixeira de Pascoais, José Gomes Ferreira, José Régio, Adolfo Casais Monteiro, Pedro Homem de Melo, Jorge de Sena, Sophia Andresen, Eugénio de Andrade, entre muitos outros já falecidos. Este primeiro ciclo de “encontros com poetas do Porto” e os seguintes (que podem até incluir poetas que há muito residem longe do Porto, como Fernanda Botelho, Ana Hatherly, Alberto Pimenta, Vasco Graça Moura...), provam que o Porto não é de modo nenhum a “terra poeticida” execrada por outro poeta portuense, Guilherme Braga, e, modestamente, querem contribuir para que não caia sobre os poetas do Porto o silêncio repugante com que geralmente os distinguem os “grandes” meios de comunicação lisboetas e até alguns meios de comunicação nortenhos, para os quais os poetas da casa não fazem os milagres da palavra viva.”
Arnaldo Saraiva