Realiza-se na próxima quinta-feira, dia 31 de Março, pelas 21h30, na Universidade Popular do Porto, a 12a Oficina do Pensável.
A entrada é livre, estando apenas sujeita a inscrição via correio electrónico para: oficinasdopensavel@gmail.com
Tema: Biopolítica e dispositivos mediáticos: para uma descrição das relações de poder na contemporaneidade.
Dinamizador: Luís Carneiro
Nesta oficina, após a apresentação do conceito, proposto por Michel Foucault, de biopolítica – conceito que ilustra o tipo de racionalidade política emergente no século XVIII com a introdução de um vasto conjunto de técnicas e procedimentos tendentes à regulação e controlo das populações -, veremos de que modo pode ele ser pensado na contemporaneidade, nomeadamente a par do desenvolvimento dos mass media, dos meios de comunicação, da cibernética e das tecnologias digitais.
Uma hipótese condutora será a da progressiva virtualização e desterritorialização da própria vida, na medida mesma da sua captura pelas técnicas biopolíticas características do Capitalismo tardio. De forma a explicitar o modo de procedimento desta captura analisaremos também o conceito de dispositivo, termo técnico desenvolvido por Michel Foucault, compreendendo em si um conjunto heterogéneo de coisas tais como discursos, instituições, edifícios, leis, medidas policiais, proposições filosóficas, etc., e mais especificamente o de dispositivo mediático, pensado como aquilo que, mediatizando toda a relação do homem consigo mesmo, com o outro e com o mundo, possui a capacidade de modelar, esquematizar, assegurar e controlar gestos, comportamentos, condutas e opiniões.
Para tal, veremos de que maneira, na esteira do trabalho de Giorgio Agamben, a figura jurídica do estado de excepção – totalmente extremada como paradigma do Nazismo -, progressivamente tornada norma na contemporaneidade, potencia a proliferação desmesurada dos dispositivos e a sua aplicação a uma vida nua – nem a vida natural da espécie, puramente biológica, nem a vida política e culturalmente qualificada, mas um limiar de indistinção entre uma e outra, entre facto e direito.
Por fim, mobilizaremos o pensamento no sentido de uma restituição ao uso comum das potencialidades capturadas nos dispositivos e no de uma resistência propriamente política a estas formas de controlo.
Universidade Popular do Porto