13.3.05

Simplicissimus



Simplicissimus é o nome de uma personagem da famosa narrativa, com o mesmo nome, que Johann von Grimmelshausen escreveu no fim do século XVII.

Simplicissimus é um aldeão que nasceu e viveu em plena Guerra dos Trinta Anos, uma conflagração bélica que devastou a Europa e exterminou um terço da população da Alemanha, e que contempla o mundo e a realidade com um olhar simples e ingénuo. Perante os seus olhos desfilam os diferentes exércitos: franceses, espanhóis, suecos, dinamarqueses, e os vários exércitos ou tropas alemãs. Cada um destes exércitos apresenta-se a si mesmo como o mais virtuoso e o mais devoto que todos os outros. Simplicissimus vê-os, no entanto, todos iguais: roubam, violam, matam.
Mas os olhos de Simplicissimus registam o horror e todos os enganos e mentiras que os exércitos recorrem para mascarar a brutal realidade.


Poucos anos antes, do outro lado do Atlântico, no Peru, o ameríndio Huamán Poma de Ayala escreveu uma crónica parecida ( trad.inglesa com o título Letter to a King: a Peruvian Chief’ account of life under the Incas and Under Spanish rule), de uma destruição ainda mais avassaladora.
O texto escrito com uma mistura de castelhano, quechua e figuras dá testemunha da conquista, do genocídio, da escravização e da destruição da Civilização Inca às mãos dos espanhóis.


Estas referências histórico-literárias levam-nos a concluir da necessidade de compreender os conflitos e o mundo, saber o que está realmente em causa, se não quisermos ser meramente vítimas e espectadores das forças e interesses que determinam a vida da Humanidade e do Mundo.

Porque compreender é já meio caminho para agir…
Ao passo que quem agir sem compreender arrisca-se a ser presa fácil do destino e do fatalismo…

Alguns dados sobre armas e guerras para… não passarmos por idiotas



- 9 em cada 10 mortos de uma guerra são civis

- As despesas militares no mundo representam hoje cerca de 1,07 biliões de euros

- Com os 75.000 milhões de euros que se gastaram nos primeiros meses da guerra do Iraque poder-se-ia oferecer o serviço de educação a todas as crianças do mundos e garantir acesso à saúde a toda a povoação mundial

-As empresas que mais contribuições financeiras deram ao Partido Republicano em 2002 são a Philip Morris, Microsoft, AOL Time Warner, Exxon mobile, Walt Disney, Ford,…e são justamente estas que estão a reconstruir o Iraque…

-Os países que possuem mais armas de destruição maciça são os Estados Unidos e o Reino Unido. Os Estados Unidos mantêm 480 armas nucleares em diferentes bases militares distribuídas por vários países europeus

-Presentemente os Estados Unidos possuem 750 bases militares em 120 países


Nunca como hoje as grandes empresas deram tanto lucro

Nunca como hoje as grandes empresas deram tanto lucro. Neste período de apresentação de resultados, os números estão aí, vindos dos dois lados do Atlântico, a somar-se aos divulgados em Portugal. Exemplos concretos? O Citigroup anunciou um lucro recorde de 17 mil milhões de dólares em 2004; no mesmo período a Renault chegou aos 3,55 mil milhões de euros; e só no último trimestre de 2004, a petrolífera móbil ganhou 8,4 mil milhões de dólares.
A lista abrange a maioria das empresas cotadas em bolsa nos países industrializados, e os números são tão absurdamente enormes que escapam ao entendimento do comum dos mortais.
Apesar da crise apregoada, as empresas portuguesas participam activamente no concerto do lucro. Os supermercados declaram resultados líquidos que ultrapassam de longe os do ano anterior, os CTT pura e simplesmente duplicam os lucros, e os benefícios da EDP e dos bancos explodem para cima. Por seu turno, a Portugal Telecom, cujos lucros foram, em 2004, mais do dobro de 2003, vai «gastar» 250 milhões de euros para abater mil postos de trabalho», segundo noticia o Público.
Por todo o lado, a constante é a mesma, indecente e perversa: os lucros crescem ao mesmo ritmo que aumenta o desemprego.


(excerto do artigo de José Manuel Barata-Feyo, sob o título O Concerto do Lucro, publicado na Grande Reportagem, revista que acompanha o Jornal de Notícias e o Diáro de Notícias de 12 de Março de 2005)

Já não há Europeu de futebol que salve a nossa Economia

Segundo o relatório sobre contas anuais publicado ontem pelo Instituto Nacional de Estatística a economia portuguesa em 2004 cresceu tão somente 1%, isto é, a riqueza produzida internamente apenas subiu nessa percentagem, o que significa tecnicamente que a nossa economia entrou novamente em recessão (dá-se recessão quando o ritmo de crescimento do PIB diminui em dois trimestres consecutivos). Assim, o 3º e o 4º trimestre de 2004 registaram descidas consecutivas do PIB ( 0,9 % e 0,6, respectivamente).

Outro dados referem-se ao agravamento do nosso défice comercial em 2004 na ordem dos 22,7%



Crise? Qual crise? Corticeira Amorim com aumento de 23,6% de lucros em 2004



Segundo comunicado da própria empresa, a Corticeira Amorim - empresa-chave do Grupo Amorim, um dos mais importantes grupos capitalistas portugueses – registou um aumento de lucro de 23,6% em 2004 face ao ano de 2003, o que representa um lucro de 10 milhões de euros.
Perante a crise económica e social, é mesmo para nos interrogarmos: Crise? Qual crise?



No País mais poderoso do mundo, os cidadãos sentem-se inseguros!!!!!



Aonde chega o desvario e a manipulação do medo pela elite norte-americana que para se manter no poder não encontra outra maneira que não seja incutir e alimentar o síndroma do medo junto dos cidadãos a fim destes – por pânico e medo, artificialmente provocado – reforçar o próprio poder político.

Chega-se a este paradoxo: no país mais poderoso do mundo com maior arsenal de armas e de armamento, com a maior indústria securitária (as empresas de segurança são das mais rentáveis), e onde as prisões privatizadas se encontram cotadas na bolsa, nesse país os cidadãos sofrem da psicose do medo e votam em função de quem lhes dá mais segurança!!!!!