4.1.06

O altruísmo no novo livro de Frans de Waal


Surgiu no ano passado mais um novo e interessantíssimo livro de Frans de Waal, «Our Inner Ape», Riverhead Books, 2005 que demonstra como o altruísmo desinteressado se encontra intimamente inscrito na nossa herança biológica.

Uma fêmea bonobo, kuni, vê um estorninho ir ao encontro de um vidro. Ela pega delicadamente o pássaro em estado de choque e põe-lo em pé. Como ele não dá de si, ela dá-lhe um impulso, mas apenas se limita a mexer nas asas. Kupi sobe então à árvore mais alta das proximidades, sem ajuda das mãos que estão ocupadas com o pássaro. Com cuidado, ela afasta as asas, cada una numa das suas mãos, e em seguida lança-o no ar tal como uma criança faz comum avião de papel. O estorninho poisa no chão. Kuni desce da árvore e cuida dele. À noite, o pássaro bate as asas e vai-se embora.

Frans de Waal já tinha relatado esta história no seu livro anterior que consagrara aos bonobos. Fala-se mais uma vez da perturbante proximidade destes primos dos chimpanzés. Ao longo das suas obras, o conhecido primatólogo trata e aprofunda a ideia central que ele desenvolve nas suas pesquisas desde a sua obra de 1982, «A política do chimpanzé»: as características-base dos nossos comportamentos individuais e colectivos estão já presentes nos animais que mais se aparentam connosco.
Situados à mesma distância de nós na árvore da evolução, chimpazés e bonobos são entre si diferentes como é a noite para o dia. Na realidade eles incarnam os dois pólos do «macaco bipolar» que nós somos. O nosso lado chimpanzé traduz-se nas pulsões de dominação masculina, no culto da competição, a tentação da violência, mas também na arte da reconciliação política. O nosso lado bonobo traduz-se na cultura do hedonismo, do amor e da paz.
De Waal trata destas questões com elegância e clareza. Em tom de conversa amena as quatro parte em que se divide o seu novo livro «Our Inner Ape» ( trad. Francesa, «Singe intérieur») - poder, sexo, violência e bondade – oferecem um síntese dos conhecimentos sobre aqueles dois nossos primos e, ao mesmo tempo, um grelha de leitura do mundo contemporâneo.
Uma das suas teses mais interessante é que tem sido o sucesso indiscutível do capitalismo que explica porque é que os seres humanos têm super-investido numa ideologia neo-darwinista algo idiota, e que nos leva a negligenciar e a subestimar o valor e aforça das forças altruístas, as quais estão inscritas no nosso património biológico e que nos tem moldados ao longo da noite dos tempos.
Multiplicando os exemplos, retirados da observação não só dos bonobos mas também dos chimpanzés, Frans de Waal demonstra de forma convincente que o altruísmo desinteressado está inscrito na nossa herança biológica, tanto quanto a competição pela «sobrevivência do mais apto».Já presente nos macacos mais longínquos e até mesmo nos mamíferos como os elefantes e golfinhos, esta propensão foi reforçada nos grandes primatas, pela faculdade de se reconhecerem num espelho.
A empatia está já presente no cão, por exemplo, mas a consciência de si, nascida da hipertrofia do neo-córtex, abre a via à representação fina do que se passa no espírito do outro. Assim como à faculdade de vir em ajuda do outro, mesmo se este não tem nada a oferecer em troca.

Autor: Olivier Postel-Vinay
Texto surgido no nº393, Janvier de 2006 da revista La Recherche , l’actualité dês sciences

Sobre a Televisão ( citações)


«Não há com certeza nenhuma razão para que os noos totalitarismos se pareçam com os antigos. Governar com garrotes e esquadrões de incendiários, ou através da fome artificialmente fomentada, com detenções massivas, não só se tem mostrado ser desumano…como se tem provado ser ineficiente, e numa era de tecnologia avançada a ineficiência é um pecado contra o espírito santo. Um Estado totalitário realmente eficiente será aquele em que o governo dos todo-poderosos, mais o seu exército de administradores, controlarão uma população de escravos que não necessitarão de ser obrigados uma vez que eles próprios passarão a gostar da sua servidão. Fazer que tal aconteça será sem dúvida um objectivo desses governos.
Aldous Huxley


«Se o homem; às vezes não fechasse soberanamente os olhos, acabaria por não ver aquilo que vale realmente contemplar.»
René Char


«Encontro a televisão muito,mas muito educativa. Cada vez que alguém a acenda, tenho logo vontade de ir para outro compartimento ler um livro.»
Groucho Marx


«Não é por acidente que a televisão seja dominada por um punhado de forças empresariais ou estatais. Tão pouco é casual que a televisão seja utilizada para recrear os seres humanos sob um nova forma que se adequa aos meio comercial e artificial. Uma conspiração de factores económico e tecnológicos fazem isto inevitável.»
Jerry Mander, in «As 4 razões para suprimir a TV»

«As crianças de 4 anos não deveria, ver um único programa de televisão porque isso é altamente prejudicial para eles. Assustam-se mediante as imagens que lhes aparecem e desaparecem constantemente. As crianças de tenra idade sentem-se desorientados e confundidos com a televisão. Num momento em uma criança dessas reconhece na televisão uma certa figura, a primeira coisa que ela queria fazer era brincar com ela, pegá-la, mas acaba por não obter qualquer resposta. Ora a criança precisa de tocar, saborear, cheira e isso a televisão não lhe deixa nem lhe permite.»
Samuel Arango M., jornalista

«É verdade que há intervenções e um controle político ( que se exerce, em especial, mediante nomeações para cargos dirigentes), mas também acontece que, numa época como a actual, com grande precariedade de trabalho e com um exército de reserva de aspirantes desejosos em ingressar nas profissões ligadas á rádio e à televisão, a tendência para o conformismo é maior. As pessoas deixam-se levar por uma forma consciente de auto-censura, sem sequer haver necessidade de chamadas à ordem.»
Pierre Bourdieu


«Ignacio Ramonet demonstra por meio de vário exemplos mais ou menos recentes como um determinada montagem de certas imagens pode construir um acontecimento que nunca ocorreu, mas que o telespectador sente e interpreta como real devido à carga emocional e dramática das imagens. A concorrência entre os meios de comunicação explica porque è que eles procuram o sensacionalismo para atrair as audiências, sendo o menos importante para eles a verificação da verdade da informação.O poder político conhece muito bem estes efeitos e só os controla durante os conflitos armados.»
Ramon Tóston, prof. da Universidad Complutense de Madrid

«A televisão é muito útil. Adormece-me à noite. Mas, na realidade, adormece-me também durante o dia. Esse é que é o problema.»
Um avô…

Teatro do Oprimido - Ensaiar a mudança


Teatro do Oprimido – ensaiar a mudança
É sob este tema que vai decorrer uma Acção de Formação orientada por José Soeiro nos dias 13, 20 e 27 de Janeiro entre as 21.30 e 23.30 no Centro Social do Soutelo, situado na Rua de Macau nº 200, em Rio Tinto, nos arredores da cidade do Porto.

Para mais informações contactar:
Telefone 224809183 ou
e-mail:
css@centrosocialsoutelo.org

Cornucópia vai estar em Janeiro no Teatro Carlos Alberto


O grupo de teatro da Cornucópia vai fazer uma temporada de representações no edifício do Teatro Carlos Alberto, situado perto da Praça com o mesmo nome na cidade do Porto durante todo o mês de Janeiro.

Entre 4 a 8 de Janeiro será levada à cena a peça de Reiner Werner Fassbinder, Sangue no Pescoço do Gato.

Entre 13 e 22 de Janeiro será a vez da peça de António José da Silva ( o Judeu), Esopaida ou Vida de Esopo.

Finalmente, nos dis 28 e 29 de Janeiro será representada «História do Solddo» de Igor Stravinsky.

Todas as peças têm a encenação de Luís Miguel Cintra.