16.6.08

«Eu Não» (parte III) de Samuel Beckett está em cena no Museu Nacional Soares dos Reis, numa representação do Teatro Plástico


EU NÃO - PARTE III
DE
SAMUEL BECKETT

MUSEU NACIONAL SOARES DOS REIS ( Rua D. Manuel II, no Porto)
DE 13 A 25 DE JUNHO - TERÇA A DOMINGO - 21.30H





Teatro Plástico Rua Dr. Barbosa de Castro, 60 - 4º 4050-090 PORTO

Tel/Fax 222 088 948


Inf./Reservas 223 393 770/968 940 982




Após a estreia em Abril de 2007 de Eu Não de Samuel Beckett, apresentado como instalação audiovisual e dramatículo em dois locais distintos do Porto a diferentes horas do dia, com esta revisitação no espaço do Museu Nacional Soares dos Reis de um texto fulcral da dramaturgia contemporânea, o Teatro Plástico encerra um primeiro ciclo de abordagem ao universo do mais importante dramaturgo do Sec. XX e que propôs, através de duas das suas mais simbólicas obras, uma leitura-síntese deste fundamental universo dramatúrgico.

Construída a partir das memórias da infância Irlandesa do autor e de “A decapitação de S. João Baptista” de Caravaggio, Eu Não é uma obra fulcral da estética teatral e representa a síntese da extraordinária galeria Becketiana de seres falantes e mulheres suplicantes que, começando na Winnie de Os dias Felizes, se vêem progressiva e fatalmente reduzidas ao estado mais elementar e minimal da comunicação e existência humanas: uma voz

O livro «1807-2007, 200 anos de denúncia da escravatura» vai ser apresentado em Lisboa na Crew Hassan ( dia 20 de Junho às 21h.)

LANÇAMENTO DO LIVRO 1807-2007 - 200 ANOS DE DENÚNCIA DA ESCRAVATURA

6ª FEIRA - 20 de JUNHO - 21 HORAS

Coop. Cultural CREW HASSAN
RUA DAS PORTAS DE STº. ANTÃO, 159 (rua Coliseu)
Simultaneamente vão decorrer as seguintes actividades no mesmo local:

EXPOSIÇÃO A ESCRAVATURA E A SOBRE-EXPLORAÇÃO ACTUAL


EXIBIÇÃO DE CAPOEIRA - com Mestre Chá Preto

ABBADON monólogo para uma actriz - teatro/perfomance na Casa-Viva (de 18 a 28 de Junho às 22h30)


ABBADON monólogo para uma actriz

teatro performance

uma criação NuIsIs ZoBoP

de 18 a 28 junho, de 4ª a sábado, 22h30
(excepto sábado, 21)


entrada sujeita a marcação, através do nº 96 5843240
(diariamente, até às 19h00)

Local:
CasaViva
praça marquês de pombal 167 porto





"ABBADON", um monólogo para uma actriz, é um trabalho construído no liminar da recusa pelas convenções usuais no espaço teatral e performativo, caracterizando-se por uma total imersão
do espectador no universo sensorial e emocional proposto no espectáculo, por uma intensidade psicofísica da actriz que exige do público uma disponibilidade não usual para o desafio, e por uma extrema generosidade e intimidade em termos performativos, apelando a expressões de metamorfose e de magia. A plasticidade do espaço é determinada pelo sonho consciente e lúcido que marcou todo o processo de trabalho e construção do espectáculo.


Ficha Técnica:
Criação e Direcção : Hugo Calhim Cristovão
Criação e Interpretação: Paula Cepeda Rodrigues
Texto original de: Hugo Calhim Cristovão
Assistência e Colaboração: Joana von Mayer Trindade
Uma criação NuIsIs ZoBoP

CasaViva
praça marquês de pombal 167 porto
(bate o batente)

www.nuisiszobop.blogspot.com

www.myspace.com/issnuisiszobop

www.casa-viva.blogspot.com

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Sobre "ABBADON", critica por Nuno Meireles

Estamos em guerra. A verdade é que estamos em guerra.
Estamos em guerra com o simples facto de serem não os vencedores mas sim os burgueses que escrevem a história do nosso tempo. Ou antes, que se inscrevem na história, como se fosse por pacotes ou acções ou comparticipações. Estamos em guerra com a burguesia. Estamos em guerra com a falta de mérito, estamos em guerra com a falácia, com o embuste, com a ignorância encapotada de cultura. Estamos em guerra com o grande choque entre o que se diz e o que se faz; estamos em guerra com quem tem dinheiro, e estamos em guerra com quem se lamuria de não o ter; estamos em guerra com todo o baby boom de criadores auto-fecundados em geração espontânea, para quem a arte começou agora e com eles; estamos em guerra com o meu estilo, os este vai ser um projecto transversal, os pluris isto e pluris aquilo; estamos em guerra com carradas de gente que até mete impressão.
Estamos em guerra e isto não é brincadeira. Estamos em guerra e, como estamos em guerra, a única coisa que podemos fazer é servir-nos ou de uma grande raiva ou de um grande amor. Ou de um ou de outro. Às vezes dos dois. Muito raramente dos dois.
Estamos em guerra e Abbadon é uma peça que está num dos lados das trincheiras. Está no lado em que ninguém quer estar. Não está nas folhas de serviço ou de pagamento de lado nenhum, não está senão na trincheira onde mora a tenacidade. Está com a guerrilha. Isto se Abbadon não for, afinal, a própria guerrilha. Algures, escondidos dos olhares das gentes, sem desistir nunca.
Conta-se que os guerrilheiros vietnamitas, nos ataques a alvos americanos, para passar por arame farpado não usavam camisa pois isso os prenderia, atrasaria. Preferiam ferir a carne. Abbadon está neste plano. Prefere ferir a própria carne para chegar aonde quer.
Esta peça, por ser tudo o que não se vê hoje em dia, é tudo o que faz a diferença, é uma ponta de lança no terreno pantanoso de ignorância - e às vezes ignomínia - em que estamos. Não há esperança nenhuma que isto melhore, pelo contrário. Mas pode haver fé. E Abbadon é um renovar da fé no teatro. Um sólido, forte, rigoroso manifesto de fé, de raiva, de humor, de técnica, de sobrevivência.
Abbadon é uma peça feita por uma actriz só. Mas Abbadon não é apenas uma peça feita por uma actriz só, é outra coisa. Porque tem construção em cada momento; porque tem, ao contrário de desleixo, rigor físico; ao contrário de auto complacência, determinação; ao contrário de vamos experimentar uma ideia que tou a ter, exercício pleno das possibilidades do corpo, da voz, da emoção e da imaginação de uma actriz.
Não é uma peça fácil mas há alguma outra peça que seja tão exigente para com o público por o ser consigo mesma?
Enfim, uma peça a sério. Uma peça em que a iconoclastia e a escatologia ombreiam com a auto exigência; em que o esforço não compactua com o masoquismo; em que há justeza de proporções em todos os momentos, tão cruamente apresentados, próximos, chocantes, mas nunca gratuitos. Porque Abbadon vende-se muito caro.
Enfim uma peça em que o humor e o sarcasmo estão lado a lado de uma construção, de uma verdadeira resposta ao mundo. Finalmente uma franqueza de emoções, ao lado de um enorme mosaico de recordações, invocações e situações fragmentadas de que o texto fala. Enfim uma peça que não fala senão numa torrente de palavras, que é o tema e ao mesmo tempo parte do discurso contínuo que vai acontecendo. Discurso de corpo, discurso de voz, discurso do texto, discurso da emoção, tudo às vezes junto e às vezes separado, paralelo, como numa polifonia, como numa auto-estrada com as suas várias vias, tudo a andar muito depressa, muito forte, muito urgente, muito a saber precisamente para onde vai. Por baixo por cima e por todos os lados de qualquer arame farpado, dentro e fora da actriz.

Lançamento do livro DOCUMENTIRA de Regina Guimarães e Saguenail no bar Maria Vai Com As Outras no dia 19 às 21h30


A Profedições e o Instituto de Sociologia da FLUP, Regina Guimarães e Saguenail vão lançar o livro DOCUMENTIRA no bar-loja MARIA VAI COM AS OUTRAS, Rua do Almada, nº 443 Porto, na quinta-feira 19 de Junho às 21h30.



Tomaremos um café ou um copo, falaremos da publicação e faremos uma derradeira sessão-surpresa do seminário sobre princípios e práticas do documentarismo A CONSTRUÇÃO DO REAL cuja transcrição acrescida de entrevistas a alguns realizadores convidados deu origem ao livro agora editado

http://maria-vai-com-as-outras.blogspot.com/



A CONSTRUÇÃO DO REAL
O ar do tempo - combustível que, com variável sofreguidão, todos inalamos - diz-nos que o documentário está na moda. Talvez não seja por acaso que essa relativa voga é contemporânea do sucesso dos reality shows e produtos televisivos afins. Nunca as histórias de vida e as cenas da vida real suscitaram tanto fascínio, a ponto de muitos pensadores serem seduzidos pela hipótese de teorizar o(s) novo(s) realismo(s) e de certos dramaturgos reivindicarem a etiqueta «teatro documental». Os festivais especializados nos docs enchem salas e aquilo que até há escassos anos parecia quase inconcebível (a saber: um documentário bater recordes de bilheteira, ou mesmo roçar o estatuto de filme-culto) tem vindo a acontecer com filmes como SER E TER, de Nicolas Philibert, OS RESPIGADORES E A RESPIGADORA, de Agnès Varda, ou ainda com as obras oscarizadas de Michael Moore.


Ora, o cinema dito documental é terreno de grandes controvérsias, a começar pela própria designação e definição do «género». Algumas delas assentam porventura em preconceitos que urge denunciar e desmontar, outras são seguramente decorrentes de diferenças notórias ao nível de todas as etapas da concepção, realização e acabamento dos filmes em causa.
Por iniciativa do Instituto de Sociologia da FLUP, o seminário aberto A CONSTRUÇÃO DO REAL tentou trazer esta discussão acesa para o coração da universidade.

www.profedicoes.pt/livraria/index.php?act=viewProd&productId=73

Seminário para o associativismo (dia 21 de Junho, em Águeda)

SEMINÁRIO PARA O ASSOCIATIVISMO - Águeda,Sábado 21 Junho 2008, 10h00-18h00

Reconhecendo que a formação e qualificação é cada vez mais uma necessidade para os dirigentes e responsáveis das Associações Culturais, a Câmara Municipal de Águeda e a d’Orfeu Associação Cultural vão promover um Seminário no próximo dia 21 de Junho de 2008, que visa desenvolver e aplicar diversos temas úteis para actividade associativa.


Este seminário pretende ser um contributo, prático e pertinente, para as Associações e terá dois momentos: um leque de ateliers temáticos da parte da manhã e um debate aberto durante a tarde.

10h00–13h00, em vários espaços na cidade

Ateliers práticos (simultaneamente os ateliers dos diferentes temas, inscrevendo-se os participantes naquele que lhe interessa)
• Voluntariado e estratégia associativa
monitor: Miguel Torres - ACERT (Tondela)
• Actividades e animação sociocultural
monitoras: Marta Maciel e Anabela Villas Boas – FNAJ (Porto)
• Como estruturar um projecto - descrição, objectivos, orçamento
monitor: Paulo Pereira - investigador, gestor de projectos culturais
• Marketing associativo e divulgação de actividades
monitor: Rui Júnior - TocáRufar (Seixal)
• Fiscalidade e contabilidade associativa
monitores: Diana Mira e Miguel Cintra - Associação Pé de Xumbo (Évora)
• Mecenato / Estatuto dos Benefícios Fiscais
monitor: António Marques - técnico tributário e dirigente associativo (Coimbra)
• Programas de apoios financeiros (IPJ, INATEL, MC)
monitores: técnicos dos respectivos organismos


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15h00–18h00, no salão nobre da Câmara Municipal de Águeda
Debate aberto (com todos os participantes dos ateliers e aberto ao público em geral )
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O Seminário é dirigido às Associações do concelho de Águeda, mas está aberto à participação de outros interessados a nível regional/nacional.
Cada Associação pode beneficiar dos ateliers da manhã na sua maior amplitude possível, inscrevendo o(s) representante(s) que entender em cada atelier.
As inscrições são livres e serão aceites por ordem de chegada.

Informações e inscrições (até 13 Junho):
Paula Loureiro Câmara Municipal de Águeda
telefone 234610070 (opção 2)
e-mail:
paula.loureiro@cm-agueda.pt


Este seminário é uma organização conjunta da Câmara Municipal de Águeda e da d’Orfeu Associação Cultural .

www.dorfeu.com/eventos/seminarios/sem_associativismo/main.htm

Já está em cena no Teatro da Vilarinha ( Porto) a peça de Manuel António Pina, História do Sábio fechado na sua Biblioteca


História do Sábio fechado na sua Biblioteca é a peça de Manuel António Pina que foi estreada no passado dia 14 de Junho no Teatro da Vilarinha, e que vai ficar em cena até ao próximo dia 20 de Julho, incluindo os sábados às 16h00 e às 21h45, e domingos às 16h00. O espectáculo é para maiores de 6 anos de idade, e tem duração de 50 minutos

Teatro da Vilarinha

Rua da Vilarinha, 1386

4100-513 Porto

tel. 226 108 924


http://teatropedevento.blogspot.com/


Era uma vez um Sábio chinês que vivia há muitos anos fechado na sua Biblioteca e sabia tudo, tudo. Nada do que existia, e até do que não existia, tinha para ele segredos. Sabia quantas estrelas há no céu e quantos dias tem o mundo. Conversava com os animais e com as plantas e conhecia o passado, o presente e o futuro. Ora, como conhecia todas as coisas, a sua vida era, claro, muito triste e desinteressante. Mesmo as coisas mais misteriosas, como, por exemplo, os cortinados agitando-se com o vento, ou, à noite, os móveis rangendo como se falassem uns com os outros, não tinham para ele qualquer mistério. Até que um dia um estrangeiro bateu à porta da Biblioteca…




Há precisamente 30 anos, estava o Pé de Vento a ensaiar o seu primeiro espectáculo e a estrear-se como Companhia Profissional de Teatro para a Infância e Juventude, com um texto de Manuel António Pina.

Foi também há 30 anos que o Manuel António Pina aceitou integrar o seu núcleo impulsionador, como escritor residente, e fundar connosco – a Maria João Reynaud e eu próprio – o Pé de Vento.

Nesse ano já tão distante de 1978, o jardim da Cooperativa Árvore foi o cenário onde estreámos um espectáculo que percorreu a cidade de lés a lés: Ventolão, o maior intelectual do mundo. De então para cá, muitos foram os textos deste autor que transformámos em espectáculos e ficaram na memória de quem os viu – pela natureza insólita dos textos e pela sua carga poética. Dezenas, talvez mesmo centenas, de milhares de espectadores assistiram a essas representações, levadas aos sítios mais recônditos do país por uma companhia que, na altura, apostava essencialmente num trabalho de itinerância dirigido aos mais novos.

Ao longo destes 30 anos, fomos trilhando uma caminhada sem paralelo, com o Manuel António Pina a escrever muitos dos textos que o Pé de Vento ia levando à cena. Do cruzamento da sua escrita com a nossa prática teatral resultaram alguns dos nossos melhores espectáculos, construídos sobre aquela cumplicidade que transforma a tarefa de pôr um texto em cena – e que tarefa! – em aventura amorosa, que se alarga aos espectadores, também eles cúmplices, e a que inevitavelmente se segue uma separação provisória, até a um próximo encontro…

Agora, em 2008, era altura de nos reencontrarmos com Manuel António Pina para festejarmos um percurso que, sem ele, teria sido bem diferente – porque o desafio da sua escrita, do seu humor, do seu talento poético foi sempre um dos nossos mais constantes estímulos. Voltamos a cruzá-la com o nosso palco, em jeito de celebração de 30 anos de vida teatral sem tréguas nem vacilações, apesar dos inúmeros obstáculos que tivemos que vencer para prosseguirmos com dignidade e profissionalismo um trabalho que visa um público jovem e cada vez mais exigente.

Assim, desta fiel parceria que agora comemoramos, nasceu a História do Sábio fechado na sua Biblioteca, um conto que nos fala de dois mundos: o do saber e o da vida. O mesmo se passa no teatro, quando passamos do texto e do trabalho de montagem à representação das emoções e dos afectos que ganham vida no palco – a vida que reconhecemos como sendo também nossa.

História do Sábio fechado na sua Biblioteca desenvolve-se num território onde o desejo e o saber se confundem, onde as ideias sobre as coisas não se distinguem das próprias coisas; e onde estas se confrontam connosco, isto é: com a nossa razão e o nosso sentir. O percurso do nosso Sábio situa-se numa estreita faixa que vai do sonho à vivência da realidade, porque só através dela é possível intuir o sentido misterioso da existência.


João Luiz

No Bloomsday de 2008 relembramos as cartas obscenas de Joyce à sua querida Nora!

Todos os anos a 16 de Junho assinala-se o Bloomsday, o dia em que ocorre toda a acção narrativa de um dos principais livros da literatura mundial, o Ulisses, do escritor irlandês James Joyce.

Depois dos anos anteriores termos publicado neste blogue alguns textos de informação e ensaio sobre a obra e a figura de Joyce ( ver
1, 2, 3 ), julgamos que já é tempo de recordar aqui as obscenas cartas de amor que o escritor escreveu à sua amante e companheira de vida, Nora Barnacle (n. Março de 1884 – m. 10 de Abril de 1951).



Publicamos a seguir uma das mais citadas, justamente a que tem a data de 15 de Agosto de 1904, apesar do seu conteúdo anódino em comparação com as restantes:

15 August, 1904

My dear Nora,

It has just struck me. I came in at half past eleven. Since then I have been sitting in an easy chair like a fool. I could do nothing. I hear nothing but your voice. I am like a fool hearing you call me ‘Dear.’ I offended two men today by leaving them coolly. I wanted to hear your voice, not theirs.

When I am with you I leave aside my contemptuous, suspicious nature. I wish I felt your head on my shoulder. I think I will go to bed.

I have been a half-hour writing this thing. Will you write something to me? I hope you will. How am I to sign myself? I won’t sign anything at all, because I don’t know what to sign myself.

From:
James Joyce's love letters to Nora Barnacle

Outras podem ser lidas
aqui,( em francês), e aqui ( em castelhano)

Existe uma edição portuguesa das cartas na editora Hiena sob o título Querida Nora!