10.9.08

Siné Hebdo – o novo jornal satírico de orientação libertária, lançado hoje por Siné em França, teve a sua edição de 150.000 exemplares esgotada

Foi lançado esta 4ªfeira em França um jornal satírico de orientação libertária, Siné Hebdo, com uma primeira edição de 150.000 exemplares que rapidamente se esgotaram no primeiro dia do seu lançamento.

Siné Hebdo , que leva o nome do seu fundador, é criado por um dos grandes desenhadores franceses, assumidamente anarquista, anti-sionista, pacifista, não-violento e representante do espírito de Maio de 68.


Recorde-se que Siné foi despedido em Junho último de uma outra publicação satírica, Charlie Hebdo, por motivos declaradamente políticos que se prendem com a posição de Siné contra o Sionismo de Israel e a sua atitude crítica face ao actual Presidente francês. O pretexto próximo para o despedimento terá sido um desenho de Siné em que se pretendia relacionar a rápida ascenção social de Jean Sarkozy, filho do actual Presidente francês, com o facto daquele se ter convertido supostamente à religião judaica.


A nova publicação, que conta entre os seus colaboradores com nomes como Bedos, Alévêque, Delépine, Gaccio, Berroyer, Geluck, Mix & Remix, Tardi ou Vuillemin, tem 16 páginas a cores, formato tablóide, e anuncia--se como uma revista "de humor, libertária e mal-educada", que não "respeitará ninguém nem terá nenhum tabu".





Lembrar-se-ão do dia 10 de Setembro



Pistas práticas para cuidar da Terra (I e II) por Leonardo Boff ( um dos principais autores da Teologia da Libertação)


Dois princípios são fundamentais na superação da actual crise pela qual passa o planeta Terra: a sustentabilidade e o cuidado.

A sustentabilidade, assentada na razão analítica, tem a ver com tudo o que é necessário para garantir a vida e sua reprodução para as actuais e as futuras gerações.

O cuidado, fundado na razão sensível e cordial refere-se aos comportamentos e às relações para com as pessoas e para com a natureza, marcadas pelo respeito à alteridade, pela amorosidade, pela cooperação, pela responsabilidade e pela renúncia a toda espécie de agressividade.

Articulando estes dois princípios poderemos devolver equilíbrio e vitalidade à Terra.
Oferecemos algumas sugestões práticas no sentido de cada um fazer a sua revolução molecular (Guatarri): aquela que começa pela própria pessoa, base para a grande virada de todo o sistema. Eis algumas:

Alimente sempre a convicção e a esperança de que outra relação para com a Terra é possível, mais em harmonia com seus ciclos e respeitando os seus limites.

Acredite que a crise ecológica não precisa se transformar numa tragédia, mas numa oportunidade de mudança para um outro tipo de sociedade mais respeitadora e includente.

Dê centralidade ao coração, à sensibilidade, ao afecto, à compaixão e ao amor, pois são estas dimensões que nos mobilizam para salvar a Mãe Terra e seus ecossistemas.

Reconheça que a Terra é viva, mas finita, semelhante a uma nave espacial, com recursos escassos e limitados.

Resgate o princípio da re-ligação: todos os seres, especialmente, os vivos, são interdependentes, e por isso têm um destino comum. Devem conviver fraternalmente entre si.

Valorize a biodiversidade e cada ser vivo ou inerte, pois tem valor em si mesmo independentemente do uso humano.

Reconheça as virtualidades contidas no pequeno e no que vem de baixo, pois aí podem estar contidas soluções globais.

Quando não encontrar uma solução, confie na imaginação criativa, pois ela esconde em si respostas surpreendentes.

Tome a sério o fato de que para os problemas da Terra não há apenas uma solução, mas muitas que devem surgir do diálogo, das trocas e das complementariedades entre todos.

Exercite o pensamento lateral, quer dizer, coloque-se no lugar do outro e tente ver com os olhos dele. Assim verá dimensões diferentes e complementares da realidade.

Respeite as diferenças culturais (cultura camponesa, urbana, negra, indígena, masculina, feminina etc), pois todas elas mostram formas diversas de sermos humanos.

Supere o pensamento único do saber dominante e valorize os saberes quotidianos, do povo, dos indígenas e dos camponeses porque corroboram na busca de soluções globais.

Cobre que as práticas científicas sejam submetidas a critérios éticos a fim de que as conquistas beneficiam mais à vida e à humanidade que ao mercado e ao lucro.

Não deixe de valorizar a contribuição das mulheres porque são portadoras naturais da lógica da complexidade e são mais sensíveis a tudo o que tem a ver com a vida.

Faça uma opção consciente por uma vida de simplicidade que se contrapõe ao consumismo.
Pode-se viver melhor com menos, dando mais importância ao ser que ao ter e ao aparecer.

Cultive os valores intangíveis quer dizer, aqueles bens relacionados à espiritualidade, à gratuidade, à solidariedade, à cooperação e à beleza como os encontros pessoais, as trocas de experiências, o cultivo das artes especialmente da música.

Mais que parte do problema, considere-se parte de sua solução.

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Pistas práticas para cuidar da Terra ( II)

No artigo anterior referimos pistas práticas que tinham a ver com a mudança da mente ou do olhar. Agora importa considerar as mudanças das práticas da vida quotidiana:

Procure em tudo o caminho do diálogo e da flexibilidade porque é ele que garante o ganha-ganha e é uma forma de diminuir os conflitos e até poder resolvê-los.

Valorize tudo o que vem da experiência, dando especial atenção aos que não são ouvidos pela sociedade.

Tenha sempre em mente que o ser humano é um ser contraditório, sapiente e ao mesmo tempo demente; por isso seja crítico e simultaneamente compreensivo.

Tome a sério o facto de que as virtualidades cerebrais e espirituais do ser humano constituem um campo quase inexplorado. Por isso sempre esteja aberto à irrupção do improvável, do inconcebível e do surgimento de emergências.

Por mais problemas que surjam, a democracia sem fim é sempre a melhor forma de convivência e de superação de conflitos, democracia a ser vivida na família, a comunidade, nas relações sociais e na organização do estado.

Não queime lixo e outro dejectos, pois eles fazem aumentar o aquecimento global. Eles podem ser reciclados.

Avise as pessoas adultas ou as autoridades quando souber de desmatamentos, incêndios florestais, comércio de bromélias, plantas exóticas e de animais silvestres.

Ajude a manter um belo visual de sua casa, da escola ou do local de trabalho, pois a beleza é parte da ecologia integral.

Anime grupos para que no bairro se crie um veículo de comunicação, uma folha ou um pequeno jornal, para debater questões ambientais e sociais e acolher sugestões criativas.

Fale com frequência em casa, com os amigos, com os moradores de seu prédio e na rua sobre temas ambientais e de nossa responsabilidade pelo bem viver humano e terrestre.

Reduzir, reutilizar, reciclar, rearborizar, rejeitar (a propaganda espalhafatosa), respeitar e se responsabilizar. Estes 7 erres (r) nos ajudam a sermos responsáveis face à escassez de bens naturais e são formas de sequestrar dióxido de carbono e outros gases poluentes da atmosfera.

O Pe. Cícero Romão Batista, um dos ícones religiosos do povo do Nordeste do Brasil, elaborou, no início do século XX, dez preceitos de conteúdo ecológico:

-“Não derrube o mato nem mesmo um só pé de pau.

-Não toque fogo no roçado nem na caatinga.

-Não cace mais e deixe os bichos viverem.

-Não crie o boi nem o bode soltos: faça cercados e deixe o pasto descansar para que possa se refazer.

-Não plante serra acima, nem faça roçado em ladeira muito em pé; deixe o mato protegendo a terra para que a água não a arraste e para que não se perca a sua riqueza.

-Faça uma cisterna no canto de sua casa para guardar a água da chuva.

-Represe os riachos de cem em cem metros ainda que seja com pedra solta.

-Plante cada dia pelo menos um pé de árvore até que o sertão seja uma mata só.

-Aprenda a tirar proveito das plantas da caatinga.

Se o sertanejo obedecer a estes preceitos, a seca vai se acabando, o gado melhorando e o povo terá o que comer. Mas, se não obedecer, dentro de pouco tempo, o sertão todo vai virar um deserto só”.

Estas práticas nos dão a esperança de que as actuais dores não são de morte mas de um novo nascimento. A vida triunfará.

Guardiões de Sementes – em defesa das variedades regionais de sementes e da agricultura camponesa


No final deste Verão, mais concretamente, no passado fim de semana ( 6 e 7 de Setembro) realizou-se na Quinta do Olival, Aguda, perto de Figueiró dos Vinhos, um encontro entre as pessoas que se ofereceram para serem futuros Guardiões de Sementes.

Tratou-se de um fim de semana em que a «COLHER PARA SEMEAR – Rede Portuguesa de Variedades Regionais», uma jovem associação, pretendeu sensibilizar e formar cerca de 40 pessoas no sentido de que a recolha e reprodução de sementes perdure e se expanda.

Foi assim possível assistir a demonstrações de processos que visam preservar e manter a variedade das sementes naturais, como por exemplo, a extracção de sementes de tomate e pepino onde é necessário um tratamento de fermentação, ou da extracção das sementes de beringela, a limpeza de sementes pesadas com água ou a limpeza pela joeira própria para aquelas sementes mais leves. Foi também ocasião para se poder recolher as preciosas sementes e produtos agrícolas e passar à sua degustação.

Fez-se ainda a descasca do feijão na eira, com cuidado para não causar o caos entre tantas variedades, cautelosamente assinaladas desde a horta, à saca de recolha até ao frasco para armazenar no banco de sementes.

No final foi agendado um novo Encontro da Semente, a realizar proximamente em Sendim.







CONTRA O NEGÓCIO DAS SEMENTES
PELA DEFESA DO PATRIMÓNIO E DA DIVERSIDADE DAS SEMENTES


Em 1984, um estudo levado a cabo pela Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) concluiu que a perda de biodiversidade agrícola ronda os 75% em todo o mundo.

O inimigo público número um está claramente identificado: o negócio das sementes. Seria de imaginar que um produtor de abóboras, por exemplo, utilizasse sementes de cada colheita para plantar a seguinte, não? O pior é que esse produtor iniciou a sua actividade com sementes de uma marca multinacional, à falta de um pequeno comerciante local, como os que havia antigamente, e ao fim de uma ou duas colheitas constatou que as sementes que colhia já haviam perdido a capacidade de germinar. Resultado: teve que voltar a comprar sementes (à mesma marca multinacional, ou a outra em tudo semelhante). Sementes híbridas, ou até geneticamente modificadas, para medrarem em qualquer ponto do planeta. O negócio é milionário, mas a factura pesa cada vez mais nas contas da Mãe Natureza


José Miguel da Fonseca, de Figueiró dos Vinhos, Graça Ribeiro, de Sesimbra e José Pedro Raposo, de Ferreira do Alentejo, agricultores e guardiões de sementes, são fundadores da Colher para Semear. A partir de um aturado trabalho de investigação, e de muito contacto directo com os pequenos agricultores pelo país afora, foram conquistando sócios e solidificando a Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais.


Contactos:

Colher Para Semear - Rede Portuguesa de Variedades Tradicionais
Quinta do Olival, Aguda
3260 Figueiró dos Vinhos


José Miguel Fonseca - 236 622 218
Graça Ribeiro - 91 490 9334
fcteixeira@esb.ucp.pt


gcaldeiraribeiro@gmail.com




Para saber mais:

http://biorege.weblog.com.pt/

http://www.redsemillas.info/

http://www.semencespaysannes.org/index.php

http://www.redsemillas.info/

www.semirurali.net/modules/home/index.php?content_id=1

http://www.farmseed.net/home/

http://www.semences.ca/fr.php

http://www.terredesemences.com/

Reentrada no Centro de Convergência( Centro Social das Aldeias das Amoreiras) em Odemira (no Domingo, 14 de Setembro)




O que é o Centro de Convergência (centro social da Aldeias das Amoreiras, em Odemira)?

O Centro de Convergência é a proposta de uma estratégia inédita no sentido da dinamização e desenvolvimento de meios rurais, um projecto-piloto agregando diferentes disciplinas que se complementam e interagem entre as ciências sociais e de ambiente, a cultura e a arte. Localiza-se na Freguesia de São Martinho das Amoreiras, concelho de Odemira.

Surgiu no contexto da campanha contra a desertificação do GAIA : Grupo de Acção e Intervenção Ambiental, organização não-governamental de ambiente e do seu núcleo do Alentejo, abrangendo agora uma dinâmica de parcerias com organizações locais.
O Centro de Convergência propõe-se como uma infra-estrutura para indivíduos e organizações com projectos inovadores, dirigidos ao meio ambiente e social local, e como sistema organizativo de carácter aberto e dinâmico, transdisciplinar, não institucional, não partidário e sem hierarquia. É dinamizado por módulos de actividades de longo prazo, garantindo a sustentabilidade da estrutura, admitindo a meio-termo projectos curtos e pontuais.

Os objectivos do projecto centram-se na proposta de alternativas sustentáveis e criativas para o desenvolvimento rural, eficazes no combate à desertificação física e ao despovoamento, apoiando e valorizando a comunidade local, fomentando a deslocação de pessoas da urbe para o campo e facilitando a comunicação entre os dois meios.

O Centro de Convergência propõe novos estilos de vida e de trabalho, em constante criação e adaptação a novas pessoas e novas ideias, tendo por eixo um conjunto de princípios que identificam o projecto. A concepção do Centro de Convergência assenta em cinco pilares: Visão, Modelo de Organização, Infra-estruturas, Módulos de Actividades e Pessoas.

O plano de acção do Centro de Convergência compreende, presentemente, a implementação dos módulos de trabalho de Arte e Ofícios, Turismo Ético, Permacultura, Centro de Internet e biblioteca e Dinamização n’Aldeia das Amoreiras.


http://centrodeconvergencia.wordpress.com/


Centro Social da Aldeia das Amoreiras,
Rua do Garvão, 7630-512 Aldeia das Amoreiras - Odemira

Tel: 351 283 925 032

Email:
geral@centrodeconvergencia.org