27.3.11

Iraque -8 anos de ocupação (sessão no Porto com Haifa Zangana, no dia 28 de Março, às 18h.)



Iraque - 8 anos de ocupação


O Movimento Pela Paz organiza uma sessão no Porto sobre o tema Iraque - 8 anos de ocupação, com a presença de Haifa Zangana.


Dia 28 de Março, 2ª feira, às 18 horas, no SINAPSA (Rua Breiner, 259, Porto)


Haifa Zangana (nascida em 1950 em Bagdad) é uma escritora, artista e activista política iraquiana. Cresceu em Bagdad e licenciou-se em 1974 na faculdade de Farmácia da Universidade de Bagdad. No início da década de 1970, enquanto membro do Partido Comunista Iraquiano, foi presa pelo regime dirigido pelo Partido Baas. Depois de libertada permaneceu no Iraque e terminou os estudos. Integrou-se na Organização de Libertação da Palestina, tendo sido responsável pela equipa farmacêutica, deslocando-se então entre a Síria e o Líbano em 1975. Foi para o Reino Unido em 1976. Como escritora e como pintora, colaborou, nos anos 1980, em várias publicações europeias e norte-americanas e participou em exposições colectivas e individuais em Londres e na Islândia.


Publicou as seguinte obras:

City of Widows, An Iraqi Woman\\\'s Account of War and Resistance (2008),

Seven Stories Press NY War With No End (2007),

Verso Not One More Death (2006),

Verso Women on a Journey: Between Baghdad and London (2001)

Keys to a City (2000)

The Presence of Others (1999)

Beyond What the Eye Sees (1997)

Through the vast halls of memory (1991)

Colabora regularmente em publicações europeias e árabes como The Guardian, Red Pepper, Al Ahram e Al Quds (onde publica comentários semanais).

É membro fundador da Associação Internacional de Estudos Iraquianos Contemporâneos. Faz parte do conselho consultivo do Tribunal de Bruxelas sobre o Iraque (Brussel’s Tribunal on Iraq). Integra a organização Women Solidarity for an Independent and Unified Iraq (WSIUI). Em nome desta organização e da Iraq Occupation Focus (IOF), apresentou, em Setembro de 2009, perante o Comité dos Direitos Humanos das Nações Unidas, em Genebra, o documento A report on the situation of women and children in occupied Iraq (Um Relatório sobre a Situação das Mulheres e das Crianças no Iraque Ocupado).

Biopolítica e dispositivos mediáticos: para uma descrição das relações de poder na contemporaneidade - é o tema da 12º oficina do pensável (dia 31/3 )

Realiza-se na próxima quinta-feira, dia 31 de Março, pelas 21h30, na Universidade Popular do Porto, a 12a Oficina do Pensável.


A entrada é livre, estando apenas sujeita a inscrição via correio electrónico para: oficinasdopensavel@gmail.com


Tema: Biopolítica e dispositivos mediáticos: para uma descrição das relações de poder na contemporaneidade.


Dinamizador: Luís Carneiro



Nesta oficina, após a apresentação do conceito, proposto por Michel Foucault, de biopolítica – conceito que ilustra o tipo de racionalidade política emergente no século XVIII com a introdução de um vasto conjunto de técnicas e procedimentos tendentes à regulação e controlo das populações -, veremos de que modo pode ele ser pensado na contemporaneidade, nomeadamente a par do desenvolvimento dos mass media, dos meios de comunicação, da cibernética e das tecnologias digitais.


Uma hipótese condutora será a da progressiva virtualização e desterritorialização da própria vida, na medida mesma da sua captura pelas técnicas biopolíticas características do Capitalismo tardio. De forma a explicitar o modo de procedimento desta captura analisaremos também o conceito de dispositivo, termo técnico desenvolvido por Michel Foucault, compreendendo em si um conjunto heterogéneo de coisas tais como discursos, instituições, edifícios, leis, medidas policiais, proposições filosóficas, etc., e mais especificamente o de dispositivo mediático, pensado como aquilo que, mediatizando toda a relação do homem consigo mesmo, com o outro e com o mundo, possui a capacidade de modelar, esquematizar, assegurar e controlar gestos, comportamentos, condutas e opiniões.


Para tal, veremos de que maneira, na esteira do trabalho de Giorgio Agamben, a figura jurídica do estado de excepção – totalmente extremada como paradigma do Nazismo -, progressivamente tornada norma na contemporaneidade, potencia a proliferação desmesurada dos dispositivos e a sua aplicação a uma vida nua – nem a vida natural da espécie, puramente biológica, nem a vida política e culturalmente qualificada, mas um limiar de indistinção entre uma e outra, entre facto e direito.


Por fim, mobilizaremos o pensamento no sentido de uma restituição ao uso comum das potencialidades capturadas nos dispositivos e no de uma resistência propriamente política a estas formas de controlo.


Universidade Popular do Porto

R. Ausgusto Luso, 167 -1º Porto


Concentração realizada hoje em Almaraz exige encerramento da central nuclear situada junto do rio Tejo

32 anos após acidente de Three Mile Island - Concentração em Almaraz exige encerramento de central nuclear

No próximo dia 28 de Março cumprem-se 32 anos do acidente de Three Mile Island (TMI), em Harrisburg, nos EUA. Uma fusão parcial do reactor provocou grandes emissões de gases radioactivos para a atmosfera, as quais nunca foram quantificadas, nem analisados os seus efeitos na população. Os efeitos do acidente de Fukushima Daichii, com a situação ainda longe de ser resolvida, superam largamente os de TMI. Para assinalar a data, várias centenas de espanhóis e portugueses concentraram-se este Domingo em Almaraz, para exigir o encerramento da central nuclear a 100 km da fronteira portuguesa.


O acidente de Three Mile Island

O reactor TMI-2 sofreu graves danos e uma emissão de gases radioactivos que afectou cerca de 25 mil pessoas. Foi classificado como nível 5 na escala INES. O acidente de TMI começa com uma falha do circuito secundário, que resultou num aumento da temperatura do reactor. Nesse momento, um operador tomou uma decisão errada e introduziu grandes quantidades de água fria no circuito primário de refrigeração, na tentativa de baixar a temperatura. Contudo, esta água ferveu, formando borbulhas de vapor.

Além disso produziu-se hidrogénio, tal como em Fukushima, que foi necessário ventilar para evitar uma explosão dentro da contenção. Esta ventilação deu lugar a uma nuvem radioactiva. Não foi possível evitar uma fusão do núcleo e foi necessário lançar água e areia para o seu interior. Ainda que esta sequência de acontecimentos fosse improvável, ela acabou por produzir-se, com efeitos catastróficos.

Situação em Fukushima é muito grave

32 anos depois, o acidente de Fukushima já provocou, pelo menos, uma fusão parcial de três reactores (números 1, 2 e 3) e emissões procedentes da piscina de combustível usado do reactor número 4. As emissões de trítio, iodo e césio já superam - e continuam a aumentar - em várias vezes a magnitude da catástrofe da central norte-americana e, consoante as estimativas, alcançam níveis entre 10% a 50% das emissões de Chernobil (Ucrânia). Hoje foi detectada radioactividade 10 milhões de vezes acima do limite na água junto ao reactor.

A radioactividade medida na água e no leite em mais de três vezes os níveis permitidos, num raio de 40 km da central. Os legumes apresentam concentrações radioactivas cerca de 30 vezes acima do permitido, sendo que nalguns pontos foram encontradas concentrações de césio-137 3 000 vezes acima dos valores permitidos. Isto é grave, dado que a vida média deste isótopo é de 30 anos, o que significa que tardará cerca de 300 anos a desaparecer. Além disso, a situação torna imprescindível o controlo de peixe e moluscos, dado que a água contaminada pela refrigeração dos reactores escoou para o mar. Como se tudo isto fosse pouco, foi detectada contaminação radioactiva em cinco estações de tratamento de água em Tóquio e existe a preocupação na Coreia e China de que a nuvem transporte quantidades significativas de radioactividade para estes países.

As Nações Unidas consideram que a evolução da situação é imprevisível e que esta crise nuclear deverá prolongar-se por alguns meses. Vários especialistas já classificaram o acidente de Fukushima no nível 7 da INES, o mesmo que Chernobil e o máximo da escala.

Protesto exige encerramento de central nuclear de Almaraz, a 100 km da fronteira A indústria nuclear anuncia, à semelhança do que fez em acidentes anteriores, que aprenderá com os erros e os corrigirá para que as centrais sejam mais seguras. Vários acidentes se sucederam desde então e o lobby pró-nuclear ainda não percebeu a questão central - que a segurança absoluta não existe e que determinados acontecimentos, por mais improváveis que sejam, acabam por produzir-se.

A pergunta que deve fazer-se não apenas à indústria nuclear, mas a toda a sociedade é: se podemos prescindir da energia nuclear, porquê continuar a manter este imenso perigo? A associação espanhola Ecologistas en Acción elaborou uma proposta de geração de energia eléctrica para 2020, na qual é demonstrado como se pode prescindir da energia nuclear e do carvão, mantendo coberta a procura, de forma ininterrupta, ao longo de todo o ano. Desta forma, poderia libertar-se a Península Ibérica do risco que constitui o funcionamento dos 8 reactores nucleares, eliminando a possibilidade de desastres com o de Fukushima, no Japão.

Para assinalar o aniversário do acidente de Three Mile Island, decorreram hoje acções de protesto junto das centrais nucleares de Garoña y Almaraz. Vários portugueses juntaram-se à concentração de mais de 300 pessoas em Almaraz, para exigir o fim da ameaça que constitui a presença para de reactores nucleares na Península Ibérica. A principal preocupação centra-se no reactor de Almaraz, a 100 km da fronteira, embora um acidente em qualquer central Ibérica (ou mesmo noutros pontos da Europa) possa resultar em impactos muito graves no território português.


Para mais informações:

AZU - José Moura: (+351) 932039759

Ecologistas en Acción - Javier González (Área de Energía): (+34) 679 27 99 31 Francisco Castejón (Campaña Antinuclear): (+34) 639 10 42 33

GAIA - Gualter Barbas Baptista: (+351) 919090807

Quercus - Susana Fonseca: (+351) 937788471

http://gaia.org.pt/

Abraço ao Tua, em defesa da linha e do rio (27 de Março)


Para hoje, 27 de Março, pelas 15h na foz do rio TUA, está convocado um ABRAÇO ao TUA.
Com este ABRAÇO ao TUA queremos expressar a profunda admiração que nutrimos pela beleza natural do rio e a harmonia que a Linha do Tua serpenteou ao longo de uma paisagem cheia de cor e vida.

O objectivo é juntar todos os defensores da paisagem, do rio e da Linha do Tua para um Abraço ao Tua, e intencionamos expressar o nosso descontentamento em relação à decisão política de avançar com a construção da barragem no Tua que implica a submersão do Vale e destruição da Linha do Tua.

Sabendo que esta barragem irá afectar, de modo irremediável, a qualidade de vida das pessoas que vivem na Região de Trás-os-Montes e Alto Douro, perpetuando o abandono desta região do país e a falta de perspectivas de futuro para a sua população surgimos em defesa da Linha e Vale do Tua e censuramos a construção da barragem devido a todas as consequências negativas que acarreta.

Para além de defender o interesse público, queremos impedir a descaracterização do Património Natural e Paisagístico do Vale do Tua e o Património Mundial do Douro Vinhateiro classificado pela UNESCO. É necessário realçar que os impactos da construção desta barragem são graves: viola a Directiva Quadro da Água; implica a submersão da linha ferroviária e de centenas de hectares de vinha e olivais que fazem parte da Região Demarcada do Douro, afectando irremediavelmente a Agricultura e a base económica da região; e impede a ligação ferroviária à Linha do Douro.

Defendemos uma política justa e participativa e queremos uma vez mais demonstrar que a construção da barragem do Tua é um erro político que deve ser corrigido pela sociedade civil. Assim expressamos o nosso descontentamento por políticas que levam à exclusão das pessoas que vivem no interior do país e apelamos a todos os cidadãos conscientes da negligência política em relação à região de Trás-os-Montes e Alto Douro a manifestarem-se contra a construção da barragem na Foz do Tua e contra o desaproveitamento das Linhas Férreas, do Turismo, da Agricultura e do Comércio Local.

É de conhecimento público que a construção da barragem no Tua é um erro político que irá criar uma instabilidade social, cultural e económica cada vez maior que não pode avançar porque irá agravar a crise política e económica que Portugal atravessa. Acreditamos que a região de Trás-os-Montes e Alto Douro tem um potencial único que deve ser desenvolvido.

É nosso dever preservar a herança cultural, ecológica, arquitectónica, histórica e humana da Linha do Tua que existe há mais de 123 anos e pode ser reactivada, promovendo o Turismo e possibilitando a deslocação diária de pessoas que vivem entre Bragança, Mirandela e Tua. Por isso queremos que o Governo reconheça a importância da Linha e Vale do Tua a nível regional, nacional e internacional e que reconheça que um projecto de requalificação desta linha trará maiores benefícios a Portugal.

Por tudo isto, dia 27, queremos mostrar que “Há Vida no Tua” e apelámos a todos a participar no Abraço de Solidariedade com as pessoas que vivem na Região de Trás-os-Montes e Alto Douro e que dependem deste Bem Comum.

Além do Abraço, vamos organizar uma caminhada ao longo de parte da linha, bem como outras actividades durante o dia. Portugal, 24 de Março de 2011

As Direcções Nacionais Associação dos Amigos do Vale do Rio Tua, Campo Aberto, COAGRET, GAIA, Movimento de Cidadãos de Defesa da Linha do Tua, QUERCUS

Para mais informações contactar: Nuno Pereira: 912 621 945 Graciela Nunes: 919429742 André Studer: 965698370

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2011, por Jessica Kaahwa

Mensagem do Dia Mundial do Teatro 2011

Este é o momento exacto para uma reflexão sobre o imenso potencial que o Teatro tem para mobilizar as comunidades e criar pontes entre as suas diferenças.

Já, alguma vez, imaginaram que o Teatro pode ser uma ferramenta poderosa para a reconciliação e para a paz mundial?

Enquanto as nações consomem enormes quantidades de dinheiro em missões de paz nas mais diversas áreas de conflitos violentos no mundo, dá-se pouca atenção ao Teatro como alternativa para a mediação e transformação de conflitos. Como podem todos os cidadãos da Terra alcançar a paz universal quando os instrumentos que se deveriam usar para tal são, aparentemente, usados para adquirir poderes externos e repressores?

O Teatro, subtilmente, permeia a alma do Homem dominado pelo medo e desconfiança, alterando a imagem que têm de si mesmos e abrindo um mundo de alternativas para o indivíduo e, por consequência, para a comunidade. Ele pode dar um sentido à realidade de hoje, evitando um futuro incerto.

O Teatro pode intervir de forma simples e directa na política. Ao ser incluído, o Teatro pode conter experiências capazes de transcender conceitos falsos e pré-concebidos.

Além disso, o Teatro é um meio, comprovado, para defender e apresentar ideias que sustentamos colectivamente e que, por elas, teremos de lutar quando são violadas.

Na previsão de um futuro de paz, deveremos começar por usar meios pacíficos na procura de nos compreendermos melhor, de nos respeitarmos e de reconhecer as contribuições de cada ser humano no processo do caminho da paz. O Teatro é uma linguagem universal, através da qual podemos usar mensagens de paz e de reconciliação.

Com o envolvimento activo de todos os participantes, o Teatro pode fazer com que muitas consciências reconstruam os seus conceitos pré-estabelecidos e, desta forma, dê ao indivíduo a oportunidade de renascer para fazer escolhas baseadas no conhecimento e nas realidades redescobertas.

Para que o Teatro prospere entre as outras formas de arte, deveremos dar um passo firme no futuro, incorporando-o na vida quotidiana, através da abordagem de questões prementes de conflito e de paz.

Na procura da transformação social e na reforma das comunidades, o Teatro já se manifesta em zonas devastadas pela guerra, entre comunidades que sofrem com a pobreza ou com a doença crónica.

Existe um número crescente de casos de sucesso onde o Teatro conseguiu mobilizar públicos para promover a consciencialização no apoio às vítimas de traumas pós-guerra.

Faz sentido existirem plataformas culturais, como o [ITI] Instituto Internacional de Teatro, que visam consolidar a paz e a amizade entre as nações.

Conhecendo o poder que o Teatro tem é, então, uma farsa manter o silêncio em tempos como este e deixar que sejam “guardiães” da paz no nosso mundo os que empunham armas e lançam bombas.

Como podem os instrumentos de alienação serem, ao mesmo tempo instrumentos de paz e reconciliação?

Exorto-vos, neste Dia Mundial do Teatro, a pensar nesta perspectiva e a divulgar o Teatro, como uma ferramenta universal de diálogo, para a transformação social e para a reforma das comunidades.

Enquanto as Nações Unidas gastam somas colossais em missões de paz com o uso de armas por todo o mundo, o Teatro é uma alternativa espontânea e humana, menos dispendiosa e muito mais potente.

Não será a única forma de conseguir a paz, mas o Teatro, certamente, deverá ser utilizado como uma ferramenta eficaz nas missões de paz.


Jessica Kaahwa ( do Uganda) Makerere University

Department of Music, Dance and Drama

http://www.world-theatre-day.org/
http://www.iti-worldwide.org/