O conceito de “ecomuseu” foi posto em prática pelo francês Jean Clair e pressupõe uma cooperação dos habitantes. A ideia é que as pessoas que vivem em determinado local não façam de figurantes mas sim actores principais da sua própria cultura.
Dentro deste espírito, nasceu em São Pedro de Rates (Póvoa de Varzim) o primeiro “museu” ao ar livre, em Portugal, um itinerário da água e do pão que procura mostrar como se vivia e trabalhava noutros tempos já um pouco distantes dos teus.
O percurso pedonal de oito quilómetros de extensão deste ecomuseu em São Pedro de Rates, na Póvoa do Varzim é composto por oito estações correspondentes a vários locais de tradição rural como são exemplos a fonte, o largo, a casa do lavrador, o lavadouro, o moinho de vento e a azenha, uma construção em L em xisto, onde eram moídos cereais e cerrada madeira por tracção hidráulica
Trata-se de uma viagem ao passado da localidade, feita através de um percurso pedonal com oito quilómetros de comprimento e oito estações temáticas que retratam a vivência rural naquela paisagem de «Entre Douro e Minho», dividida entre o vale fértil e rico, onde se encontravam os grandes lavradores, e o território montanhoso, onde habitavam os trabalhadores rurais e os pedreiros de xisto.
A Praça, centro cívico da freguesia, que conjuga os estilos barroco e românico, é o ponto de partida deste itinerário da água e do pão, que segue em direcção à Fonte de S. Pedro, reproduzida num belíssimo painel de azulejos
Na Casa de Lavrador, por exemplo, assiste-se à recriação do ciclo dos cereais, através de uma malhada na eira, e também do ciclo do linho, desde o tratamento do fio à tecelagem.
Passa-se à que terá sido a primeira fonte de abastecimento da população, a Fonte Antiga, e, em seguido, ao Moinho de Vento, onde os grãos de milho, trigo e centeio voltaram a fazer farinha. Já na mítica Fonte do Pedro evoca-se uma das lendas fundadoras da cultura de S. Pedro de Rates, enquanto que a Fonte da Granja exibe o estatuto de “mais abundante da freguesia”.
O percurso termina na Azenha do Pego, uma construção em xisto, que partilhava a função de habitação com a de moer cereais e de serrar madeiras por tracção hidráulica. O Ecomuseu integrará, proximamente, uma Casa do Trabalhador e um Parque Ambiental.
O Ecomuseu integrará, proximamente, uma Casa do Trabalhador e um Parque Ambiental.
Todos estes sítios podem ser visitados em qualquer altura, mas o ideal será inscreveres-te na Junta de Freguesia ou no Núcleo Museológico para fazeres a visita guiada. Marcando com antecedência é ainda possível assistires à moagem dos cereais com a ajuda de gente que fez dessa actividade o seu modo de vida por décadas e décadas.
Casa do Trabalhador Rural amplia o ecomuseu de Rates
O projecto para reconstruir a Casa do Trabalhador Rural vai avançar em breve, dado que a Junta de Freguesia de S. Pedro de Rates já conseguiu verba para começar a obra. Esta casa insere-se no Ecomuseu, cujo projecto inicial contemplava dez secções, mas apenas oito foram concretizadas. Ficaram por fazer o Parque Ambiental e a Casa do Trabalhador Rural por insuficiência de verbas.
Esta nova etapa do Ecomuseu retrata o “habitat do trabalhador rural, dando a conhecer o outro lado da vivência rural de Rates, dado que já tínhamos os proprietários agrícolas, cujo habitat foi reconstruído na Casa do Lavrador”.