22.2.06

Os 28 anos de educação livre da Escola Paideia


Em Mérida há 28 anos que uma escola utiliza os valores e as metodologias anarquistas na educação de crianças e jovens: educar de forma assemblária, substituir a competição dos exames pelo conhecimento partilhado e fomentar o desejo de aprender. É a Escola Livre Paideia onde actualmente trabalham 5 pessoas a tempo inteiro, sendo frequentada por 31 pessoas na Primária e no Secundário e 15 pessoas na educação infantil.

Evidentemente que não se trata de um colégio como os demais. Na Escola Livre Paideia não existem nem se reproduzem hierarquias nem se utilizam os castigos e punições como nas outras escolas. Nem muito menos existem exames, nem tão pouco a obrigação de repetir mecanicamente a matéria e o programa de cada nível educativo. Todas estas regras e rotinas, típicas do sistema educativo oficial, foram aqui postas de lado desde o dia 9 de Janeiro de 1977. Escolheram-se outras formas de ensinar e aprender. Na verdade, a Escola livre Paideia tem sido, desde a sua criação, o único centro educativo que mais empenho e persistência tem mostrado em seguir e aplicar as ideias anarquistas sobre igualdade, cooperação e não-autoridade.
A sua prática educativa baseia-se fundamentalmente na iniciativa pessoas e nas inquietações pessoais de cada estudante. Considera-se mesmo que as escolas tradicionais impedem e obstaculizam as capacidades que as pessoas revelam ao longo da sua infância. Daí que na Paideia não se seguem programas predefenidos mas, antes pelo contrário, são os próprios alunos que decidem o que querem aprender.

Liberdade responsável

Para isso os professores dedicam-se às tarefas de orientação. Enquanto docentes a sua função consiste em estimular o desejo de conhecimento e saber e em transmitir valores e assegurar a convivência entre todos. A importância e o valor que se dá à liberdade é, nesse sentido, a principal motivação. «Quem critica a escola confunde liberdade com não estudar ou com perda de tempo. Mas não é assim», explica uma das responsáveis pela escola, Josefa Martín Luengo. E acrescenta: «O valor que ensinamos é o da liberdade responsável, ensinamos-lhes que há que conquistar a liberdade.»
Na prática isso traduz-se em compromissos de trabalho. Na Escola Paideia aproveita-se a curiosidade inata dos estudantes para que sejam estes, no início de cada semana, que indiquem e proponham atingir certos e determinados objectivos. O compromisso pode ir desde um trabalho sobre certa matéria, fazer exercícios e preencher o caderno de Matemático ou de uma Língua até realizar uma investigação sobre um tema de história ou uma composição sobre valores e convivência.
A sua não realização não implica a aplicação de qualquer sanção ou castigo. «O alunos – explica Luengo – demonstram, ao ser-lhes aplicado uma sanção, que são responsáveis, habituando-se a receber ordens e em segui-las. Ora não é isso que eles gostam. Por isso é que procuram cumprir com os seus compromissos a fim de poder continuar a ser pessoas livres.» Desde os primeiros momentos a aprendizagem é identificada com liberdade.«É fácil demonstrar que o poder, os poderes e os sistemas autoritários sempre se basearam na ignorância, no fanatismo e nas religiões para se perpetuarem», argumentam os elementos da Escola Paideia que sempre defendeu que um dos seus principais desafios é dotar os seus estudantes de amplos conhecimentos, devidamente acompanhados com um apurado sentido crítico.

Cultura assemblária

Apesar de tudo, o mais frequente é que os compromissos assumidos sejam levados a cabo sem excessivas dificuldades. Tratam-se de actividades livremente escolhidas por cada estudante que, por sua opção, se decide e assume a realizá-las. A que acresce a satisfação em explicar aos demais o que se aprendeu no decurso das reuniões assemblárias. Com efeito, uma vez por mês, cada um expõe a todos os outros elementos da escola o que aprendeu ao longo do período mensal anterior, respondendo igualmente às perguntas e questões que lhe são apresentadas pelos seus companheiros, o que lhes permite dar conta do que lhes falta, ou não, ainda aprender.
A cultura assemblária é a cultura característica da Escola Paideia. Cada assembleia aglutina todos os elementos da escola, estando presentes desde a professora mais veterana até às crianças de 5 e 6 anos. É durante essas assembleias que se organiza a autogestão da escola, se decidem os objectivos de cada curso e de cada nível educativo, assim como se resolvem os conflitos que tenham, porventura, aparecido. Não por acaso a ausência de violência é um dos traços mais marcantes do funcionamento interno da escola. Grupos de estudantes actuam, quando necessário, como pacificadores. E quando se desencadeiam conflitos reúnem-se as duas partes até que ambas cheguem a um acordo. Se a divergência se mantiver então cabe à Assembleia decidir.
Através do diálogo razoável a escola livre Paideia resolve os problemas que hoje em dia assolam o sistema oficial de ensino, como é o caso da violência, o cansaço e as frustrações dos professores, ou então a falta de interesse dos alunos.

Autor do texto: Miguel Ángel de Lucas
Texto publicado no último número do jornal Diagonal (16/2/2006)
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Lista completa das vítimas mortais do Rali Paris-Dakar…mas só até à próxima edição!!!


Nota de esclarecimento: a presente lista oficial de vítimas mortais do Rali Paris-Dakar está completa, mas ….. só até à próxima edição do Rali( a realizar no final deste ano, e com saída prevista de Lisboa) porque, à imagem das edições anteriores, também não deixará de provocar mais mortes e feridos. Até quando?


Lista das vítimas mortais do Rali Paris-Dakar

Desde 1979, ano de início do Rali Paris-Dakar, ultimamente rebaptizado Lisboa-Dakar, registaram-se 53 vítimas mortais, das quais 17 espectadores ( em que se incluem 8 crianças), 23 concorrentes e até …o próprio fundador da prova, Thierry Sabine!!!

1979
Patrick Dodin - motard ( 1ª vítima mortal desta lista negra das vítimas do rali Paris-Dakar)

1982
Uma criança do Mali é atropelada por um concorrente
Morre o concorrente motard holandês Bert Oosterhuis
A jornalista francesa da revista Le Point, Úrsula Zentsch morre num acidente com um camião de reabastecimento

1983
Morte de Jean-Noël Pineau, motard

1984
Uma mulher morre debaixo de um Range Rover no Burkina Fasso

1985
Uma criança morre esmagada por um carro da competição

1986
Morte de Yasuo Kaneko - motard japonais
Num acidente de helicóptero morrem ainda :
Thierry Sabine – fundador e organizador da prova
Nathaly Odent - jornalista
François Xavier-Bagnoud – piloto do heli
Jean-Paul Le Fur – técnico de rádio
Daniel Balavoine – cantor

1987
Henri Mourem, antigo co-piloto do rali, morre num carro ao serviço da imprensa, quando transportava jornalistas ao longo do trajecto do rali.

1988
Morte de duas crianças e uma mulher no troço entre Moudjeria et Nouakchott
Morte do navegador holandês Kees Van Loevezijn, que seguia ao lado de Daf de Van de Rijt
Morte de Patrick Canado – co-piloto de de René Boubet – devido a uma colisão do carro em que seguia com outro concorrente
Morte do motard Jean-Claude Huger
Entre Moudjeria et Nouakchott, dois jornalistas são mortalmente feridos num acidente.

1990
O jornalista Kaj Salminen morre na sequência de um acidente

1991
O condutor de um camião de assistência, Charles Cabanne, morre por ter sido alvejado no Mali.

1992
Entre Syrte et Sabha (Libia), Jean-Marie Sounillac e Laurent Le Bourgeois morrem a bordo de uma viatura de assistência
Ferido mortalmente o motard Gilles Lalay.

1994
Um criança é mortalmente atropelada por um motard (factos relatados no Canard enchainé de 18/01/06)
O motard belga Michel Sansen é vítima mortal duma queda

1996
Na Guiné uma criança é atropelada mortalmente
O condutor de um camião, Laurent Gueguen, morre por ocasião de uma explosão que atingiu a sua viatura

1997
Morte do motard Jean-Pierre Leduc

1998
Perto de Dakar morrem cinco ocupantes de um veículo quando a sua viatura choca com um carro da competição

1999
Uma viatura da polícia local choca com um automóvel da competição, e do acidente resultou a morte de um polícia.

2001
Morte de um condutor de uma viatura de assistência técnica

2002
Daniel Vergnes, mecânico da equipa Toyota, morre durante a 11ª etapa da prova

2003
O navegador Bruno Cauvy, 48 anos, morre num deslizamento das dunas aquando da sua primeira participação no rali

2005
Uma rapariga de cinco anos é mortalmente ferida e, Kebener, a 160 km de dakar, por um camião de assistência técnica.
Mark Delvigne e Michel Lemaire, espectadores belgas, são mortos por um camião da assistência técnica
O motard espanhol Jose Manuel Perez morre com 41 anos na 7ª etapa, na Mauritânia
No dia seguinte, outro motard italiano, Fabrizio Meoni, duplo vencedor do rali, sofre uma queda mortal durante a 11ª etapa.

2006
Morte do motard Andy Caldecott por efeito de uma queda da sua mota
Morte de uma criança de 10 anos, Boubacar Diallo ( ferido mortalmente em 13/06/06 por uma viatura a 6 km da aldeia de Kourahoye)
Morte de uma criança guineense de 12 anos , Mohamed Ndaw, atropelado por um camião da assistência técnica
2007 ( próximo ano)
Quantas vítimas mais?

Nota Importante:
Nesta lista só estão incluídos as vítimas mortais contabilizadas pelas estatísticas oficiais da organização do Rali, faltando contabilizar os feridos e os inúmeros acidentes registados ao longo das várias edições da prova.
Todavia, o que importa ressaltar é que não estão registados, por falta de registos fidedignos, o número de residentes locais africanos que têm sido vítimas dos potentes bólides que anualmente atravessam e invadem aquelas terras africanas

Mais informações:

http://padak.wordpress.com/