2.4.06

O imenso poder da televisão!



Em média, cada cidadão europeu consome mais de 3 horas diárias de televisão!!!

Quer isto dizer que todos os aspectos da nossa existência passam pelo pequeno ecrã.
Impossível ignorar esse poder imenso que a todos afecta.


Esta semana, o Eurodata TV Worldwide ( que integra a empresa europeia Médiamétrie) divulgou um curiosíssimo estudo sobre os tempos de consumo da televisão. De acordo com os dados recolhidos em 64 países, verifica-se que a duração média de acompanhamento da televisão, por dia e por pessoa, atingiu em 2005 o valor de 3 horas e quatro minutos, um minuto mais do valor correspondente a 2004. Considerando os trinta países (predominantemente europeus) que constituem a base histórica dos estudos do Eurodata, isso significa que, entre 1995 e 2005, cada cidadão passou a consumir mais 28 minutos diários de televisão: cada europeu vê agora 3 horas e quinze minutos de televisão por dia.
São dados tanto mais impressionantes quanto ajudam a sacudir um pouco a pressão chantagista que, por vezes, os números das audiências adquirem no interior de alguns discursos. (…) De acordo com tais discursos, o máximo de audiência coincide com o «gosto» mais alargado, ogo deve ser adoptado como lei global de todas as grelhas.
Em boa verdade, essa lógica argumentativa não passa do simulacro de um discurso economicista, empenhado em reduzir todas as actividades humanas a quantidades sempre mensuráveis que, na sua frieza aritmética, não reconhecem legitimidade a qualquer ponto de vista alternativa.(…) Tem-se visto, entre nós, os resultados práticos da sua maquinaria. Ou seja: o triunfo generalizado de conceitos unívocos de espectáculo ( com o domínio absoluto do futebol) e de modelos encerrados em mecanismos de pura repetição ( televisão, reality shows).
Os valores divulgados pelo Eurodata implicam uma mensagem muito simples com que, regra geral, as televisões não gostam de lidar. A saber: a televisão é o maior e mais poderoso instrumento cultural do mundo contemporâneo. Importa repetir esta evidência básica, quanto mais não seja porque muitas televisões (sobretudo as generalistas) insistem em definir a «cultura» como o espaço dos «outros», negando o simples facto de que tudo na televisão é cultural. Porquê? Porque decorre de escolhas ( o que se programa e o que não se programa), destaques ( o que se coloca no horário nobre ou dele se exclui) e celebrações ( o que se promove e o que se difunde sem qualquer tipo de apoio).
Supor que a cultura é o espaço de um «bem» comum e automático é um discurso de incorrigível ingenuidade (…) A cultura …é…uma paisagem sempre em guerra. O que é que nela se guerreia? Visões do mundo, modos de olhar, conceitos de relações. A média de mais de 3 horas por dia é um poder imenso. Tudo nas nossas vidas passa por ele.

Reprodução quase integral de um artigo de autoria de João Lopes, sob o título «A cultura é uma guerra», publicado no Diário de Notícias de 2 de Abril de 2006

O destino dos livros está escrito nas estrelas



O IBBY (International Board on Books for young people) celebra o Dia Internacional do Livro Infantil a fim de comemorar o nascimento do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen. Cada ano um país associado assume o encargo de editar o cartaz comemorativo deste dia e a redacção da respectiva mensagem.
Este ano de 2006 coube à Eslováquia essa tarefa que, por isso, distriubuiu um cartaz de Peter Cisárik e a mensagem redigida por Ján Uliciansky:

O Destino dos livros está escrito nas estrelas

Os adultos perguntam frequentemente o que se passará quando as crianças deixem de ler. Esta podia ser uma das respostas:
«Metemo-los em grandes naves espaciais e enviamo-los para as estrelas»
Estupendo.
Os livros são na realidade como as estrelas que brilham na noite. Há tantos que não se podem contar e muitas vezes estão tão longe de nós que não atrevemos a ir buscá-los.
Mas imginem a escuridão que não reinaria se um dia todos os livros, esses cometas do nosso universo cerebral se escapassem e deixassem de emitir essa energia sem limites de conhecimento e da imaginação humanas…
O que seria!
(…)
As estrelas são livros que iluminam o céu da noite.

(curto excerto da mensagem de Ján Uliciansky)

Há 30 anos atrás os fascistas assassinavam o padre Max e Maria de Lurdes


Maximino Barbosa de Sousa (conhecido por Padre Max) tinha 32 anos. Maria de Lurdes Pereira 19. O primeiro, era padre, professor do liceu e candidato independente a deputado nas listas da União Democrática Popular (UDP). A segunda, uma aluna e apoiante do candidato. No dia 2 de Abril de 1976, o carro em que ambos viajavam – na localidade de Cumieira para Vila Real – foi alvo de um ataque bombista, matando-os.

Depois de várias peripécias judiciais os alegados autores do assassinato, conhecidos membros do movimento fascista MDLP, responsável junto com o ELP, de uma criminosa campanha contra-revolucionaria em 1975 e 1976, foram ilibados pelos tribunais, apesar de todas as evidências.

Trinta anos depois o padre que aceitou ser candidato para “fazer chegar a sua voz aos mais humildes” aguarda Justiça na campa 1240 do cemitério de Santa Iria, em Vila Real.