12.10.05

Dia da Resistência Indígena ( 12 de Outubro)


A chegada de Colombo à América em 1492 continua envolta de polémica. Uns consideram-na como o início da «civilização» nestas terras. Mas para os povos índios tal facto representa o começo de uma guerra de extermínio sob as mais diversas formas de colonialismo. Não obstante, passados 500 anos muitos povos indígenas preservam ainda a sua cultura graças à resistência que oferecem à penetração do capitalismo nas suas terras.
Há algum tempo o parlamento do povo Aymara declarou o dia 12 de Outubro como «dia da desgraça» ao recordar os «cinco séculos em que as nossas liberdade têm sido subjugadas».
Outros povos indígenas ratificaram este sentimento ao declararem que o colonialismo não acabou com as legítimas aspirações à livre determinação dos povos, alguns deles milenares e com uma civilização e uma cultura cósmica.
Daí que nos últimos anos a data do 12 de Outubro se tenha convertido no símbolo da reconquista cultural e política dos povos indígenas.
A luta então desencadeada fez com que, por exemplo, nas celebrações do Quinto Centenário de 1992 a ideia do «descobrimento » da América tivesse que ser substituída por «encontro dos dois mundos».
Conseguiu-se mesmo dar maior visibilidade ao ponto de vista dos povos oprimidos e à sua reivindicação face ao domínio colonial.
As organizações indígenas qualificam de etnocídeo as invasões europeias e declaram «não terem sido conquistadas», apesar da brutal exploração, roubo de terras e despojo de autonomia e marginalização a que os seus povos foram sujeitos. Sem esquecer as estratégias de sobrevivência e de resistência dos povos indígenas, assim como das rebeliões que protagonizaram.
No dia 12 de Outubro de 1992 várias e multitudinárias manifestações em todo o continente americano marcaram um novo ciclo de lutas. Nesse dia em San Cristóbal de las Casas, vestidos com os seus trajes, e com corpos pintados, armados com arcos e flechas, cerca de 10 mil indígenas tomaram a cidade e derrubaram a estátua do conquistador Diego de Mazariegos, símbolo da opressão na região. Na sua Primeira Declaração da Selva Lacandona o Exército Zapatista de Libertação Nacional apelou à resistência indígena.
De norte a sul do continente os povos reivindicaram os seus direitos territoriais e agrários, defendendo os seus recursos naturais, terras, identidades culturais, línguas e autodeterminação.
Tudo isto levou a Organização das Nações Unidas a reconhecer a pluralidade cultural e étnica das sociedades e proclamou-se a Década dos Povos Indígenas ( 1995-2004)
Hoje em dia cada vez mais se questiona a humilhação infligida aos índios, bem como a ideia peregrina de que são um «obstáculo ao progresso»,«que são atrasados» e «incivilizados», preconceitos que teimam em subsistir, apesar de tudo.
Não poucas vezes exalta-se o esplendor do passado indígena ao mesmo tempo que se despreza e se marginalizam os indígenas vivos na actualidade, relegando-os para o domínio do puro folclore.
Por isso e por muito mais é que a data de 12 de Outubro é um dia para recordar a resistência indígena, e a sua luta pelo reconhecimento das suas identidades e formas de vida, dos seus territórios e recursos naturais. Do Chile ao Canadá, passando pela Bolívia, Equador, Brasil, Colômbia, América Central e México os índios levantam a sua voz para tomar nas suas mãos a história a que têm direito.

Adaptação de um texto de:
http://www.globalizate.org/jor101005.html


Reunião do Parlamento Indígena em Quito

Na terça feira ( dia 11 de Outubro) líderes e congressistas indígenas das Américas vão abrir a primeira sessão do Parlamento Indígena, em Quito. Nesta cidade equatoriana, vão debater uma posição sobre acordos firmados entre os diversos países.
O Parlamento Indígena, que será aberto nas vésperas da data em que se lembra a Conquista Europeia, 12 de Outubro, tratará de temas como a integração regional e também as negociações de livre comércio com os Estados Unidos. Os participantes adoptarão uma só posição e vão pedir a inclusão do Parlamento Indígena na Comunidade Sul-Americana das Nações. Vão discutir ainda estratégias para evitar a exclusão em que vivem há 500 anos. Outro tema de debate entre os deputados será a Alternativa Bolivariana para as Américas, Alba, e a possibilidade de que os indígenas endossem a iniciativa do presidente venezuelano Hugo Chavez. O Parlamento Indígena tem sua sede principal na Nicarágua e conta com representantes da Argentina, Bolívia, Canadá, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador e Estados Unidos. E ainda El Salvador, Guatemala, Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Venezuela.