5.4.12

A Lei é a Lei - peça em itinerância de Luís Francisco Rebello, com encenação de João Carneiro

25 de Abril de 1974, a Revolução, a história, os factos, os factos ainda desconhecidos.
E as pessoas? E aqueles que faziam cumprir a Lei? Quem eram? Que foi feito deles?

Perguntas sem resposta simples e nunca concreta! Este espectáculo procura dar uma resposta das muitas possíveis. Neste espectáculo assistimos ao julgamento de um desses homens que "apenas" fazia cumprir a Lei!
Sem falsos moralismos, apenas um relato, uma ideia de como poderá ter sido...ou não!

A Lei é a Lei! A desculpa de muitos homens e mulheres que usaram a lei de forma cruel. A falta de oportunidades e não só, obrigava muita gente a trabalhar para a então chamada Policia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE).

Acreditavam que cumpriam o seu dever, e com isso justificavam a crueldade que aplicavam como método para extorquir informações, chegando a atingir a perversidade. Homens treinados para a crueldade, reprimidos ou prisioneiros dos seus medos e consequentemente das suas crenças.

As funções e as regras eram muitas vezes a justificação para descarregar no cidadão comum a frustração que todos sentiam.

Não é difícil imaginar o estado emocional e psicológico a que estes homens chegavam, desequilíbrios profundos.

Esta peça mostra-nos um pouco desse desequilíbrio, este homem está a ser julgado essencialmente pela sua consciência, desenvolve um processo de vitimização que não é difícil entender, mas que não justifica a sua crueldade.

O julgamento foi para muitos um beco sem saída, as mentalidades mudaram, os condenados passaram a condenar, muitos desses homens, vitimas de circunstâncias políticas, são hoje perseguidos por fantasmas que traduzem problemas físicos e psicológicos.

Estreia - Março de 2004 - Centro Cultural Casapiano, Lisboa
Itinerância pelo país -- espectáculo de repertório

Autor: Luis Francisco Rebello
Encenação: João Carneiro
Interpretaçõa: José Lopes
Assist. Encenação: Célia Marta
Produção Executiva: Bárbara Rocha

Manifesto dos Cem Mil Operários da Construção Civil e Obras Públicas


MANIFESTO DOS CEM MIL

Aos Operários da Construção Civil e Obras Públicas!

O presidente da Federação Portuguesa da Indústria da Construção e Obras Públicas (FEPICOP), que dá pelo nome de Ricardo António Pedrosa Gomes, acaba de remeter a Passos Coelho, chefe do governo de traição nacional PSD/CDS, uma carta em que lhe pede que a actividade seja declarada como sector em reestruturação, para o fim de poder beneficiar de um estatuto legal que permite despedir este ano, de imediato, sem demoras escusadas e sem custos, um total de 100.000 (cem mil) trabalhadores, a juntar aos 200.000 (duzentos mil) já despedidos nos últimos dois anos.

O patronato e o governo preparam-se, pois, para liquidar, até começos de 2013, cerca de 70% de todos os postos de trabalho da indústria portuguesa de construção civil e obras públicas.
Vão, assim, ser decretadas a morte do nosso sector e a fome generalizada que afectará mais de um milhão de pessoas, contando os trabalhadores já despedidos e a despedir, com as respectivas famílias, precisamente numa ocasião em que, com o apoio dos traidores da direcção da UGT de João Proença, foram cortados os montantes mensais e globais dos subsídios de desemprego e aumentados todos os preços dos bens essenciais, desde a comida aos medicamentos e dos transportes públicos aos hospitais.

Aquilo que está em preparação, nas costas dos trabalhadores da construção civil e obras públicas, é um verdadeiro cataclismo do sector, com uma vaga de desemprego e de miséria nunca vistos.
Esta política reaccionária de autêntico terrorismo de Estado e do patronato é a mesma política terrorista que o governo tem tentado aplicar aos operários e trabalhadores do sector dos transportes públicos e que tem merecido destes nossos camaradas um combate intransigente e implacável, com greves duras e sucessivas, sem cedências de qualquer espécie.

Para pagar uma dívida pública que nenhum de nós contraiu, não autorizou, nem dela beneficiou, o governo paralisa, um após outro, todos os sectores da actividade industrial do país, conduzindo a nação e o povo para a maior pobreza e a maior miséria de todos os tempos.
Pretende o governo e o patronato despedir-nos sem justa causa, e não apenas despedir-nos, mas também despedir-nos sem pagar qualquer indemnização pelo despedimento nem subsídio de desemprego, e deixando-nos a morrer, com as nossas mulheres e os nossos filhos, num canto da rua como se fôssemos animais.

E tudo isto numa altura em que nos cortou todos os subsídios a que tínhamos direito, consequentes dos descontos efectuados durante anos sobre os nossos salários, e numa ocasião em que aprovou uma nova lei do arrendamento urbano que permite ao senhorio fixar a renda que entender e despejar-nos quando lhe aprouver.


Camaradas!


Nós somos cem mil, os trabalhadores que o governo de traição nacional PSD/CDS pretende, mancomunado com os patrões (Mota Engil, Teixeira Duarte, etc), despedir, sem respeito por qualquer dos direitos entretanto adquiridos com o suor do nosso rosto.
Nós somos uma grande força e temos muita força! Não nos deixamos intimidar!

Organizemo-nos empresa a empresa, estaleiro a estaleiro, local a local de trabalho, e preparemos a luta contra este terrorismo do Estado e do patronato.
Se o sector precisa de reestruturação, então digamos com todas as letras e exijamos com clareza a única reestruturação verdadeiramente consequente: a nacionalização das grandes empresas do sector, colocando-as sob a direcção dos próprios trabalhadores. Nós saberemos gerir o sector em nome dos nossos interesses e do interesse do povo português.

Unamo-nos aos nossos irmãos de classe dos outros sectores de actividade que o governo também pretende liquidar, sob a capa da reestruturação.
Derrubemos o governo de traição nacional PSD/CDS e convoquemos as forças democráticas de esquerda a constituírem, com o apoio dos operários, camponeses, trabalhadores e jovens, um governo democrático e patriótico.

Exijamos aos nossos sindicatos que preparem e convoquem, desde já, a greve geral do sector da construção civil e obras públicas, como resposta à política terrorista dos despedimentos em massa, que está em preparação pelo patronato e pelo governo.

Se os sindicatos existentes não cumprirem esta tarefa, deverá então constituir-se imediatamente um novo sindicato dos operários da construção civil e obras públicas, independente, coeso, unido e forte, para organizar a greve geral do sector.


Ergamo-nos contra o roubo do nosso trabalho, dos nossos salários e dos nossos subsídios pelo patronato e pelo governo!


Os operários da construção civil e obras públicas vencerão!

Os Cem Mil