7.6.05

Como o dinheiro nos põe loucos…



A maneira como o dinheiro funciona hoje em dia é absolutamente ridícula. Põe-nos uns contra os outros, e faz com que os ricos se tornem mais ricos, enquanto todos os demais empobrecem.
Para entender como isso acontece, imaginemos que o mundo humano consiste tão só em dois amigos e um banco, e que para poder comprar comida, pagar as rendas e fazer comércio entre eles, ambos os amigos precisam de dinheiro que só o banco pode criar.

O banco ( que é uma terceira entidade, com muito dinheiro) cria 20 euros e dá 10 euros a cada um dos amigos. A única coisa que lhes pede em troca é que eles devolvem 11 euros cada um no ano seguinte. Como ambos os amigos precisam de dinheiro para comer, aceitam de bom grado aquelas condições.

Prometem até ( uma vez que o banco assim o exige) que se forem incapazes de devolver os 11 euros no ano seguinte, aceitarão que o banco fique com alguma das suas propriedades como forma de pagamento.

O problema é que se torna completamente impossível devolverem ambos os 11 euros cada um, já que o banco só criou 20 euros, não sendo possível existir mais dinheiro para além daquele que foi criado. Assim, a única maneira dos dois amigos devolverem os 11 euros é um deles ir buscar ao outro amigo o euro extra, a que são obrigados a devolver. Ora isso leva a que um dos amigos fique só com 9 euros, impedindo-o de pagar a sua dívida de 11 euros.

Os dois amigos acabam por ficar inimigos, tentando cada qual desesperadamente conseguir dinheiro um do outro a fim de evitar ceder ao banco algum ( ou todos) dos seus bens. Como quer que seja, algum deles ficará sempre a perder, e o banco ( a entidade com muito dinheiro, e que é a única que cria dinheiro) acaba por ficar com os bens.

Esta é, basicamente, a maneira como funciona a banca, e o sistema bancário e financeiro, o que faz com que os ricos fiquem cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.

Mais sobre dinheiro:
http://ud.lir.be/tiki-index.php?page=Money

retirado da tradução castellana da revista polémica
http://usuarios.lycos.es/polemica/

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( este texto foi traduzido a partir de um post que apareceu no Indymedia Madrid)

Portugal é dos países mais pobres dos 25 da União Europeia

A riqueza média por habitante em Portugal, em 2004, foi a mais baixa da Zona Euro e uma das mais baixas dos 25 países membros da União Europeia. Portugal foi mesmo ultrapassado pelo Chipre e pela Eslovénia.
Segundo o Eurostat, a riqueza por habitante ( medida em paridades de poder de compra) em Portugal era a 17ª da EU a 25, com um PIB por habitante (em PPC) de apenas 73& da média dos 25, ou seja, representava pouco mais de dois terços da riqueza média produzida pelos países da EU.
As paridades de poder de compra (PPC) são uma moeda virtual que considera os níveis de preços domésticos e as taxas de câmbio, tornando comparáveis alguns indicadores económicos, como o PIB por habitante.
Espanha regista um nível de riqueza de 98% da média da EU e a Alemanha de 109%, mas é o Luxemburgo o país mais bem colocado com uns 123% acima da média europeia. Os países pior colocados foram a Letónia (43%), Polónia (47%) e a Lituânia (48%).

Mais de 40 suspeitas de formação de cartéis em Portugal


Foi anunciado que o organismo público que fiscaliza em Portugal as regras da concorrência ( a alta autoridade para a concorrência) está a investigar mais de 40 suspeitas de cartelização. Recorde-se que os cartéis são acordos entre empresas para fazer subir os preços no mercado, restringir a produção, investimentos e aumentar os lucros à custa dos consumidores.

Taxas ( e maior controle por satélite) sobre os carros


O governo britânico anunciou que está a estudar a imposição de taxas sobre a circulação automóvel para descongestionar o trânsito, medida benemérita se não se traduzisse por um reforço da vigilância totalitária sobre os movimentos dos cidadãos, uma vez que as taxas nas auto-estradas ( 2 euros/Km) e nas estradas ( 50 cêntimos/km) será feita com recurso a tecnologia de identificação dos veículos por satélite e ainda por via de micro-ondas.

Rio de Onor, aldeia dividida pela fronteira, tenta unir-se

O projecto para unir Rio de Onor ( em Portugal) e Riohonor de Castilha ( Estado espanhol) para a formação de uma única aldeia designada por aldeia europeia marca passo há anos.
O projecto foi discutido com toda a população em praça pública,mas não há maneira de avançar.
O que se pretende é unir ambas as partes, aproveitando o secular espírito comunitário da aldeia, dividida artificialmente pela fronteira entre o Estado português e o Estado espanhol.
Rio de Onor tem merecido atenção por parte de antropólogos por ter mantido durante séculos os usos e costumes comunitários, fazendo subsistir uma cultura rural comunit
ária

Forças Desarmadas


Forças desarmadas é o título de um documentário sobre o antimilitarismo, os grupos antimilitaristas e a objecção de consciência realizado por Anna Masllorens e Mariona Ortiz e integrado no programa informativo Línea 900 da TVE, televisão pública espanhola, que foi emitido no passado dia 14 de Maio, e que a TVE Internacional retransmitiu na semana passada. Poucos privilegiados tiveram oportunidade de ver este excelente programa, mas era óptimo que a televisão pública portuguesa tivesse imaginação e engenho suficiente para fazer algo de semelhante.
O documentário é constituído por reportagens sobre várias acções directas não-violentas levadas a efeito por grupos antimilitaristas, intervalados com entrevistas e filmagens de reuniões de preparação para aquelas acções. Fala-se ainda da objecção fiscal e da objecção científica como outras modalidades mais recentes para contestar a militarização nos mais variados domínios da sociedade.
Dois activistas históricos da não-violência e da objecção de consciência do Estado espanhol, Pepe Beúnza e Arcadi Oliveres, são igualmente entrevistados.

Criar rumores e boatos é a última moda dos publicitários


Nos Estados Unidos as empresas especializadas em criar e manipular rumores não param de aumentar e florescer. A mais importante conta já com 76.000 voluntários benévolos que se encarregam de incitar quem quer que seja a comprar jean, livros, salsichas.

A cena faz lembrar alguma situação delirante de um programa cómico. No dia 4 de Julho de 2004, Festa Nacional nos USA, um batalhão de 2.000 indivíduos participou no maior segredo numa gigantesca campanha de promoção. Aos vizinhos, a colegas de trabalho, aos parentes e familiares, todos eles tentaram convencer acerca dos méritos e vantagens de uma certa variedade de salsichas da marca Al Fresco, que tinha contratado os serviços da BzzAgent, uma empresa de marketing criada três nãos antes e especializada nos rumores públicos do diz-que-se-diz.
O resultado foi uma subida de 100% das vendas em certos estabelecimentos comerciais. « Esta nova técnica – a propaganda comercial por via dos rumores - parece-se mais com uma situação paranóica de um romance de ficção científica e que descrevem um futuro onde as empresas se tornam tão poderosas que conseguem vencer exércitos inteiros para se infiltrarem nos domicílios familiares», escreveu o jornalista Rob Walker no New York Times do passado 5 de Dezembro de 2004.
Desde há um tempo para cá, esta forma discreta do porta-a-porta tornou-se uma moda. Al Fresco, assim como outras marcas e empresas como a Penguin, a Estée Lauder, Lee, Weight Watchers, Kelloggs, Air Train Airways, Coca-Cola, os sapatos Jonston & Murphy, recorreram à BzzAgent para lançar uma campanha de boatos e rumores favoráveis a um certo produto, seja ele um perfume, uns jeans, um dentífrico, uma marca de café, ou um simples livro. A tiragem do primeiro romance de um jovem autor, Frog King, de Adam Davies, esgotou em três meses, graças à efervescência, curiosidade e interesse orquestrados nas livrarias nova-iorquinas, nos fóruns de discussão, etc.
Mais pessoal que o marketing viral propagado por via tecnológica ( e-mails,nos forums de discussão, etc) esta nova técnica de marketing é muito mais insinuante, comparada com as tradicionais técnicas como as estafadas reuniões Tupperware.

A empresa BzzAgente conta com um dezena de funcionários permanentes e de 76.000 voluntários qualificados. A estes evangelistas das marcas comerciais acrescem por semana um milhar de suplentes, recrutados via Internet, maioritariamente estudantes, reformados e assalariados, que depois de se inscreverem, recebem por e-mail uma lista de actividades a realizar.
No caso das salsichas Al Fresco pedia-se, por exemplo, para sugerir a sua compra a um desconhecido com que se cruzasse num talho; sugerir ainda aos organizadores de um piquenique a sua inclusão na merenda, ou finalmente que se elogiasse o produto em pleno jantar de amigos.
No caso dos livros, é aconselhado pelo BzzAgente, a sua exposição nos transportes públicos ou de enviar comentários para a Amazon.
Outras empresas já desenvolvem o mesmo tipo de marketing. A multinacional Procter & Gambler criou o seu departamento de marketing verbal para as marcas destinadas a um público adolescente.
O criador da BzzAgente, Mark Hugues, declarou sem qualquer rebuço:
«A publicidade clássica está ultrapassada se ela não leva as pessoas e a imprensa a falar sobre o produto. Os Estados Unidos gastam hoje, em cada ano, mais dinheiro em marketing – algo como 234 mil milhões de dólares – que o total do Produto Interno Bruto do México». No seu livro, com o título «Buzzmarketing», ele resume a sua filosofia: «O rumor e o boato representa um meio alternativo cuja eficácia está na própria credibilidade do mensageiro»
Mas, o mais incrível, é que os mensageiros não são remunerados. Eles apenas acumulam pontos que poderão a partir de certo montante serem trocados por…presentes!

Fonte: Le Monde de 4/3/2005