21.4.09

Mar das Especiarias, livro do jornalista independente e escritor de viagens Joaquim Magalhães de Castro, vai ser apresentado no dia 24 de Abril


Mar das especiarias, o terceiro livro de Joaquim Magalhães de Castro vai ser lançado no próximo dia 24 de Abril no Padrão dos Descobrimentos, Lisboa, entre as 19 e 20 horas, com a chancela da Editorial Presença e apresentação da eurodeputada Ana Gomes, que é também a autora do prefácio.

Entretanto, hoje, 21 de Abril, haverá uma breve pré-apresentação em Matosinhos no âmbito dos encontros sobre Literatura de Viagem que estão a decorrer, sendo o autor um dos intervenientes no debate que se realizará às 17h. subordinado ao tema Viajar é Preciso, com a presença entre outros de Luis Sepúlveda e Richard Zimmler.


Jornalista independente, investigador da história da expansão marítima, Joaquim Magalhães de Castro interessa-se sobre os múltiplos aspectos da presença portuguesa em todo mundo. Colaborou extensivamente na imprensa em Macau e na de Portugal.

É autor dos livros «Os Bayingyis do Vale do Mu - Luso Descendentes na Birmânia» (2001) e «A Maravilha do Outro - No Rasto de Fernão Mendes Pinto» (2004), e dos documentários televisivos «A Outra Face da Birmânia» (2001) e «Dund - Viagem à Mongólia» (2004).

Sinopse do livro : Mar das Especiarias é um livro fascinante que combina o melhor da narrativa de viagens com uma aventura em busca de uma herança com séculos de existência. Quase quinhentos anos depois de os primeiros portugueses terem chegado às ilhas Molucas, Joaquim Magalhães de Castro embarca numa viagem de contornos e sabores exóticos com o objectivo de seguir o rasto dos nossos antepassados no arquipélago indonésio. O resultado da investigação é um reencontro surpreendente de culturas distantes, mas indubitavelmente partilhadas. Mar das Especiarias é assim uma obra que assume verdadeira importância na divulgação do nosso património colectivo e que se lê com imensa curiosidade e prazer.

António Rodrigues Assunção, autor do livro “O Movimento Operário da Covilhã”,vai participar num debate sobre a oposição à ditadura e o exílio político

O Movimento de Jovens da Covilhã organizou, através do grupo de intervenção escolar “PLUR” na escola secundária quinta das palmeiras, um debate subordinado ao tema: “Movimento Operário; Exílio Político; Oposição à ditadura”.
O debate irá realizar-se no auditório da Escola Quinta das Palmeiras no dia 24 de Abril pelas 10h00 e terá como oradores o professor e investigador António Rodrigues Assunção e o escritor e ex-exilado, Manuel da Silva Ramos
Tarsila do Amaral, Operários, 1933

O professor e investigador António Rodrigues Assunção é o autor da obra «O Movimento Operário da Covilhã” (edição de autor), de que já foram editados dois volumes de uma trilogia a completar em breve.

Autor dos livros “O movimento operário – volume I (1890-1907)” e “O movimento operário – volume II (1907-1926)”, António Rodrigues Assunção, nasceu na freguesia de Mosteirô, concelho de Santa Maria da Feira, distrito de Aveiro. É licenciado em filosofia pela faculdade de letras da universidade do Porto, e a partir de 1975 é docente do ensino oficial. O terceiro volume já tem o título anunciado, “Movimento Operário da Covilhã e a Oposição à Ditadura” e que irá abranger a época do Estado Novo até 1974.


Há cem anos os operários morriam de fome na Covilhã. Trabalhavam 18 a 19 horas por dia e diante das máquinas estavam também as crianças de 6 a 10 anos, de noite e de dia. Era também o tempo das greves. Um jornal da época, “A Estrela”, conta a crise: “O chefe da casa, rapaz novo e robusto, não trabalhava há muito. No meio da casa a mulher arde em febre iludindo o estômago com água de café... as três crianças aconchegam-se em volta da bruxa...”. As lutas contra a miséria e contra os patrões é ilustrada pela famosa greve de 1909 contra Thoratier. Este alemão irascível, que tratava os operários de burros e saloios, director técnico da firma “Campos Mello“, despedira o tecelão José Bernardo Gíria por defeitos encontrados no seu trabalho de tecelagem e isto deu origem a uma das maiores greves de que há memória na Covilhã...


A Covilhã foi na região da Beira Interior, até aos séculos XVIII/XIX, o centro polarizador de uma produção de tecidos de lã dispersa realizada em regime doméstico e artesanal. Desde o século XVII verifica-se a localização nessa cidade das primeiras manufacturas, processo que foi continuado com a industrialização que conduziu a uma forte concentração fabril, até à actualidade.

A partir de 1970 inicia-se um processo que conduziu ao abandono sucessivo de numerosas fábricas e à reconversão industrial da cidade. Os investimentos feitos na indústria não contemplaram a manutenção dos edifícios antigos, concentrando-se, quase exclusivamente, na renovação de equipamentos técnicos ou em novas construções fora das áreas de implantação tradicional, ou seja, as Ribeiras da Degoldra e Carpinteira e o tecido urbano. Estes eram, desde o século XVII até aos anos 60 do século XX, os locais de eleição da ancestral mono-indústria dos lanifícios covilhanenses.

Na actualidade, a Covilhã apresenta-se como mais uma das áreas características da desindustrialização europeia. Assim, também nesta cidade, ao assistir-se às transformações que põem em causa os alicerces sócio-económicos do seu passado, se procura salvaguardar-lhe a memória. Um conjunto de acções, que passam pela preservação de sítios de interesse arqueológico-industrial e pela criação de equipamentos de natureza cultural, encontram-se programados uns e concretizados outros com o objectivo de recuperar a memória da indústria de lanifícios e o seu envolvimento na vida da cidade e dos seus habitantes. Nesse sentido, a Universidade da Beira Interior instituiu, na manufactura pombalina da Real Fábrica de Panos, o Museu de Lanifícios. Este é um projecto dinâmico que procura aliar à preservação da memória do trabalho dos lanifícios a revitalização da Covilhã e da região que tem por matriz a Serra da Estrela.


Quando as negociações salariais eram feitas à bomba


Pequeno excerto da obra de António Rodrigues Assunção, que no seu segundo livro ao tratar do período das lutas operárias entre 1907 e 1926 fala-nos das greves de dois meses, das bombas que explodiam à porta dos industriais dos lanifícios (como por exemplo Francisco Catalão e Francisco Ranito), dos filhos de operários enviados para longe da fome, etc...


Os teares da ira

BATIA a meia-noite, foragido momento na cidade em recolhimento. No esparso silêncio destes dias, desdenhado, alvitrado, ameaçado, avisado, desenhavam-se novos contornos de turbulência. No abrigo do breu, a mão soltou o clarão. A primeira bomba rebenta à porta do industrial Francisco Nave Catalão. A madeira estilhaçou-se. Foi só o susto. Quebrou-se o silêncio. Parte da Covilhã acordava, agora, em surdina, nesta madrugada de 4 de Maio de 1923. No rasto da escuridão, o sobressalto voltou a tomar a cidade operária em voo picado. Quinze minutos depois, sem espaço para recobro, o negro recolhido no efémero da noite volta a ser violado pela faísca da explosão. Nova bomba rebenta junto da residência de outro industrial dos lanifícios: Francisco Ranito, que vivia na rua Conde do Refúgio. Novamente, e felizmente, sem vítimas a registar. Mas a assinatura estava a ser colocada num dos períodos mais violentos da história na cidade do Covilhã. Viviam-se dias agitados. Vivia-se a Greve das Oito Semanas.

O sindicato dos lanifícios local, controlado por anarco-sindicalistas, e afecto à Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), decretou greve geral a 14 de Abril. As exigências eram as esperadas: aumento dos salários, tidos como demasiado baixos para fazer face à carestia de vida deste país ainda a lamber as feridas do pós-I Guerra Mundial, na indolência de uma inflação galopante. Os industriais não puderam sustentar as reivindicações, a greve prolongou-se e o tom agudizou-se, assumindo repercussões nacionais. Até porque a elite dirigente do sindicato não era conhecida pela sua brandura. Os anarco-sindicalistas, ao contrário dos socialistas que controlaram o sindicato até 1918, não primavam pela moderação.

In-di-vi-sí-vel, poema-polifonia de Márcio André é apresentado em Barcelos (20/4 às 21h30, na biblioteca municipal)

IN-DI-VI-SÍ-VEL, POEMA-POLIFONIA DE MÁRCIO ANDRÉ
20 DE ABRIL DE 2009 ÀS 21:45,
NA BIBLIOTECA MUNICIPAL DE BARCELOS‏

Entrada Livre

Poema-polifonia de Márcio-André para vozes, violino, penduricalhos e processamento electrónico.

Poetas Convidados: João Miguel Henriques, Bruno Santos, Karinna Gulias.

Vídeos: Paula Gaitán.

Apresentação do livro Ensaios Radioativos

Às 10:00 decorrerá na Biblioteca da Escola Secundária Alcaides de Faria - Barcelos, um
workshop de poesia sonora ministrado pelo Márcio-André

Sobre o autor

Márcio-André nasceu em 1978 no Rio de Janeiro. Formado em letras, com mestrado em poética, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, é autor dos livros “Movimento Perpétuo”, de 2002, “Cazas”, de 2006, e Intradoxos, de 2007. É co-fundador, editor e ensaísta da revista de arte e literatura Confraria, produzida em parceria com o Sector de Pós-graduação em Letras da UFRJ e a editora Confraria do Vento, da qual é também coordenador editorial. Artista multimídia, desenvolve trabalho performático, no qual toca violino e recita poesia simultaneamente, com o auxílio de sons pré-gravados, projecções de imagens e códigos-fonte, árvores gerativas e plantas baixas. O aprimoramento dessa sua proposta levou-o à criação do projeto-grupo Arranjos para Assobio, de texturas poéticas e realidades experimentais, que, misturando expressão física e oral, projeções, elementos sonoros e cênicos, pesquisa novas formas de leitura da poesia. Colabora com inúmeros periódicos eletrônicos e impressos, sobretudo como tradutor, nos quais já publicou poesia de Gilles Ivain, Serge Pey, Ghérasim Luca, Mathieu Bénézet, Rafael Alberti e Hagiwara Sakutaro. Atualmente, empenha-se em trabalho sistemático de reflexão e caminhadas pelos subúrbios, a fim de consolidar o que denominou “poética das casas” — geopoética que vêm dando fruto a uma série de ensaios a respeito das habitações, dos bairros e das cidades.

Sobre o livro Ensaios Radioativos
Márcio-André reúne neste livro alguns de seus escritos, ensaios, crônicas e entrevistas publicados na internet ao longo do ano de 2008, incluindo a narrativa detalhada de seu recital de poesia na cidade fantasma de Pripyat, em Chernobyl, pelo qual ficou conhecido como poeta radioativo. Os textos debatem questões como leitura, tecnologia, identidade, a cidade e o papel do escritor, além de temas inusitados como os discos de vinil, o Google e o Pânico na TV.
Através do princípio da contaminação radioativa e de uma vivência do absurdo, o autor propõe as delimitações de uma didática livre e sugere, através de reflexões em torno da literatura e da arte, as noções de uma realidade anti-institucional, anti-moralista e anti-estetizante, em prol de uma vida permeada pela obra de arte, mas em que arte e vida só são correspondentes e possíveis se partindo de dentro delas mesmas, nunca de simulacros institucionalizados e dicotomias racionalizantes, como as tradicionais noções de subjetividade e objetividade, ficção e realidade.
Poéticos, irónicos e por vezes polêmicos, estes ensaios radioativos contaminam pela leveza e profundidade - propondo um “pensar através das coisas”.

Comentário de Boaventura Sousa Santos
Márcio-André é, pois, uma voz nova que vive intensamente a violência da cultura, desde o gregos até aos nossos dias, sempre na esperança de nada ser irreversível por nunca ter começado. (...) Este poeta explode dentro de nós com uma doçura indescritível. A sua poesia é uma das mais notáveis da sua geração.


Comentário Walter Salles
De uma originalidade e inventividade luminosas, Intradoxos é a prova de que a poesia brasileira continua a dar sinais de uma surpreendente vitalidade.Ana Cristina César se foi, mas não estamos sós. Márcio-André é uma das vozes mais brilhantes de uma nova jovem geração de artistas brasileiros.


Organização:
ZOOM, associação cultural
Vera restante porgramação para o mês de Abril:

Abril:ontem e hoje - Debate com Otelo Saraiva de Carvalho, Marques Júnior e Manuel António Pina em Lousada ( dia 21 de Abril, às 21h30)

No âmbito das comemorações do 35.º aniversário do 25 de Abril de 1974 em Lousada, o Teatro Jangada, daquela vila, promove no dia 21 de Abril - próxima terça-feira -, pelas 21,30 horas, no auditório municipal, o debate "Abril: Ontem e Hoje", com Otelo Saraiva de Carvalho, Marques Júnior e Manuel António Pina.