25.5.07

Texto actualíssimo de Guerra Junqueiro sobre Portugal

Apesar de escrito em 1896 este texto de Guerra Junqueiro não perde actualidade ao caracterizar a sociedade portuguesa.

Leiam e vejam se não é verdade:


"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.


Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis.


Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este,finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País. [.] A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas; Dois partidos [.] sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, [.] vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."


Guerra Junqueiro, "Pátria", 1896.



Breve Biografia de Guerra Junqueiro


Abílio Manuel de Guerra Junqueiro nasceu em 1850 em Freixo-de-Espada-à-Cinta (Trás-os-Montes), frequentou a faculdade de Teologia entre 1866 e 1868, que abandonou para se formar em Direito, em Coimbra (1868-1873).
Foi Secretário-Geral dos Governos-Úteis de Angra do Heroísmo e de Viana do Castelo. Mais tarde, foi deputado do partido progressista, aderindo ao partido republicano após o ultimato Inglês (1890). Depois da implementação da República, foi ministro de Portugal em Berna (Suiça), entre 1911 e 1924.


Como escritor, estreou-se com duas páginas numa série de poemas ainda influenciados pelo Ultra-Romantismo.
Posteriormente, veio a ser o “poeta panfletário” mais popular da sua época, visto estar ligado ao grupo dos "Vencidos da Vida" (formado por Guerra Junqueiro, Oliveira Martins e Antero de Quental, entre outros).
Guerra Junqueiro é caracterizado pelas sátiras violentas, quer ao clero (A Velhice do Padre Eterno), quer à dinastia de Bragança (Finis Patrea). É ainda conhecido pelo seu extraordinário sentido de caricatura.
A vida rural inspirou-lhe Os Simples (obra que lhe deu maior sucesso), uma poesia que invoca a sua infância com recordações calmas e consoladoras.

Mais de 140 sindicatos aderiram já à greve geral da próxima quarta-feira

Mais de 140 sindicatos já anunciaram a sua adesão à greve geral convocada pela CGTP para a próxima quarta-feira (30 de Maio), um protesto que "está a mexer com a sociedade" e que a central sindical considera, por isso, que "já está a ser um êxito".

"A sociedade sente que esta situação de marasmo, de desesperança, precisa de ser sacudida", disse o secretário-geral, Carvalho da Silva, que se escusou a falar em previsões de adesão, mas manifestou a convicção de que "vamos ter uma grande greve geral". "Esta greve não é para dizer ao Governo: "Rua!". É por uma mudança de políticas", afirmou à imprensa.

Entre as "fortíssimas razões" para o protesto, o sindicalista destacou a "imposição do [peso do] poder económico sobre o conjunto da sociedade", que leva a que o país esteja "crescentemente atrofiado", e a "soma de resultados resultados negativos" do Governo. Como exemplo desta última situação referiu a perda salarial de 2006, a maior dos últimos 22 anos, e o agravamento do desemprego, que no primeiro trimestre atingiu os valores mais altos desde 1986.

A necessidade da greve é apresentada também pelo líder da CGTP com o facto de o país "estar a ficar menos coeso" e por "as forças neoliberais da União Europeia estarem a fazer pressão sobre o Governo" para que, durante a presidência portuguesa, "credencie, à esquerda, mudanças de cariz conservador".

A CGTP denunciou pressões ainda para evitar a adesão à greve - através de mecanismos como ameaça de corte de prémios, promoções e não-renovação de contratos dos trabalhadores. No caso dos transportes, a pressão "começa na definição de serviços mínimos", acusou a central, que referiu o exemplo da Transtejo, onde foi fixada a obrigatoriedade de um barco de meia em meia hora, decisão de que vai recorrer.

O legado de Lineu e os novos paradigmas da botânica

Fonte da notícia: jornal Público

Comemorou-se anteontem ( 23 de Maio) o tricentenário do nascimento do sueco Carl Linnaeus. Mas quem foi Lineu e que importância tem para o comum cidadão ?
A sua criatividade, curiosidade e divulgação científica permitiram ordenar, organizar e inventariar grande parte da biodiversidade presente em diferentes partes do globo.
Em 1707, para se designar um ser vivo, planta ou animal, era preciso construir uma frase inteira, que chegava a ocupar mais do que um parágrafo !

Foi Lineu quem pôs fim a esta confusão, ao criar a chamada nomenclatura binominal para todos os seres vivos. A partir de então, o nome científico de cada espécie passou a ser composto por dois termos: o nome do género e o respectivo restritivo específico.
A ele se deve ainda o estabelecimento da moderna taxonomia (dar nome a um táxon ou indivíduo) ao integrar todos os organismos num sistema de classificação hierárquica, baseado nas suas características observáveis. A consistente e sistemática aplicação desta classificação em que os seres vivos eram identificados e nomeados, permitiu tornar a biologia uma ciência reprodutível. À época, esta criação de Lineu correspondeu a um portal de informação com todos os benefícios potenciais para a identificação e descrição das espécies presentes nos habitats e a comunicação e divulgação de nomes reconhecidos de forma global e universal. O seu saber e amor pelas plantas motivou-o a estabelecer redes de colectores, entre padres, jesuítas, soldados, que instruía e treinava, com quem se correspondia e trocava saberes, tendo com isto contribuído para o conhecimento e inventário de novas espécies.

Hoje em dia, o princípio desta classificação ainda é válido, mas a taxonomia já não é apenas uma ciência descritiva pois serve-se de novas ferramentas, como a biologia molecular e a sequenciação do DNA, para ajudar a esclarecer dúvidas de classificação. É mesmo impensável estudarem--se as relações de parentesco, a evolução das espécies ou das populações sem utilizar marcadores moleculares ou a sequenciação de DNA.

Mas no mundo de mudança que actualmente vivemos, onde a perda de biodiversidade é uma realidade e onde muitos dos recursos vegetais estão ainda por identificar e caracterizar, é difícil não usar ou menosprezar o conhecimento tradicional dos naturalistas, dos botânicos, que conjugam em si saberes integradores sobre as espécies, a sua biologia e ecologia.
Antes que os botânicos se tornem dinossáurios e dêem lugar apenas a biólogos vegetais, antes que a análise molecular e a sequenciação dos genes induzam a alienação do estudo das espécies na natureza, será interessante perspectivar os novos desafios que se colocam à taxonomia moderna.

Estabelecer equipas interdisciplinares com biólogos moleculares e botânicos; organizar chaves simples e didácticas para facilitar a identificação das plantas no campo; saber estabelecer prioridades de identificação, caracterização e conservação; divulgar ao público em geral a diversidade que se pode encontrar na natureza;estabelecer redes de "naturalistas", à semelhança de Lineu, com propósitos de inventariação, caracterização e conservação; tornar acessível, em formato digital, a informação presente nos herbários e nos inventários de campo.

No séc. XXI estes são alguns dos paradigmas que se colocam aos actuais académicos de botânica e em particular aos jardins botânicos.
Reconhecer as limitações e aceitar estes desafios é comemorar Lineu e dar a conhecer ao público o seu legado.

3.º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima


O 3.º Festival Internacional de Jardins de Ponte de Lima abre as suas portas hoje, sexta-feira, dia 25 de Maio, pelas 12,00 horas

O website oficial
www.festivaldejardins.cm-pontedelima.pt terá toda a informação sobre este evento que se destaca pela sua singularidade e ainda pelas potencialidades pedagógicas que uma iniciativa deste género sempre encerra.

Apresentação do livro «O Ministro da Felicidade» de José Luís Félix

Vai ser apresentado amanhã no Porto, no espaço Musas ( Rua do Bonjardim, 998 - no Porto), o livro de José Luís Félix «O Ministro da felicidade».

O encontro está marcado para amanhã, Sábado, dia 24 de Maio, no espaço Musas, para as 15h 30

O Ministro da Felicidade é uma comédia hilariante que põe a rídiculo os “revolucionários” reformados e arrependidos que enxameiam o nosso universo lusitano. É uma paródia aos petulantes engravatados que engordam à conta da democracia e se alinham na costumeira romaria nacional do “voto popular

Do Prefácio:«Com este livro procurei, acima de tudo, desmascarar e meter a ridíiculo o persistente embuste dos diversos poderes parasitários que nos oprimem sem sombra de pudor (…).»

José Luís Félix [de profissão economista e confissão anarquista], foi membro do colectivo editorial da revista “Utopia” e dinamizador da Biblioteca dos Operários da Sociedade Geral.