25.10.09

Mata da Albergaria e as suas cores outonais, no Parque Nacional da Peneda-Gerês (PNPG)


Situada entre as Caldas do Gerês e a Portela do Homem, a Mata da Albrgaria é uma valiosa Reserva Biogenética, reserva botânica esta que alberga um importante carvalhal em estado natural, pelo que, embora possa ser percorrida a pé, está sujeita a medidas especiais de protecção. O caminho que atravessa a mata e acompanha a via romana estende-se ao longo da margem esquerda da albufeira de Vilarinho das Furnas, terminando em Campo do Gerês. Além do seu valor ecológico, possui importante valor histórico, pois são visíveis neste local restos de uma Geira Romana, com os seus marcos miliários.

Localização- Campo do Gerês
4840-030 CAMPO DO GERÊS
Distrito: Braga
Concelho: Terras de Bouro
Freguesia: Campo do Gerês


A Mata da Albergaria é constituída predominantemente por um carvalhal secular que inclui espécies características da fauna e da flora geresianas. Guarda também um troço da Via Romana - Geira - com as ruínas das suas pontes e um significativo conjunto de marcos miliários. A baixa presença humana nesta mata não rompeu, até há poucos anos, o frágil equilíbrio do seu ecossistema, cuja riqueza e variedade contribuíram para a sua classificação pelo Conselho da Europa, como uma das Reservas Biogenéticas do Continente Europeu. É também, nos termos do Plano de Ordenamento do Parque, classificada como Zona de Protecção Parcial da Área de Ambiente Natural.



Mata da Albergaria - Pontos de Interesse ( a partir da cabana de controlo, quem vem das Caldas do Gerês)


1,6 Km - Ribeiro Sarilhão.
2,1 Km - Cabana do Guarda e placa a indicar que entrou na "Mata de Albergaria". (Não poderá parar ou estacionar o carro ao longo da mata, entre as cabanas de controlo)
3,3 Km - Ao lado esquerdo encontra uma grande mancha de Azevinho, espécie protegida logo, não estragar.
4,0 Km - Ponte de madeira sobre o ribeiro do Pedrado. Junto a ela alguns marcos milenares.
5,5 Km - Mais marcos milenares à direita. 5,8 - Fonte da Balsada ao seu lado direito.
6,4 Km - Ponte de madeira sobre o Rio Macieira. 6,6 - Casa da Albergaria.
6,9 Km - Cruzamento, siga pela estrada de "Portela do Homem" (3Km).

Poderá ainda aventurar-se por terras galegas e ir até "Torneros", uma nascente de água quente. Para isto siga até à fronteira e atravesse-a sem problemas. Siga a estrada, agora já na Galiza e ao fim de mais 3 km encontrará ao seu lado esquerdo mais marcos milenares e um bom pedaço da antiga estrada Romana (Geira). Siga novamente pela mesma estrada até chegar a "Torneros", primeira povoação Galega. Atravesse a ponte e vire à direita até chegar a uma espécie de piscina. Trata-se de uma nascente de água quente que se mistura com o rio. Aproveite para descontrair e passear. O regresso é feito pelo mesmo caminho


O Parque Nacional da Peneda-Gerês, é o único parque nacional de Portugal e situa-se no extremo nordeste do Minho, fazendo fronteira com a Galiza, abrangendo os distritos de Braga (concelho de Terras de Bouro), Viana do Castelo (concelhos de Melgaço, Arcos de Valdevez e Ponte da Barca) e Vila Real (concelho de Montalegre) numa área total de cerca de 72 000 hectares.
É uma das maiores atracções naturais de Portugal, pela rara e impressionante beleza paisagística e pelo valor ecológico e variedade de fauna (veados, cavalos selvagens, lobos, aves de rapina) e flora (pinheiros, teixos, castanheiros, carvalhos e várias plantas medicinais). Estende-se desde a
serra do Gerês, a Sul, passando pela serra da Peneda até à fronteira espanhola.
Inclui trechos da estrada romana que ligava Braga a Astorga, conhecida como
Geira
A natureza e orientação do relevo, as variações de altitude e as influências atlântica, mediterrânica e continental traduzem-se na variedade e riqueza do coberto vegetal: matos, carvalhais e pinhais, bosques de bétula ou vidoeiro, abundante vegetação bordejando as linhas de água, campos de cultivo e pastagens. As matas do Ramiscal, de Albergaria, do Cabril, todo o vale superior do rio Homem e a própria Serra do Gerês são um tipo de paisagem que dificilmente encontra em Portugal algo de comparável.
Estas serranias já foram solar do Urso pardo e da Cabra montesa. O Lobo vagueia num dos seus raros territórios de abrigo. A Águia-real pontifica no vasto cortejo das aves. Micro-mamíferos vários, caso da Toupeira-de-água, diversidade de répteis e anfíbios e uma fauna ictiológica que inclui a Truta e o Salmão enriquecem o quadro zoológico.


http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Nacional_da_Peneda-Ger%C3%AAs


Geologia, hidrologia e clima do PNPG

O PNPG caracteriza-se por ser uma zona em que o relevo fortemente acidentado e os pronunciados declives, bem como os inúmeros afloramentos rochosos, são as marcas dominantes.
Trata-se de uma região essencialmente granítica, fortemente fracturada, se bem que se verifica também a presença de uma importante mancha de rochas metasedimentares (xistos) e de depósitos de origem glaciar, como moreias ou blocos erráticos.
É uma zona montanhosa, com altitudes que chegam até aos 1545m, em Nevosa (Serra do Gerês), de fortes declives, onde a presença de diferentes níveis de chãs é frequente.
A grande quantidade de vales e corgas é aproveitada pelos rios, dando lugar a uma rede hidrográfica de grande densidade, composta por um conjunto de afluentes e subafluentes que correm, de um modo geral, por vales agudos de encostas escarpadas.
A área do PNPG faz parte das áreas de influência dos rios Minho, Lima, Cávado e Homem – como os mais importantes – que compartimentam o maciço granítico, individualizando as diferentes serras: a Serra da Peneda, definida pelos rios Minho e Lima; a Serra Amarela, definida pelos rios Lima e Homem e a Serra do Gerês, definida pelos rios Homem e Cávado.
A temperatura média anual é de 13ºC devido à influência oceânica, com amplitudes térmicas elevadas. As temperaturas mais elevadas dão-se no trimestre Julho/Setembro, enquanto que as mais baixas correspondem ao trimestre Dezembro/Fevereiro. O período de risco de geadas é elevado durante praticamente todo o ano.Todas as variáveis caracterizadoras do clima da região sofrem modificações com a alteração da altitude e da zona: à medida que caminhamos para o interior produz-se uma continentalização do clima, com uma diminuição das precipitações e um aumento das amplitudes térmicas diárias; por sua vez, ao aumentar a altitude, produz-se um aumento das precipitações e uma diminuição das temperaturas.
A localização deste território (entre o oceano Atlântico e os ambientes climáticos do interior da Península) e a configuração do relevo condicionam, assim, as características climáticas da região e determinam o tipo de clima existente, o que, por sua vez, condiciona tanto o manto vegetal e as características dos solos como a maneira de estar e o modo de habitar das gentes.





Flora do PNPG

O coberto vegetal das Serras do Gerês, Amarela, Peneda e Soajo e dos planaltos da Mourela e Castro Laboreiro é dominado por quatro unidades distintas: carvalhais, formações arbustivas (matos), lameiros e vegetação ripícola.
Os carvalhais, com grande expressão na área, ocupam parte dos vales dos rios Ramiscal, Peneda, Gerês e Beredo.
A descrição destes carvalhais que albergam inúmeras riquezas do património florístico esteve na base do estabelecimento de uma Aliança, por Braun-Blanquet, Pinto da Silva & Rozeira (1956), a Quercion occidentale, dominada por carvalho-negral (Quercus pyrenaica Willd) e por carvalho alvarinho (Quercus robur L.). Esta Aliança engloba, na área do PNPG, duas associações definidas pelos mesmos autores: a Rusceto-Quercetum roboris, que ocorre em altitudes mais baixas e em vertentes mais expostas à insolação, e a Myrtilleto-Quercetum roboris, de características mais atlânticas.
Pela abundância, destaca-se na primeira das associações citadas o carvalho-alvarinho, o sobreiro (Quercus suber L.), a gilbardeira (Ruscus aculeatus L.), o padreiro (Acer pseudoplatanus L.) e o azereiro (Prunus lusitanica L. lusitanica), enquanto que na Myrtilleto-Quercetum roboris dominam o carvalho-alvarinho e o carvalho-negral acompanhados pelo arando (Vaccinum myrtillus L.), o medronheiro (Arbutus unedo L.) e o azevinho (Ilex aquifolium L.).
Em altitudes superiores verifica-se a presença de manchas florestais dominadas por carvalho-negral atribuíveis, possivelmente, a Holco-Quercetum pyrenaica Br.-Bl., Pinto da Silva e Rozeira (1956), integrável, de acordo com Rivas-Martínez, na Aliança Quercion robori-petraea Tx. 1937.
Os matos dominantes na zona do Parque Nacional da Peneda-Gerês são os tojais (caracterizado pela presença de Ulex minor e Ulex europaeus), os urzais (dominados por Erica umbellata e Calluna vulgaris), os matos de altitude (com a presença de zimbro-rasteiro Juniperus comunnis ssp. Alpina e Erica australis ssp. aragonensis) e os matos higrófilos compostos por Erica tetralix, U. minor, E. ciliaris, Drosera rotundifolia, Pinguicula lusitanica, Viola palustris ssp. juressi e Molinia caerulea, entre outras.
A vegetação ribeirinha merece destaque não só pela componente florística mas igualmente pelo importante papel que desempenha na estabilização das margens dos cursos de água onde a elevada velocidade da água está associada o forte poder erosivo.
Ocorrem nos cursos de água do Parque Nacional da Peneda Gerês várias plantas consideradas como merecedoras de especial protecção: Woodwardia radicans, Salix repens, Betula pubescens, Spiraea hypericifolia ssp. abovata, Circaea lusitanica, Angelica laevis.
Os lameiros ou prados de lima são prados semi-naturais cuja vegetação se insere na Classe Molinio-Arrhenatherea Tx. 1937. Apresentam composição variável consoante o teor de humidade no solo.
Das 627 espécies referidas para a área em Serra & Carvalho (1989), destacam-se, no âmbito deste relatório, exclusivamente aquelas que “pelas suas características e pelo seu estatuto carecem de medidas de protecção imediata”.Pela contínua procura verificada na área do Parque Nacional da Peneda-Gerês optou-se por inserir nesta lista as espécies actualmente alvo de maior pressão pelo seu interesse medicinal: o androsemo (Hypericum androsaemum), a betónica bastarda (Melittis melissophyllum) e a uva-do-monte (Vaccinium myrtillus).




Fauna do PNPG

Pela associação de uma notável riqueza florística com uma fisiografia singular para Portugal, existe no Parque Nacional da Peneda-Gerês um conjunto de habitats naturais que suportam uma diversificada comunidade faunística.As condições climatéricas desta área protegida, caracterizada por regimes pluviométricos elevados e amplitudes térmicas moderadas, proporcionam uma grande produtividade primária e permitem a manutenção de variados habitats com uma grande diversidade de espécies animais.
Dos invertebrados, grupo até agora pouco conhecido no PNPG, destacam-se, pela sua importância em termos de conservação, duas espécies de borboletas (Euphydryas aurinia e Callimorpha quadripunctata), um escaravelho (Lucanus cervus) e um gastrópode (Geomalacus maculosus).Até ao momento foram recenseadas 235 espécies de vertebrados, o que é bem representativo da diversidade faunística deste grupo, nesta área protegida. Do total, 204 são protegidas ao nível nacional e internacional por convenções e legislação específica. Setenta e uma pertencem à lista de espécies ameaçadas do Livro Vermelho de Vertebrados de Portugal.
Nos cursos de água de montanha e de planalto, onde foram inventariadas 4 espécies de peixes, salientam-se a truta-do-rio (Salmo truta), como a mais abundante e característica, e a enguia (Anguilla anguilla) pelo seu estatuto de conservação, “Comercialmente ameaçada”. Destacam-se ainda outras espécies associadas aos cursos de água, como a toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus), a lontra (Lutra lutra), o melro-de-água (Cinculus cinculus), o lagarto-de-água (Lacerta schereiberi), a rã-ibérica (Rana iberica) e a salamandra-lusitânica (Chioglossa lusitanica). Relativamente à avifauna, estão identificadas 147 espécies.
A diversidade deste grupo varia consideravelmente ao longo do ano e entre diferentes habitats presentes no Parque, pelo facto de muitas destas espécies serem migradoras. Salientam-se pelo seu estatuto de conservação e/ou pela reduzida área de distribuição em Portugal a águia-real (Aquila chrysaetus), a gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax), o bufo-real (Bubo bubo), o falcão-abelheiro (Pernis apivorus), o cartaxo-nortenho (Saxicola rubetra), a escrevedeira-amarela (Emberiza citrinella), o picanço-de-dorso-ruivo (Lanius collurio), e a narceja (Gallinago gallinago) que tem no PNPG o único local de reprodução conhecido para Portugal.
Conhecem-se 15 espécies de morcegos no PNPG, dos quais 10 têm estatuto de ameaça. Destes, 5 estão classificados como em perigo de extinção: morcego-de-ferradura-grande (Rhinolophus ferrumequinum), morcego-de-ferradura-pequeno (Rhinolophus hipposideros), morcego-de-ferradura-mediterrânico (Rhinolophus euryale), morcego-rato-grande (Myotis myotis) e morcego-lanudo (Myotis emarginatus).
O esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris), espécie cuja distribuição era, até há pouco tempo, marginal e pouco conhecida em Portugal, é uma singularidade da fauna de mamíferos do Parque, apresentando populações em franca expansão geográfica.
Salienta-se ainda a ocorrência de espécies com particular importância em termos de conservação da natureza, como a marta (Martes martes), o arminho (Mustela erminea), as víboras (Vipera latastei e Vipera seoanei) e o lobo (Canis lupus), espécie estritamente protegida pela Convenção de Berna e considerada em perigo de extinção em Portugal.O corço (Capreolus capreolus), emblema do Parque Nacional, encontra-se aqui bem representado, com diversos núcleos populacionais em situação favorável.



Habitats do PNPG

Entre os habitats mais característicos do PNPG pode destacar-se:
- o carvalhal, floresta mista de árvores de folha caduca e de folha persistente, onde podemos encontrar espécies emblemáticas da flora, como o azevinho e a orquídea e da fauna, como o corço, a víbora-de-seoane ou a víbora-cornuda;
- os bosques ripícolas, com a presença do teixo, do amieiro, do freixo e do feto-do-gerês, mas também da lontra, do lagarto-de-água, da salamandra-lusitânica ou do sapo-parteiro;
- as turfeiras e matos húmidos, habitats raros e vulneráveis que se desenvolvem em solos encharcados, propícios à existência das bolas-de-algodão, da orvalhinha e da pinguícula, ao nível da flora, e da narceja, do pato-real, da salamandra-de-pintas-amarelas ou do tritão-de-ventre-laranja, ao nível da fauna;
- os matos de substituição, piornais, urzais, carquejais, tojais e giestais, que ocupam antigas áreas de carvalhal, onde podemos encontrar o alho-bravo, a arméria, o lírio-do-Gerês, ou o narciso, mas também o lobo-ibérico, a águia-real, o bufo-real ou a cabra-montesa.


http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007-AP-Geres?res=1024x768

Algumas ligações para consultar:


Percursos pedestres: ver
aqui

Miradouros e Parques de Merenda no PNPG

Miradouros
Território de Melgaço:
Castro Laboreiro
Território de Arcos de Valdevez:
Portela de Tibo
Coto Velho (com sinalização interpretativa)
Território de Terras de Bouro:
Boneca
Junceda
Mirante Novo
Mirante Velho
Fraga Negra
Malhadoura
Território de Montalegre:
Salas
Sinalização interpretativa no Planalto da Mourela (Lama Cova)

Parques de Merenda

Território de Melgaço:
Área de lazer das Veigas (Castro Laboreiro)
Lamas de Mouro

Território de Arcos de Valdevez:
Sr.ª da Paz (Adrão)
Mezio

Território de Ponte da Barca:
Srª da Madalena (fronteira da Madalena)
Corujeiras (Paradamonte)

Território de Terras de Bouro:
Vidoeiro (Gerês)
Pedra Bela
Chelo
Chã do Arado (Ermida)

Território de Montalegre:
Batoca (Pincães)
Carvalhal (Pincães)
Barca (Cabril)
Sr.ª das Neves (Cabril)
Encruzilhadas (Xertelo)
Além do Rio (Barragem de Paradela)
Pitões das Júnias








Podemos viver sem capitalismo ( encontros e palestras com Enric Durán na Galiza)

Este Sistema ( Capitalismo) está quase a deixar de funcionar...

Faz a tua escolha:

Deixá-lo agora

ou

Cair juntamente com ele




Em 17 de Setembro do 2008 Enric Durán anunciou a expropriação de 492.000€ a 39 entidades bancárias para os entregar a alternativas sociais e fugiu de Espanha, voltando logo depois, quando foi detido e pouco depois solto.

Agora está em liberdade e na próxima 4ª feita (28 de Outubro), dará uma palestra no centro da CNT na cidade de Santiago Compostela, às 19:30 horas, na campanha que está a realizar na Galiza durante o mês de Outubro.


Enric Durán explicará as diferentes opções para desenvolver as nossas vidas à margem do capitalismo: greves de aluguer e créditos, bancas éticas, cooperativas... O calendário completo dos encontros é o que se segue:



26 de Outubro - Ourense - CS Sem um cam


27 de Outubro - Vigo - CS A Revolta


28 de Outubro - Compostela - CNT


29 de Outubro - A Corunha - CS Atreu



Manual para a autogestão das nossas vidas:
http://www.sincapitalismo.net/sites/default/files/librito17s@color.pdf


Website:
http://www.sincapitalismo.net/

O Sindicato Andaluz dos Trabalhadores (SAT): a sua origem e a luta sindical que actualmente desenvolve


No início de Outubro elementos da Tertúlia Liberdade deslocaram-se até à Andaluzia para conhecer de perto a experiência do sindicalismo alternativo praticado pelo Sindicato Andaluz dos Trabalhadores (SAT). O SAT é o herdeiro actual de uma longa tradição de luta, nascida ainda no tempo do franquismo, entre os jornaleiros dos campos da Andaluzia e aglutina de forma autónoma e muito combativa 20.000 associados maioritariamente trabalhadores assalariados do campo e pequenos camponeses. Não está filiado em qualquer central sindical, embora tenha conexões com a Confederação Geral do Trabalho (CGT).


Na sua origem está o Sindicato dos Operários do Campo e Meio Rural da Andaluzia (SOC-MRA) fundado em 1976 a partir das Comissões de Jornaleiros, que existiam nas aldeias e povoados, continuando na sua matriz bem viva a tradição libertária do jornaleiro andaluz consubstanciada por exemplo na recusa de eleições sindicais e na prática da acção directa.


Mas a acção do SAT-SOC não se esgota na luta sindical e estende-se hoje às autarquias marcando presença em muitos municípios. Graças à sua grande implantação dirige vilas e aldeias, promove a auto-construção de casas (proporcionando habitações extremamente baratas e confortáveis com rendas entre 15 e 30 Euros mensais), dinamiza explorações agrícolas e fábricas onde existe de facto um autêntico espírito cooperativo. O SAT-SOC funciona de uma forma assemblária e participada defendendo a identidade camponesa das muito exploradas gentes do meio rural da Andaluzia, uma nação com área semelhante à de Portugal e cerca de 8,5 milhões de habitantes, onde a estrutura fundiária predominantemente é o latifúndio.


O SAT-SOC sempre promoveu ocupações de terras e lutas de carácter radical contando com um número muito reduzido de profissionais sindicais. Nos últimos meses sindicalistas do SAT-SOC desenvolveram uma luta intransigente em defesa dos trabalhadores contra o desemprego e a precariedade que contou com inúmeros protestos de rua e ocupações.
As mais mediáticas foram sem dúvida a ocupação da estação de televisão andaluza Canal Sur, o desvio da Volta à Espanha em bicicleta e o corte da circulação do comboio de alta velocidade em Sevilha. Um pouco por toda a Andaluzia dependências bancárias, centros de emprego e delegações do governo foram locais por onde passou a luta dos sindicalistas do SAT-SOC.


O culminar destas lutas aconteceu com a grande manifestação de 4 de Outubro em Sevilha onde se exigiu a Greve Geral. Segundo os organizadores desfilaram nas ruas mais de 15 mil pessoas. Nós, Tertúlia Liberdade, também estivemos lá. Actualmente o SAT-SOC, em conjunto com outras organizações, prepara essa Greve Geral recusando que sejam os mesmos de sempre a pagar a crise engendrada pelo capitalismo.


Por tudo isto são perseguidos pelo governo do PSOE, como foram por todos os outros governos anteriores e enfrentam uma série de ataques que passam pela repressão, processos judiciais e por tentativas de corrupção dos seus dirigentes. No entanto a resistência e os apoios locais são de grande dimensão e nada parece conseguir dominar a tenacidade dos trabalhadores da Andaluzia.


Isto é surpreendente, principalmente se considerarmos que se trata de uma organização bem enraizada no meio rural que procura agora estender a sua influência ao meio urbano sem abdicar da sua luta contra o sistema. Uma luta consequente e sem transigências baseada em princípios herdados do antigo anarco-sindicalismo dos campos da Andaluzia hoje reforçados com a defesa da identidade andaluza.


A constatação que fizemos destes factos levou-nos a decidir divulgá-los e iniciar um trabalho de reflexão sobre este exemplo de luta desconhecido em Portugal. Assim dividimos o nosso trabalho em 3 fases: Interpretação, Divulgação e Apoio. Estamos a iniciar a primeira fase e necessitamos da colaboração de pessoas que nos possam ajudar a perceber o que ali acontece. Por exemplo as diferenças em relação ao sindicalismo em Portugal ou as diferenças relativamente ao Alentejo, que com uma estrutura fundiária semelhante, teve uma evolução bem diversa.


Vimos assim dirigir um convite a todos que, no imediato, nos possam ajudar a interpretar esta realidade e que eventualmente queiram colaborar nas fases posteriores. A ideia que temos é de tentar uma aproximação que pode ser consubstanciada nesta expressão: «A sobre-exploração no século XXI e a resposta revolucionária – o exemplo do SAT-SOC na Andaluzia».


Fotografias:
A Tertúlia Liberdade na Andaluzia


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